Arquivo de categoria Histórias Aquarianas para Crianças e Adolescentes

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Ninfa das Águas – Palavra-chave: Ação

A Ninfa das Águas
Palavra-chave: Ação

Bem lá no alto das Montanhas Brancas, onde você nunca, mas nunca mesmo, poderia imaginar, aninhava-se um lindo lago com águas claras e calmas, como se fosse um grande espelho. Manso e tranquilo, refletia as lindas nuvens fofas e o céu muito azul. Os galhos das árvores balançavam e se inclinavam para os próprios reflexos neste grande espelho e as nuvens fofas, ao passarem, observavam suas belas formas.

Escondido sob uma árvore, onde ninguém podia vê-lo estava um menino sonhando, imaginando o que as nuvens faziam a noite e se elas continuariam brancas e fofas, por que sopravam os ventos e como a água chegava ao topo da montanha! O nome desse menino era Dick. Passava a maior parte de seu tempo livre junto ao lago, em seu barco ou nadando. Algumas pessoas achavam que era um menino preguiçoso e o chamavam de Dick Preguiçoso, mas ele sabia que estavam enganados. Essas pessoas não sabiam que ele se levantava bem cedinho para fazer todas as suas tarefas, de modo a poder ficar mais tempo no lago.

Bem perto de seu esconderijo, havia um canteiro de lírios d’água que espalhavam suas belas folhas verdes e flores sobre as águas do lago. Eram seus amigos e o menino se interessava muito por eles.

Dick tinha um segredo. Era o único das redondezas que sabia que uma ninfa morava bem no meio daquele canteiro de lírios. Como sabia? Ora, porque ele a viu e conversou com ela.
Vou contar a vocês como isto aconteceu.

Bem, um dia, quando estava muito, muito cansado, Dick adormeceu exatamente onde estava escondido agora e, quando acordou, ali no meio do canteiro, olhando para ele com seus lindos e grandes olhos cheios de admiração, estava uma linda ninfa. Ele nunca tinha deparado em sua vida com uma pessoa tão bonita. Sorriu para ela e aproximou-se um pouco mais para poder conversar com ela. A ninfa saiu do meio dos lírios cor-de-rosa. Seus cabelos eram como ouro formando uma auréola ao redor de sua bela cabeça. O seu corpo era levíssimo, cor-de-rosa e azul, mas Dick não podia ver seus pés, pois somente a parte superior do corpo aparecia entre os lírios. Ele ficou muito quieto para não amedrontá-la. Por fim, perguntou mansamente se ela vivia ali o tempo todo. Ela respondeu-lhe que sim e que era o espírito dos lírios da água.

Perguntou-lhe se conhecia as ondinas e ela sorrindo respondeu que eram suas irmãs.

A ninfa ia começar a falar sobre as sílfides que moravam nas nuvens fofas, quando ouviram um grito de socorro. Dick verificou de que lado vinha e, como um raio, mergulhou no lago. Com firmes braçadas nadou até uma canoa virada e salvou uma garotinha que havia caído no lago.

Ela nunca estivera sozinha antes em uma canoa e não sabia com que facilidade a canoa podia virar. Inclinando-se para apanhar alguns lírios… splash!, caiu na água. Dick segurou-a firmemente com um braço e, com o outro, nadou para terra firme aonde, nesse momento, estavam reunidas várias pessoas que haviam ouvido também o grito de socorro.

O pai de Virgínia (sim, este era o nome da menininha) apertou a mão de Dick, agradecendo por ele ter salvado a sua filha. Elogiou a coragem de Dick e disse:

– Mas isso não foi só coragem, meu rapaz, foi também ação.

Veja bem, Dick não tinha parado nem um minuto para pensar no perigo que ele mesmo estava correndo, pois sabia que tinha que agir rapidamente quando a vida de outra pessoa estava em perigo. Assim, pulara na água, esquecendo-se de si próprio, pensando somente em salvar a menina. Depois disso, ninguém mais o chamou de Dick preguiçoso: sabiam, agora, que agiria rapidamente e com coragem, sempre que houvesse necessidade de ação.

Quando a excitação passou, Dick deitou-se ao sol que brilhava, como se nada de anormal tivesse acontecido, e esperou ver novamente a ninfa das águas. Mas, quando ela apareceu para lhe sorrir, ele não a viu porque dormia profundamente.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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A Sombra de Sibila – Palavra-chave: Harmonia

A Sombra de Sibila
Palavra-chave: Harmonia

O vento bramia e bramia lá fora, carregando as folhas num rodopio folgazão. Depois, parou por um instante. O Sol brilhou por entre os ramos das árvores e, passando alegremente através da vidraça de uma janela, envolveu uma garotinha que estava quietamente sentada, mergulhada em profundos pensamentos. Ela estava tentando encontrar a resposta para uma pergunta que a atormentava, mas isso era realmente muito para ela.

Por que o zunir do vento se parecia tanto com ela? Mas ela sabia que não era exatamente como o vento, troando, sempre provocando problemas de alguma forma, arrancando folhas das árvores ou jogando poeira nos olhos das pessoas, incomodando-as. Ela sabia que era Sibila, assim era seu nome, e assim todos a chamavam. Mas também não era Sibila! Quem era então? Pensava, pensava muito, mas não conseguia descobrir. Parou de pensar por uns instantes e ficou ouvindo a música suave vinda da sala ao lado, onde sua mãe estava tocando. Sempre que sua mãe tocava peças que a faziam sonhar, parecia que quase chegava, a saber, quem ela era. A suavidade da música lançou um encanto sobre ela que não percebeu quando sua mãe parou de tocar e aproximou-se dela.

O céu estava com um vermelho glorioso e as nuvens eram cor-de-rosa e lindas, enquanto o Sol se punha. Sibila contemplava tudo isso e sentia-se maravilhada com a beleza daquele outro mundo.

