Uma Verdadeira Transfiguração
O Caminho Rosacruz compreende sete etapas de desenvolvimento: Estudante Preliminar, Estudante Regular, Probacionista, Discípulo, Irmão Leigo, Adepto e Irmão Maior. A superação de cada um desses estágios corresponde a uma verdadeira Transfiguração.
Durante as primeiras etapas, de Estudante a Probacionista, o Aspirante cursa as matérias básicas e edifica os fundamentos da sabedoria e da disciplina de seus Corpos. Assimilando o valor educativo dos ensinamentos Rosacruzes, adquire a capacidade de direcionar suas energias e talentos a propósitos cada vez mais elevados. Consciente de seus deveres morais e espirituais, procura dominar as forças obscuras de sua vida inferior, até conhecer os primeiros vislumbres da expansão do Eu.
Muitos anos e, às vezes, vidas de trabalho, de sacrifícios e esmorecimentos, de coragem e desânimo, de quedas e levantamentos, de regozijo e desespero, marcam essa fase preparatória. Há momentos de ofuscante luz que sucedem densas trevas, em ciclos de aprendizagem.
Mas, todos os esforços e o progresso obtido são observados desde os Mundos invisíveis pelos exaltados Guias. Um dia, os vislumbres convertem-se em viva realidade, os obscuros contornos da visão de Probacionista, adquirem a nitidez do Discípulo. Surge um ser humano novo em novidade de espírito.
As obras da carne, os zelos excessivos, o amor próprio, a vaidade, o espírito sectarista, ontem propriedades características do ser humano primário, desvanecem-se aos poucos.
Não imaginemos, contudo, que atingido o grau de Discípulo, o novo ser humano entra num período de contemplação estática e absorvente. Pelo contrário, os poderes da ação e do trabalho estão presentes e mais atuantes do que nunca. Seu pensamento permanece ocupado às vinte e quatro horas do dia, com “tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, santo, amável e de boa fama” (Filipenses 4-8).
É um novo ser desabrochando. Seus familiares e amigos sentem a força propulsora de sua vontade na dedicação às causas justas e nobres. Beneficiam-se desses esforços admiráveis, dispendidos a custa de, não raro, verdadeiros holocaustos e da extrema renúncia aos frutos do êxito.
Que poderemos, agora, imaginar das três etapas superiores a do: Irmão Leigo, Adepto e Irmão Maior? Iluminados nas transcendentes alturas do Bem, do Belo e do Verdadeiro, são inconcebíveis as vivências e sublimidades de seus Espíritos. Max Heindel nos deixa antever algo da fecundidade de suas vidas: “Os Irmãos Leigos vivem em diferentes partes do mundo ocidental, recebendo uma ou mais Iniciações nas Escolas de Mistérios Menores”. São capazes de abandonar o Corpo Físico conscientemente, para assistir ou participar dos trabalhos no Templo da Ordem Rosacruz. Os Adeptos são graduados de uma Escola de Mistérios Menores, e passaram pela primeira das quatro grandes Iniciações. Segundo os ensinamentos Rosacruzes, o Adepto pode construir novos Corpos físicos por processos ocultos de alquimia espiritual.
Os Irmãos Maiores são graduados das Escolas de Mistérios Menores, e também dos Mistérios Maiores. Seres de sublime espiritualidade fazem parte da Hierarquia Planetária.
É um íngreme caminho a ser percorrido, porém, não há outro mais dignificante. O sofrimento pode vir a ser um companheiro constante nessa gloriosa ascese, surgindo, não obstante, como o prenúncio da morte do velho ser humano.
Max Heindel afirma em sua obra INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA: “O ser humano passa, continuamente, por um processo de purificação, erradicador das substâncias mais inferiores e grosseiras que fazem parte de seus veículos. Com o tempo e mediante a evolução, esse trabalho de espiritualização tornará “nossa carne” transparente e radiante. Radiante como o rosto de Moisés, o corpo de Buda e o Cristo na Transfiguração”.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Quanto tempo levará até podermos dispensar estes Corpos físicos, e atuar total e novamente nos Mundos Espirituais?
Resposta: Esta pergunta revela um estado mental por demais comum entre pessoas que se inteiraram do fato de que possuímos Corpos espirituais que nos permitem locomovermos com a velocidade do relâmpago no espaço, Corpos que não necessitam do revestimento material e, consequentemente, não requerem cuidados por parte de seus possuidores. Estas pessoas aspiram pelo momento em que poderão deixar crescer tais asas figurativas e se ver completamente livres deste “baixo e vil instrumento mortal”.
