Um Trabalho Sublime: uma obra Aquariana
Convém, sempre que possível, meditarmos sobre a Fraternidade Rosacruz como uma obra Aquariana. Nesta época difícil, onde até os governantes das nações mais poderosas não escondem sua preocupação e impotência diante das crises, os povos ainda procuram apoiar-se em lideranças ditas carismáticas. É um erro. Vivemos a aurora de novos tempos; a única saída é a somatória de esforços visando o bem coletivo. A figura do líder se extingue aos poucos, dando lugar a mentalidade cooperativista. Não há outro caminho conducente à uma paz duradoura.
Entretanto, somente a pessoa livre interiormente despojada de preconceitos e crenças ultrapassadas mantém-se sintonizadas com as vibrações da nova Idade.
A Fraternidade Rosacruz foi concebida dentro desse espírito futurista. Sua orientação respeita acima de tudo o livre arbítrio de cada um. Procura emancipar o aspirante de toda limitação personalista e dependência externa, objetivando se dar condições de tornar-se um “perfeito cidadão do mundo e um pregador do bem”.
Entenda-se o Movimento Rosacruz não como uma escola onde os aspirantes são dirigidos e guiados cegamente, sem lastro iniciático, senão que reúne princípios superiores, inalteráveis ao nosso esforço Crístico. Ao mesmo tempo, por trás de toda atividade individual ou grupal, há uma ajuda esclarecida, um observador consciente, respeitando-se a liberdade, estimulando-nos, compreendendo-nos como um pai maravilhoso, um pedagogo incomparável: é o Irmão Maior.
A Fraternidade Rosacruz é isso, mas não apenas isso. A Fraternidade não são as Sedes, nem as obras, nem diretorias, se bem que elas sejam instrumentos necessários de ação, com os quais, às vezes, podemos até discordar por motivos pessoais, indiossincrásicos ou coisa que o valha.
A Fraternidade é algo interno, vivente, formado com a aspiração, com o esforço, com o pensamento convergente e harmonioso de todos os seus membros na consecução de um Ideal Superior.
Isso não invalida a Sede Mundial como um suporte físico. Max Heindel, Iniciado pelos Irmãos Maiores, escolheu aquele lugar por saber tratar-se de um dos sete centros espirituais da Terra. Essa escolha favoreceu a difusão do Movimento, de uma forma que não seria possível com apenas os recursos de seus membros.
Além disso, como Max Heindel o testemunhou, a Sede Mundial corresponde a um arquétipo, previamente formado nos planos mentais pelos Irmãos da Rosacruz, com o propósito de fortalecer o nosso ideal até o tempo previsto na Idade Aquariana. Há uma força espiritual mantenedora da Fraternidade, nutrindo-se e fortalecendo-se com o nosso esforço. Entretanto, não depende apenas de nós para a sua sobrevivência.
A Sede Mundial corresponde a um moderno Tabernáculo, com especialíssima missão de fazer florescer no coração da humanidade as bases do Cristianismo Esotérico, a Religião do futuro. Foi engendrada com e por amor. O amor une e edifica. Quem vive em amor vive em Deus e Deus nele.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O CAMINHO MAIS CURTO
Em nosso formoso “Serviço do Templo” Max Heindel incluiu a alegação muito definida: “O serviço amoroso e desinteressado para com os outros é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que conduz a Deus”.
Sim, ouvimos este ensinamento todas as noites no Templo, semanalmente na Capela, frequentemente em nossos lares, gostando de pensar em nós como quem serve todos os dias.
Contudo, quantas vezes paramos para considerar o que Max Heindel esclareceu: que não é somente o serviço que é necessitado? Asseverou em palavras que não deixam dúvida, a qualidade especial do serviço que nos conduz adiante nesse caminho a Deus.
Consideremos os meios variáveis de serviço. Há o que poderíamos chamar de serviço comercial ou trabalho prestado com o propósito de colher uma vantagem correspondente. Tudo muito bem e valioso na sua maneira, mas, lamentavelmente, insuficiente na exigência espiritual.
Depois, há o serviço prestado não tanto para obter recompensa, porém, como um senso de dever ou necessidade, o cumprimento de uma obrigação àqueles que servíamos talvez. Ainda que isto seja muito estimável, não significando que diminui o mérito, contudo, ainda não preenche totalmente o requisito.
E, depois, aí há o mais elevado espécie de serviço, o “amoroso, desinteressado” exemplar, além do qual possivelmente ninguém pode chegar a nossa presente condição de desenvolvimento.