Sua mãe, ouvindo-a suspirar, tomou-a nos seus braços e perguntou-lhe suavemente:
– Que a atormenta tanto, Sibila? Conte-me e talvez eu possa ajudá-la.

Sibila abriu seu coraçãozinho para sua sábia mãe:

– Mamãe querida, por que tenho de voltar diariamente a este mundo de faz-de-conta? É tão mais bonito o outro mundo em que vivo parte do tempo. Lá sou feliz e me divirto tanto! Lá eu sou tão diferente – nem um pouco como sou agora. E eu tenho tantos companheiros queridos naquele outro mundo. A música é maravilhosa e a luz torna as cores mais bonitas! Nós dançamos, cantamos e somos tão felizes. E, então, um Anjo vem, sorri para nós e ficamos tão contentes, mas quando estou aqui, sou muito diferente. Quero ser alegre, mas sou tão triste. Quero ser boa e, no entanto sou má. Por quê? Por que, Mamãe querida, tem de ser assim? Será que sou duas; esta eu, e aquela, outro eu que vive numa linda terra tão distante?

– Você é uma só, Sibila, respondeu a mãe, assim como há somente um Eu. Cada um de nós é uma centelha de luz de Deus, e nosso verdadeiro lar é no mundo celestial. Nós todos temos que aprender muitas lições para que possamos ajudar a Deus em Sua grande obra.

Temos que aprender muitas dessas lições aqui na Terra e essa é a razão pela qual vivemos em nossos corpos todos os dias e fazemos o que precisamos fazer. À noite, porém, podemos deixar nossos corpos descansando e ir para o mundo celestial, onde estamos no nosso verdadeiro lar. Quando acordamos de manhã e nos lembramos daquele mundo maravilhoso não podemos deixar de pensar que a Terra, às vezes, não é um lugar tão agradável.

Queremos ser bons, mas nem sempre é fácil ser bom aqui na Terra. Temos que tentar da melhor maneira possível e lembrar-nos sempre que somos centelhas da luz de Deus e que estamos vivendo na Terra para evoluirmos, procurando ser cada vez melhores. Assim, aprenderemos nossas lições aqui e, à noite, seremos capazes também de visitar o mundo celestial para fortificar-nos na fonte divina.

Os olhos de Sibila foram se tornando cada vez mais brilhantes, enquanto ouvia sua querida mãe. Sabia agora que o motivo de toda sua aflição era porque não tinha pensado de maneira correta. De agora em diante, iria lembrar-se sempre quem eIa era, qual o verdadeiro sentido da vida, tentando aprender direitinho suas lições aqui na Terra.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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Rosália e o Raio de Sol – Palavra-chave: Sensibilidade

Rosália e o Raio de Sol

Palavra-chave: Sensibilidade

Em um lindo jardim, num luminoso dia de verão, o riso feliz das crianças podia ser claramente ouvido. A alegria estava presente e o ar vibrava de felicidade. Uma garotinha estava no meio das crianças, mas era muito nova para brincar os jogos que os outros brincavam. No seu vaporoso vestido branco, olhos espertos, linda face rosada, emoldurada por suaves cachos dourados, ela parecia mais uma flor do que uma criança.

Sorrindo feliz, olhava um raio de sol que parecia estar brincando ao seu redor. O raio de Sol era tão brilhante e bonito que ela teve vontade de brincar com ele. Tentou apanhá-lo e, como não conseguiu, perseguiu-o de um lado para outro, afastando-se das outras crianças. Quando quase conseguiu pegar o raio dançante, ele iluminou uma flor. A flor era linda, assim ela chegou perto para admirá-la e cheirar o seu perfume, quando pareceu ouvir de dentro uma voz fraquinha falando com ela. Quando ouviu isso, a garotinha perguntou:

– Qual o seu nome, linda flor?

Rosa – sussurrou – E como deve ser o seu nome, linda criança?

– Rosália – respondeu a menininha.

– Que doçura – disse a vozinha – Rosália significa uma rosa pequena.

– Oh! fale-me mais, linda flor, por favor! – Disse Rosália.

– Bem, já que você também é uma rosinha, se você prometer ficar bem quietinha e obediente, vou levá-la comigo para um passeio no raio do sol.

Rosália prometeu e elas foram fazer um passeio num distante jardim onde lindas flores estavam crescendo.

As flores seguravam suas cabecinhas pequenas bem erguidas e ficavam felizes em alegrar todos os que passavam por ali, pois para isso existem as flores. Elas nos foram dadas por Deus para serem apreciadas, porque em suas lindas cores azuis, douradas, vermelhas e violetas, vivem bonitos pensamentos que devemos construir dentro de nossas vidas. Amor, paciência e obediência, todos vivem e respiram na fragrância das flores.

Rosália viu algo mais; tão surpreendente que ela até perdeu o fôlego e quase chorou de emoção. Era um pequeno duende, atento no seu trabalho de colorir as flores. Seu nome era Elf-kin e tinha um pequeno auxiliar muito hábil, chamado Do-kin. E ali havia uma encantadora duende donzela, com um vestido lindo que parecia um arco-íris. Ela estava parada onde o Sol brilhava, sobre ela e Elf-kin estava pintando uma flor para ser exatamente igual a ela. Ele pôs um pouco do azul do céu, do dourado do sol, do vermelho do pôr-do-sol, do verde da grama e um pouquinho do marrom da terra naquela flor. Oh! como ficou maravilhosa!

– Você sabe algo dos duendes, não é? – Continuou a rosa. Eles são minúsculos Espíritos que trabalham com as flores. São criaturinhas sempre ocupadas, trabalhando arduamente para fazer flores, arbustos e árvores.

Trabalham em pequenos grupos, aprendendo lições dos sábios Espíritos-Grupo que sabem tudo sobre essas coisas. Os Espíritos-Grupo são Anjos que guiam as flores e os duendes. Todos trabalham juntos em amor no bonito mundo das plantas de Deus.

