Arquivo de categoria Filosofia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Foi-nos mandado nos preparar para as futuras condições de nossas vidas, mas como tornar-nos privilegiados em saber como são estas condições? Poderei eu como Estudante Rosacruz qualificar-me a aprender tais coisas?

Pergunta: Foi-nos mandado nos preparar para as futuras condições de nossas vidas, mas como tornar-nos privilegiados em saber como são estas condições? Poderei eu como Estudante Rosacruz qualificar-me a aprender tais coisas?

Resposta: Todos nós temos, ou deveríamos ter alguma orientação sobre tendências e situações do futuro de nossas vidas – pelo menos se formos compenetrados e nos dermos ao trabalho de séria autoanálise da retrospecção. Isto nada tem a ver com profecia ou tirar sorte. Intuição, introspecção e o uso apropriado da Astrologia espiritual são úteis sob este aspecto. A intuição e a introspecção podem ser desenvolvidas com a prática. Um conhecimento substancial de Astrologia ajuda-nos a determinar as possibilidades de desenvolvimento do caráter e a força e as fraquezas reveladas em nossos horóscopos. “Conheça a si mesmo” é um dos conselhos mais antigos e importantes dados aos aspirantes espirituais, e quanto mais nos chegamos a conhecer, tanto mais podemos discernir a direção geral que os eventos em nossas vidas são inclinados a tomar.

Isto não significa localizar os mínimos detalhes. Pouco nos beneficia ponderarmos se este ou aquele particular indivíduo irá fazer-nos tal ou qual coisa, ou se, indo nós a tal lugar num certo dia, possamos ter um acidente de carro. Podemos, contudo, beneficiar-nos conhecendo nossas inclinações emocionais ou temperamentais de forma a, se alguém nos hostilizar estarmos preparados a não perder o controle reagindo, isto sim, de maneira construtiva e bondosa. Ajuda-nos saber que certos aspectos, em efeito num determinado dia, tornam imperativo que observemos particularmente nossos hábitos em guiar, naquele dia, para que o que quer que possa acontecer na estrada nos encontre como motoristas seguros.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/83 – Fraternidade Rosacruz –SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Chaves do Desenvolvimento Espiritual

As Chaves do Desenvolvimento Espiritual

Certa vez um estudante enviou uma missiva a Max Heindel criticando as cartas expedidas mensalmente aos membros de THE ROSICRUCIAN FELLOWSHIP, cujo teor, segundo suas palavras, “não passavam de um pequeno agradável sermão”.

Max Heindel, então, abordou o assunto na carta do mês subsequente. Presumindo não ser aquela uma opinião isolada, procurou esclarecer a questão, pois outros estudantes talvez alimentassem idêntico pensamento. Realçou a importância daqueles “pequenos agradáveis sermões” em cujas entrelinhas encontravam-se pérolas do conhecimento oculto. Tornou claro o objetivo daquelas mensagens, cujo valor moral mesclado com os ensinamentos esotéricos indicava um método de desenvolvimento espiritual.

Tal fato ocorreu há uns setenta anos, aproximadamente. Durante todos esses anos a Fraternidade cresceu e cresceu muito. Nossos ensinamentos foram divulgados em grande escala e nessa tarefa se utilizou dos modernos meios de comunicação. No entanto, ainda hoje encontramos estudantes incapazes de perceber o sentido das cartas e lições mensais, pois, as acham por demais repetitivas. Vivem clamando por novos conhecimentos.

Novos conhecimentos? Mas como? Sequer aplica na vida prática aquilo que aprenderam. Não se dão ao trabalho de garimpar as lições, de pesquisar, de meditar. Querem tudo pronto e acabado. Tem a pretensão de evoluir através de esquemas pré estabalecidos ou fórmulas rígidas, como se o desenvolvimento oculto fosse mera equação.

O conhecimento e a experiência são meios de realização espiritual. Mas apenas meios. O conhecimento por si só confere apenas erudição. É apenas verniz, casca. A experiência, por outro lado, sem o conhecimento que a explique, torna-se difícil de ser aproveitada. Embora ambos sejam importantes, se faltar-lhes o calor da devoção não ensejará oportunidade do aspirante realizar-se. A essa tríade cabe o papel de manter equilibrado o desenvolvimento espiritual.

Max Heindel divulgou os ensinamentos rosacruzes sob a orientação dos Irmãos Maiores. E o fez valendo-se de princípios didáticos, compatíveis com as tendências naturais do ser humano ocidental. Em seus livros, cartas e lições empregou uma linguagem simples e definições claras. Porém, determinadas “chaves” só podem ser encontradas mediante certo esforço.

Alguns afirmam, equivocadamente, não passar o Conceito Rosacruz do Cosmos de uma coletânea de temas sem uma interligação mais definida. Ledo engano. Ao observador mais atento e sensível os tópicos da obra básica formam um todo harmonioso e coerente. Aliás, estude-se toda a obra de Max Heindel com interesse superior, e verão todos os assuntos se completando maravilhosamente.