Tal estado mental é extremamente deplorável. Deveríamos ser gratos pelo instrumento material que temos, pois é o mais valioso de todos os nossos veículos. Embora saibamos perfeitamente que o nosso Corpo Denso é o mais inferior de todos os nossos veículos, também realizamos que é o nosso instrumento mais aperfeiçoado, sem o qual os outros veículos seriam hoje de pouca utilidade. Enquanto este instrumento, tão magnificamente organizado, capacita-nos enfrentar todos os tipos de situações aqui, nossos veículos superiores estão praticamente desorganizados. O Corpo Vital é formado, órgão por órgão, como o nosso Corpo Físico Denso, mas até ser treinado por exercícios esotéricos, não é um instrumento adequado para atuar sozinho. O Corpo de Desejos só tem alguns centros sensíveis, que não estão ainda ativos na maioria das pessoas. Quanto à Mente, apresenta-se como uma nuvem informe em quase todos nós. Devemos esforçar-nos hoje para espiritualizar o instrumento físico, e conscientizar-nos que precisamos treinar nossos veículos superiores antes de podermos usá-los. Para a maioria das pessoas, isso levará ainda muito, muito tempo. Portanto, é preferível cumprir a tarefa que nos é acessível, apressando assim o dia em que estaremos capacitados para usar os veículos superiores: esse dia só dependerá de nós próprios.
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 05 – Max Heindel)
Hipnotismo – Bom ou Mal
Pode-se dizer que a Mente humana consiste de duas partes: a Mente Consciente e a Mente Subconsciente. A Mente Consciente é a parte da Mente onde a informação é conscientemente coletada, onde tem lugar o pensamento lógico e onde são tomadas as decisões. A Mente Subconsciente é a parte da Mente onde estão armazenadas as memórias e os hábitos. A Mente Subconsciente de uma pessoa contém tudo que esta tenha visto ou ouvido (que tenha ou não se conscientizado delas); é também a memória de todos os acontecimentos de sua vida. Quando a Mente Consciente quer se lembrar de alguma coisa precisa reaver a informação da Mente Subconsciente. Quanto maior for à habilidade da Mente Consciente de se comunicar com a Mente Subconsciente mais facilmente a informação será lembrada. A Mente Consciente também se comunica com a Mente Subconsciente quando hábitos estão sendo formados ou rompidos e quanto melhor a comunicação mais eficiente será o controle exercido sobre os hábitos.
O hipnotismo, definido como um estado de comunicação superior com a Mente Subconsciente, está dividido em duas categorias básicas: hipnotismo clássico e auto-hipnotismo. No hipnotismo clássico a Mente Consciente de uma pessoa estabelece comunicação com a Mente Subconsciente de outra pessoa. No auto-hipnotismo a Mente Consciente de uma pessoa estabelece comunicação superior com sua própria Mente Subconsciente. Vamos considerar a natureza e os efeitos de cada um desses tipos de hipnotismo.
No tipo clássico de hipnotismo, o hipnotizador induz a pessoa a se colocar em um estado mentalmente passivo. O hipnotizador, então, pega a cabeça do Corpo Vital da pessoa para separá-la da cabeça do Corpo Denso da mesma pessoa, de modo que a cabeça do Corpo Vital fica enrolada ao redor do pescoço. A ligação entre o Ego da pessoa e o Corpo Denso é, então, separada e os veículos superiores se retraem. O Éter do Corpo Vital do hipnotizador reside agora na cabeça física densa da pessoa e dá ao hipnotizador acesso direto a Mente Subconsciente da pessoa. O hipnotizador pode, agora, obter informação ou dar ordens como desejar. Mesmo depois que a pessoa acorde do transe hipnótico algum Éter do Corpo Vital do hipnotizador ainda permanece na cabeça da pessoa, de modo que pelo resto da vida terrena desta pessoa, ou até que o hipnotizador morra, este terá algum controle sobre esta pessoa.
O hipnotizador clássico tem sido usado, indubitavelmente, por pessoas inescrupulosas, desejosas de adquirir poder sobre outras por objetivos egoístas. Tem sido usado para divertir e maravilhar pessoas em “shows”, mas tem sido usado, também, por outros que tentam conseguir algum bem por meio dele. Os médicos, por exemplo, tem o hipnotismo para aliviar dores de pacientes de maneira a diminuir a necessidade de drogas. Foi descoberto que o alívio da dor pode durar não só durante o transe hipnótico da pessoa, mas também depois de despertado. Foram desenvolvidas experiências nas quais o hipnotismo foi usado para ajudar a obter a cura de doenças. Nestes casos usa-se a teoria de que o estado mental da pessoa é um fator causador de doença e que suspendendo, interrompendo a ação da Mente Consciente da pessoa, o processo de cura ocorre. A hipnose clássica tem sido usada, também, para curar pessoas com maus hábitos como fumar e beber.