– Oh, eu quero fazer flores bonitas, também -Disse Rosália -Por favor, mostre-me como se faz!

Silêncio, querida menina! – Disse a vozinha da rosa.

Elf-kin poderá ouvi-la e ficar com medo de ver uma garotinha no seu jardim. Pode pensar talvez que você seja um gnomo escuro esperando para pregar-lhe uma peça, enquanto ele está pintando essa linda e nova flor. Há duas espécies de duendes: os claros, que trabalham com as flores, moldando-as e pintando-as, e os duendes escuros ou gnomos, que trabalham na terra. Esses duendes escuros são muito travessos e adoram pregar peças nos duendes claros. São só brincadeiras, mas isso faz Elf-kin ficar sempre alerta, conservando-o cuidadoso o tempo todo, pois não quer ver suas lindas flores assustadas. Você pode ver que ele é muito atencioso com as suas flores e essa foi uma das lições que aprendeu. Obediência é outra lição, pois ele trabalha muito, dia após dia, cumprindo a vontade de Deus; fazer flores é trabalho para os Espíritos da Natureza fazerem, não para meninas pequeninas. Mas há trabalho para você também no Mundo de Deus.

Você pode ser doce e bonita como uma flor, porque você tem o nome de uma flor. Você também pode dar alegria e felicidade para todos que a veem durante o dia, principalmente à sua mãe, sendo obediente quando ela lhe pede para fazer alguma coisa.

Então Rosália percebeu que o raio de sol ainda brilhava ao seu redor. As pequenas crianças continuavam a brincar alegremente e faziam jogos no jardim. Rosália apressou-se para encontrá-las, segurando cuidadosamente a linda rosa, e contou-lhes o seu passeio no raio de sol. As crianças colocaram-na no meio da roda e brincaram de “Roda ao redor de Rosália”, acreditando mais do que nunca, nos pequenos duendes e nos Espíritos da Natureza.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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O Menino Lauro – Palavra-chave: Oportunidade

O Menino Lauro
Palavra-chave: Oportunidade

Logo na esquina do enorme prédio de apartamentos onde moravam Dino e Rosalina, ficava uma antiquada casinha térrea. Ela tinha sido branca há muito, muito tempo atrás, pois agora era qualquer coisa menos branca, quando nossa história começou.

Dino e Rosalina nunca tinham notado aquela casinha estranha. De fato, eles não sabiam que ela estava ali, até que certa manhã o jornal não chegou. O pai de Dino parecia perdido de manhã sem o jornal e já estava saindo para comprar um, quando Dino disse:

– Por favor, papai, deixe-me ir.

E Dino saiu para comprar o jornal. Quando chegou à porta da frente, perguntou ao porteiro porque o jornal não tinha vindo.

– Bem, meu rapazinho, eu não sei, mas acho que deve ter havido algum tipo de problema na casinha da esquina.

Dino não estava interessado na casa da esquina, mas estava ansioso para conseguir um jornal para seu pai, por isso indagou:

– Você sabe onde eu posso conseguir um jornal da manhã?

– O entregador mora na casinha da esquina; você pode tentar lá. Não custa tentar.

Assim, Dino correu até lá para ver. Quando chegou, sem fôlego, ia bater na porta, mas parou rapidamente porque ouviu vozes.

– Lauro, meu filho, por favor, comece logo a entrega. Você pode perder sua freguesia se você não for e amanhã você estará contente por continuar a fazê-lo. Lauro, meu filho, você deve ir, ainda que seja só para agradar sua mãe.

– Não posso fazer isso, nem mesmo para agradá-la, querida mamãe. Tenho que me transformar em um homem, agora. Não posso continuar sendo entregador de jornais a vida toda. Preciso ter mais oportunidades.

– Oportunidades, querido? Esta é uma palavra estranha para um garotinho. Você sabe o que ela significa?

– Sei mamãe, significa que eu posso ser livre e ter a oportunidade de fazer grandes coisas.

– Você é um menino inteligente, Lauro e eu temos orgulho de você! Mas não acha que poderia aparecer uma oportunidade para um trabalho melhor que lhe dê liberdade, mesmo sendo entregador por mais algum tempo?

– Mas, mamãe como posso cuidar de você neste mundo, sendo apenas um entregador de jornal?

– Meu querido, é por aí que a oportunidade virá.

Se você continuar neste emprego por mais um tempo, ficará mais conhecido e seus fregueses vão encomendar revistas também. E ai não demorará muito para que possa até pintar a casa. Já pensei em tudo. Teremos a nossa casa limpa e bonita e logo estarei forte de novo.

Com as revistas e jornais, quem sabe, poderemos ter um verdadeiro negócio e você voltar para a escola.

– Oh, mamãe, eu realmente acredito que você tem razão. Você pensou em tudo. Eu queria uma oportunidade, mas não sabia como consegui-la depressa e ia jogar fora a única coisa que me daria liberdade e meios de progredir. Sim, mamãe, vou entregar meus jornais agora mesmo. Estou um pouco atrasado, mas é a primeira vez, e acho que meus fregueses vão me perdoar.

Saiu bem na hora em que Dino bateu na porta. Imaginem a surpresa de Dino quando Lauro a abriu. Ele mal podia acreditar que, a sua frente, estava Lúcio Gordon, o aluno mais brilhante da classe, que desistira repentinamente de estudar. E pensar que ele nunca soubera que Lauro morava ali na esquina.

Bem, vocês podem imaginar que Dino contou a seu pai tudo sobre o menino Lauro e sua “oportunidade”. Toda a família, o pai, a mãe, Rosalina e Dino, decidiram ajudar Lauro a conseguir sua liberdade.