Além disso, esses conhecimentos proporcionam uma visão mais ampla da vida e do mundo, projetando uma nova luz sobre todos os fatos do cotidiano. Os Ensinamentos Rosacruzes descem às raízes do sofrimento humano, explicam a razão última de todas as coisas e indicam perspectivas do nosso futuro desenvolvimento. Enfatizam o aprimoramento do caráter como nosso trabalho mais importante, pois sem ele as “chaves” permanecem inacessíveis e qualquer lição parecerá um “pequeno e agradável sermão”.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Pecados Capitais do Mundo Moderno

Os Pecados Capitais do Mundo Moderno

No livro Ensinamentos de um Iniciado lemos que os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz já concluíram, há tempos atrás, de que o orgulho intelectual, a intolerância e a impaciência com as restrições seriam os pecados do ser humano moderno.

Quando mais criticamente observamos o mundo ao nosso redor e o nosso próprio estado interno, nos admiramos com o prognóstico acurado dos Irmãos Maiores. O intelecto se tornou a ferramenta mais forte para o alcance do poder material. Orgulho intelectual ou amor às próprias conclusões, e próprios ditames é a causa de muita miséria social e muita tristeza e mágoa individual. A intolerância e a impaciência com as restrições também advém do amor ao nosso próprio intelecto, que tomamos como palavra final de sabedoria, equidade e justiça.

A Mente é a nossa mais recente aquisição. Enquanto que o Pai toma conta de nosso Corpo Físico, o Filho de nosso Corpo Vital e o Espírito Santo de nosso Corpo de Desejos nenhum Poder Superior toma conta de nossa Mente. Deverá ser domada e desenvolvida pelo próprio ser humano, sem ajuda exterior.

O intelecto, produto da Mente esplendidamente, fornece condições ao desenvolvimento do egocentrismo, o supremo perigo para o aspirante. Fornece um sentido falso de superioridade que facilmente vira intolerância daquilo de que não aprovamos e que não nos assemelha e que consideramos “abaixo de nossa dignidade”. O intelecto é frio e calculista tentando armazenar mais e mais conhecimento. A Mente avalia as muitas possibilidades de lucro trazidas por um vasto conhecimento ao próprio Ego. Assim o intelecto passa a ser a ferramenta, meta e fonte de motivação do egoísmo poluindo a Mente que se torna egoísta procurando o saber para a glorificação do Ego. A segunda força motivadora, o CORAÇÃO é, por definição, altruísta. Sabemos sobejamente da necessidade de equilibrar essas duas formas de motivação humana, porém, devemos lembrar que um perfeito equilíbrio só será conseguido quando atingido o “status” espiritual de Adepto.

Os que desenvolveram mais o lado do coração não são tão ameaçados pelos “pecados da época” apontados pelos Irmãos Maiores, o orgulho intelectual, a intolerância e a impaciência com as restrições. Servem obediente e eficientemente, sem necessitarem de grandes explicações metafísicas, ou informações científicas super atualizadas; simplesmente seguindo as orientações do Cristo interno, não deixando a sua Mente interferir.

Os que se desenvolvem pelo lado intelectual fazem tudo para servir, para dar vazão ao seu conhecimento, de fato se esforçam ao máximo, porém, enquanto se “esforçam” para servir, ainda não houve progresso de seu lado “coração”. O conhecimento, não cabe dúvida, especialmente hoje, é de grande utilidade. Porém, verifiquemos o uso que as pessoas fazem de seu conhecimento. Pelo uso que a pessoa dá a seu conhecimento que determina se ele está seguindo linhas de desenvolvimento material ou espiritual. Pelo nosso ritual devocional sabemos que a meta do desenvolvimento mental deverá ser a Sabedoria, isso é conhecimento temperado com amor e mesmo o conhecimento oculto de avançada ordem não é Sabedoria, até ser usado em serviço humanitário e num contexto de relacionamento fraternal.
“O conhecimento, a prudência, a discrição e a discriminação são produtos da Mente”. Pois, elas mesmas são armas do mal, e o Cristo nos ensinou a orar ao Pai Nosso para que sejamos guardados. Somente quando essas faculdades nascidas da Mente são temperadas pelo amor é que obteremos a qualidade composta que chamamos de Sabedoria.

Aqui vemos quão importante é desenvolver o amor a Deus e ao semelhante, na mesma proporção que aumentamos o nosso conhecimento. Então, o orgulho intelectual, a intolerância e a impaciência com as restrições não constituirão mais um problema, já que a dádiva espontânea de si mesmo sem reservas, sem amor ao seu pequeno eu, em completa obediência ao poder Superior que nos dirige, destroem o egoísmo. Alguma vez fomos culpados de não aceitar pontos de vista alternativos expressos e que achamos contrários à nossa opinião? Ficamos impacientes com as opiniões manifestadas, estimulados por aquele egoísmo intelectual que não permite questionamento de nossa absoluta competência? Impomos ao nosso grupo que façam as coisas só de nossa maneira?

Usando o nosso lado devocional interno, que está em ligação com Deus através do Cristo Interno, não seremos vencidos pelos perigos apontados pelos Irmãos Maiores e submeteremos a atividade de nossos intelectos ao Ego Superior que a usará no serviço altruísta. A humildade intelectual representará a nossa vitória maior e seremos uma ajuda e não um empecilho à raça humana, exemplos vivos de tolerância que os nossos semelhantes poderão seguir proveitosamente em sua evolução.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Ensino do Mestre

Ensino do Mestre

O Mestre, pela boca da solidão, fala muitas vezes à alma cansada da fatuidade do mundo e ansiosa por nova vida. E diz-lhe: “Não escutes as vozes enganosas que vem de fora. Vem para mim no retiro do teu coração e terás o verdadeiro conhecimento. Não penses deste modo: se eu tivesse num ermo, num vale profundo, numa paragem solitária, poderia realmente encontrar-me, poderia conhecer minha verdadeira vocação”.