Repara, pois, o significado dos dois adjetivos. Primeiro, o mais elevado serviço, o “amoroso”. Na nossa ansiedade de servir, e talvez na nossa ansiedade de alcançar o nosso próprio desenvolvimento, tantas vezes passamos por cima do “amoroso” e, contudo, isso é a nota chave do nosso “Serviço do Templo”.
Temos, às vezes, curiosidade, o que significa a palavra exatamente? A palavra “amor” é tão abusada que é difícil impedir que se torne confuso. O conceito comum, como tendo algo que ver somente com o sexo, naturalmente não necessita consideração. Outra opinião errada do amor, como algo impotente, débil e efeminado aproxima-se do inexato. Infelizmente está nesta conexão que tantas imagens tentando retratar o Mestre, Cristo Jesus, mostram-No como débil e ineficaz, ao passo que exatamente o contrário é o caso. Ele era forte e vigoroso (poderoso), sensível e benévolo, sim, mas estas últimas características são realmente sinônimos de poder e coragem. O poeta Tennyson, no “In Memoriam” demonstra isso claramente na seguinte parte:
“Poderoso Filho de Deus,
Amor imortal
A quem nós, que não cheguemos a ver Sua Face
Pela fé e unicamente pela fé, concebemos.
Crendo aonde não podemos provar”.
Sim, amor é o cume de poder benévolo. Se nos detemos a considerar, acharemos que mesmo nos mecanismos: brandura segue de mãos dadas com força. Pensa na onda de poder num motor de alta potência, tão macio, tão silencioso, todavia, tão irresistível. Nós, que desejamos expressar-nos apropriadamente, esquecemos às vezes isto, dando assim, a impressão de afirmação própria, quando estamos meramente tentando expressar o poder do amor? Talvez a palavra melhor que podemos usar é “compaixão” nas ocasiões quando Cristo-Jesus se dedicou para curar os enfermos e os sofredores, quando Ele derramou o poder do Seu amor, Ele “tinha compaixão deles”.
E depois esta outra palavra: auto esquecimento. Não, não é fácil esquecer-se completamente de si mesmo.
Gostamo-nos de se sentir virtuosos, tirar pouco mérito pelo que fazemos. Bem, podemos de bom grado entendê-lo, desde que nós somos ainda humanos. Mas, precisamos eventualmente elevar-nos acima mesmo disso até o ponto aonde o nosso serviço é prestado, sem pensarmos conscientemente em nós, sem mesmo o sentimento que estamos fazendo “algo bom”. Quando vimos que tem que ser feito, fazemo-lo. É quase uma tragédia que o esquecimento próprio é confundível tão frequentemente com “desinteresse”. Desinteresse é bom, muito bom – mas tantas vezes participa do sentimento de sacrifício próprio ou glorificação de si mesmo – não é mesmo?
Nós todos já sofremos nas mãos de pessoas realmente boas que se tornaram tão agressivamente desinteressadas ou considerarmo-las tão “interessadamente desinteressadas”, boas pessoas que talvez ainda não se elevaram até o ponto onde possa esquecer-se de si mesmo nas suas boas ações. Sejamos pacientes com elas; elas têm as melhores intenções e, não há dúvida, elas fazem um total considerável de benefícios. Todavia, se nós colocarmos os nossos pés no “mais curto, mais seguro e mais agradável caminho que nos conduz a Deus” precisamos caminhar mais um pouco, mais alto e nos esforçar para se esquecer de nós mesmo totalmente no nosso servir.
Reconhecemos que a concentração, prece e exercícios são todos extremamente valiosos, mas também reconhecemos que por si mesmos não são suficientes sem o “serviço amoroso esquecendo-se de si próprio”. E nunca esquecemos que por ser o “amoroso (desinteressado)” serviço, o caminho mais curto e mais seguro que nos conduz a Deus, contudo, ao mesmo tempo seja lembrado a nosso encorajamento também, que é o caminho “mais agradável” que leva diretamente ao Trono de Deus.
Oxalá aprendamos segui-lo mais amorosamente, mais desinteressadamente e, sobretudo, mais alegremente.
(Traduzido “Rays from the Rose Cross” – publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Sociedade Aquariana: uma humanidade mais nobre povoará a Terra
Os ensinamentos promulgados pela Fraternidade Rosacruz mencionam a aproximação de uma nova era social, à medida que o Sol, em seu movimento precessional, caminha do Signo de Peixes para o Signo de Aquário.