Um pouco mais tarde, a “casinha branca da esquina” conseguia a tão necessitada pintura, como Mamãe disse. Na janela havia flores coloridas e toda a casa era tão atraente que um dia chamou a atenção de um homem muito rico. Ele gostou tanto da casa que a comprou, pagando uma enorme quantia em dinheiro, suficiente para que Lauro e sua mãe tivessem várias e novas oportunidades, como também mais liberdade para Lauro estudar e se divertir.

Vocês vêm: é fazendo realmente bem e com amor as coisas que temos que fazer todos os dias, que surgem novas oportunidades, por isso, vamos fazer com toda a nossa força o que nossas mãos e as nossas mentes têm para fazer.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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O Amado – Palavra-chave: Benevolência

O Amado

Palavra-chave: Benevolência

Há muito tempo atrás – sim, há centenas de anos – era uma terra distante e em cima de uma montanha, vivia um homem que todos amavam. Vou contar-lhes algumas coisas que ele fazia.

Pode até parecer estranho, mas, embora tivesse uma linda casa e tudo que pudesse desejar, não pensava só no próprio prazer e conforto – não mesmo! Viajava muito e em todo o lugar que ia era sempre amado. Às vezes ele ia, inesperadamente, a uma cidade desconhecida, mas nem parecia um estranho e rapidamente fazia amigos. As pessoas queriam sempre a sua companhia e se alegravam com ele.

Tinha os olhos mais brilhantes que você já viu – cheios de luz, a verdadeira luz do amor. Você sabia que olhos são chamados, geralmente, de janelas – janelas da alma? Sim, realmente o são. Bem, sua alma era tão pura e brilhante que a luz do amor resplandecia em seus olhos. Por causa dessa amorosa luz, ele podia ver, a sua volta, às minúsculas criaturas que nós sabemos que vivem no ar, na água e na luz do Sol, embora não possamos vê-las; e ele também podia falar com elas. Elas sabiam que ele não lhes fazia mal, porque ele as amava e elas o amavam também. Elas tinham um entendimento secreto com ele e muitas, muitas vezes faziam trabalhinhos de amor e carinho por ele.

Quando essa Pessoa Amada viajava de uma cidade para outra, ele tinha seus olhos bem abertos para ver o que acontecia ao seu redor. Se alguém estivesse em apuros, logo estava pronto para ajudar. Seu coração amoroso era tão grande e bom que abrigava todo mundo, rico ou pobre, jovem ou velho, doente ou saudável, triste ou feliz. Havia amor suficiente para todos. Ele achava que todas as pessoas do mundo eram uma grande família de irmãos e irmãs.

Às vezes, ficava sentado por horas pensando, pensando, oh! que pensamentos lindos! Eram pensamentos de alegria e ajuda ao próximo. Ficava tão ansioso para compartilhar esses pensamentos com os outros, que eles voavam tão longe e rápidos, como pequenos pássaros de luz, e se alojavam na mente de outras pessoas boas.

Christian Rose Cross (Cristão Rosacruz) – era o nome da Pessoa Amada – formou ao seu redor um grupo de pessoas boas e amorosas, e cujo único desejo era ajudar seus irmãos e irmãs na grande escola da vida. Eles queriam ensinar e ajudar todos a compreender lições de amor, de paciência e de humildade. Logo, seus pensamentos amorosos chegaram muito longe e as pessoas começaram a falar das boas ações desse grupo de seres humanos. Aos poucos foram sendo chamados de Irmãos da Rosacruz e seu líder era Cristão Rosacruz, nosso Irmão Maior. Desde então, durante todas as centenas de anos, esses irmãos têm enviado alegria, amor e compaixão para todo o mundo.

Querem que eu conte a vocês sobre a Rosa e a Cruz?

Bem, a cruz representa seu corpo. Um dia, quando você estiver no Sol, abra os seus braços retamente e olhe para sua sombra; será uma cruz perfeita. Bem no centro da cruz está o seu coração, e bem no fundo dele está um pedacinho de Deus, que é como uma rosa branca. Se conservarmos nossos corações puros e brancos, algum dia algo maravilhoso vai nos acontecer, pois Cristo Jesus disse:

– “Abençoados sejam os puros de coração, pois eles verão a Deus”.

Vocês sabem que os Irmãos da Rosacruz só nos pedem que sejamos bons e amorosos para com toda gente e que só tenhamos e enviemos pensamentos bonitos? Quando transmitimos pensamentos que não são bonitos, o que vocês acham que acontece? Todos os dias esses bondosos Irmãos juntam os maus pensamentos de todo o mundo e, através do amor, transformam-nos em lindos pensamentos de amor e compaixão, que enviam como doces mensagens de conforto e alegria para pessoas de todos os lugares.
Vamos honrar e reverenciar Cristão Rosacruz e auxiliá-lo e a nossos Irmãos Maiores da Rosacruz fazendo uma corrente de pensamentos amorosos que irão crescer e crescer, até que juntem todos os nossos corações no amor – uma corrente viva de corações tão brancos e puros como uma linda rosa branca.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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Um Conto de Natal – a história de uma garotinha triste e os olhos de uma criança

Um Conto de Natal – a história de uma garotinha triste e os olhos de uma criança

Era uma vez a história de uma garotinha que era triste porque achava que era totalmente sozinha. Ela não podia falar como os outros, mas tudo falava em torno dela! Tudo era grande demais, forte demais, duro demais. Quando ela tentava dizer algo, o fazia forte demais, com suas mãos, sua cabeça, como podia. Ninguém compreendia; é fácil demais quando podemos falar. Ela? Ela tinha medo demais!

Às vezes, ela ia ver um mágico. Era necessário voar pelos ares, depois partir pela montanha. Lá as árvores sorriam, ela achava que voava acima das nuvens sobre uma balança mágica. Lá ela ouvia, às vezes, uma garotinha cantar, e muito bem! A voz parecia vir da montanha, ela a ouvia apenas quando estava em paz, que sua garganta se relaxava e que o vento passava livremente através dos ramos das árvores.