“Não é preciso que te afaste para me encontrar. Também habito na tua consciência tranquila, na tua mente sossegada, na tua alma desprendida, nos teus sentidos sabiamente dominados. Eu, a perfeita solidão. Se me buscas, podes encontrar-me em tua casa, no teu lugar de trabalho, entre o ruído da cidade, entre a confusão dos indivíduos. E, então, quando recolhida em ti, atingires tua íntima cela ouvirá a Voz Divina. Saberás que teu primeiro dever é transformar-te e esquecer o passado, bom ou mau, deleitoso ou amargurado, seus triunfos e fracassos”.
A alma, ao receber as sugestões destes belos pensamentos, acende-se em entusiasmo. Faz promessas fáceis e precipitadas. A doçura desses momentos já lhe parece o fim do Caminho, quando não é mais que mínima prenda da promessa divina. No seu encanto, clama, suspira, geme e canta. E diz: “Conduze-me, Senhor, por este brilhante caminho de luz. Abre meus olhos para que veja a Tua beleza. Não te ocultes jamais da minha vista. Transforma a minha vida para que me concentre na única vida, a Tua, Senhor. Que se queime este corpo antigo, para vestir um traje de glória. Tenho trocado tantas vezes de bandeira! Quero, agora, esta nova bandeira, a que é feita de castidade, de renúncias e de sacrifícios. Senhor, por Ti desejaria sofrer todas as provas, todas as dores, padecer mil mortes, passar por mil suplícios, conhecer o martírio por que passaram os Teus servidores mais fieis, só para ser digno do Teu amor! Que se acenda já a chama da minha alma e, quando estiver em flama, que abarque todo o meu ser. Senhor não me deixe agora. Não posso estar só e nem a minha vida é vida sem Ti. Não vês, Sumo Bem, que tenho fome e sede de Ti, cada vez mais ardentes? Já comecei a buscar-Te e não posso mais deter-me, como a flecha que foi arremessada. Fala Senhor. Que queres que eu faça? Que queres de mim? Dize-me, para cumprir somente a Tua vontade”.

Pobre alma! Quanto pede e quanto promete! Não sabe como são duros os espinhos e cortantes as pedras que há de encontrar no Caminho! O Divino Mestre, que a observa com suma ternura, cobre os olhos com as santas mãos, compadecidamente, ao ver, no porvir, todas as suas quedas. Quantas vezes terá que levantá-la; quantas vezes terão de curar-lhe as feridas e afastar de sua mente as nuvens de desencanto e do desespero! Então, o Mestre lhe fala: “Não te levantes, ainda, oh alma, em grandes voos. Não prometas maravilhas nem aspires aos altos cumes da santidade. Contenta-te em viver bem o teu dia e em santificar as pequenas obras diárias. Segue-Me com submissão e simplicidade. Modifica a tua vida sem que nada ou ninguém o note e mantém-te exatamente como antes ainda que teu íntimo esteja completamente transformado. Comece a procurar-Me por toda a parte, todo o dia e sempre. Que teus olhos Me vejam no rosto de todos os seres humanos e, como um véu, suspenso ante todas as coisas. Vê-Me no rico e no pobre, na criança e no ancião, no santo e no pecador, na flor e no céu, no dia e na noite, no trabalho que te desgosta e na festa que te alegra. Todas as coisas têm alguma formosura quando são miradas com olhos serenos, desapaixonados, vistas lá do fundo da solidão interior, da secreta morada. Depois, oh alma, quando a compaixão vibrar em ti e te faça doce e mansa, sossegada e discreta, compreensiva e prudente; quando a dor alheia arder em tua própria carne – então, Me verás. Une-te com a dor, une-te ao Amor, une-te ao saber e à ação – e Me encontrarás. Porém, mais uma vez te recomendo: enquanto esperas, simplifica a tua existência, dia a dia, hora a hora; torna-a cada vez mais suave e mais humilde. Nunca digas: ‘dai-me!’. Que a tua palavra de ordem seja sempre: ‘Tome!’. Compreendes meu filho?”.

A alma ficou serena e tranquila. Aos arranques do entusiasmo, sucederam, em seu coração, a serenidade e a paz profunda. Tendo atingido o umbral da solidão e ouvido a voz do Mestre, começa o seu Caminho. Reina o silêncio em volta. Esta é a hora eterna.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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A Importância da Oração

A Importância da Oração

Seria importante que o ser humano, nas suas inúmeras atividades e ocupações, reservassem um lugar de destaque à oração, ao impulso interior que o anima a invocar a ajuda e o olhar luminoso de Deus. Um esforço sincero por caminharmos com retidão e confiança, por nos tornarmos melhores, pode considerar-se uma forma de oração – uma prática espiritual constante. No entanto, quando penetramos profundamente no conceito espiritual por detrás da oração e das palavras expressas, iluminamos o nosso ser de um significado mais pleno e mais vasto. A oração transporta o ser humano aos mais altos pináculos de harmonia divina; o consciencializa para a presença Divina que o habita, e torna-o capaz de responder profundamente a esse Amor que em nós vibra e nos dá vida. Torna-nos sensíveis à necessidade de “orar constantemente”, com um reconhecimento imenso pela luz com que a Sua Presença e proteção nos envolve.

