Arquivo de categoria Filosofia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Eu Te Amo (O Eu Superior falando para o Eu Inferior, dentro de nós)

Eu Te Amo

(O Eu Superior falando para o Eu Inferior, dentro de nós)

Eu Sou a Fonte, o Manancial, a Origem, e tu és a corrente ou Eu mesmo em ação. Tanto precisas de Mim para existir, como Eu de ti, pois, do contrário Eu permaneceria não manifestado.

Não me conheces ainda, tal como Sou, dentro de ti. Ainda acreditas em algo fora de Mim. Ainda temes e duvidas, porque não Me recebes nem confias inteiramente em Mim. Daí que Eu não possa expressar-Me através de ti, tal como Sou.

E quando não Me é permitido expressar-Me, como Sou, deixo de ser o que sou e Me torno desvirtuado para tua consciência. Quando estiveres bem amadurecido para a Minha Sabedoria e Amor, verás somente a Mim, pois sou Universal e Me encontrarás em tudo. Por isso, quem Me conhece, conhecerá também o Pai. Então já não me chamarás de bem ou mal, nem me condenarás ou dividirás em partes, a Minha natureza. Abrir-Me-ás inteiramente o coração, receber-Me-ás como tua Fonte; dar-Me-ás completa expressão; consagrar-Me-ás todo o teu corpo, mente e tudo o que em ti exista! Eu serei tudo direito e teu bem: não terás outro Direito nem outro Bem que não seja Eu. Abandonarás tudo o que, fora de Mim, te ensinarem a obedecer e adorar como bem e somente a Mim escutarás, à medida que Eu brotar dentro de Teu ser.

Terás, então, cumprido o mandamento: “Não terás outros deuses perante Mim”.

Minha Sabedoria tornar-se-á tua própria inteligência; Meu Amor será a tua realização; Minha , tua força interna; Minha Paz, tua permanente satisfação. Então entrarás em Minha Alegria e Me permitirás viver para Ti, sem jamais pensares em viver fora de Mim.

A vida que levaste e ainda em grande parte levas, não é a Minha Vida. Não estou nela, pois falas e ages de acordo com o que não te dei. Formaste hábitos e te conformaste com regras e leis externas, feitas por tuas conveniências e vícios ou por outros em quem não vivo.

Percebes muito bem que não és completo como ente separado: por isso procuras apoio em valores externos, no intuito de conservar teus vícios. Teu coração, porém, não está nisso, porque Eu não o estou. Estabeleces contratos e fazes promessas que não podes cumprir.

Apegas-te pelos afetos a outros, para prendê-los a ti. Não podes ser livre, de modo que Eu te faça uma expressão de Minha vida, porque segues as leis de outros deuses.

O caminho que segues, leva-te à obscuridade e sofrimento. Definhas em insatisfações, por falta daquele Amor que só Eu te posso dar. Distingues pessoas e coisas e as tomas, exigindo que te amem e respeitem. Mas nisso te frustras, porque só o Meu Amor pode satisfazer-te inteiro o coração! Não me entristeço em ver-te fraco, desanimado e na escuridão, pois nessas condições que criaste é que um dia Me deixarás entrar, para viver Minha Vida em Ti.

Enquanto encontrares prazer e satisfação nos valores externos, não te farei receptivo ao meu Amor, nem serás guiado por Minha Sabedoria. Sigo-te de perto, embora, penses encontrar-te a sós. Tens escuridão porque desviaste teus olhos da Luz em que resido. Encontras-te em tua própria sombra e olhas para o espaço vazio à tua frente, esperando um meio de obter do exterior aquilo que te satisfaça os desejos. Mas todas as tentativas, nessa direção, resultarão estéreis. Sou a fonte de tua vida: enquanto não te dirigires a Mim, que vivo em teu íntimo, e não receberes de Mim a Água Viva, deixando-a livremente correr de ti para os outros que se encontram em teu caminho, encontrarás um terrível vácuo, que todo o mundo e suas atrações jamais poderão preencher.

Sou a Fonte que te moverá em todos os atos; o Poder que em ti produzirá a espontânea atividade; sou o Amor que te motiva e impele ao Conhecimento da Vida total.

Na infância de tua compreensão comecei a apelar-te pela criação de coisas que te causassem prazer. Dei-te os sentidos para apreciares as cores, as formas, o gosto, perfumes e sensações. Em tudo isso despertei-te puros desejos, a fim de te capacitar a receber-Me, quando chegasse o tempo de Me insuflar em ti.

Penetro todas as coisas que Eu crio e nelas permaneço: sou a Beleza, a Vida e o Espírito delas. Sou a Estética que nelas se compraz, pois Eu, em ti, nos outros e em todas as coisas, encontro prazer com o encontro e diálogo da Essência.

Coloquei-Te num corpo constituído de tal forma que, por meio dele pudesses tornar-te consciente de todas as coisas que criei e habito. Esse encontro produz a consciência. Tua visão do mundo formal e as divisões que conheces, é que te fazem parecer ente separado. Enganas-te Filho: esses meios servem a Meu propósito de aumentar a tua apreciação do que EU SOU, até que nos tornemos UM.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 4/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Oração

A Oração

O tema é tão amplo, que talvez nunca possamos encará-lo sob todos os aspectos. Tão profundo que a maioria de nós não o alcança em toda a sua profundidade. Assim, seguindo o que Cristo falou, “orai incessantemente” queremos fazer o possível para que possamos dar subsídios para que todos consideremos a prece em seus mais variados aspectos, para que possamos realmente orar e orar incessantemente.