Era realmente um lugar engraçado. As bonecas e os brinquedos se mexiam sozinhos. Havia sempre alguma coisa de novo a se ver! Mas acima de tudo, ela ouvia a música, ela a via sair também dos dedos calejados do mágico. Podiam-se cantar todos juntos, a paz, a luz…

Naquela noite, ela tinha ainda mais dificuldade para dormir. Ainda tinha medo que a luz não retornasse mais. Entretanto, o mágico havia dito a ela: todas as manhãs o Sol se levanta, sempre! E, porém, naquela noite ela duvidava; tudo parecia ter parado, como que esperando.

Ela não sabia como se encontrava diante daquela grande porta aberta, mas havia uma porta? Era muito difícil de ver com aquela forte luz. O mágico a esperava, pegou sua mão, eles entravam… “Eu nunca vi um lugar como esse, mas ele tem algo de familiar”, pensava ela…

A luz parecia vir de todos os lugares, como a canção da garotinha na montanha. Observando melhor, com seus grandes olhos abertos, ela viu que ela saltava por sobre os muros, mas também sobre os amigos que estavam lá. Eles lhe pareciam todos conhecidos. Que felicidade! Todos compreendiam sem que ela precisasse falar, sem que ela quisesse ver de onde vinha aquela luz. Eles se repartiam e a guiavam na frente, levemente.

A multidão era inumerável e que música! Exatamente o que ela preferia: sem gritos, sem barulhos estranhos que se misturavam. A música fluía como água, levemente, levemente, depois retomava mais forte e mais rápido quando todos cantavam. A música seguia a luz! Ela tinha o hábito de ver aquilo, mas em momentos curtos. Naquele momento, como pássaros, eles passavam no céu oferecendo seu voo tão frágil, mas ainda tão forte.

Ela nunca havia visto criança tão pequena! Suas mãos, acima de tudo suas mãos! Ela abriu seus olhos. A luz vinha bem de lá, de seus olhos, seus olhos de criança. Ela compreendia que como ela, a criança não podia falar, ela respondia ao seu olhar como se soubesse fazê-lo quando ela estava feliz. Agora ela estava certa, sem dúvidas, ela não teria mais medo, ela não estaria mais sozinha. Porque, ao acordar, ela havia compreendido que bastava que ela fechasse os olhos e pensasse muito forte para ver os olhos daquela criança.

(Traduzido do: Conte de Nöel, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix)

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Os Pintarroxos e o Abeto – Parte III – Palavra-chave: Equilíbrio

Os Pintarroxos e o Abeto

Parte III

Palavra-chave: Equilíbrio

Nossa última história mostrou como os Espíritos do ar, da água e do fogo causaram uma tempestade tão forte, que o lindo abeto do parque foi totalmente arrancado e derrubado no chão. E ali ficou durante uma semana, antes de ser removido. João foi lá todo o dia para sentar-se sobre os galhos e não sob eles.

Gostaria de ter enterrado os filhotinhos, mas não pôde pegá-los, pois havia muitos galhos pelo meio. Logo depois, percebeu que os pais pintarroxos tinham desistido de procurar seus bebês e começaram a construir um novo lar, em um galho grosso de uma trepadeira que subia em um muro.

Um dia, o Espírito do Ar apareceu, subitamente, à frente de João e sorrindo tristemente disse:

– Irmãozinho, todos nós erramos, não é? É assim que aprendemos nossas lições. Eu não sabia que as salamandras iriam lutar tanto e isso fez com que nós, sílfides, ficássemos tão ofendidas, que sopramos e sopramos com todas as forças que tínhamos. As ondinas também exageraram e encharcaram a terra.

Então, em vez de ajudarmos nosso amigo abeto, nós só pioramos as coisas, nós o matamos; ele não pôde aguentar. Mas eu serei bem mais cuidadoso de agora em diante.

– Talvez tenha chegado a hora da sua amiga abeto morrer, disse João. Sabe que ela pressentiu que algo ia acontecer. Lembra-se de como ela avisou os pintarroxos para não construírem o ninho em seus galhos?

Acho que queria ir, achava que já tinha feito todos os serviços de amor que veio para fazer.

– Pode ser João, mas eu aprendi uma lição e não repetirei o erro. Não deveria ter perdido a calma e ficado zangado com as salamandras, disse o Espirito do Ar.

– Mas veja como os pintarroxos esqueceram depressa os seus filhotes, disse João.

– Você sabe por quê? – perguntou o Espírito do Ar.

– Não. Diga-me, por favor.

– É porque mamãe pintarroxo está esperando mais bebês e eu ouvi dizer que eles são os mesmos bebês que voltaram para a mesma mãe e o mesmo pai. Eles morreram muito cedo!

– Oh, que bom! É por isso que eles parecem tão felizes. Gostaria muito de encontrá-lo novamente, concluiu João.

– Claro que me encontrará. Nós, Sílfides, nunca estamos longe de meninos como você, que sempre procuram auxiliar os outros.

João comentou:

– Mamãe disse que a tempestade fez grandes estragos: os bueiros ficaram entupidos, a água entrou nas casas e nas lojas, estragando muita coisa. Foi muito difícil para os pobres que não têm muito dinheiro.

– Meu Deus, disse o Espírito do Ar, eu direi isso à nossa líder sílfide na próxima reunião. E prometo que seremos mais cuidadosos, não deixando que isso aconteça novamente.

– E eu tomei uma decisão, disse João. Ouvirei sempre os mais velhos; jamais agirei como os pintarroxos, que construíram seu ninho no abeto e perderam o seu lar e a família.

