Resposta: Mani ou Manes ou, ainda, Maniqueu nasceu próximo a Otesiphon, na Mesopotâmia, em torno do ano 227 da Era Cristã, morrendo por volta de 277. Com referência a seu pai, supõe-se ter sido membro da seita dos “Batistas”. Os ortodoxos negam seu sentimento Cristão.
Mani chamou a si mesmo “Eu, Mani, o Apóstolo de Jesus Cristo”; afirmando que vinha para dar cumprimento à profecia de Cristo. Reuniu os ensinamentos de Zoroastro com os de Buda e, provavelmente, com os princípios do Taoísmo e com os do Novo Testamento. Uma vez que o Maniqueísmo se relacionava pouco com o Novo Testamento, Mani, sendo persa, considerou desnecessário integrar-se primeiramente no Judaísmo, para depois converter-se ao Cristianismo.
A ortodoxia recusa aceitar como Cristão quem não aceite o Novo Testamento conjuntamente com o Antigo Testamento. Evidentemente, Mani julgou haver solucionado o problema do bem e do mal, bem como da realidade da natureza, o que se conclui após um estudo do que se encontra em seu sistema básico, idêntico ao que está exposto no Evangelho da Verdade, descoberto há alguns anos em Nag Hamadi, no Egito.
O aramaico foi o idioma oficial do Império Persa Ocidental, bem como foi o dialeto oriental, assim como o hebreu é o dialeto do ocidente. Em outras palavras, os persas tinham as mesmas palavras sagradas tal como os hebreus, mas em aramaico, que foi o idioma falado por Jesus. Mani escreveu em siríaco e persa e em “código” ou cifrado. Muitos livros Maniqueus foram descobertos em 1930.
A lenda dos Duendes Luminosos e dos Duendes Sombrios mencionada no Conceito Rosacruz do Cosmos[1] demonstra que os Maniqueus atribuíram a si a prerrogativa de solucionar o problema da conquista do Mal, da mesma forma que Max Heindel descreve. Entretanto os chamados escritos Maniqueus sobre a natureza da Verdade e da Realidade não pertencem à época de Mani, pois, como já foi dito, eles foram encontrados no Evangelho da Verdade, escrito em algum lugar por volta da metade do segundo século, ao passo que Mani viveu no terceiro século da Era Cristã.
A Angeologia Zoroastriana é, naturalmente, uma parte real do Cristianismo e do Judaísmo Esotérico. Não há dúvida que, durante o exílio, profetas hebreus e mestres zoroástricos trabalharam em conjunto, o que até a Bíblia demonstra.
Os Maniqueus exotéricos, contudo, não formam a Escola Interna de Mistério, a respeito da qual Max Heindel fala.
Tal como a Fraternidade Rosacruz é uma escola preparatória para a Ordem Rosacruz, assim é o movimento Maniqueu, incluindo os Cataristas ou Albigenses do sul da França, são a representação externa da Grande Escola de Mistérios nos Planos Internos.
Porém, todos os conceitos básicos espirituais do Maniqueísmo são, também, encontrados no Rosacrucianismo, por serem, naturalmente, universais, construídos sobre verdades eternas. Onde quer que haja Mentes abertas à verdade, esses conceitos estarão em evidência, pois somente o fanatismo e a intolerância vivem deles divorciados.
Até certo ponto a Cosmogonia maniquena é um tema da ciência, parcialmente baseada na “Revelação” (lida na Memória da Natureza) e parcialmente nas descobertas científicas externas. Os cientistas modernos estão reelaborando a sua Cosmogonia, modificando a hipótese nebular, descobrindo novos aspectos da evolução, da natureza, da matéria etc. e todas essas mudanças serão, eventualmente, incorporadas à Religião da Era de Aquário, a qual terá uma nova Cosmogonia.
Santo Agostinho foi um membro sem, contudo, ingressar na escola esotérica. No maniqueísmo existia um conjunto de ensinamentos internos, aos quais Santo Agostinho não teve acesso, atendo-se exclusivamente à escola externa. Sua mãe, Mônica, foi uma devota católica, orando continuamente para que ele se reintegrasse ao catolicismo.
Em virtude de tenaz perseguição que sofreu – perseguição essa vinda de todos os lados – a Ordem exotérica de Mani foi impelida a se esconder. Entretanto, os Maniqueus se disfarçaram e começaram a trabalhar de dentro dos agrupamentos de seus inimigos.
Mani foi crucificado pelo sacerdócio pérsico, pelos fanáticos e perseguidores que não admitiam seu Cristianismo. A Ordem de Mani existiu na Europa e na Ásia, podendo ser restaurada de alguma forma dentro de alguns séculos.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz março/1967 – Fraternidade Rosacruz-SP)
[1] N.R.: do Capítulo XVI – Desenvolvimento Futuro e a Iniciação: “Quando um ser humano do Período de Júpiter disser ‘vermelho’ ou expressar o nome de um objeto, apresentar-se-á à sua visão interna uma reprodução exata e clara do tom particular de vermelho em que esteja pensando ou do objeto de que esteja falando, reprodução essa que será também visível para o interlocutor. Não haverá mal-entendido quanto ao que pretende significar pelas palavras emitidas, porque os pensamentos e ideias serão visíveis e vivos. A hipocrisia e a adulação serão completamente eliminadas, os seres humanos se ver-se-ão exatamente como serão. Haverá bons e maus, mas as duas qualidades não se encontrarão mescladas na mesma pessoa. Haverá seres humanos perfeitamente bons e seres humanos completamente malvados, e um dos problemas mais sérios daquele tempo será a maneira de agir com estes últimos. Os Maniqueus, uma Ordem de espiritualidade ainda superior à dos Rosacruzes, estão atualmente estudando esse problema. Pode-se obter uma ideia antecipada dessas condições num curto resumo da sua lenda (Todas as ordens místicas têm uma lenda simbólica enunciadora dos seus ideais e aspirações).
Na lenda dos Maniqueus há dois reinos: o dos Luminosos e o dos Sombrios. Esses últimos atacam os primeiros, são derrotados e devem ser castigados. Contudo, como os Luminosos são perfeitamente bons, como, do mesmo modo, os Sombrios completamente maus, eles não os podem infligir nenhum mal, pelo que os castigam lhes fazendo o Bem. Para isso, uma parte do reino dos Luminosos se incorpora ao dos Sombrios e, desta maneira, com o tempo, o mal é transmutado. O ódio não será dominado pelo ódio; há de sucumbir ante o Amor.”
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