São Lucas, ao descrever a Transfiguração nos diz “Estando Ele orando, transfigurou-Se diante deles”. Parece-nos, pois, que o primeiro passo para que possamos nos transfigurar é orar. A transfiguração que podemos chamar de reforma íntima, começa com a prece. Somente orando, seja em que forma for: pensamentos, palavras ou ações conseguiremos nos transformar em melhores seres humanos.

Não são as fórmulas decoradas e ditas apressadamente que nos conduzem a Deus. Nem devemos pensar que orar é sinônimo de pedir e que a única finalidade da prece é contar a Deus das nossas necessidades ou agradecer os benefícios recebidos. É claro que Cristo ao dizer: “Pedi e recebereis para que vossa alegria seja completa”, se referia aos pedidos que fazemos a Deus para podermos solucionar nossos problemas espirituais ou matérias. No Pai Nosso que Ele mesmo ensinou também pedimos pelas mossas necessidades. Mas se somente fizermos isso, a nossa comunhão com Deus que é realmente a finalidade da prece estará apenas iniciando.

Mesmo se dissermos “Obrigado Senhor” por um benefício recebido, e ficarmos somente no “faça o favor e muito obrigado” estaremos somente tendo um contato com Ele que, mesmo sendo muito útil para nós, não permite um maior desenvolvimento espiritual.

Sabemos também que muitas pessoas não conseguem orar como gostaria, porque “o pensamento voa” e não lhe permite a tão sonhada devoção. E isso é muito mais comum do que se imagina. O pensamento abstrato para a maioria de nós requer muito treino e talvez nem consigamos atingi-lo nesta vida.

Mas se não sabemos rezar como gostaríamos de fazê-lo, como agir? A nosso ver, se começarmos a sentir realmente o que dizemos nos nossos rituais e em outras orações que fazemos, mesmo em se tratando de ORAÇÕES QUE SE SABE DE COR, aos poucos conseguiremos orar como realmente deve ser ungida do sentimento e amor. Também se nossa imaginação não estiver constantemente em movimento, planejando ou fazendo contas, focalizando fatos muitas vezes desagradáveis e nos dispusemos a ficar em silêncio e disponibilidade para ouvir o que nosso Cristo Interno tem a dizer estaremos orando. Se nos compenetrarmos realmente de que “o serviço amoroso e desinteressado é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus” e realmente nos preocuparmos em Servir, também estaremos orando. Podemos orar com nosso trabalho, se este for feito, digo, oferecido a Deus e feito com amor, dedicação e alegria. Aos poucos, se começarmos com boa vontade iremos aprendendo a orar incessantemente, uma vez que sabemos que a chave do Corpo Vital é a repetição e que se repetirmos coisas boas, principalmente se o fizermos conscientes e conscienciosamente aos poucos iremos nos desenvolvendo espiritualmente.

Não importa quanto tempo ou quantas vidas levemos para isso. Em toda a caminhada, por mais longa que seja, há um primeiro passo. Compete a nós darmos esse passo. E Deus que nunca falha, nos ajudará a aprendermos a rezar e a fazê-lo cada vez melhor até que toda nossa vida seja uma oração.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Virtude Espiritual

Uma Virtude Espiritual

Em primeiro lugar, lembremo-nos da afirmação categórica de Max Heindel: “É parte de nosso trabalho pôr em prática nossas próprias linhas de esforço tanto como indivíduos como associação”. Max Heindel mesmo, mensageiro autorizado da Ordem Rosacruz, disse que depois de ter vivido um curto tempo na Alemanha, quando recebeu as instruções básicas expostas no “Conceito Rosacruz do Cosmos”, recebeu pouca instrução de seu Mestre. Em verdade ele constantemente se perguntava se seria correto chamar de “Mestre” ao irmão Maior, já que este dava unicamente uma palavra ocasional de conselho, e na maior parte das vezes deixava-o resolver seus próprios problemas e à sua maneira. Se aconteceu a Max Heindel, quanto mais então a todos os estudantes!
Ninguém tomará decisões por nós; devemos nós próprios tomá-las, em cada trecho do Caminho. Isto significa que os Irmãos Maiores da Rosacruz deixaram a Max Heindel e aos estudantes a liberdade de levar adiante o trabalho segundo seu melhor juízo e opinião. Mais tarde, na aurora da Era de Aquário, explicou o sr. Heindel: aparecerá publicamente um Mestre para dar um novo impulso à Obra.

Entretanto, nos aproximadamente seiscentos anos que medeiam entre nós e a Era de Aquário propriamente dita, o trabalho preparatório seguirá adiante com as linhas básicas assentadas na Filosofia Rosacruz. É supremamente importante compreender que o estudante Rosacruz não está “sob obediência”, no sentido em que estão os monges da igreja e a maioria dos cultos orientais. Os Irmãos não temem nem condenam a liberdade intelectual, nem os erros que resultam de seu exercício. Por suposto, todos cometemos erros e alguns até sérios. Mas, é muito melhor cometer erros no exercício da divina liberdade do que seguir cegamente os passos do Mestre, ou instrutor – ainda que o Mestre em questão fosse um Irmão Maior da Rosacruz e sublime Hierofante dos Mistérios.