Quando observado sob um ponto de vista de curto alcance, o hipnotismo clássico, usado por médicos bem-intencionados, parece ter efeitos benéficos. Mas, por mais bem intencionados que eles sejam, os efeitos de longo alcance do hipnotismo clássico não são bons. Como é de nosso conhecimento, através de nosso estudo dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, o objetivo da vida é a evolução da alma. No início de cada vida terrena, os Anjos ajudam cada Ego a iniciar o caminho pela vida ao longo do qual ele irá encontrar as privações e tentações que tanto precisa para aprender a enfrentar e vencer as dificuldades da vida, desenvolvendo sua alma. Quando um Ego encontra dor e doença, se estas são aliviadas ou curadas por meio do hipnotismo clássico, o Ego não o desenvolveu, dentro de sua própria alma, as forças para superar a situação. Ao contrário, a vontade do hipnotizador é que foi usada para transpor a situação. Assim, o Ego da pessoa não alcançou o desenvolvimento da alma que a dor e a doença deveriam ter proporcionado, e o Ego terá que enfrentar semelhante dor ou doença em algum momento futuro. Do mesmo modo, quando o hipnotismo clássico é usado para superar maus hábitos é a vontade do hipnotizador que venceu este hábito e, portanto, o Ego da pessoa terá a mesma fraqueza quando renascer em sua próxima vida na Terra. Terá, então, que lutar novamente com o problema até que desenvolva a força interior para superá-lo. Talvez um problema muito mais sério, inerente ao uso do hipnotismo clássico, é o de que é um pecado contra o Espírito Santo. O Espírito Santo, como um foco do princípio criador na natureza, se expressa por meio de órgãos reprodutivos para criar novos Corpos e por meio do cérebro, para criar novos pensamentos.
Quando alguém se deixa hipnotizar cessa de ser seu próprio dono e perde sua faculdade de pensar independentemente. A partir do momento que o hipnotizador interfere na faculdade criativa do pensamento, uma faculdade que é uma expressão direta do Espírito Santo, esta pessoa está, consequentemente, cometendo um pecado contra o Espírito Santo.
Contrastando com isto, o auto-hipnotismo pode ser descrito como um processo no qual uma pessoa coloca sua Mente Consciente em comunicação com sua própria Mente Subconsciente. Descobriu-se, através de experiências, que quando a frequência da onda do cérebro é reduzida para menos de 14 ciclos por segundo, esta comunicação pode ser alcançada. A frequência da onda do cérebro, naturalmente, cai para menos de 14 ciclos por segundo durante o sono, mas aprendendo a relaxar, sem adormecer, é possível alcançar essa frequência acima mencionada estando consciente e tendo o completo controle da Mente Consciente. Assim, a Mente Consciente pode reaver memórias da Mente Subconsciente ou pode dirigir a Mente Subconsciente a agir de determinadas maneiras. Deste modo, hábitos podem ser formados, interrompidos ou cessados e a Mente Subconsciente pode ser dirigida para ajudar no processo de cura.
Ao contrário do método utilizado no hipnotismo clássico, o Ego, ao usar sempre o auto-hipnotismo, mantém total controle de sua Mente Consciente. Além disso, a Ego está usando sua própria vontade e forças geradas de seu interior para enfrentar e superar seus problemas. O uso do auto-hipnotismo para ajudar a superar maus hábitos ou auxiliar no processo de cura, portanto, não traz só benefícios imediatos, mas também benefícios duradouros.
Problemas assim superados não terão que ser enfrentados novamente. O auto-hipnotismo, na verdade, pode aumentar a capacidade do Ego de agir criativamente por meio de seus Corpos. Muitas pessoas querem fazer muitas coisas, mas são incapazes, devido a alguma falta de controle físico ou emocional. Por exemplo, um pianista pode não ter controle muscular para executar uma peça musical difícil, ou um orador pode ficar muito nervoso para fazer um discurso. Usando a auto-hipnose, a Mente Consciente pode programar a Mente Subconsciente para dirigir a execução da peça musical ao piano e para manter o orador calmo durante o discurso.
A criatividade mental, também, pode ser aumentada por auto-hipnotismo. A Mente Subconsciente geralmente tem acesso a soluções de problemas que a Mente Consciente tem tentado resolver. Assim, se a Mente Consciente (quando há um problema) se põe em contato com a Mente Subconsciente, a solução pode ser encontrada. Newton descobriu a Lei da gravidade enquanto descansava debaixo de uma macieira e, igualmente, Albert Einstein descobriu suas ideias revolucionárias sobre espaço e tempo num dia em que descansava na cama devido a uma doença.
Concluindo, podemos dizer que o hipnotismo clássico, qualquer que seja sua intenção ou a maneira de ser usado, não é aconselhável; mas o auto-hipnotismo pode ser usado com resultados benéficos.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – por de Elsa M. Glover – 09/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Um Trabalho Sublime: uma obra Aquariana
Convém, sempre que possível, meditarmos sobre a Fraternidade Rosacruz como uma obra Aquariana. Nesta época difícil, onde até os governantes das nações mais poderosas não escondem sua preocupação e impotência diante das crises, os povos ainda procuram apoiar-se em lideranças ditas carismáticas. É um erro. Vivemos a aurora de novos tempos; a única saída é a somatória de esforços visando o bem coletivo. A figura do líder se extingue aos poucos, dando lugar a mentalidade cooperativista. Não há outro caminho conducente à uma paz duradoura.
Entretanto, somente a pessoa livre interiormente despojada de preconceitos e crenças ultrapassadas mantém-se sintonizadas com as vibrações da nova Idade.
A Fraternidade Rosacruz foi concebida dentro desse espírito futurista. Sua orientação respeita acima de tudo o livre arbítrio de cada um. Procura emancipar o aspirante de toda limitação personalista e dependência externa, objetivando se dar condições de tornar-se um “perfeito cidadão do mundo e um pregador do bem”.