Enquanto eles conversavam; os jardineiros chegaram com machados para cortar os galhos do abeto antes de removê-lo. Era muito difícil para o Espírito do Ar ver seu amigo ser cortado e seus olhos encheram-se de lágrimas. Disse adeus a João e prometeu que o veria de novo. Então, acenou com a varinha de condão sobre sua cabeça e foi embora, voando.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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Os Pintarroxos e o Abeto – Parte II – Palavra-chave: Compartilhar

Os Pintarroxos e o Abeto
Parte II
Palavra-chave: Compartilhar

Todos os dias, João sentava sob o abeto e ficava vendo os pintarroxos fazerem seu ninho. Quando ficou pronto, a noivinha instalou-se lá e seu marido trouxe-lhe minhocas e outros bichinhos e colocou-os em sua boca.

O Espírito do Ar estava longe fazendo tudo que podia para que as Ondinas e as Sílfides fizessem chover, para que seu amigo abeto não morresse de sede. O abeto já tinha desistido de avisar o jovem casal para não fazer a casa em seus galhos; eles não lhe deram ouvidos.

Passado algum tempo, apareceram nos galhos do abeto alguns amigos dos pintarroxos. Vieram festejar o nascimento dos filhotinhos que logo iriam sair dos ovinhos e isso seria comemorado com muita alegria. Finalmente, os bebês chegaram, mas o papai passarinho não deixou ninguém se aproximar deles; ele ficou muito importante. Naturalmente tinha de arrumar comida para as quatro boquinhas e também para mamãe, pois ele não queria que ela saísse de perto dos filhotes. Quando finalmente ele permitiu que ela saísse do abeto, por pouco tempo que fosse ele a chamava o tempo todo, “piu, piu, piu”, até que voltasse.

Eles estavam todos tão felizes, que João pensou que o Espírito da Árvore talvez houvesse se enganado. Mas continuou indo lá todos os dias. Até que, um dia, o Espírito do Ar chegou apressado, a uma velocidade de 80 quilômetros por hora, dizendo para o Espírito da Árvore que a comissão de Ondinas e Sílfides tinham decidido mandar uma boa chuva, e que os Gnomos também estavam se preparando para recebê-la. E acrescentou:

– Se as salamandras puderem juntar-se a nós, será ótimo.

– Quando virá à chuva? – perguntou o abeto.

– Oh – respondeu a líder das Sílfides – quando a Lua estiver no Signo aquoso de Câncer. Ela durará alguns dias e você terá água suficiente para viver por muito tempo ainda.

E foi embora.

João ouviu o Espírito da Árvore perguntar aos pintarroxos sobre seus filhotes e dizer-lhes que haveria uma grande tempestade e que ela não queria que eles ficassem molhados. Mas o papai Pintarroxo apenas riu do Espírito do abeto; ele estava muito feliz e ocupado para prestar atenção.

Quando João chegou em casa, naquela noite, pediu à sua mãe que visse quando a Lua estaria no Signo de Câncer e contou a ela o que o Espírito do Ar havia dito. A mãe viu que a Lua estaria no Signo de Câncer dentro de dois dias. João estava muito agitado, principalmente na manhã do segundo dia, pois o Sol não brilhou e o céu estava nublado. Escurecia cada vez mais. Algumas gotas enormes caíram para avisar que muito mais ainda viria e viam-se relâmpagos ao longe; as salamandras estavam entrando em ação. O vento estava cada vez mais forte, o céu cada vez mais escuro, com horríveis nuvens pretas e todos os pássaros tentavam chegar a seus ninhos antes da tempestade.

João viu que os pintarroxos e seus filhotes estavam encolhidos nos galhos do abeto e todos os pássaros estavam amontoados quando, de repente, se ouviu um forte trovão. Então, começou a chover e as árvores arqueavam-se quase até o chão. João não ousou esperar mais, pois prometera a sua mãe não ficar fora de casa durante a tempestade. Ele mal pode dormir naquela noite pensando nos pintarroxos. A tempestade continuou até a manhã do dia seguinte.

A primeira coisa que João fez, quando pôde sair de casa, foi correr ao parque. O chão estava coberto de galhos quebrados, os bueiros entupidos e as ruas inundadas. Adivinhem o que João viu? O grande abeto estava completamente desraizado e caído no chão. Empoleirados em um galho da árvore estavam os pais pintarroxos, agarrados um ao outro, procurando por entre os galhos. Chamavam seus filhotes, “piu, piu, piu”, mas eles estavam afogados. Eram muito pequenos para voar, exatamente como supusera a bondosa árvore.

João ficou atento, mas não pôde ouvir nada, e deduziu que o Espírito do Abeto já tinha ido juntar-se ao Espírito-Grupo. Andou por entre os galhos caídos para ver se encontrava os filhotinhos. Eles estavam no chão, sob a árvore e João não podia alcançá-los. Ele correu para casa, contou para sua mãe tudo que tinha visto e chorou de pena dos passarinhos, da mãe e do pai pintarroxos que ficaram sós.

Vocês podem ver que é muito melhor ouvir os mais velhos, que são mais sábios, do que ouvir a nós mesmos, não acham? Se os pintarroxos recém-casados não tivessem sido tão insensatos, hoje estariam felizes com sua pequena família.

Em nossa próxima história, contaremos mais sobre João e o Espírito do Ar.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Pintarroxos e o Abeto – Parte I – Palavra-chave: Parceria

Os Pintarroxos e o Abeto

Parte I

Palavra-chave: Parceria

Esta é a história de um menino chamado João, que era sempre tão bom e generoso para os animais, flores e plantas que os Espíritos da Natureza gostavam de conversar com ele.