Max Heindel disse que a Fraternidade Rosacruz é uma “escola preparatória”. Obviamente chegará o tempo em que o estudante da escola preparatória se graduará entrando para um colégio ou universidade para o qual esta escola o preparou. No caso, a “universidade” é a Ordem Rosacruz nos planos internos, onde o candidato “cola grau” como lrmão ou Irmã Leiga. O sr. Heindel escreveu que a meta e o propósito do método Rosacruz de desenvolvimento é emancipar o aspirante da dependência dos demais e fortalecê-lo de tal modo que possa confiar em si mesmo e permanecer só; de outra maneira o espírito se converte em presa dos demais tão logo quando entre nos mundo invisíveis e seja abandonado a seus próprios recursos. No processo de chegar a confiar em si mesmo, um grande obstáculo é removido do caminho do progresso, de modo que seja capaz de desenvolver a maior eficiência possível no serviço à humanidade, como colaborador consciente da Ordem Rosacruz, tanto exotérica como esotericamente.
Por que devemos considerar que temos que compartilhar com nossos amigos no Caminho esse fruto espiritual à medida que vá chegando a nós? Os mais fortes têm o dever de ajudar aos que sejam débeis. Os estudantes se convertem em Mestres. Os servidos se convertem em servidores. Note-se, particularmente que o estudante NÃO SE OBRIGA NEM AINDA COM OS IRMÃOS MAIORES DA ROSACRUZ. A razão pela qual não se deve obrigar a si mesmo é para que não reduza sua própria liberdade de pensamento e ação. Se a liberdade é preciosa aos olhos dos Irmãos da Rosacruz, obviamente eles não podem ser um partido para o zelo desviado e a devoção fanática do estudante ignorante que deseja “vender-se a si mesmo” como escravo. A tal estudante o Mestre poderá unicamente responder: “Desejas vender-te a mim como meu escravo? Talvez, mas eu não desejo comprar-te. Sou um objetante consciente de toda sorte de escravidão”.

Porque, pôr-se a si mesmo sob obrigação é, em verdade escravizar-se; e, portanto, os Irmãos da Rosacruz proíbem a qualquer estudante se obrigar com Eles ou qualquer outra pessoa. Nenhum estudante, nem Probacionista ou iniciado está sob obrigação com algum Irmão Maior da Rosacruz individualmente, e nem ainda à Ordem como um todo. Todos são agentes livres. Os Irmãos Maiores nos quereriam ver rebeldes e questionantes do que inquestionavelmente obedientes. Podemos rebelar-nos, questionar; podemos desafiar e acusar. Isto não nos fará perder o amor dos Irmãos Maiores da Rosacruz. Mas, o que com toda certeza nos cortará a linha espirituais de comunicação com a Ordem é a atitude de aderência infantil e submissão irracional à autoridade dogmática. Max Heindel expõe o assunto convincentemente: “Qual é o caminho para as alturas da realização religiosa e onde podemos encontrá-lo? A resposta é: QUE NÃO SE ENCONTRA EM LIVROS. Os livros são úteis na medida que nos subministrem pábulo para a meditação sobre os temas tratados. Podemos chegar ou não às mesmas conclusões que os autores dos livros, mas, contanto que levemos as ideias apresentadas a nosso ser interno e ali as consideremos cuidadosamente e com espírito de oração, o que resultar do processo será completamente nosso, e mais próximo da verdade que qualquer coisa que pudéssemos obter de alguém mais ou em quaisquer outras formas.

Portanto, o caminho para o estudante seria: não aceitar nem desprezar e nem obedecer cegamente a nenhuma autoridade, mas, esforçar-se por estabelecer o tribunal interno da verdade.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 7/72 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Poder Criador do Pensamento

O Poder Criador do Pensamento

Quando o Ego entrou pela primeira vez na posse de seus veículos, na Época Lemúrica, não possuía cérebro, nem laringe. Para suprir essa deficiência, metade da força criadora sexual, anteriormente empregada na propagação foi dirigida para cima, a fim de construir aqueles órgãos; pelo primeiro, poder-se-ia produzir o pensamento e, pelo segundo, comunicá-lo aos outros. Deste modo, vemos que o pensamento é criador, por derivar da força criadora.

Igualmente, é criadora a voz; isto é, a palavra falada, pela mesma razão, tem o poder de criar, porque tem sua origem na força criadora. Daí deduzimos que, ao conservarmos a força sexual, teremos maior quantidade de poder aproveitável no processo de raciocínio e; do mesmo modo, nossas Mentes serão muito mais poderosas do que as das pessoas que malbaratam a força criadora. Esta força, não obstante, deve ser empregada em trabalho construtivo, mental ou físico, ou transmutada em serviço a favor da raça; de outro modo causaria perturbação. Se permanecer meramente recalcado, produzirá, com o tempo, desordens mentais, emocionais e nervosas.

O ato de pensar é um processo muito complicado. Envolve, não somente o emprego do cérebro etérico, o Corpo de Desejos e a Mente. O processo é o seguinte: como egos, funcionamos diretamente na Região do Pensamento Abstrato, dentro das nossas auras. Daqui, observamos as impressões causadas pelo mundo exterior sobre o Corpo Vital, por meio da cadeia de veículos e suas faculdades, chamadas sentidos.

Essas impressões, junto com os sentimentos e emoções por elas geradas no Corpo de Desejos, são imaginadas na Mente. Dessas imagens mentais, formamos nossas conclusões acerca das coisas observadas; tais conclusões são as ideias.

Pelo poder da vontade, nós, como egos, projetamos uma ideia através da Mente; aí, toma forma concreta, como pensamento-forma, ao atrair ao seu redor matéria mental da Região do Pensamento Concreto. O pensamento é o poder que usamos para criar imagens e pensamentos-formas, de acordo com as ideias interiores. O Pensamento-forma, em geral, se envolve em matéria de desejo, obtida do Corpo de Desejos, recebendo um influxo de Vida. Este pensamento-forma composto, fica, então, capaz de agir sobre o cérebro etérico, impulsionando a força vital através dos centros cerebrais e dos nervos, levando-a até aos músculos voluntários, para gerar a ação. Por conseguinte, o pensamento é a mola real de toda atividade humana.

