A Luz e a Sombra: estertores da Idade de Peixes, caminhando para Aquário
Na literatura Rosacruz encontramos uma frase de Max Heindel que surpreende pela sua atualidade: “Quanto mais intensa é a luz, mais forte é a sombra que ela projeta”. É uma metáfora do que percebemos nos tempos presentes. Esclareçamos, então.
Vivemos um momento especial na história da humanidade. Muitos avanços científicos parecem tornar cada vez mais real a perspectiva da concretização de uma fraternidade universal.
Inovações tecnológicas estão eliminando barreiras que separam as pessoas, ao reduzir distâncias, promover a comunicação em tempo real e globalizar a economia e a cultura. O conceito de “on-line” possibilita agir e saber o que se passa no mundo todo em fração de segundos. Quando acompanhamos pelos meios de comunicação à ocorrência de um conflito no Oriente Médio, de uma catástrofe natural na África ou de uma crise econômica na Europa, podemos imaginar, de imediato, o sofrimento de milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, tomamos conhecimento de que em várias partes do mundo já se registram movimentos solidários de socorro às vítimas e de que essa ajuda poderá chegar rapidamente, graças aos modernos meios de transporte.
Hoje, o conhecimento já não é mais privilégio de poucos. O acesso às redes sociais coloca a informação e a cultura ao alcance de bilhões de seres humanos. A interação em tempo real tende cada vez mais a anular as diferenças sociais, as barreiras linguísticas e a própria distância.
Mas, a luz irradiada por esse admirável mundo novo também projeta suas sombras, seus contrapontos.
Há que empolgar-se menos e refletir mais, com isenção e espírito crítico, pois as sombras projetadas mostram que o retorno ao “paraíso perdido” ainda é um sonho muito distante.
O aperfeiçoamento dos meios de comunicação aproximou os seres humanos, porém não lhes amenizou o individualismo egoísta. As guerras fratricidas por motivos religiosos ou étnicos nos fazem pensar sobre como a influência dos Espíritos de Raça ainda resiste ao impulso unificador do Cristo. A dor e o ódio não foram varridos da face da Terra.
Em resumo, a realização daqueles ideais acalentados pelos Irmãos da Rosacruz depende do esforço abnegado dos homens e mulheres de boa vontade. A caminhada seguramente será muito árdua.
Encontramo-nos em uma fase de transição, nos estertores da Idade de Peixes, caminhando para Aquário. O conflito entre as duas influências é inevitável, provocando toda essa turbulência que observamos no mundo. A onda evolutiva, porém, segue seu caminho, irresistivelmente, e conduzirá a humanidade para uma espiral superior.
Que as rosas floresçam em vossa Cruz
Carregando nossos Fardos: uma razão lógica para persistirmos
Frequentemente somos confrontados internamente com aquilo que se pode parecer que seja mais do que justa a nossa carga de aflições.
Uma vez que nos tornamos conscientes de nossas responsabilidades espirituais, devemos enfrentar e aprender qualquer lição que nos apresente; assim como sublimar os aspectos de nossa natureza inferior que, muitas vezes, sobressai a nossa dianteira; mantendo na liderança com o objetivo de sermos capazes de cumprir com nossas responsabilidades e servir no trabalho mais efetivos na Vinda do Cristo.
De um modo geral, aprendemos mais pelas experiências e observações do que por conselho, uma vez que a natureza inferior é sublimada depois de uma longa batalha. E como aqui é o baluarte da evolução é necessário, para nós, vivenciar muitas e variadas aflições antes que o Cristo Interno desperte por completo.
Lembrando que quaisquer que sejam nossos fardos, não devemos importar o quão doloroso sejam nossas mazelas físicas, mentais e emocionais, pois, sabemos que nada nos é dado além daquilo que conseguimos carregar. O propósito da vida terrestre é a experiência e não o sofrimento, mas, à medida que passamos pelo “sofrimento” devemos aprender a tirar proveito ou lições desta experiência porque sempre nos é dado forças internas e externas de alívio pela lição aprendida.
Se diante das dificuldades, lembrarmos que no Terceiro Céu ao escolhermos o nosso panorama da vida antes de renascermos novamente na Terra estávamos de acordo com o escolhido, certamente, será mais fácil a travessia.
“O nosso horóscopo revela as tendências para características como: gênio forte, procrastinação, ciúmes, melancolia ou uma infinidade de coisas similares que retardam o nosso progresso”. Estas tendências são originadas de condutas de nossas vidas anteriores, mas, cedo ou tarde deveremos transmutá-las. Então, por que não começar a fazê-lo agora?