O Sol entrou na órbita de influência aquariana em meados do século passado. A cada 72 anos ele se aproxima um grau do Signo de Aquário, regido por Urano. Sua influência, cuja nota-chave é a Originalidade e Renovação, faz-se sentir nas conquistas espaciais, no estudo e aproveitamento das energias solar e atômica, no avanço das telecomunicações, etc. Estas descobertas estão transformando o mundo e conduzindo o ser humano a um futuro inimaginável.
Algumas passagens das Sagradas Escrituras aludem, esotericamente, a nova Idade. Os ensinamentos de outras escolas ocultistas também fazem menção a Aquário.
As Idades são fases cíclicas do progresso humano, predominando, em cada uma delas, características marcantes. Oferece ambiente e experiências adequados ao desenvolvimento da humanidade. O Antigo Testamento relata, veladamente, as transições entre várias dessas etapas.
Ao final da Idade de Touro, há uns quatro mil anos, o “povo escolhido” empreendeu a fuga do Egito, Terra onde o boi Ápis era cultuado. Neste êxodo foram conduzidos por Moisés, cuja cabeça, em antigas gravuras aparece adornada com cornos de carneiro. Essa forma de representá-lo indica tratar-se do precursor da Idade de Áries, durante a qual, na manhã de Páscoa, o povo tingia de vermelho as portas das casas, semelhante a sangue de carneiro.
Quando o Sol, por precessão, entrava na órbita de influência de Peixes, João Batista submergia as pessoas nas águas do Jordão. O Cristo chamava a seus Discípulos de “pescadores de homens”. O peixe (o ictus dos latinos) era um símbolo do Cristianismo. Explica-se, assim, porque a mitra dos Bispos assemelha-se a uma cabeça de peixe. Olhando o futuro através da perspectiva do passado, evidencia-se o alvorecer de uma nova era. É razoável supor-se que um estágio mais avançado de religião substituirá o presente, revelando-nos ideais mais nobres do que nosso atual conceito de Religião Cristã.
Em 1918, Max Heindel escreveu: “O trabalho de preparação para a Idade de Aquário já se iniciou. Como se trata de um Signo aéreo, científico e intelectual, depreende-se que a Religião Aquariana deverá alicerçar-se em bases racionais, sendo capaz de resolver o enigma da vida e da morte de tal forma a satisfazer a Mente e o Coração”.
Aquário é representado por um homem derramando água de seu cântaro, simbolizando o desaparecimento da umidade pela predominância de uma atmosfera mais seca e etérica.
O ser aquariano, por certo, derramará toda a água viva de sua sabedoria, chegando a um adiantamento inconcebível, produzido pelo contato direto de sua Mente com os raios do Cristo Cósmico.
Na próxima Idade não haverá mais guerras, porque o desenvolvimento espiritual do ser humano torná-lo-á um verdadeiro templo de amor. Segundo a Astrologia e os Ensinamentos Rosacruzes novas forças e energias serão descobertas. Serão, entretanto, utilizadas em benefício de todos, ao contrário do que ocorre nos dias atuais.
Em Aquário, uma humanidade mais nobre povoará a Terra. A sociedade aquariana, em termos sociais, científicos e espirituais deverá atingir tal estágio evolutivo, que à limitada consciência pisciana pareceria mera ficção.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Quem serve o progresso
Salta aos olhos, até do observador menos atento, o decaimento da qualidade de vida, mormente nos grandes centros urbanos. Caso esse processo não seja detido a tempo, suas consequências tornar-se-ão simplesmente catastróficas.
Atualmente, nossas esperanças se voltam para os ecólogos, cujo esforço no sentido de amenizar esse quadro desalentador, merece o apoio de todo cidadão responsável. Essa luta vai lenta, mas seguramente encontrando receptividade em todos os segmentos sociais e culturais.
Inclusive, algumas filosofias espiritualistas já se manifestam a respeito, procurando exortar as pessoas a procurarem alimentação e vidas naturais como um caminho que conduz a um perfeito equilíbrio.
Somos admiradores do progresso, porém, mantendo sempre uma visão crítica a respeito. Há progresso e “progresso”. É necessário submeter todas as suas manifestações a um crivo inteligente.
A princípio, todo progresso é desejável, isto dentro de sua conceituação mais corriqueira, usual ou convencional. O bom senso, entretanto, obriga-nos a analisá-lo sob múltiplos aspectos, além daqueles de ordem material e imediatista.