Os efeitos de temor e de inquietação sobre o Corpo de Desejos são muito prejudiciais ao nosso desenvolvimento anímico. Na inquietação, as correntes de desejo não se desenvolvem em grandes linhas curvas, tal como se realiza em condições normais, mas saturam o Corpo de Desejos de redemoinhos, e só redemoinhos, em casos extremos.

Esta última condição impede a pessoa de tomar uma resolução que poderia corrigir a causa de seu temor e de sua inquietude. Tal estado pode comparar-se ao da água a ponto de congelar-se, sob a ação de uma temperatura muito baixa.

O temor, que se expressa em ceticismo, cinismo e pessimismo, pode comparar-se à água, quando congelada, porque os corpos de desejos das pessoas, que habitualmente abrigam estes pensamentos, estão imóveis, e nada pode alguém fazer, ou dizer, que possa alterar essa condição.

Cada vez que alguém abriga um destes pensamentos, ajuda a congelar as condições do Corpo de Desejos e a formar uma armadura azul-acinzentada, em que se encerra, privando-se, muitas vezes, do amor, simpatia e ajuda de todo mundo.

Daí, vem a necessidade de nos esforçarmos para sermos alegres e otimistas, mesmo em circunstâncias adversas, sob pena de criarmos severas condições no futuro.

A Mente subconsciente é fator muito importante no desenvolvimento do ser humano. Em cada respiração, o ar que inspiramos leva consigo um exato e detalhado quadro do que nos rodeia. O mais ligeiro sentimento, ou emoção, é transmitido aos pulmões, donde passa ao sangue. O sangue é o mais elevado produto do Corpo Vital. Os quadros nele contidos imprimem-se nos átomos negativos do Corpo Vital, para servirem como árbitros do destino do ser humano, no estado post-mortem. Quando uma pessoa cria um pensamento-forma, de natureza construtiva ou destrutiva, e projeta-o no mundo, efetua o seu trabalho, de acordo com a sua natureza, ou, então, gasta inutilmente sua energia em vã tentativa. Em qualquer dos casos, retorna ao seu criador, trazendo consigo a indelével recordação da viagem. Seu êxito, ou fracasso, imprime-se nos átomos negativos do Éter refletor e forma parte do arquivo da Vida e ação do pensador, arquivo que, por vezes chamamos “mente subconsciente”.

O pensamento destrói tecidos no Corpo Denso. É bem sabido, pela ciência, que os pensamentos negativos, destrutivos, tais como medo, angústia, sexualidade e sensualidade, destroem o poder de resistência do corpo, expondo-o a enfermidades. Uma pessoa de natureza boa e jovial ou, devotadamente religiosa, que tem fé e confia na providência divina, não cria, com frequência, pensamentos negativos; como resultado, possui uma vitalidade maior e melhor saúde do que as sujeitas à inquietude. Por meio de pensamentos de amor, benevolência e bondade, despertamos qualidades semelhantes nos outros e atraímos pessoas que possuem as ditas qualidades.

Este sutil poder do pensamento pode ser empregado, também, para curar as enfermidades. Por outra parte, pelo pensamento abstrato, o ser humano está capacitado a elevar-se do mundo material e a entrar em contato com Deus.

Se emitimos pensamentos de otimismo, de bondade, de benevolência, de utilidade e de serviço, estes pensamentos, gradualmente, colorirão a nossa atmosfera, de tal modo que chegaremos a expressar fielmente estas qualidades e virtudes. E, como nossos corpos são construídos pelo ego ou espirito, eles se tornam a expressão da nossa atitude mental; nossos pensamentos reagem sobre o nosso corpo físico e sobre o nosso meio ambiente, trazendo-nos saúde e bem-estar material. Isso ilustra o poder criador do pensamento. É um meio de provar a verdade proferida por Cristo: “Se procurarmos o Reino de Deus e sua justiça, todas as demais coisas serão acrescentadas”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de fevereiro/72 – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Importância das Escolas de Mistérios

A Importância das Escolas de Mistérios

Antes que estudemos os efeitos, deveríamos conhecer algo acerca das causas. No Conceito Rosacruz do Cosmos, lemos: “O destino do ser humano é ser uma inteligência criadora, e para isso está fazendo sua aprendizagem todo o tempo. Durante sua vida celeste aprende como construir toda classe de corpos, inclusive o humano”. Como é em cima, é embaixo. Está aprendendo a construir diferentes veículos nas regiões celestes, também está aprendendo a construir todos seus veículos aqui na terra. Se bem que construa conscientemente nas regiões celestes, constrói inconscientemente aqui a maior parte das vezes. É o propósito desta vida aprender construí-los conscientemente.

Quantas monstruosidades de injustiças teriam se pudéssemos construir os veículos conscientemente agora, com nossa inteligência inferior e egoísta. Assim é que as Hierarquias que têm a seu cargo a evolução humana têm que nos manter trabalhando de dentro primeiro.

O véu que esconde o passado está agora sendo levantado por aqueles que têm feito o esforço necessário. Para eles o passado está sendo descoberto e estão desenvolvendo a capacidade de ver no futuro e aspirar a uma vida mais espiritual. É incrível a quantidade de ajuda que estas almas aspirantes estão recebendo das Escolas de Mistérios dos planos invisíveis. Os Essênios eram algumas destas almas, e a sua história é assim: por volta do século segundo antes do nascimento de Jesus, retirado nas montanhas não distantes da margem ocidental do Mar Morto, estava um grupo de pessoas das quais ninguém parecia saber muito. São algumas vezes conhecidos na história, como os IRMÃOS DE BRANCO; outros os têm chamado os Filhos da luz. Eram altamente desenvolvidos e viviam aparte do resto do mundo, ainda que dessem seus tributos em moeda ao governo romano. O propósito dos Essênios foi preparar o caminho para a vinda de Cristo.