Entenda-se o Movimento Rosacruz não como uma escola onde os aspirantes são dirigidos e guiados cegamente, sem lastro iniciático, senão que reúne princípios superiores, inalteráveis ao nosso esforço Crístico. Ao mesmo tempo, por trás de toda atividade individual ou grupal, há uma ajuda esclarecida, um observador consciente, respeitando-se a liberdade, estimulando-nos, compreendendo-nos como um pai maravilhoso, um pedagogo incomparável: é o Irmão Maior.
A Fraternidade Rosacruz é isso, mas não apenas isso. A Fraternidade não são as Sedes, nem as obras, nem diretorias, se bem que elas sejam instrumentos necessários de ação, com os quais, às vezes, podemos até discordar por motivos pessoais, indiossincrásicos ou coisa que o valha.
A Fraternidade é algo interno, vivente, formado com a aspiração, com o esforço, com o pensamento convergente e harmonioso de todos os seus membros na consecução de um Ideal Superior.
Isso não invalida a Sede Mundial como um suporte físico. Max Heindel, Iniciado pelos Irmãos Maiores, escolheu aquele lugar por saber tratar-se de um dos sete centros espirituais da Terra. Essa escolha favoreceu a difusão do Movimento, de uma forma que não seria possível com apenas os recursos de seus membros.
Além disso, como Max Heindel o testemunhou, a Sede Mundial corresponde a um arquétipo, previamente formado nos planos mentais pelos Irmãos da Rosacruz, com o propósito de fortalecer o nosso ideal até o tempo previsto na Idade Aquariana. Há uma força espiritual mantenedora da Fraternidade, nutrindo-se e fortalecendo-se com o nosso esforço. Entretanto, não depende apenas de nós para a sua sobrevivência.
A Sede Mundial corresponde a um moderno Tabernáculo, com especialíssima missão de fazer florescer no coração da humanidade as bases do Cristianismo Esotérico, a Religião do futuro. Foi engendrada com e por amor. O amor une e edifica. Quem vive em amor vive em Deus e Deus nele.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O CAMINHO MAIS CURTO
Em nosso formoso “Serviço do Templo” Max Heindel incluiu a alegação muito definida: “O serviço amoroso e desinteressado para com os outros é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que conduz a Deus”.
Sim, ouvimos este ensinamento todas as noites no Templo, semanalmente na Capela, frequentemente em nossos lares, gostando de pensar em nós como quem serve todos os dias.
Contudo, quantas vezes paramos para considerar o que Max Heindel esclareceu: que não é somente o serviço que é necessitado? Asseverou em palavras que não deixam dúvida, a qualidade especial do serviço que nos conduz adiante nesse caminho a Deus.
Consideremos os meios variáveis de serviço. Há o que poderíamos chamar de serviço comercial ou trabalho prestado com o propósito de colher uma vantagem correspondente. Tudo muito bem e valioso na sua maneira, mas, lamentavelmente, insuficiente na exigência espiritual.
Depois, há o serviço prestado não tanto para obter recompensa, porém, como um senso de dever ou necessidade, o cumprimento de uma obrigação àqueles que servíamos talvez. Ainda que isto seja muito estimável, não significando que diminui o mérito, contudo, ainda não preenche totalmente o requisito.
E, depois, aí há o mais elevado espécie de serviço, o “amoroso, desinteressado” exemplar, além do qual possivelmente ninguém pode chegar a nossa presente condição de desenvolvimento.
Repara, pois, o significado dos dois adjetivos. Primeiro, o mais elevado serviço, o “amoroso”. Na nossa ansiedade de servir, e talvez na nossa ansiedade de alcançar o nosso próprio desenvolvimento, tantas vezes passamos por cima do “amoroso” e, contudo, isso é a nota chave do nosso “Serviço do Templo”.
Temos, às vezes, curiosidade, o que significa a palavra exatamente? A palavra “amor” é tão abusada que é difícil impedir que se torne confuso. O conceito comum, como tendo algo que ver somente com o sexo, naturalmente não necessita consideração. Outra opinião errada do amor, como algo impotente, débil e efeminado aproxima-se do inexato. Infelizmente está nesta conexão que tantas imagens tentando retratar o Mestre, Cristo Jesus, mostram-No como débil e ineficaz, ao passo que exatamente o contrário é o caso. Ele era forte e vigoroso (poderoso), sensível e benévolo, sim, mas estas últimas características são realmente sinônimos de poder e coragem. O poeta Tennyson, no “In Memoriam” demonstra isso claramente na seguinte parte:
“Poderoso Filho de Deus,
Amor imortal
A quem nós, que não cheguemos a ver Sua Face
Pela fé e unicamente pela fé, concebemos.
Crendo aonde não podemos provar”.
Sim, amor é o cume de poder benévolo. Se nos detemos a considerar, acharemos que mesmo nos mecanismos: brandura segue de mãos dadas com força. Pensa na onda de poder num motor de alta potência, tão macio, tão silencioso, todavia, tão irresistível. Nós, que desejamos expressar-nos apropriadamente, esquecemos às vezes isto, dando assim, a impressão de afirmação própria, quando estamos meramente tentando expressar o poder do amor? Talvez a palavra melhor que podemos usar é “compaixão” nas ocasiões quando Cristo-Jesus se dedicou para curar os enfermos e os sofredores, quando Ele derramou o poder do Seu amor, Ele “tinha compaixão deles”.