Quando falamos ou pensamos em progresso, convém sempre perguntar: “A quem ou a quantos ele serve? “. A todos, indistintamente, ou a uma minoria privilegiada? Se apenas alguns são beneficiados, então, suspeite-se dele. É lógico que nem todos têm acesso aos frutos do progresso ao mesmo tempo, contudo, é mister que pelo menos tenham a esperança de mais tempo menos tempo poderem desfrutá-lo.
A tecnologia atingiu, em nossos dias, um estágio admirável. Isso deve ser motivo de regozijo, porque representa a utilização de uma das notáveis faculdades do ser humano, a inteligência. Além disso, veio trazer mais conforto à humanidade, encurtando distâncias, promovendo um maior intercâmbio entre os povos, etc.
Todavia, diante dos quadros que nos são dados a ver e conhecer diariamente, julgamos ser preciso voltar, agora, nossas esperanças, não para a tecnologia, mas para a regeneração do ser humano. Isso porque o emprego pervertido, egoísta e competitivo da tecnologia, vem se tornando insustentável. Até algumas décadas atrás, a euforia com o avanço científico chegava ao seu auge. Hoje, entretanto, já não se lhe deposita tanta confiança. A fé cega que depositávamos na ciência e na tecnologia para solucionar nossos problemas foi abalada até às raízes após o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima.
Nas décadas mais recentes, as pessoas mais esclarecidas e conscientes passaram a preocupar-se mais com esses problemas. A extinção gradativa de espécimes que enriquecem a fauna e a flora, através dos processos de desmatamento, da caça impiedosa, da degradação do ambiente natural, causada pela poluição atmosférica e hídrica, não pode passar despercebida pela consciência dos seres humanos bem-intencionados. Há que reagir a esse estado de coisas.
Felizmente têm surgido vozes corajosas e idealistas defendendo a preservação da VIDA em nosso Planeta. São pessoas dotadas de uma visão ampla da unidade da vida.
Para elas, o ser humano em vez de Senhor da Criação é apenas uma parte integrante da natureza. Não procura dominá-la ou explorá-la, mas sim harmonizar-se com ela.
Lembro-me neste instante de uma placa escrita no sítio Recanto das Aves: “Aqui os Animais, as Águas e as Árvores são Reis”.
Esses idealistas, apesar da indiferença e omissão de muitos, ainda assim estão encontrando simpatia e até adesão em toda parte. Os órgãos de comunicação estão colaborando nessa campanha de esclarecimentos.
O mundo necessita de um contingente de pessoas com essa visão e capacidade de agir, suficientemente amadurecidos, para sobreporem-se às divergências religiosas e ideológicas, numa busca imparcial da melhoria da qualidade de vida.
Uma bela imagem desse tipo de ser humano é a do tripulante da nave espacial Terra. Numa nave espacial, a colaboração entre os tripulantes no sentido de preservá-la e de usar racionalmente os recursos alimentícios e energéticos de que dispõem é imprescindível para o êxito de uma missão.
Os seres humanos deveriam imaginar-se como sendo astronautas, obrigados a manter sua nave em perfeitas condições de habitabilidade. Começariam aí a conscientizar-se de sua responsabilidade.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Em Defesa dos Reinos Inferiores
O dia 21 de Setembro é particularmente dedicado às árvores, formas de expressão no Mundo Físico dos mais adiantados espíritos da onda de vida vegetal, ainda não individualizados, e por esta razão evoluindo sob a custódia de Espíritos-Grupo.
Poetas e prosadores cantam a beleza e exaltam sobremaneira os benefícios que o ser humano aufere a custa das árvores. Constâncio Vigil escreveu: “Cópia do Universo é toda serenidade, beleza e harmonia”. Os ecologistas se destacam, atualmente, como vanguardeiros na luta pela preservação do verde. Não só exaltam a magnitude da proteção ao reino vegetal como propõem as mesmas atenções a todos os reinos da Natureza.
A Fraternidade Rosacruz também se manifesta a respeito em seus profundos ensinamentos, dando um enfoque todo especial ao tema. A vida no Mundo Físico se expressa por meio da forma, sendo mister que esta só aprimore para aquela manifestar-se com mais desenvoltura. Nossa ação é importante no aperfeiçoamento de tudo quanta nasce, cresce e se transforma na face da Terra. Partindo do princípio de que somos representantes de um reino superior ao mineral, vegetal e animal, assumimos a responsabilidade de contribuir para a manifestação da vida através daqueles reinos em ascensão constante.