Foram eles os que fizeram o grande sacrifício e ajudaram a preparar a Palestina para Sua vinda. Eles também formaram o núcleo dos seguidores e Discípulos de Cristo por todos os lugares. Os Essênios esperavam a primeira vinda de Cristo, como agora estamos nós esperando Sua Segunda Vinda. Se não houvesse sido por seus esforços e sacrifícios não teria havido ouvidos prontos a escutar ao Cristo quando começou Seu Ministério, iniciando a Nova Dispensação de Amor para suplantar a antiga dispensação da lei. Entre esses Essênios estiveram alguns dos mais altos Iniciados desse tempo, incluindo Maria e José. Se não houvesse sido pela ajuda dessas Invisíveis Escolas de Mistérios, não teriam podido chegar a ser Iniciados. Mediante a profunda compreensão da necessidade de purificação ensinada nessas escolas, puderam construir veículos mais perfeitos, necessários para funcionar nos reinos superiores. A Maria e a José foram dadas a oportunidade de fazer o grande sacrifício de preparar-se para dar à luz um Corpo Denso PURO para que o Cristo morasse nele. Eles se separaram de sua comunidade e foram para o Norte fixar sua residência em Nazareth, até que Jesus nasceu.

Max Heindel nos diz que Jesus foi ao Sul pouco depois que alcançou a idade de treze anos e se uniu aos Essênios, com os quais trabalhou e passou todos os treze anos iniciáticos. Ao tempo em que ele finalizou seu desenvolvimento, tanto da cabeça como do coração, estava pronto. Quando o Sol por precessão passou a Áries, ao grau em que se fez possível que o Grande Espírito do Sol, o Cristo, descesse do Sol à terra, teve lugar o batismo, durante o qual Jesus abandonou seus Corpos Denso e Vital, e o Cristo tomou posse deles e funcionou neles durante os três anos de seu Ministério sobre a Terra. Os Essênios dispersos foram os que se uniram a Ele e formaram o grupo de Seus primeiros seguidores. Depois da destruição de Jerusalém, desapareceram do país tão misteriosamente como vieram. Depois os encontramos mais a oeste, e no século XVI os encontramos na Europa, não como Essênios, mas como Rosacruzes, com Christian Rosenkreuz, o Cabeça.

Assim, os Rosacruzes são trabalhadores invisíveis e a real Escola Rosacruz está no Mundo invisível.

Manifestam-se através de diferentes canais no tempo das grandes crises, quando são necessárias fortes medidas, posto que eles apareçam para preparar o caminho para a vinda de Cristo. Eles também ajudam as nações jovens a iniciar-se no Cristianismo. Se nos diz que foram eles que tiveram êxito em conduzir e guiar os precursores que se estabeleceram em nosso continente, e deram forma a nosso governo. Também ouvimos falar da Misteriosa Ordem dos Rosacruzes trabalhando hoje em dia no mundo.

 

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Era ou Idade de Aquário

A Era ou Idade de Aquário

A aurora de um novo dia é o que deseja o ser humano, quando atinge o nadir em seus esforços evolucionários e se encontra ante o umbral do ÚNICO CAMINHO PARA FORA.

Nesse extremo, o véu entre o irreal e o essencial, entre a obscuridade e a luz, é muito sutil, mas é o momento em que as criaturas de Deus estão em condições de receber a luz de uma nova Aurora; com esse fim a voz da “Fraternidade Rosacruz” vem trazer a mensagem para que trabalheis em cada um e para o bem de todos.

Trabalhando na reforma interna, é necessário primeiramente, conhecer-se a si mesmo e chegando a esse conhecimento — que é o maior de todos os conhecimentos — estareis prontos para ser os pioneiros que formarão um novo mundo e uma melhor humanidade. A conquista dessa luz da nova aurora, que a Era de Aquário trará, e para a qual se preparam os precursores, exige, antes, uma revolução dentro de cada um, de imperiosa urgência em todos, para que não suceda como nos tempos do dilúvio, do qual, simbolicamente, nos fala a Bíblia.

Tormentas vulcânicas poderão desenvolver-se dentro do indivíduo e como sombras caóticas, arrastar as coletividades, de nações e de raças, por não estarem em condições de compreender as leis divinas que regem o universo e o ser humano. O ser humano está disposto a empreender uma dinâmica carreira nas obscuras compreensões que há do Além — buscando, desse modo, as soluções para os intrincados problemas da vida e da inteligência. Mas… a morte não converte um ignorante em sábio, nem um ateu em cristão, nem um profano em místico! É aqui que reside a necessidade de saber o que é Iniciação e como, realmente, se adquire o Corpo-Alma, com o qual, disse o Cristo: nós nos encontraríamos com Ele, no ar.

Mas isso só se obterá, quando o ser humano se encontre a si mesmo, conheça suas capas internas e consiga construir a “Porta de Saída” sem ruído de “martelo”.

Daqui em diante sua luz brilhará e atrairá o lrmão Maior que, em espírito, consciente, lhe ensinará a nota-chave da Escola de Mistérios, onde se preparará para ganhar a lniciação.

Fora disso, tudo é mera ilusão. Como existem as Escolas de Mistérios? Existem Sete Escolas de Mistérios Menores e Nove lniciações Menores; existem cinco Escolas de Mistérios Maiores e Quatro Grandes lniciações. Os Seres Sublimes que dirigem essas Escolas de Mistérios são os mantenedores do equilíbrio no Universo.