Os Discípulos de Cristo sentiram também a necessidade desta vivência espiritual, e pediram-Lhe que lhes ensinassem a orar, ávidos por uma forma de expressão que manifestasse o seu sentir. O Pai Nosso, a Prece do Senhor a Deus, liga-nos à Obra do Espírito; o ser humano é invadido por uma corrente de poder Divino que o renova. Cada uma das sete partes em que se divide esta oração tem a sua função, e deverá um dia manifestar-se através do nosso ser. Quando a oração “é ditada por uma devoção pura e não egoísta, contendo em si ideais elevados, é muito mais sublime que a Concentração. A oração nunca pode ser fria; ela transporta o místico à Divindade, nas asas do Amor”.

A obra purificadora e regeneradora do Ego, começa quando o AMOR penetra o coração, e o ser se torna consciente do seu desejo de servir a presença interna de Deus, em si, em todos os seres humanos e em todas as coisas. O poder deste amor Divino nos traz arrependimento, e o nosso coração lança, então, os alicerces para uma vida purificada. A oração é o poder, a energia que afasta os obstáculos que se interpõem à espiritualização da vida.

O pecado e a desarmonia que existe nas nossas vidas, não é mais do que a cadeia de pensamentos e atos em que persistimos, e que nos afastam da harmônia e equilíbrio natural do Universo, obstruindo a presença e o amor de Deus nos nossos corações. Este flui livremente quando o invocamos numa prece sentida, pois encontramo-nos, então, libertos dos problemas não resolvidos, que constantemente dificultam a passagem desse amor purificador que se derrama sobre nós. A oração que emana de um espírito e de uma atitude de perfeito amor, atrai para si uma perfeita saúde física, mental e espiritual; vivemos segundo a maneira como oramos e vice-versa. Nem toda a oração surge do arrependimento que nos consciencializa do pecado e da vida desarmoniosa. Existe a prece que brota da alegria, da inspiração e do bem-estar que atrai e conserva a vida moldada no amor Divino. Neste construímos os templos da nossa alma, e encontramos o impulso que nos encaminha para a perfeição “à Sua semelhança”. O fogo do amor que tudo consome em si, a beleza e a Verdade inspiradas por Deus estão eternamente presentes na oração e fluem através dos nossos atos e das nossas realizações, engrandecendo e tornando presente e pleno o Seu Divino Plano no mundo.

(THE ROSICRUCIAN FELLOWSHIP – Departamento Cura – publicado na Revista “Serviço Rosacruz” – 06/82 – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Caminho para a Verdadeira Felicidade

O Caminho para a Verdadeira Felicidade

Embora a maior parte da humanidade não pense assim, reiteramos sempre que o propósito da vida é a aquisição de experiências e não a busca da felicidade. O viver em função de algo geralmente circunscrito a posses materiais, status, sensações fugazes, indica com clareza qual o conceito humano de felicidade. Em vão o ser humano almeja ser feliz, desconhecendo a verdadeira e essencial natureza da felicidade. Balzac a define como “um misto de coragem e de trabalho”. Não é o objetivo atingido através da coragem e do trabalho, mas a condição interna realizada quando se labuta corajosamente em prol de uma causa nobre. É, antes de tudo, um estado de alma.

Ser feliz, segundo o pensamento espiritual, é atingir uma condição transcendental a tudo aquilo que se restringe a concepções puramente materiais, decorrentes de impressões captadas pelos nossos sentidos físicos. A felicidade situa-se no campo das conquistas do Espírito. É a consequência natural do aprimoramento interno, do contato com a eterna Fonte da Vida, o “Princípio do Amor Universal”.

Não podemos dissociar felicidade de amor. Nossa plenitude interna depende de nossa capacidade de amar. Esse sentimento, entretanto, na sua mais elevada expressão nada tem a ver com o amor “egoísta” manifesto no quotidiano das pessoas. Irrestrito e universal foi a grande verdade que o Cristo nos legou. A cristificação realiza-se por meio dele.

O amor assim compreendido manifesta-se de diversas formas, e uma delas é o “serviço amoroso e desinteressado” para com os demais. O servir desinteressadamente, o labor canalizado para fins altruístas, é a máxima expressão do ideal cristão. É a realização da verdadeira felicidade. O trabalho assim dirigido aumenta o fulgor da Divina Essência inerente a todas as pessoas, ao passo que a ação egoísta a ofusca. Ser altruísta é conservar-se fiel e alimentar-se da Divina Fonte do Amor.

Num mundo onde o utilitarismo prevalece como denominador comum das atividades humanas, agir com isenção de interesses é contrastar com o “status quo” vigente. É desajustar-se ante a sociedade dos “seres humanos práticos”.
Preceitos éticos são “adaptados” às exigências da sociedade competitiva, liberando e justificando aqueles que anseiam atingir seus objetivos por meio de manobras escusas. Muitos anestesiam a própria consciência para sobreviverem nessa comunidade de “feras”.

O ser humano verdadeiramente cristificado procura romper todas essas barreiras, agindo coerentemente com suas convicções. Talvez nem todos o compreendam, se bem que isso não o desestimule na prática do bem. Reconhece-se como um Espírito, parte integrante da Divindade, imunizado e ileso à toda crítica ferina. Sabe que estas distorções dos sentimentos humanos não podem atingir sua essência.