A diligência e o esmero empregados no trabalho executado com os minerais determinam suas possibilidades de evolução. O reino vegetal, nós o sabemos, é extremamente dadivoso. Contudo, quando se fala em proteção aos reinos inferiores, nossa atenção volta-se para o reino animal, talvez a maior vítima da ignorância humana.
Sob o pretexto de obter alimentos, o ser humano dedica-se a matança dos mais elevados representantes da escala animal. E o faz com isenção plena de compaixão, às vezes com frieza e sadismo deploráveis. Não temos o direito de restringir a vida a seres prestes a individualizar-se. Se necessitarmos de alimentos, os mais adequados a nossa constituição encontram-se no reino vegetal, pródigo em variedade e qualidade. Os Ensinamentos Rosacruzes afirmam: toda partícula alimentar ingerida contém vida. Antes que ela possa ser agregada ao nosso organismo pelo processo da assimilação, é necessário que a dominemos e sujeitemos. Isso trará harmonia ao Corpo. Quanto mais individualizada for à partícula, tanto mais difícil se tornará sua assimilação.
O animal possui Corpo de Desejos. Cada célula componente de seu Corpo possui uma alma individual, compenetrada pelas suas paixões e desejos. Eis porque a carne, como alimento, requer intenso esforço orgânico no processo da assimilação. Inclusive a própria constituição da arcada dentária humana não a recomenda a preparar tal tipo de alimento para ser trabalhado pelo aparelho digestivo. Seremos coerentes com a nossa condição de seres racionais procurando alimentos no reino vegetal. Menos individualizados e amplamente adequados as nossas necessidades, substituem com inúmeras vantagens os elementos oriundos da dieta carnívora, principalmente pela facilidade com que são assimilados.
Analisando os fatos à luz da Ciência Oculta, não nos causa estranheza que inúmeras enfermidades venham afligindo a humanidade. As consequências só podem ser funestas quando os atos humanos colidem com as Leis da Natureza. Estas regem a conservação da vida, da espécie e da saúde. Muitas debilidades orgânicas poderiam ser sanadas pela adoção da dieta vegetariana.
Alguém pode objetar estas considerações afirmando que também truncamos o desenvolvimento de um vegetal tirando-lhe a vida para usá-lo como alimento. Porém, isso pode ser esclarecido. Quando a fruta está madura, realizou o seu propósito de servir como matriz para o amadurecimento da semente. Se não é utilizada como alimento, apodrece e perde-se. Além disso, está destinada a servir de alimento ao animal e ao ser humano, proporcionando-se, assim, a semente, oportunidade de crescimento ao espalhar-se em solo fértil. Deste modo não se arrebata a vida, mas ampliam-se as possibilidades de que ela se manifeste.
Além do que foi elucidado, também há razões de ordem moral. Os Ensinamentos Rosacruzes apelam para a razão e sentimento das pessoas, no sentido de que seja observada a primeira lei da Ciência Oculta: “Não matarás”. Cada um deve compenetrar-se de sua responsabilidade como protetor dos mais fracos, inspirando-se nas belas lições de Max Heindel e nas piedosas palavras de Ella Wheeler Wilcox: “Eu sou o defensor do meu irmão e lutarei a sua luta; falarei a palavra em nome do animal e da ave, até que o mundo saiba o que deve fazer”.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Pureza Feminina e Muitas Imaculadas Concepções
Max Heindel afirma, no Conceito Rosacruz do Cosmos, que, ao contrário da ideia geralmente aceita, o Ego é bissexual. Se o Ego fosse assexual o Corpo seria necessariamente assexual, por ser a manifestação externa do espírito interno. Essa bissexualidade se expressa em Vontade e Imaginação.
A vontade é a energia masculina correlata às forças solares. A imaginação é a energia feminina correlata às forças lunares. Isto explica o predomínio da imaginação na mulher e a influência exercida pela Lua sobre o organismo feminino. Os Egos encarnados em Corpos Densos do sexo feminino têm Corpos Vitais positivos e, portanto, são mais sensíveis aos impactos espirituais do que os varões, cujos Corpos Vitais são negativos.
Maria, mãe de Jesus de Nazaré é o símbolo da imaginação, o lado feminino do ser. Era pura. Quando o profeta Isaías afirmou que “uma virgem conceberá e dará à luz um filho” não se referia à virgindade física. Em hebraico, dois vocábulos significam pureza: betulâh: virgindade física, e almâh: virgindade espiritual ou pureza interna. Isaías empregou o segundo termo.