Os Mistérios Menores e seus ensinamentos estão organizados, particularmente, para o Mundo Ocidental. Os Irmãos Maiores Rosacruzes são seres humanos que se encontram muito acima do estado comum da humanidade; há doze lrmãos e um décimo-terceiro, que é o chefe. Estes lrmãos são os únicos que têm o direito de chamar-se Rosacruzes; sete deles vão pelo Mundo Físico, fortalecendo o bem, onde quer que passem; cinco ficam sempre no Templo invisível Rosacruz e seus trabalhos são levados a cabo desde os mundos internos.

Existem várias sociedades ligadas à Ordem Rosacruz que são manifestações presentes de atividades antigas, mas a Fraternidade Rosacruz — “The Rosicrucian Fellowship” — é um novo impulso, é algo inteiramente adequado à época vindoura. O método Rosacruz ajuda, sempre, a desenvolver, no Estudante, o sentimento de compaixão; por meio do conhecimento se lhe ensina a perceber o princípio da unidade de cada coisa no Todo e a identificar-se com o infinito, convertendo-se, em um verdadeiro cooperador e trabalhador no Divino Reino da Evolução que trará a Era de Aquário prestes a chegar!

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/72 – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Filosofia Rosacruz pelo Método Socrático: A Força Criadora Sexual

Pergunta — Qual a relação entre a força criadora sexual e o cérebro?

Resposta — O pervertido maníaco sexual é uma prova da asserção dos ocultistas de que uma parte da força sexual se destina à formação do cérebro. Tal pessoa torna-se um idiota ou incapaz de pensar porque normalmente a energia sexual destinada a procriação, e a manutenção e criação do cérebro é utilizada no seu aspecto positivo ou negativo, de acordo com a condição do indivíduo — homem ou mulher.

Pergunta — Qual a diferença entre essas pessoas e as que tendem à espiritualidade?

Resposta — Se uma pessoa é dada a pensamentos de ordem espiritual, a tendência de usar a força sexual para a propagação é diminuta e aquela parte não usada para esse fim, poderá ser transmutada em força espiritual.

Pergunta — Essa ideia não é favorável ao celibato?

Resposta — O lniciado em certa estação de desenvolvimento faz o voto do celibato. Não é um voto de fácil admissão e nem pode ser adotado levianamente por alguém desejoso de desenvolvimento espiritual.

Pergunta — É uma orientação fácil para qualquer pessoa?

Resposta — Muitas pessoas ainda imaturas para vivência superior, ignorantemente ingressam numa vida de ascetismo. Essas são tão perigosas à comunidade e a si mesmas como o são os maníacos sexuais.

Pergunta — Sob qual ponto de vista esse aspecto natural deve ser considerado?

Resposta — Na presente estação da evolução humana a função sexual é o meio pelo qual os Espíritos poderão ganhar experiência. Uma vez que o renascimento depende da união sexual, consideremos o caso das pessoas que são muito prolíficas e que por isso são levadas ao ato sexual desordenadamente. Elas pertencem às classes inferiores. Assim há dificuldades para as entidades prestes a renascer encontrarem veículos adequados e ambientes propícios ao desenvolvimento de suas faculdades, de tal forma a beneficiarem a si mesmas e a humanidade. Sob outro aspecto os indivíduos de classes mais abastadas, que poderiam criar condições mais favoráveis ao renascimento, têm poucos filhos ou mesmo nenhum.

Pergunta — Isso é porque vivem uma vida de pureza?

Resposta — Infortunadamente, não. Trata-se de razões puramente egoísticas. Razões para uma maior gratificação sexual, sem um aumento da carga familiar. Dessa forma o ser humano vale-se de sua prerrogativa divina para levar a desordem na Natureza.

Pergunta — Como poderá afetar o Ego em período de renascimento?

Resposta — O Ego renascente deve aproveitar as oportunidades oferecidas algumas vezes em condições desfavoráveis. Outros que não podem assim proceder devem aguardar até que se lhes apresente ocasião favorável. Assim afetamos uns aos outros por meio das nossas ações e da mesma forma os pecados dos pais recaem sobre os filhos.

Pergunta — Poderá tal fato ser chamado de o Pecado imperdoável?

Resposta — Como o Espírito Santo é a energia criadora na natureza, a energia sexual é o seu reflexo no ser humano. Portanto o abuso desse poder é o pecado que não pode ser perdoado, mas deve ser resgatado por meio de uma deficiência a fim de nos conscientizar da santidade da força criadora.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de março/72 – Fraternidade Rosacruz SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Paz de Deus

A Paz de Deus

De tempos em tempos ouvimos falar muito de paz; todavia, se pedirmos que nos deem uma definição da palavra “paz”, arriscamo-nos a obter uma resposta muito incerta e vaga. De um modo geral, pensamos que a paz é a ausência de guerra, ou a ausência de disputas, de ruídos ou qualquer ideia do gênero.

Essas coisas são, de fato, aspectos da paz, mas são todas negativas. De forma que somos levados a indagar se não há também um aspecto positivo. Uma coisa que é inteiramente negativa, se é que alguma coisa o pode ser, é sem dúvida insatisfatória e incompleta. Vejamos, pois, se não existe também um lado positivo.