O ser humano cristificado crê firmemente no valor da virtude, e no poder que o coloca acima dos limitados conceitos humanos. Vivendo em sociedade, não compete. Coopera, discerne e cede quando seu íntimo consente. Conhece-se e trata de gradativamente aprimorar-se. Não procura evidenciar as falhas do próximo, mas salientam as qualidades deles para se fortalecerem. Vislumbra a harmonia na bondade, a perfeição no amor, a beleza na simplicidade. Sua humildade, longe de confundir-se com subserviência, é uma mescla de ternura, energia e justiça.

Pensa sempre no melhor. Almeja sempre o melhor. Procura tornar-se melhor. Dá, aos outros, sempre o melhor. Seu amor não encontra limites, espargindo-se em todas as direções e a todos os seres da Criação. Sabe perfeitamente que nem um só ser poderá ser excluído de seu amor.

A vida torna-se uma sublime e ardente oração quando alguém vive dessa maneira. Não há outro caminho para a verdadeira felicidade.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Eu sou o Caminho

Eu sou o Caminho

Antes que o Cristo tenha se manifestado em Corpo Físico em nosso Planeta no corpo de Jesus de Nazaré, as grandes religiões como o Hinduísmo, Budismo, os cultos de mistérios Egípcios e Gregos já indicavam uma crescente influência e revelação ao mundo do Logos solar. O Velho Testamento também é profético do advento do Filho de Deus em forma humana. A última revelação divina para o ser humano está contida nos Evangelhos, contando o cumprimento de todas essas profecias.

Assim sendo, o aspirante moderno não precisa defender hoje essa ou aquela religião oriental pré-cristã. Ao máximo, pode tomar conhecimento, de forma comparada, a todo esse cabedal de sabedoria, em forma de uma recapitulação da sua própria herança espiritual. Pode então, avaliar melhor a sua situação evolutiva presente, e Max Heindel são dois expoentes dessa curta recapitulação.

Até certo ponto, na época pós-Atlante podia se dar, espiritualmente falando, um passo evolutivo para trás num esforço de restaurar uma condição prévia, em que a alma humana podia entrar de maneira negativa em contato com seres espirituais. Geofisicamente, podia orientar-se para o Oriente. Dirigia os seus “orisons” ou orações matutinas ao horizonte oriental, em que a Iuz aparecia primeiramente. O gesto era simbólico e literal. O gesto literal era baseado numa ilusão referente à revolução da Terra no seu próprio eixo, que dava e dá a impressão de que a fonte de luz (Espírito) vem do Oriente.

O aspirante nos dias de hoje, imita o movimento cósmico do Sol que também é ilusório em sua aparência de viajar do Leste para o Oeste, se tratando novamente da rotação axial da Terra. Porém, a identificação do aspirante com o movimento solar já significa progresso.

O Ser solar, Cristo, se encarnou no Planeta Terra em Nazaré, no corpo de Jesus e subsequentemente, no próprio corpo do Planeta Terra por meio do sangue precioso de Jesus. Iluminado pelo seu Cristo interno, o aspirante pode vislumbrar hoje o que ele será amanhã, enquanto que o ser humano pré-cristão fitava nostalgicamente uma condição que ele tinha, em sua infância evolutiva. O ser humano contemporâneo engatinha para o autodomínio e, gradualmente assume a sua real dimensão, saindo das alvoradas de sua inocência infantil. Ele enfrenta em plena consciência, as experiências do mundo material, na clareza ofuscante da luz do meio-dia, e procede para o Oeste acompanhando o pôr do Sol. O acompanha para a sua segunda morada; vida após a morte. As alvoradas da infância humana, o meio-dia de luz ofuscante de luta consciente, com a experiência material e o pôr do Sol, vida após a morte, eis as etapas da caminhada humana.

O peregrino, depois do Gólgota, aprecia o supremo valor da existência encarnada, que Cristo-Jesus glorificou abrindo Caminho. Houve um ponto na história da evolução humana, quando ficou proibido ao ser humano negar a existência de seu Corpo Físico, procurando se refugiar nos Mundos espirituais, para fugir da cruel luta da experiência material. Esse ponto foi atingido no Gólgota. Com a exceção de videntes involuntários anacrônicos, a atenção do ser humano devia se voltar para a caminhada na matéria. As Iniciações pré-cristã e os rituais de mistérios se tornaram obsoletos. Antes, quando esse sistema era usado normalmente, o Corpo Físico se tornava como morto, já que o invólucro etérico e os Corpos mais sutis acompanhavam o Ego, se separando do veículo físico, completamente.

Na nova Iniciação, o Corpo fica vivo, vital. A consciência pode ao mesmo tempo penetrar nos reinos mais elevados, e não perder o contato com a sua parte mineral, já que a forma e a função vital foram revitalizadas por Cristo enquanto andou na Terra como homem, Jesus.