Um dia, João estava deitado em um parque, sobre a sombra de um grande abeto (N.T.: Nome comum às árvores do gênero Abies, de folhagem perene, de porte alto e aparência típica e atraente; apreciadas por sua madeira e resina), ouvindo o vento que sussurrava e que balançava os galhos de lá para cá. De repente, oh! Ouviu vozes muito doces falando. Olhando para a árvore de onde as vozes vinham, ele viu duas lindas criaturas. Uma era mais esguia e maior que a outra. A maior tinha a cabeça e os ombros como a de um ser humano. Raios dourados saíam de seus ombros e tinham a forma de asas. Seu rosto era bonito e tinha um doce sorriso. Ela também tinha cabelos longos e ondulados que a cobriam como um manto. Era jovem e muito bonita. João sabia que ela era o Espírito do Abeto.

A outra era um Espírito do Ar. Era de pequena estatura, mas também muito bonita. Raios dourados e rosados saiam de todo o seu corpo. Ela levantou sua varinha de condão, quase do tamanho de seu antebraço, e acenou-a para João. Então, inclinou-se, graciosamente, para ele e continuou falando com o Espírito da Árvore.

O menino ouviu o Espírito da Árvore dizer:

– Tenho feito o melhor que posso para servir com amor desde que comecei a crescer aqui. Espalhei bastante meus galhos para que as crianças e os adultos, que vêm descansar em baixo deles, possam ter uma boa sombra. E os fiz tão densos que muitos passarinhos fazem seus ninhos neles todos os anos, o que os protege do vento e da chuva.

– Oh, sim, respondeu o Espírito do Ar, eu sei disso, pois quando nós, Sílfides, sopramos os ventos do norte, sul, leste e oeste, os pássaros estavam tão abrigados que nunca caíram de seus ninhos. Mas, amiga, fiquei sabendo que você vai embora. Não se sente mais feliz?

– Oh! Estou muito feliz, disse o Espírito da Árvore, mas acho que não sirvo para mais nada, assim, para que continuar a viver? Vou morrer, mas acho que isto está chegando mais cedo do que esperava. Você vê, já faz muito tempo que não chove e as pessoas aqui ficam esperando pela chuva em vez de regar o chão e nos dar de beber. Elas deixam nossas raízes tão secas, que ficamos ressecadas e eu ficarei contente em voltar para casa, para o nosso Espírito-Grupo, e descansar. Algum dia eu voltarei e trabalharei um pouco mais.

– Bem, disse o Espírito do Ar, anime-se! Vou ver se posso marcar uma reunião com as Ondinas e as Sílfides e conseguir uma chuva para aliviá-las. Darei uma atenção especial a seu caso e para as outras árvores do parque, junto à comissão e estou certo que logo vocês terão uma boa chuva.

– É tarde demais, suspirou o Espírito da Árvore, sei que vou morrer, sinto que algo está para acontecer.
– Tolice, disse o Espírito do Ar, você está é deprimida.

Enquanto discutiam sobre isso chegavam voando dois pequenos pintarroxos. Eram recém-casados e estavam em lua de mel. Enquanto todos os passarinhos convidados para o casamento se divertiam, brincando na fonte e comendo deliciosas e gordas minhocas que a mãe da noiva tinha preparado, os noivos saíram em silêncio para a lua de mel e estavam, agora, procurando uma boa árvore para fazer o seu ninho e um lugar para sua prole. Vendo nosso Abeto, logo pousaram nele. Estavam tão ocupados arrulhando e se acariciando que não ouviram a conversa do Espírito do Ar e do Espírito da Árvore.

O Espírito da Árvore os viu e teve pena deles e disse:

– Passarinhos, não façam seu ninho em meus galhos, pois não vou viver muito tempo; todo o seu trabalho será perdido e seus filhotes não serão suficientemente grandes para voarem quando chegar a hora de minha morte.

– Ora! Exclamou o noivo, que tolice. Seus galhos são belos, verdes e tão unidos, que este é o lugar ideal para construirmos um lar para nossos filhos. Estou disposto e posso pagar aluguel para minha esposa e minha futura família. Quanto é?

– Eu não quero nenhum aluguel, só estou avisando, disse o Espírito da Árvore. Se não querem aceitar o conselho de alguém muito mais velho, não posso fazer nada. Podem decidir sozinhos, mas não me culpem quando surgirem problemas.

– Muito obrigado pelo conselho, disse o noivo com petulância. Somos perfeitamente capazes de tomar conta de nós mesmos. E assim começaram a construir seu ninho no Abeto.

João viu e ouviu tudo. Correu para casa e contou para sua mãe. Ela, que sabia que ele via e conversava com os Espíritos da Natureza, disse:

– Você acha que os pintarroxos estão certos em construir um ninho no abeto depois de serem avisados do perigo pelo Espírito da Árvore?

– Não, mamãe, acho que estão errados, não estão usando o bom senso, disse João.

– Bem, querido, vamos esperar para ver o que acontece.

Em nossa próxima história contaremos o que aconteceu ao abeto e aos pintarroxos.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Gerda e Derbi – Palavra-chave: Serviço