Numa grande galeria de arte existe um quadro representando uma impetuosa queda de água, junto à qual cresce uma árvore. Num ramo dessa árvore, que se debruça sobre a queda de água, encontra-se um passarinho cantando em louvor a Deus. O quadro intitula-se “Paz”. Pensemos por um momento, e prontamente compreenderemos o que estava na mente do artista. Ele viu claramente, e representou com muito êxito, a ideia do aspecto positivo da paz.
Durante a primeira guerra mundial, foi uma coisa notável que, exatamente na “terra de ninguém”, por entre as granadas e as balas, os pássaros continuavam a sua vida normal, sem sequer saberem que o ser humano, que se imagina tão superior, lutava contra a sua própria espécie. Em certa ocasião, num castelo arruinado que se encontrava na linha de combate, eu e meus companheiros observamos um casal de andorinhas. Desde a madrugada até ao crepúsculo, esses dois passarinhos andaram de cá para lá, nas proximidades do seu ninho, trazendo ambos o bico cheio de moscas para os seus esfomeados filhotes. Viram também uma paz ativa.

Outro exemplo: Ouçam um pouco da música dos mestres — o “Largo”, ou o “Coro da Aleluia”, de Haendel, a “Sonata Patética”, de Beethoven, o “Noturnos”, de Chopin — e verão que essa música é ativa, que algumas dessas obras manifestam mesmo grande atividade, e, contudo, quando as tocamos ou ouvimos, sentimos uma intensa vibração de paz e conforto.

Na vida quotidiana encontramos a mesma coisa. Coloquemo-nos num grande edifício onde se produz força motriz, defronte de um grande gerador de corrente para uma cidade; ouçamos o seu constante e tranquilo sussurro, e sem dúvida experimentaremos uma sensação de paz.

Ou pensemos então no motorista de um carro, que segue por uma estrada adiante, e ouve o constante sussurro de um motor bem afinado. Ele está bem alerta, contudo descontraído na presença de um poder ativo, concentrado, mas dirigido.

Não, a paz não é negativa, não é um estado de inércia, mas sim uma sensação de atividade harmoniosa, pela qual nos sintonizamos com Deus.

Pensemos no ruído da máquina de escrever, que tem o poder de nos acalmar ou de nos irritar. Por que?

Simplesmente devido a forma como as nossas forças e emoções a ele reagem. E é sem dúvida aqui que se encontra a chave do mistério.

Não é a atividade ou a sua ausência que constituem a paz. É antes essa sensação íntima de harmonia e tranquilidade.

Mas, até aqui, temos estado a falar de paz simplesmente em relação a nossa condição humana. Para que possamos compreender a paz de Deus, não teremos de olhar ainda mais para dentro?

Em nossa vida quotidiana, estamos constantemente a encontrar condições propensas a perturbar e nublar os nossos Corpos de Desejos. Sempre que permitimos tal condição, perdemos imediatamente a sensação de paz, não é verdade? De forma que depende de nós defendermo-nos, reprimir a irritação ou a crítica em relação às ações do próximo; habituarmo-nos a dizer: “não a minha vontade, mas a tua”; aprender a considerar o ponto de vista das outras pessoas e, se se nos tornar necessário, dar a conhecer o nosso desacordo, fazê-lo com o devido espírito de amor e bondade. Quando procedermos assim — e concordamos que é uma coisa muitíssimo difícil de fazer — começaremos então finalmente a sentir aquela paz mais profunda, mais íntima, uma antecipação da verdadeira paz de Deus. Devemos observar que não há necessidade de nos retirarmos do contato com o mundo.

Evidentemente que não, pois dessa forma não podemos esperar senão os mais negativos aspectos da paz — a inércia, a qual de fato não é paz de forma alguma.

Não, nós não precisamos procurar a paz, temos é que harmonizar os nossos corações com o que nos rodeia. Tantas vezes ouvimos dizer: “Oh, se eu pudesse viver em outro ambiente!” Para quê? Uma vez que nos encontramos no ambiente mais propício para nós, nas verdadeiras condições escolhidas por nós próprios, antes de renascermos? Tantas vezes ouvimos, na verdade, e talvez o digamos a nós próprios: “Oh, se eu pudesse vir trabalhar aqui na Sede, como tudo seria simples para mim! ” Vejo um pequeno sorriso nas faces de alguns dos nossos obreiros.

Eles sabem perfeitamente que não é tão fácil. Aqui, como talvez em parte alguma do mundo, onde são enviados ensinamentos elevados e sublimes, onde as forças do bem são poderosas, exatamente aqui encontramos as forças negras do mal, concentrando-se para tentar anular todo esse bem. Ao passo que trabalhar na sede pode dar muita alegria e satisfação. É isso, sob certos aspectos, o mais difícil. Esses queridos amigos necessitam de todo o auxílio que pudermos dar-lhes. São apenas seres humanos, como nós próprios; cometem os seus erros; têm os seus problemas; conseguem fazer muito bem. Necessitam de pensamentos amorosos.

Devemos sempre lembrar-nos de que a Fraternidade não é apenas constituída pela Sede, mas sim pela soma total de todos os estudantes e Probacionistas, onde quer que se encontrem no mundo.

Por conseguinte, torna-se absolutamente óbvio que, ao procurarmos manter os nossos corpos sob fiscalização, ao tentarmos aprender a fé que se recusa a ser perturbada, então não somente começaremos a experimentar essa espantosa paz interior, a paz de Deus, mas começaremos também a irradiá-la para o mundo.

Com tudo isto, não conseguimos realmente definir a paz de Deus, não é verdade? Pois isso é algo que não se pode expressar devidamente. É qualquer coisa que apenas podemos sentir, à medida que nós formos nos reconciliando com aquela palavra espiritual de harmoniosa criação.

Mesmo assim, apenas entrevemos um fragmento da sua divina glória, pois é maior do que tudo que possamos imaginar.