A elevada pureza de Maria não foi conspurcada com a maternidade, por ser uma qualidade da alma. A fecundação física em todos os reinos é uma lei natural. A virgindade é um estado de consciência, um atributo anímico. O ato de gerar praticado por um ser nesse elevado estado de consciência é totalmente isento de paixões. Nada há, pois, que possa torna-lo abominável aos olhos do espiritualista.
Maria e José, membros da Ordem Essênia, realizaram o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou prazer pessoal. Jesus era um ser muito superior à grande maioria da humanidade. Esteve percorrendo o caminho da santidade através de muitas vidas, preparando-se para formar um Corpo perfeito e cedê-lo ao Cristo, o mais elevado da onda de vida Arcangélica para Seu ministério de três anos. Um ser desta estatura espiritual não poderia ocupar outro Corpo a não ser um gerado debaixo de condições especialíssimas, por pais de natureza muito elevada.
Diz-se que José era um carpinteiro. Todavia, ele não era um artesão, mas um “construtor”, um “tekton” num sentido superior. Deus é o Grande Arquiteto do Universo. Abaixo de Deus existem muitos construtores de diferentes graus de esplendor espiritual. Mais abaixo ainda encontram-se aqueles que conhecemos como maçons. Todos estão ocupados e comprometidos na construção de um templo sem ruídos de martelos, e José não era uma exceção.
José representa a Vontade; Maria, a Imaginação.
Maria, imaginação primordial pura, concebeu e deu a luz o Cristo Interno, quando foi fecundada pela vontade iluminada (José).
Entre os vanguardeiros da humanidade houve muitas imaculadas concepções. A de Maria não foi à primeira e nem será a última. O fruto é da mesma natureza da árvore: quando um Ego é extraordinariamente avançado, só pode nascer de pais que lhe ensejem uma imaculada concepção.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Preço nas Lições e nas Curas
Pergunta: Entendemos que a Fraternidade Rosacruz considera um pecado pôr preço em suas lições ou em suas curas; mas não é “o trabalhador digno de seu salário“?
Resposta: No capítulo 10 do Evangelho Segundo São Mateus, Cristo disse aos seus Discípulos que fossem atrás das ovelhas perdidas de Israel e que pregassem o Evangelho e curassem aos enfermos. Porém, Ele também lhes ordenou “não levar ouro, nem prata, nem cobre em suas bolsas“, “nem alforje para o caminho“. No décimo capítulo da 1ª Epístola aos Coríntios, São Paulo também sustenta essa ideia: pregar o Evangelho gratuitamente. Conforme orientados pelos Rosacruzes, que seguem essa prática desde o princípio e nunca cobram nada por seus Ensinamentos, a Fraternidade Rosacruz não cobra nenhum valor financeiro, nem direta nem indiretamente.
Pergunta: Pode um Estudante Rosacruz cobrar por ensinar algo ou para curar?
Resposta: Nenhum verdadeiro Estudante Rosacruz, seguidor dos elevados Ensinamentos Rosacruzes, cobrará pelas lições ou pela cura nem solicitará quotas mensais, financeiras ou não. Isto o denunciará no ato como um impostor. Se tivermos fé e trabalhamos altruisticamente, Deus terá sempre cuidado com os seus e as manifestações de amor serão suficientes para satisfazer ao Aspirante à Vida Espiritual em suas necessidades.
Pergunta: Porém, isto não animaria a alguns a tomar tudo e não dar nada? Não estimularia o egoísmo em alguns?
Resposta: Sim, muitos frequentam as igrejas, conferências e aulas sem nunca deixar cair um único centavo na sacola de coleta, crendo que isto é desnecessário, a menos que se lhes acerquem e peçam, e naturalmente assim estes tomarão tudo e não darão nada.
Pergunta: Existe uma lei da natureza de que não podemos obter nada em vão?
Resposta: Sim, eles não raciocinam sobre o assunto desde o ponto de vista das Leis de Deus, as quais operam silenciosamente por meio da Lei de Causa e Efeito; alguma vez e em algum lugar estas dívidas serão cobradas da alma que pensa que está correndo através da vida, defraudando, tomando tudo e não dando nada em troca. “Eu darei o pagamento, diz o Senhor“.
(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – abril/1981 – Fraternidade Rosacruz)
Você pode aproveitar tudo ou quase tudo
Sim, você pode aproveitar quase tudo aquilo que, aparentemente, não tem mais serventia e por esta razão e considerado meramente um lixo.