A descida do Cristo solar se processou pelo mesmo modo do Ego encarnante, que desce pelos Mundos do Pensamento e de Desejos. Gravitou para o Mundo do Desejo e foi identificado como “Senhor da Luz” pelos sacerdotes de Zoroastro, os chamados Reis Magos, ao qual o Cristo era conhecido como Ahura Mazdao. Em sua descida para a Terra, Cristo foi percebido pelos Egípcios e nomeado Osíris. Quando entrou na Região Etérica Lunar, a cultura Hebraica percebeu o Cristo como a deidade lunar Jeová (que significa eu era, sou e serei), e que se apresentou à Moisés como EU SOU. Quando Cristo quase alcançou o Mundo Físico, os Gregos e os Hebreus tiveram a premonição do nascimento de um ser especial – Deus no homem. Finalmente, Cristo se encarnou em Jesus. O EU SOU de Abrão, se revestiu de carne. Com a Ressurreição, a humanidade recebeu um novo ímpeto evolutivo, não podendo voltar a uma condição de feliz inocência e negar o Mundo Físico em que ela deve ser ativa, nos moldes evolutivos a ela ensinados pelo Mestre. Não nega o mundo. O abraça. Progride na espiral evolutiva e cresce.

As religiões pré-cristãs ainda indicam que na liberação da roda da vida, o ser humano volta à mesma felicidade Edênica. Sai do Nirvana e volta para o Nirvana. Vidas e vidas de ilusão. Ironicamente, muitas igrejas convencionais Cristãs têm os seus altares voltados para o Leste. Porém, na realidade, o Tabernáculo do Deserto (descrito em grande detalhe no Velho Testamento) era profeticamente alinhado a um eixo cuja entrada era a Leste, e seu santuário mais recôndito era à OESTE. A ênfase direcional mostra a espiritualização e despojamento do ser humano pela encarnação, pelo trabalho e pelo serviço no Mundo material. E, dessa forma, o Filho oferecerá ao Pai, na sua volta aos reinos celestiais, o ouro espiritual do sofrimento, transmutado, às raras essências de suas experiências, e as pedras preciosas de suas lágrimas. Esse será o seu presente ao Pai: o seu próprio ser.

(Revista ‘Serviço Rosacruz – 07/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Verdadeira Transfiguração

Uma Verdadeira Transfiguração

O Caminho Rosacruz compreende sete etapas de desenvolvimento: Estudante Preliminar, Estudante Regular, Probacionista, Discípulo, Irmão Leigo, Adepto e Irmão Maior. A superação de cada um desses estágios corresponde a uma verdadeira Transfiguração.

Durante as primeiras etapas, de Estudante a Probacionista, o Aspirante cursa as matérias básicas e edifica os fundamentos da sabedoria e da disciplina de seus Corpos. Assimilando o valor educativo dos ensinamentos Rosacruzes, adquire a capacidade de direcionar suas energias e talentos a propósitos cada vez mais elevados. Consciente de seus deveres morais e espirituais, procura dominar as forças obscuras de sua vida inferior, até conhecer os primeiros vislumbres da expansão do Eu.

Muitos anos e, às vezes, vidas de trabalho, de sacrifícios e esmorecimentos, de coragem e desânimo, de quedas e levantamentos, de regozijo e desespero, marcam essa fase preparatória. Há momentos de ofuscante luz que sucedem densas trevas, em ciclos de aprendizagem.

Mas, todos os esforços e o progresso obtido são observados desde os Mundos invisíveis pelos exaltados Guias. Um dia, os vislumbres convertem-se em viva realidade, os obscuros contornos da visão de Probacionista, adquirem a nitidez do Discípulo. Surge um ser humano novo em novidade de espírito.

As obras da carne, os zelos excessivos, o amor próprio, a vaidade, o espírito sectarista, ontem propriedades características do ser humano primário, desvanecem-se aos poucos.

Não imaginemos, contudo, que atingido o grau de Discípulo, o novo ser humano entra num período de contemplação estática e absorvente. Pelo contrário, os poderes da ação e do trabalho estão presentes e mais atuantes do que nunca. Seu pensamento permanece ocupado às vinte e quatro horas do dia, com “tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, santo, amável e de boa fama” (Filipenses 4-8).

É um novo ser desabrochando. Seus familiares e amigos sentem a força propulsora de sua vontade na dedicação às causas justas e nobres. Beneficiam-se desses esforços admiráveis, dispendidos a custa de, não raro, verdadeiros holocaustos e da extrema renúncia aos frutos do êxito.

Que poderemos, agora, imaginar das três etapas superiores a do: Irmão Leigo, Adepto e Irmão Maior? Iluminados nas transcendentes alturas do Bem, do Belo e do Verdadeiro, são inconcebíveis as vivências e sublimidades de seus Espíritos. Max Heindel nos deixa antever algo da fecundidade de suas vidas: “Os Irmãos Leigos vivem em diferentes partes do mundo ocidental, recebendo uma ou mais Iniciações nas Escolas de Mistérios Menores”. São capazes de abandonar o Corpo Físico conscientemente, para assistir ou participar dos trabalhos no Templo da Ordem Rosacruz. Os Adeptos são graduados de uma Escola de Mistérios Menores, e passaram pela primeira das quatro grandes Iniciações. Segundo os ensinamentos Rosacruzes, o Adepto pode construir novos Corpos físicos por processos ocultos de alquimia espiritual.

Os Irmãos Maiores são graduados das Escolas de Mistérios Menores, e também dos Mistérios Maiores. Seres de sublime espiritualidade fazem parte da Hierarquia Planetária.

É um íngreme caminho a ser percorrido, porém, não há outro mais dignificante. O sofrimento pode vir a ser um companheiro constante nessa gloriosa ascese, surgindo, não obstante, como o prenúncio da morte do velho ser humano.