E depois esta outra palavra: auto esquecimento. Não, não é fácil esquecer-se completamente de si mesmo.
Gostamo-nos de se sentir virtuosos, tirar pouco mérito pelo que fazemos. Bem, podemos de bom grado entendê-lo, desde que nós somos ainda humanos. Mas, precisamos eventualmente elevar-nos acima mesmo disso até o ponto aonde o nosso serviço é prestado, sem pensarmos conscientemente em nós, sem mesmo o sentimento que estamos fazendo “algo bom”. Quando vimos que tem que ser feito, fazemo-lo. É quase uma tragédia que o esquecimento próprio é confundível tão frequentemente com “desinteresse”. Desinteresse é bom, muito bom – mas tantas vezes participa do sentimento de sacrifício próprio ou glorificação de si mesmo – não é mesmo?
Nós todos já sofremos nas mãos de pessoas realmente boas que se tornaram tão agressivamente desinteressadas ou considerarmo-las tão “interessadamente desinteressadas”, boas pessoas que talvez ainda não se elevaram até o ponto onde possa esquecer-se de si mesmo nas suas boas ações. Sejamos pacientes com elas; elas têm as melhores intenções e, não há dúvida, elas fazem um total considerável de benefícios. Todavia, se nós colocarmos os nossos pés no “mais curto, mais seguro e mais agradável caminho que nos conduz a Deus” precisamos caminhar mais um pouco, mais alto e nos esforçar para se esquecer de nós mesmo totalmente no nosso servir.
Reconhecemos que a concentração, prece e exercícios são todos extremamente valiosos, mas também reconhecemos que por si mesmos não são suficientes sem o “serviço amoroso esquecendo-se de si próprio”. E nunca esquecemos que por ser o “amoroso (desinteressado)” serviço, o caminho mais curto e mais seguro que nos conduz a Deus, contudo, ao mesmo tempo seja lembrado a nosso encorajamento também, que é o caminho “mais agradável” que leva diretamente ao Trono de Deus.
Oxalá aprendamos segui-lo mais amorosamente, mais desinteressadamente e, sobretudo, mais alegremente.
(Traduzido “Rays from the Rose Cross” – publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Sociedade Aquariana: uma humanidade mais nobre povoará a Terra
Os ensinamentos promulgados pela Fraternidade Rosacruz mencionam a aproximação de uma nova era social, à medida que o Sol, em seu movimento precessional, caminha do Signo de Peixes para o Signo de Aquário.
O Sol entrou na órbita de influência aquariana em meados do século passado. A cada 72 anos ele se aproxima um grau do Signo de Aquário, regido por Urano. Sua influência, cuja nota-chave é a Originalidade e Renovação, faz-se sentir nas conquistas espaciais, no estudo e aproveitamento das energias solar e atômica, no avanço das telecomunicações, etc. Estas descobertas estão transformando o mundo e conduzindo o ser humano a um futuro inimaginável.
Algumas passagens das Sagradas Escrituras aludem, esotericamente, a nova Idade. Os ensinamentos de outras escolas ocultistas também fazem menção a Aquário.
As Idades são fases cíclicas do progresso humano, predominando, em cada uma delas, características marcantes. Oferece ambiente e experiências adequados ao desenvolvimento da humanidade. O Antigo Testamento relata, veladamente, as transições entre várias dessas etapas.
Ao final da Idade de Touro, há uns quatro mil anos, o “povo escolhido” empreendeu a fuga do Egito, Terra onde o boi Ápis era cultuado. Neste êxodo foram conduzidos por Moisés, cuja cabeça, em antigas gravuras aparece adornada com cornos de carneiro. Essa forma de representá-lo indica tratar-se do precursor da Idade de Áries, durante a qual, na manhã de Páscoa, o povo tingia de vermelho as portas das casas, semelhante a sangue de carneiro.
Quando o Sol, por precessão, entrava na órbita de influência de Peixes, João Batista submergia as pessoas nas águas do Jordão. O Cristo chamava a seus Discípulos de “pescadores de homens”. O peixe (o ictus dos latinos) era um símbolo do Cristianismo. Explica-se, assim, porque a mitra dos Bispos assemelha-se a uma cabeça de peixe. Olhando o futuro através da perspectiva do passado, evidencia-se o alvorecer de uma nova era. É razoável supor-se que um estágio mais avançado de religião substituirá o presente, revelando-nos ideais mais nobres do que nosso atual conceito de Religião Cristã.
Em 1918, Max Heindel escreveu: “O trabalho de preparação para a Idade de Aquário já se iniciou. Como se trata de um Signo aéreo, científico e intelectual, depreende-se que a Religião Aquariana deverá alicerçar-se em bases racionais, sendo capaz de resolver o enigma da vida e da morte de tal forma a satisfazer a Mente e o Coração”.