O ser humano formou sociedades altamente desenvolvidas, complexas e eivadas de paradoxos. Um destes é o irracional desperdício das coisas.
Todos lamentam a crise econômico-financeira ora intranquilizando as nações, mas pouco faz de realmente efetivo para amenizá-la. As pessoas se queixam da crescente compressão a que são obrigadas a submeter seus orçamentos, mas não buscam soluções novas. Limitar-se a alternativas convencionais, já anacrônicas e ineficazes, ou aguardar passivamente iniciativas do poder público constitui um posicionamento no mínimo inconsequente.
A presente situação atinge a todos, a tudo sacrifica, mas encerra um aspecto positivo: para ser superada, exige um esforço criativo original, uma superdinamização imaginativa. Vencida a crise, e em função dela, encontramos inovações nos vários campos de atividade humana, projetando novas luzes ou reformulando conhecimentos até então, considerados dogmas.
As dificuldades são, muitas vezes, uma forma de repensar e redefinir as coisas, de questionar posicionamentos, de divisar inéditas perspectivas. Não fosse assim, ainda viveríamos no estágio de pessoas das cavernas.
Entendemos ser esta maneira positiva de encarar a atual crise. Por que não procurar soluções originais? Isto se aplica também a questão do desperdício. Por exemplo, muita coisa atirada ao lixo pode ser economicamente reaproveitada ou reciclada, como queiram. Basta apenas descobrir como.
O Grupo Seiva – Ecologia, em oportuno trabalho que publicou, sob o titulo “Lixo não é lixo”, oferece interessantes sugestões a respeito. Inicialmente, recomenda não jogar no lixo embalagens novas, feitas de matéria prima cara, muitas delas em extinção e algumas altamente poluentes (plásticos).
Uma boa medida é evitar sempre que possível o uso do saco de papel ou plástico, utilizando a sacola direta. Saquinhos de plástico de feira ou quitanda podem ser devolvidos para reutilização aos próprios quitandeiros ou feirantes. Inclusive, a própria dona de casa pode levá-los para neles acondicionar os produtos comprados. Os feirantes também recebem de volta as embalagens de ovos, de papelão ou isopor. Não é uma forma de economizar? Sacos de leite vazios e demais embalagens plásticas podem ser doados a instituições de caridade. Elas saberão como utilizá-los.
Muita coisa comumente atirada ao lixo pode ser empregada em trabalhos de artesanato. Pessoas com certa habilidade manual ou artística conseguem transformar objetos aparentemente inúteis em maravilhosos e originais ornamentos domésticos.
Se você cultiva sua hortinha, fique sabendo: restos de alimentos e mesmo outros detritos podem ser convertidos em excelentes adubos.
Mas se você não se julgar dotado dessas habilidades, não se aborreça. Há alternativas. Uma delas: amasse e junte aos jornais e revistas velhos todas as embalagens de papelão normalmente jogadas no lixo. Garrafas, caixas de remédios, pasta de dente, lâmpadas, latas de aveia, farinha, etc, cedendo-as ao lixeiro ou ‘catador de lixo’ ou ao garrafeiro. Você, por certo, vai ajudá-los a ganhar um dinheirinho, colaborando assim na luta contra o desperdício e poluição.
Economize dinheiro e evite o uso do plástico. Ele não se degrada na natureza e fica poluindo por muitos anos. Não desperdice! Use a imaginação! Creia, você será o maior beneficiado.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A Lei imutável da atração pode ser utilizada como desejamos utilizá-la
Para o aspirante espiritual sincero, a exatidão e segurança com que operam as leis espirituais é ao mesmo tempo extremamente satisfatória e inspiradora. Sua perfeita confiança dá um sentimento de segurança que nada poderá diminuir, e um incentivo para uma vida construtiva que sempre estão presentes.
Booker T. Washington disse: ”não permitirei que nenhum homem me arraste a um grau tão baixo que me faça odiá-lo” e talvez ele falasse mais compreensivamente do que realizou. Quando nutrimos ou emitimos pensamentos de ódio ou coisa semelhante, não somente geramos um veneno em nossos corpos físicos, mas também nos sintonizamos com as vibrações mais inferiores do Mundo do Desejo, essa região habitada por entidades indesejáveis de muitas classes. Sintonizamo-nos com suas vibrações baixas e, portanto, nos tornamos susceptíveis às suas influências. Podemos ainda ser instigados a agir criminosamente sem sabê-lo atraindo para nós o estímulo de más entidades que se regozijam com as vibrações de vícios destrutivos.