Temos assim o aspecto positivo ou ativo da paz, e esse também é incompleto.

Para conseguir descobrir a verdadeira paz, temos necessariamente que equilibrar os dois polos. Ao passo que, em nossos múltiplos deveres e atividades, lutarmos por esse sentimento íntimo de paz, que é a presença de Deus, não devemos, contudo, negligenciar os nossos períodos de tranquila meditação, o silêncio das concentrações nos nossos serviços, a descontração e repouso das ocasiões em que nos encontramos a sós com os nossos pensamentos. Sim, ambas as coisas são muito necessárias, e quando conseguirmos abrir os nossos corações a esses dois aspectos da paz, experimentaremos essa paz divina de que tanto necessitamos nestes conturbados tempos.

“Possa a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, manter o nosso coração e a nossa mente no conhecimento e amor Divinos”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 02/72)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Nossa “Bondade” tem que adquirir Força em Si Mesma

A Nossa “Bondade” tem que adquirir Força em Si Mesma

Durante a nossa jornada de purificação, quando nos esforçamos por mudar seriamente de vida e tornar-nos cada vez melhores corremos o risco de acabar parecendo tolos, dando ensejo a que pessoas mal informadas, interpretem nossa bondade baseadas em seus próprios padrões, como sinal de fraqueza. Daí podem surgir situações difíceis que vão exigir tremendos esforços de nossa parte, para que sejam corrigidos todos os enganos, e as coisas colocadas em seus lugares. Na verdade, leva um bom tempo até que nosso esforço para sermos melhores, apareça revestido de sua própria verdade, sob sua real aparência. Antes disso, há um longo incômodo interno até que se chegue a adquirir o aspecto de tranquilidade, paz e desprendimento real, que não poderá mais ser confundido com a aparência de uma pessoa tola e desavisada.

Para isso, nossa “bondade” deve adquirir força em si mesma, criada não só pelos nossos bons propósitos, mas principalmente pelas nossas boas realizações.

O exemplo máximo de força encontramos em Cristo Jesus, que era bom, justo, honesto e manifestava todas as qualidades superiores que eram raras na humanidade de seu tempo. Essas qualidades eram fortes e se sobrepunham às iniquidades e fraquezas dos que O cercavam, fazendo-O amado por uns e temido por outros. E foi por temor à força dessas qualidades que O crucificaram. Mas embora fosse Cristo um enviado do Pai para sacrificar-se por nós, redimindo nossos erros pelo seu sangue derramado na cruz, é seu exemplo que temos de seguir, para que seja possível despertar a força que existe em nós, e que é Deus em nosso próprio íntimo.
Porque, só quando pudermos nos apoiar nesta força, é que alguma coisa começará a dar frutos, no longo caminho de preparação que vimos trilhando. Esses frutos, porém, muitas vezes poderão parecer fugazes, como se a força conquistada em bem, nos esteja escapando, fazendo com que nos sintamos subitamente sós e desamparados. Mas, embora isso aconteça, não será prova de que Deus nos abandonou e retirou de nós a sua força.

Pelo contrário, vem provar que Ele está ainda mais próximo, a ponto de nos permitir experimentar nossa própria solidão, e nos fazer compreender e sentir que Ele é também esta solidão, que Ele também está no nosso desamparo.

Uma coisa é certa: nunca estamos sós. Deus está sempre presente, e é a nossa constância no Bem, nossa permanência na Verdade, que nos levará a sentir cada vez mais real a presença Divina. Mesmo que a impressão dessa Presença mude, que já não se manifeste como apoio, como graça, como auxílio, mas como percalço, como dura experiência, mesmo assim, ela, a Presença, está cada vez mais perto e mais sutil; não como uma força externa, mas como Poder dentro de nós mesmos, como aquisição conquistada pela nossa própria permanência na fé. E esta deve ser a nossa maior esperança quando tivermos que colocar à prova a nossa bondade, num mundo que nem sempre encontraremos preparado para recebê-la.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de junho/73)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Sombra da Cruz: conhece a Sua?

A Sombra da Cruz: conhece a sua?

A cruz é o símbolo da vida humana em sua relação com as correntes vitais. O madeiro vertical superior representa o ser humano, que recebe a energia solar verticalmente e a força crística do interior da Terra. O madeiro horizontal configura o corpo animal, por cuja espinha dorsal perpassa as correntes circulantes pelo nosso planeta. O madeiro vertical inferior simboliza o reino vegetal.

A cruz representa o conflito entre duas naturezas aludidas por São Pedro, quando disse: “Eu vos rogo que vos abstenhais dos desejos carnais que lutam contra a alma” (IPe 2:1). Sob tal ponto de vista, são muito significativas as palavras de Cristo: “Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.

É comum ouvir falar de sofrimentos, de alguma limitação física ou alguma dura experiência, como uma “CRUZ” que se carrega. Em certo sentido a comparação é exata, se a aflição é causada por outrem. Como exemplo podemos citar o de Cristo pela humanidade, seu confinamento a um mundo de baixa vibração como o nosso.

Que comparação podemos estabelecer entre essa situação de limitação onde se encontra o Mestre e os nossos pesares, por grandes que sejam? No entanto, recebemos nossa cruz em proporção às nossas forças. Mas, a cruz que tomamos após Cristo é a mesma vida terrestre que lhe dedicamos no serviço desinteressado aos nossos semelhantes.

A enfermidade pode nos deixar preocupados, porém se constitui uma parte de nossa cruz, chega a converter-se em bênção, até a saúde da alma refletir-se no corpo.

Nestes conturbados dias, quem serão aqueles que tomarão a sua cruz e seguirão o Mestre amado?

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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