Aquário é representado por um homem derramando água de seu cântaro, simbolizando o desaparecimento da umidade pela predominância de uma atmosfera mais seca e etérica.
O ser aquariano, por certo, derramará toda a água viva de sua sabedoria, chegando a um adiantamento inconcebível, produzido pelo contato direto de sua Mente com os raios do Cristo Cósmico.
Na próxima Idade não haverá mais guerras, porque o desenvolvimento espiritual do ser humano torná-lo-á um verdadeiro templo de amor. Segundo a Astrologia e os Ensinamentos Rosacruzes novas forças e energias serão descobertas. Serão, entretanto, utilizadas em benefício de todos, ao contrário do que ocorre nos dias atuais.
Em Aquário, uma humanidade mais nobre povoará a Terra. A sociedade aquariana, em termos sociais, científicos e espirituais deverá atingir tal estágio evolutivo, que à limitada consciência pisciana pareceria mera ficção.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Quem serve o progresso
Salta aos olhos, até do observador menos atento, o decaimento da qualidade de vida, mormente nos grandes centros urbanos. Caso esse processo não seja detido a tempo, suas consequências tornar-se-ão simplesmente catastróficas.
Atualmente, nossas esperanças se voltam para os ecólogos, cujo esforço no sentido de amenizar esse quadro desalentador, merece o apoio de todo cidadão responsável. Essa luta vai lenta, mas seguramente encontrando receptividade em todos os segmentos sociais e culturais.
Inclusive, algumas filosofias espiritualistas já se manifestam a respeito, procurando exortar as pessoas a procurarem alimentação e vidas naturais como um caminho que conduz a um perfeito equilíbrio.
Somos admiradores do progresso, porém, mantendo sempre uma visão crítica a respeito. Há progresso e “progresso”. É necessário submeter todas as suas manifestações a um crivo inteligente.
A princípio, todo progresso é desejável, isto dentro de sua conceituação mais corriqueira, usual ou convencional. O bom senso, entretanto, obriga-nos a analisá-lo sob múltiplos aspectos, além daqueles de ordem material e imediatista.
Quando falamos ou pensamos em progresso, convém sempre perguntar: “A quem ou a quantos ele serve? “. A todos, indistintamente, ou a uma minoria privilegiada? Se apenas alguns são beneficiados, então, suspeite-se dele. É lógico que nem todos têm acesso aos frutos do progresso ao mesmo tempo, contudo, é mister que pelo menos tenham a esperança de mais tempo menos tempo poderem desfrutá-lo.
A tecnologia atingiu, em nossos dias, um estágio admirável. Isso deve ser motivo de regozijo, porque representa a utilização de uma das notáveis faculdades do ser humano, a inteligência. Além disso, veio trazer mais conforto à humanidade, encurtando distâncias, promovendo um maior intercâmbio entre os povos, etc.
Todavia, diante dos quadros que nos são dados a ver e conhecer diariamente, julgamos ser preciso voltar, agora, nossas esperanças, não para a tecnologia, mas para a regeneração do ser humano. Isso porque o emprego pervertido, egoísta e competitivo da tecnologia, vem se tornando insustentável. Até algumas décadas atrás, a euforia com o avanço científico chegava ao seu auge. Hoje, entretanto, já não se lhe deposita tanta confiança. A fé cega que depositávamos na ciência e na tecnologia para solucionar nossos problemas foi abalada até às raízes após o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima.
Nas décadas mais recentes, as pessoas mais esclarecidas e conscientes passaram a preocupar-se mais com esses problemas. A extinção gradativa de espécimes que enriquecem a fauna e a flora, através dos processos de desmatamento, da caça impiedosa, da degradação do ambiente natural, causada pela poluição atmosférica e hídrica, não pode passar despercebida pela consciência dos seres humanos bem-intencionados. Há que reagir a esse estado de coisas.
Felizmente têm surgido vozes corajosas e idealistas defendendo a preservação da VIDA em nosso Planeta. São pessoas dotadas de uma visão ampla da unidade da vida.
Para elas, o ser humano em vez de Senhor da Criação é apenas uma parte integrante da natureza. Não procura dominá-la ou explorá-la, mas sim harmonizar-se com ela.
Lembro-me neste instante de uma placa escrita no sítio Recanto das Aves: “Aqui os Animais, as Águas e as Árvores são Reis”.
Esses idealistas, apesar da indiferença e omissão de muitos, ainda assim estão encontrando simpatia e até adesão em toda parte. Os órgãos de comunicação estão colaborando nessa campanha de esclarecimentos.
O mundo necessita de um contingente de pessoas com essa visão e capacidade de agir, suficientemente amadurecidos, para sobreporem-se às divergências religiosas e ideológicas, numa busca imparcial da melhoria da qualidade de vida.
Uma bela imagem desse tipo de ser humano é a do tripulante da nave espacial Terra. Numa nave espacial, a colaboração entre os tripulantes no sentido de preservá-la e de usar racionalmente os recursos alimentícios e energéticos de que dispõem é imprescindível para o êxito de uma missão.