Max Heindel afirma em sua obra INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA: “O ser humano passa, continuamente, por um processo de purificação, erradicador das substâncias mais inferiores e grosseiras que fazem parte de seus veículos. Com o tempo e mediante a evolução, esse trabalho de espiritualização tornará “nossa carne” transparente e radiante. Radiante como o rosto de Moisés, o corpo de Buda e o Cristo na Transfiguração”.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Quanto tempo levará até podermos dispensar estes Corpos físicos, e atuar total e novamente nos Mundos Espirituais?

Pergunta: Quanto tempo levará até podermos dispensar estes Corpos físicos, e atuar total e novamente nos Mundos Espirituais?

Resposta: Esta pergunta revela um estado mental por demais comum entre pessoas que se inteiraram do fato de que possuímos Corpos espirituais que nos permitem locomovermos com a velocidade do relâmpago no espaço, Corpos que não necessitam do revestimento material e, consequentemente, não requerem cuidados por parte de seus possuidores. Estas pessoas aspiram pelo momento em que poderão deixar crescer tais asas figurativas e se ver completamente livres deste “baixo e vil instrumento mortal”.

Tal estado mental é extremamente deplorável. Deveríamos ser gratos pelo instrumento material que temos, pois é o mais valioso de todos os nossos veículos. Embora saibamos perfeitamente que o nosso Corpo Denso é o mais inferior de todos os nossos veículos, também realizamos que é o nosso instrumento mais aperfeiçoado, sem o qual os outros veículos seriam hoje de pouca utilidade. Enquanto este instrumento, tão magnificamente organizado, capacita-nos enfrentar todos os tipos de situações aqui, nossos veículos superiores estão praticamente desorganizados. O Corpo Vital é formado, órgão por órgão, como o nosso Corpo Físico Denso, mas até ser treinado por exercícios esotéricos, não é um instrumento adequado para atuar sozinho. O Corpo de Desejos só tem alguns centros sensíveis, que não estão ainda ativos na maioria das pessoas. Quanto à Mente, apresenta-se como uma nuvem informe em quase todos nós. Devemos esforçar-nos hoje para espiritualizar o instrumento físico, e conscientizar-nos que precisamos treinar nossos veículos superiores antes de podermos usá-los. Para a maioria das pessoas, isso levará ainda muito, muito tempo. Portanto, é preferível cumprir a tarefa que nos é acessível, apressando assim o dia em que estaremos capacitados para usar os veículos superiores: esse dia só dependerá de nós próprios.

(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 05 – Max Heindel)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Hipnotismo – Bom ou Mal

Hipnotismo – Bom ou Mal

Pode-se dizer que a Mente humana consiste de duas partes: a Mente Consciente e a Mente Subconsciente. A Mente Consciente é a parte da Mente onde a informação é conscientemente coletada, onde tem lugar o pensamento lógico e onde são tomadas as decisões. A Mente Subconsciente é a parte da Mente onde estão armazenadas as memórias e os hábitos. A Mente Subconsciente de uma pessoa contém tudo que esta tenha visto ou ouvido (que tenha ou não se conscientizado delas); é também a memória de todos os acontecimentos de sua vida. Quando a Mente Consciente quer se lembrar de alguma coisa precisa reaver a informação da Mente Subconsciente. Quanto maior for à habilidade da Mente Consciente de se comunicar com a Mente Subconsciente mais facilmente a informação será lembrada. A Mente Consciente também se comunica com a Mente Subconsciente quando hábitos estão sendo formados ou rompidos e quanto melhor a comunicação mais eficiente será o controle exercido sobre os hábitos.

O hipnotismo, definido como um estado de comunicação superior com a Mente Subconsciente, está dividido em duas categorias básicas: hipnotismo clássico e auto-hipnotismo. No hipnotismo clássico a Mente Consciente de uma pessoa estabelece comunicação com a Mente Subconsciente de outra pessoa. No auto-hipnotismo a Mente Consciente de uma pessoa estabelece comunicação superior com sua própria Mente Subconsciente. Vamos considerar a natureza e os efeitos de cada um desses tipos de hipnotismo.

No tipo clássico de hipnotismo, o hipnotizador induz a pessoa a se colocar em um estado mentalmente passivo. O hipnotizador, então, pega a cabeça do Corpo Vital da pessoa para separá-la da cabeça do Corpo Denso da mesma pessoa, de modo que a cabeça do Corpo Vital fica enrolada ao redor do pescoço. A ligação entre o Ego da pessoa e o Corpo Denso é, então, separada e os veículos superiores se retraem. O Éter do Corpo Vital do hipnotizador reside agora na cabeça física densa da pessoa e dá ao hipnotizador acesso direto a Mente Subconsciente da pessoa. O hipnotizador pode, agora, obter informação ou dar ordens como desejar. Mesmo depois que a pessoa acorde do transe hipnótico algum Éter do Corpo Vital do hipnotizador ainda permanece na cabeça da pessoa, de modo que pelo resto da vida terrena desta pessoa, ou até que o hipnotizador morra, este terá algum controle sobre esta pessoa.