Ao contrário e felizmente podemos elevar-nos a um estado de graça, de vida abundante usando inteligentemente esta mesma lei de atração. Quando enviamos pensamentos de bondade, compaixão e amor, colocamo-nos em sintonia com a vibração do Cristo, o plano da Sabedoria Universal e as elevadas forças espirituais que operam nesse plano estão automaticamente atraindo-se conosco.
Estaremos, então, estimulados e alimentados em ter pensamentos elevados e a executar atos nobres, e poderemos estabelecer tal atitude, habitualmente, por um esforço suficientemente persistente. Em todos os planos do ser “o semelhante atrai o semelhante”.
A Lei imutável da atração pode ser utilizada como desejamos utilizá-la. Alinhando-nos de todo o coração com os Planos de Luz poderemos forçar-nos mais rapidamente para caminhos evolutivos. Como indivíduos e como grupos podemos, por uma aplicação diária de um reto viver, atrair para nossas vidas uma parte fecunda do “depósito” cósmico de harmonia e verdades e assim promovendo nossa utilidade “como canais conscientes para o trabalho benéfico de nossos Irmãos Maiores no serviço a humanidade”.
(Artigo publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ de 05/43 e em 10/81 na Fraternidade Rosacruz – SP)
O Cume Espiritual do Ser Humano
O essencial não está em ser poeta, nem artista, nem filósofo; o essencial é que cada um tenha a dignidade de seu trabalho, alegria com seu trabalho, a consciência de seu trabalho. O anelo de fazer bem as coisas, o entusiasmo de sentir-se satisfeito, de querer o que é seu, é a sã recompensa dos fortes, dos que tem o coração robusto e o espírito limpo. Dentro dos sagrados números da natureza, nenhum trabalho bem feito vale menos, nenhum vale mais.
Todos nós somos algo necessário e valioso na marcha do mundo. O que constrói a torre e o que constrói a cabana, o que tece os mantos imperiais e o que costura o traje humilde do trabalhador; o que fabrica a sandália de sedas imponderáveis e o que fabrica a rude sola que protege no chão duro, os pés do trabalhador. Todos nós somos “ALGO”. Todos nós estamos nivelados por essa força reguladora que reparte os dons e impele as atividades.
Um grão de areia desequilibra ou sustenta uma pirâmide; um pão duro salva ou destrói uma vida; uma gota de água murcha ou faz reverdecer um laurel. Todos nós somos algo, representamos algo; fazemos viver algo, ansiamos algo. O que semeia o grão que sustenta nosso corpo, vale tanto quanto o que semeia a semente que nutre nosso espírito, como que em ambos os trabalhos vai envolto algo transcendental, nobre e humano: dilatar a Vida.
Talhar uma estátua, polir uma joia, aprisionar um ritmo, pintar um quadro, são coisas admiráveis. Tornar fecunda a propriedade estéril e povoá-la de florestas e de mananciais, ter um filho inteligente e belo, e logo polir lhe a alma e amá-lo, ensinar-lhe a abrir o coração e a viver sintonizado com a harmonia do mundo, essas são coisas eternas.
Ninguém se envergonhe de seu trabalho, ninguém repudie sua obra, se nela houver posto o afeto diligente e o entusiasmo fecundo. Ninguém inveje a ninguém, porque ninguém poderá presentear-lhe com o dom alheio e nem tirar o próprio. A inveja é uma broca de madeira apodrecida, NUNCA DAS ÁRVORES SADIAS. Cada qual amplie e eleve o que é seu, defenda-se e proteja-se contra toda a má tentação, porque se na palavra religião Deus nos dá o pão nosso de cada dia, na satisfação do esforço legítimo nos brinda a atividade e o sossego.
O triste, o mau, o daninho, e o que definha a alma, o que nega tudo, o incapaz de admirar e de querer. O nocivo e o néscio, o não modesto, o tonto, o que nunca quis nada e o que censura tudo; o que jamais foi amado e repudia o amor, porém, o que trabalha, o que ganha o seu pão e nutre sua alegria, o justo, o nobre, o BOM, para esse o porvir sacudirá sua ramagem coalhada de flores e de orvalho, quer derrube montes, quer grave poemas.
Que ninguém se sinta diminuído. Ninguém maldiga ninguém. Ninguém desdenhe a ninguém. O cume espiritual do ser humano foi o retorno para as coisas simples e humildes.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)