Os seres humanos deveriam imaginar-se como sendo astronautas, obrigados a manter sua nave em perfeitas condições de habitabilidade. Começariam aí a conscientizar-se de sua responsabilidade.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Em Defesa dos Reinos Inferiores
O dia 21 de Setembro é particularmente dedicado às árvores, formas de expressão no Mundo Físico dos mais adiantados espíritos da onda de vida vegetal, ainda não individualizados, e por esta razão evoluindo sob a custódia de Espíritos-Grupo.
Poetas e prosadores cantam a beleza e exaltam sobremaneira os benefícios que o ser humano aufere a custa das árvores. Constâncio Vigil escreveu: “Cópia do Universo é toda serenidade, beleza e harmonia”. Os ecologistas se destacam, atualmente, como vanguardeiros na luta pela preservação do verde. Não só exaltam a magnitude da proteção ao reino vegetal como propõem as mesmas atenções a todos os reinos da Natureza.
A Fraternidade Rosacruz também se manifesta a respeito em seus profundos ensinamentos, dando um enfoque todo especial ao tema. A vida no Mundo Físico se expressa por meio da forma, sendo mister que esta só aprimore para aquela manifestar-se com mais desenvoltura. Nossa ação é importante no aperfeiçoamento de tudo quanta nasce, cresce e se transforma na face da Terra. Partindo do princípio de que somos representantes de um reino superior ao mineral, vegetal e animal, assumimos a responsabilidade de contribuir para a manifestação da vida através daqueles reinos em ascensão constante.
A diligência e o esmero empregados no trabalho executado com os minerais determinam suas possibilidades de evolução. O reino vegetal, nós o sabemos, é extremamente dadivoso. Contudo, quando se fala em proteção aos reinos inferiores, nossa atenção volta-se para o reino animal, talvez a maior vítima da ignorância humana.
Sob o pretexto de obter alimentos, o ser humano dedica-se a matança dos mais elevados representantes da escala animal. E o faz com isenção plena de compaixão, às vezes com frieza e sadismo deploráveis. Não temos o direito de restringir a vida a seres prestes a individualizar-se. Se necessitarmos de alimentos, os mais adequados a nossa constituição encontram-se no reino vegetal, pródigo em variedade e qualidade. Os Ensinamentos Rosacruzes afirmam: toda partícula alimentar ingerida contém vida. Antes que ela possa ser agregada ao nosso organismo pelo processo da assimilação, é necessário que a dominemos e sujeitemos. Isso trará harmonia ao Corpo. Quanto mais individualizada for à partícula, tanto mais difícil se tornará sua assimilação.
O animal possui Corpo de Desejos. Cada célula componente de seu Corpo possui uma alma individual, compenetrada pelas suas paixões e desejos. Eis porque a carne, como alimento, requer intenso esforço orgânico no processo da assimilação. Inclusive a própria constituição da arcada dentária humana não a recomenda a preparar tal tipo de alimento para ser trabalhado pelo aparelho digestivo. Seremos coerentes com a nossa condição de seres racionais procurando alimentos no reino vegetal. Menos individualizados e amplamente adequados as nossas necessidades, substituem com inúmeras vantagens os elementos oriundos da dieta carnívora, principalmente pela facilidade com que são assimilados.
Analisando os fatos à luz da Ciência Oculta, não nos causa estranheza que inúmeras enfermidades venham afligindo a humanidade. As consequências só podem ser funestas quando os atos humanos colidem com as Leis da Natureza. Estas regem a conservação da vida, da espécie e da saúde. Muitas debilidades orgânicas poderiam ser sanadas pela adoção da dieta vegetariana.
Alguém pode objetar estas considerações afirmando que também truncamos o desenvolvimento de um vegetal tirando-lhe a vida para usá-lo como alimento. Porém, isso pode ser esclarecido. Quando a fruta está madura, realizou o seu propósito de servir como matriz para o amadurecimento da semente. Se não é utilizada como alimento, apodrece e perde-se. Além disso, está destinada a servir de alimento ao animal e ao ser humano, proporcionando-se, assim, a semente, oportunidade de crescimento ao espalhar-se em solo fértil. Deste modo não se arrebata a vida, mas ampliam-se as possibilidades de que ela se manifeste.
Além do que foi elucidado, também há razões de ordem moral. Os Ensinamentos Rosacruzes apelam para a razão e sentimento das pessoas, no sentido de que seja observada a primeira lei da Ciência Oculta: “Não matarás”. Cada um deve compenetrar-se de sua responsabilidade como protetor dos mais fracos, inspirando-se nas belas lições de Max Heindel e nas piedosas palavras de Ella Wheeler Wilcox: “Eu sou o defensor do meu irmão e lutarei a sua luta; falarei a palavra em nome do animal e da ave, até que o mundo saiba o que deve fazer”.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Pureza Feminina e Muitas Imaculadas Concepções
Max Heindel afirma, no Conceito Rosacruz do Cosmos, que, ao contrário da ideia geralmente aceita, o Ego é bissexual. Se o Ego fosse assexual o Corpo seria necessariamente assexual, por ser a manifestação externa do espírito interno. Essa bissexualidade se expressa em Vontade e Imaginação.