O hipnotizador clássico tem sido usado, indubitavelmente, por pessoas inescrupulosas, desejosas de adquirir poder sobre outras por objetivos egoístas. Tem sido usado para divertir e maravilhar pessoas em “shows”, mas tem sido usado, também, por outros que tentam conseguir algum bem por meio dele. Os médicos, por exemplo, tem o hipnotismo para aliviar dores de pacientes de maneira a diminuir a necessidade de drogas. Foi descoberto que o alívio da dor pode durar não só durante o transe hipnótico da pessoa, mas também depois de despertado. Foram desenvolvidas experiências nas quais o hipnotismo foi usado para ajudar a obter a cura de doenças. Nestes casos usa-se a teoria de que o estado mental da pessoa é um fator causador de doença e que suspendendo, interrompendo a ação da Mente Consciente da pessoa, o processo de cura ocorre. A hipnose clássica tem sido usada, também, para curar pessoas com maus hábitos como fumar e beber.

Quando observado sob um ponto de vista de curto alcance, o hipnotismo clássico, usado por médicos bem-intencionados, parece ter efeitos benéficos. Mas, por mais bem intencionados que eles sejam, os efeitos de longo alcance do hipnotismo clássico não são bons. Como é de nosso conhecimento, através de nosso estudo dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, o objetivo da vida é a evolução da alma. No início de cada vida terrena, os Anjos ajudam cada Ego a iniciar o caminho pela vida ao longo do qual ele irá encontrar as privações e tentações que tanto precisa para aprender a enfrentar e vencer as dificuldades da vida, desenvolvendo sua alma. Quando um Ego encontra dor e doença, se estas são aliviadas ou curadas por meio do hipnotismo clássico, o Ego não o desenvolveu, dentro de sua própria alma, as forças para superar a situação. Ao contrário, a vontade do hipnotizador é que foi usada para transpor a situação. Assim, o Ego da pessoa não alcançou o desenvolvimento da alma que a dor e a doença deveriam ter proporcionado, e o Ego terá que enfrentar semelhante dor ou doença em algum momento futuro. Do mesmo modo, quando o hipnotismo clássico é usado para superar maus hábitos é a vontade do hipnotizador que venceu este hábito e, portanto, o Ego da pessoa terá a mesma fraqueza quando renascer em sua próxima vida na Terra. Terá, então, que lutar novamente com o problema até que desenvolva a força interior para superá-lo. Talvez um problema muito mais sério, inerente ao uso do hipnotismo clássico, é o de que é um pecado contra o Espírito Santo. O Espírito Santo, como um foco do princípio criador na natureza, se expressa por meio de órgãos reprodutivos para criar novos Corpos e por meio do cérebro, para criar novos pensamentos.

Quando alguém se deixa hipnotizar cessa de ser seu próprio dono e perde sua faculdade de pensar independentemente. A partir do momento que o hipnotizador interfere na faculdade criativa do pensamento, uma faculdade que é uma expressão direta do Espírito Santo, esta pessoa está, consequentemente, cometendo um pecado contra o Espírito Santo.

Contrastando com isto, o auto-hipnotismo pode ser descrito como um processo no qual uma pessoa coloca sua Mente Consciente em comunicação com sua própria Mente Subconsciente. Descobriu-se, através de experiências, que quando a frequência da onda do cérebro é reduzida para menos de 14 ciclos por segundo, esta comunicação pode ser alcançada. A frequência da onda do cérebro, naturalmente, cai para menos de 14 ciclos por segundo durante o sono, mas aprendendo a relaxar, sem adormecer, é possível alcançar essa frequência acima mencionada estando consciente e tendo o completo controle da Mente Consciente. Assim, a Mente Consciente pode reaver memórias da Mente Subconsciente ou pode dirigir a Mente Subconsciente a agir de determinadas maneiras. Deste modo, hábitos podem ser formados, interrompidos ou cessados e a Mente Subconsciente pode ser dirigida para ajudar no processo de cura.

Ao contrário do método utilizado no hipnotismo clássico, o Ego, ao usar sempre o auto-hipnotismo, mantém total controle de sua Mente Consciente. Além disso, a Ego está usando sua própria vontade e forças geradas de seu interior para enfrentar e superar seus problemas. O uso do auto-hipnotismo para ajudar a superar maus hábitos ou auxiliar no processo de cura, portanto, não traz só benefícios imediatos, mas também benefícios duradouros.

Problemas assim superados não terão que ser enfrentados novamente. O auto-hipnotismo, na verdade, pode aumentar a capacidade do Ego de agir criativamente por meio de seus Corpos. Muitas pessoas querem fazer muitas coisas, mas são incapazes, devido a alguma falta de controle físico ou emocional. Por exemplo, um pianista pode não ter controle muscular para executar uma peça musical difícil, ou um orador pode ficar muito nervoso para fazer um discurso. Usando a auto-hipnose, a Mente Consciente pode programar a Mente Subconsciente para dirigir a execução da peça musical ao piano e para manter o orador calmo durante o discurso.

A criatividade mental, também, pode ser aumentada por auto-hipnotismo. A Mente Subconsciente geralmente tem acesso a soluções de problemas que a Mente Consciente tem tentado resolver. Assim, se a Mente Consciente (quando há um problema) se põe em contato com a Mente Subconsciente, a solução pode ser encontrada. Newton descobriu a Lei da gravidade enquanto descansava debaixo de uma macieira e, igualmente, Albert Einstein descobriu suas ideias revolucionárias sobre espaço e tempo num dia em que descansava na cama devido a uma doença.

Concluindo, podemos dizer que o hipnotismo clássico, qualquer que seja sua intenção ou a maneira de ser usado, não é aconselhável; mas o auto-hipnotismo pode ser usado com resultados benéficos.

(Revista  ‘Serviço Rosacruz’ – por de Elsa M. Glover – 09/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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