Gerda e Derbi
Palavra-chave: Serviço

Duas sementinhas estavam, lado a lado, no chão de um pequeno jardim entre as montanhas. Uma delas tinha a pele enrugada e tão esquisita. Seu nome era Gerda; ela era uma sementinha de chagas (N.R.: Planta da família das Tropeoláceas, também conhecida como agrião-do-méxico, agrião-grande-do-peru, agrião-maior-da-índia, capuchinha-de-flores-grandes, capuchinha-grande, chagas, flor-de-chagas, capucina, capuchinho, chagas-de-flores-grandes, chagas-da miúda, cinco-chagas, cochlearia-dos-jardins, coleária-dos-jardins, curculiare, flor-de-sangue, mastruço, mastruço-do-peru, nastúrcio, nastúrio, sapatinho-do-diabo). A outra se chamava Derbi e parecia uma bolinha redonda; ela era uma semente de ervilha de cheiro.
As duas pequeninas sementes olhavam para cima, querendo saber o que o céu azul sobre suas cabeças deveria ser. Ouviam os pássaros cantando suas canções na grande árvore do bordo (N.R.: tipo de árvore em climas frios que armazenam o açúcar em suas raízes antes do inverno, e a seiva, que se eleva no começo da primavera; no Canadá a extração da seiva do bordo canadense, gera o famoso xarope – maple syrup, um dos produtos mais conhecidos do país; a bandeira canadense tem uma folha dessa árvore) e sentiam-se tão sonolentas que se aconchegavam uma na outra no seio da Mãe Terra e adormeciam profundamente. Elas não tinham nada com que se cobrir, mas não se importavam, pois os dias eram quentes e, de qualquer modo, eram muito pequenas para pensarem nessas coisas. Mas, pouco a pouco, as noites tornavam-se cada vez mais frias, mais frias e as coitadinhas sementinhas, Gerda e Derbi, começaram a tremer e tremer. A Mãe Terra ficou com tanta pena delas, que perguntou à árvore de bordo se poderia dar a elas algumas de suas folhas para fazer um lençol para cobri-las.

 

A árvore de bordo olhou para baixo e viu as duas sementinhas tremendo enquanto dormiam e respondeu:

– Claro que sim!

Ela se sacudiu o quanto pôde, mas nenhuma folha caiu, porque todas estavam bem presas.

– Vou chamar o vento para me ajudar, adiantou ela.

Assim o fez, e o vento veio voando rápido. Então, a árvore de bordo pediu-lhe para soprar o mais forte que pudesse para derrubar suas folhas sobre as duas sementinhas.

O vento olhou para baixo e viu as duas sementinhas tremendo enquanto dormiam e disse que ficaria feliz em poder ajudá-las. E o vento soprou, soprou tanto que suas bochechas ficaram estufadas, mas não conseguiu mesmo derrubar as folhas para fazer a coberta.

– Vou lhe dizer o que farei, disse o vento. Pedirei ao Jack Gelado para vir e ajudar-nos.

Então, ele voou até o Polo Norte, onde encontrou Jack Gelado cortando flocos de neve.

– Venha comigo, pediu. Há duas sementinhas que precisam de um cobertor para cobri-las ou morrerão de frio.

Quando Jack Gelado ouviu isso, pediu ao vento para apressar-se e lhe mostrasse onde estavam as sementinhas. Assim, eles voaram para o pequeno jardim no alto das montanhas, onde as sementinhas dormiam tremendo. Quando Jack Gelado viu-as ali deitadas, tão pequenas e desprotegidas, tocou as folhas das árvores com seus dedos para soltá-las. Quando as folhas sentiram seu toque suave, algumas delas tornaram-se avermelhadas e outras em um bonito amarelo dourado. A árvore ficou muito bonita com aquelas amorosas cores. Mas o mais importante é que ela estava desejando dar suas folhas para esquentar as pequenas Gerda e Derbi.

O vento brincou entre os galhos e derrubou as folhas, que pareciam formar um lindo tapete. Elas caíram suavemente sobre as duas sementinhas, deixando-as bem agasalhadas e quentinhas. Ali, elas dormiram durante todos os dias frios do inverno, enquanto do lado de fora chovia e nevava. Que longo e longo sono elas tiveram! Aos poucos, quando a primavera chegou e os pássaros voltaram a cantar, as sementinhas mexeram-se um pouco em seu sono. Elas sorriram também porque estavam sonhando com coisas bonitas que as fadas tinham sussurrado em seus ouvidos.

Um dia, Gerda acordou com uma voz que a chamava:

– Acorde, Gerda, acorde!

Ela esfregou os olhos; espiou através das folhas e viu o Sol sorrindo para ela. Esticou a cabeça e começou a espreguiçar-se.

Então, o Sol chamou Derbi:

– Acorde, doçura!

Quando Derbi ouviu a voz do Sol chamando-o e sentiu seus beijos quentes no rosto, começou a cantar.

Gerda e Derbi sabiam tudo sobre exercício de respiração e como vocês acham que elas o fizeram? Como vocês respiram? Com seus pulmões! Quem sabe onde Gerda e Derbi tinham seus pulmões? É realmente muito curioso, mas seus pulmões estavam nas suas folhas; portanto, elas respiravam pelas folhas, como fazem todas as plantas. É por isso que as plantas não crescem bem em lugar com muito pó. O pó as sufoca e elas não conseguem respirar bem, tornando-se fracas e doentes, como muitas pessoas que deixam de respirar bastante ar puro.

Gerda e Derbi cresceram viçosas e ambas deram muitas flores. As de Gerda eram vermelhas e brilhantes.

As de Derbi eram cor-de-rosa e violetas e tinham um doce perfume.

 

Quando alguma flor murchava, em seu lugar nascia uma minúscula semente bebê. Havia milhares de sementinhas em cada planta e cada uma delas precisava de bastante alimento. A pobre Gerda começou a murchar e ficar pálida, porque tinha de alimentar muitas sementinhas e não lhe sobrava tempo para si mesma. Derbi também estava cansada. Ela carregava seus bebês em graciosas vagens e, quando estas se retornaram duras e secas, abriam-se libertando as sementinhas.

Finalmente, lado a lado, Gerda e Derbi tornaram-se velhas e fracas. Tiveram, ambas, vida maravilhosa, alegrando com suas flores todos os que por elas passavam. Cuidaram muito bem de seus bebês sementes. Mas, estavam agora tão fracas, que quase não podiam aderir-se à cerca, agarrando alegremente como faziam quando eram jovens e fortes. Com surpresa, ouviram uma voz suave dirigindo-lhes a palavra. Era a Mãe Terra chamando-as para o lar:

– Vocês foram boas e leais, minhas filhas. Voltem para o lar para descansar.

Gerda e Derbi afundaram-se felizes, lado a lado, no colo da Mãe Terra, que lhes cantou uma suave canção de ninar.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

 

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