A vontade é a energia masculina correlata às forças solares. A imaginação é a energia feminina correlata às forças lunares. Isto explica o predomínio da imaginação na mulher e a influência exercida pela Lua sobre o organismo feminino. Os Egos encarnados em Corpos Densos do sexo feminino têm Corpos Vitais positivos e, portanto, são mais sensíveis aos impactos espirituais do que os varões, cujos Corpos Vitais são negativos.
Maria, mãe de Jesus de Nazaré é o símbolo da imaginação, o lado feminino do ser. Era pura. Quando o profeta Isaías afirmou que “uma virgem conceberá e dará à luz um filho” não se referia à virgindade física. Em hebraico, dois vocábulos significam pureza: betulâh: virgindade física, e almâh: virgindade espiritual ou pureza interna. Isaías empregou o segundo termo.
A elevada pureza de Maria não foi conspurcada com a maternidade, por ser uma qualidade da alma. A fecundação física em todos os reinos é uma lei natural. A virgindade é um estado de consciência, um atributo anímico. O ato de gerar praticado por um ser nesse elevado estado de consciência é totalmente isento de paixões. Nada há, pois, que possa torna-lo abominável aos olhos do espiritualista.
Maria e José, membros da Ordem Essênia, realizaram o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou prazer pessoal. Jesus era um ser muito superior à grande maioria da humanidade. Esteve percorrendo o caminho da santidade através de muitas vidas, preparando-se para formar um Corpo perfeito e cedê-lo ao Cristo, o mais elevado da onda de vida Arcangélica para Seu ministério de três anos. Um ser desta estatura espiritual não poderia ocupar outro Corpo a não ser um gerado debaixo de condições especialíssimas, por pais de natureza muito elevada.
Diz-se que José era um carpinteiro. Todavia, ele não era um artesão, mas um “construtor”, um “tekton” num sentido superior. Deus é o Grande Arquiteto do Universo. Abaixo de Deus existem muitos construtores de diferentes graus de esplendor espiritual. Mais abaixo ainda encontram-se aqueles que conhecemos como maçons. Todos estão ocupados e comprometidos na construção de um templo sem ruídos de martelos, e José não era uma exceção.
José representa a Vontade; Maria, a Imaginação.
Maria, imaginação primordial pura, concebeu e deu a luz o Cristo Interno, quando foi fecundada pela vontade iluminada (José).
Entre os vanguardeiros da humanidade houve muitas imaculadas concepções. A de Maria não foi à primeira e nem será a última. O fruto é da mesma natureza da árvore: quando um Ego é extraordinariamente avançado, só pode nascer de pais que lhe ensejem uma imaculada concepção.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Preço nas Lições e nas Curas
Pergunta: Entendemos que a Fraternidade Rosacruz considera um pecado pôr preço em suas lições ou em suas curas; mas não é “o trabalhador digno de seu salário“?
Resposta: No capítulo 10 do Evangelho Segundo São Mateus, Cristo disse aos seus Discípulos que fossem atrás das ovelhas perdidas de Israel e que pregassem o Evangelho e curassem aos enfermos. Porém, Ele também lhes ordenou “não levar ouro, nem prata, nem cobre em suas bolsas“, “nem alforje para o caminho“. No décimo capítulo da 1ª Epístola aos Coríntios, São Paulo também sustenta essa ideia: pregar o Evangelho gratuitamente. Conforme orientados pelos Rosacruzes, que seguem essa prática desde o princípio e nunca cobram nada por seus Ensinamentos, a Fraternidade Rosacruz não cobra nenhum valor financeiro, nem direta nem indiretamente.
Pergunta: Pode um Estudante Rosacruz cobrar por ensinar algo ou para curar?
Resposta: Nenhum verdadeiro Estudante Rosacruz, seguidor dos elevados Ensinamentos Rosacruzes, cobrará pelas lições ou pela cura nem solicitará quotas mensais, financeiras ou não. Isto o denunciará no ato como um impostor. Se tivermos fé e trabalhamos altruisticamente, Deus terá sempre cuidado com os seus e as manifestações de amor serão suficientes para satisfazer ao Aspirante à Vida Espiritual em suas necessidades.
Pergunta: Porém, isto não animaria a alguns a tomar tudo e não dar nada? Não estimularia o egoísmo em alguns?
Resposta: Sim, muitos frequentam as igrejas, conferências e aulas sem nunca deixar cair um único centavo na sacola de coleta, crendo que isto é desnecessário, a menos que se lhes acerquem e peçam, e naturalmente assim estes tomarão tudo e não darão nada.
Pergunta: Existe uma lei da natureza de que não podemos obter nada em vão?
Resposta: Sim, eles não raciocinam sobre o assunto desde o ponto de vista das Leis de Deus, as quais operam silenciosamente por meio da Lei de Causa e Efeito; alguma vez e em algum lugar estas dívidas serão cobradas da alma que pensa que está correndo através da vida, defraudando, tomando tudo e não dando nada em troca. “Eu darei o pagamento, diz o Senhor“.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – abril/1981 – Fraternidade Rosacruz)