Não devemos perder nossa paciência ou sermos deprimidos porque simplesmente temos um Aspecto ou um Astro adverso. Na realidade se cedermos a estas adversidades e não procurarmos nos corrigirmos agora, nossa situação será ainda pior nas vidas subsequentes. Lembrando que os Aspectos adversos de hoje podem se tornar: Conjunções benéficas, Sextis ou Trígonos na vida seguinte. E como aspirantes aos ensinamentos rosacruzes é dever nosso transmutar nossos atributos adversos em positivos.
Portanto, quanto mais nos esforçamos para vencer estas tendências, mais rápido deixaremos de ser dominados pelo temor que nos paralisa em nossas ações. E assim, nos fortalecemos para resolver toda dificuldade e aprender as lições colocadas diante de nós.
A ajuda espiritual estará sempre disponível para o estudante sincero. Os Irmãos Maiores estão ansiosos por ajudar a humanidade a livrar-se de todo empecilho para o progresso espiritual.
A maioria de nós tem feito preces em momentos de desespero, suplicando por ajuda, e muitas vezes, tem recebido; mas não é necessário esperar que estejamos aflitos. Quando vislumbramos uma prova ou uma situação que já estejamos passando é legítimo solicitar ajuda; mas também é de grande importância ter nossas orações de gratidão e devoção ao Pai.
Obviamente, é menos doloroso enfrentarmos nossas provas conscientemente sabendo que podemos contar com ajuda Divina, que fazê-lo sem ter a consciência de poder utilizar desta ajuda.
Devemos nos esforçar por passar com coragem pelas aflições e aprender com elas, porém, sempre alertas, já que a tentação estará às espreitas com vários disfarces para que a menor falha sejamos suas vítimas. As tentações resistidas representam progresso; as tentações sucumbidas representam novas provas e aflições e assim será até que tenhamos aprendido a lição e nos purificamos.
“A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” – (Lc 12:48). Esta passagem está em conformidade com a nossa capacidade de superar obstáculos e aprender as lições, e também nos dá a capacidade de compartilhar nosso conhecimento, nossas bênçãos e o amor com os demais.
Se somos parte integrante de um Deus magnífico, misericordioso e de cuja imagem somos feitos; como poderemos permitir-nos, por um só momento, que sejamos abandonados diante de tantas aflições e que não sejamos dignos de suportar tanto sofrimento?
Quais são nossos pesares diante de um sacrifício anual que o Cristo faz por nós?
Sejamos determinados em empregar o melhor de nossa capacidade para viver nossos obstáculos diários conservando nossos corações cheios de amor e gratidão e nossas mentes e emoções concentradas no grande exemplo da mais perfeita vida existente na Terra: Jesus-Cristo.
“Que as rosas floresçam em vossa cruz”
O Orgulho: nada nos torna mais duro e mais cego; nada nos é mais funesto ao nosso progresso espiritual
Dissemos que o tripé em que fundamos a verdadeira renúncia é a: sobriedade, humildade e castidade. Já falamos da sobriedade e hoje abordaremos a questão da humildade, que, por associação, atrai seu antônimo: o ORGULHO.
Paralelamente à gula, o que mais é de recear no ser humano é o orgulho e a sede das riquezas. Nada o torna mais duro e mais cego do que exagerar o seu valor pessoal. Nada lhe é mais funesto ao progresso espiritual e à saúde do que estar de posse de grandes riquezas, a menos que seja um caráter excepcional, capaz de usá-las como quem administra os bens do Senhor.
Nada torna mais impróprio de triunfar numa provação do que viver no luxo e na adulação. Os grandes deste mundo não imaginam quanto mais perto estão do abismo do que os humildes. O seu poder terrestre os embriaga. Uma vez nas alturas, eles não procuram mais do que aumentar o seu campo de domínio, em lugar de se esforçarem unicamente em praticar o bem em face dos pequenos. Mas que quedas estrondosas, quando se realiza a palavra da Escritura: “Depôs do trono os poderosos e elevou os humildes”- (São Lucas, 1:52).
“Quem julgas tu que é o maior no Reino dos Céus? ” – Perguntava a Cristo Jesus os seus discípulos. E, chamando Jesus um menino, o pôs no meio deles e disse: “Na verdade vos digo, que, se vos não converterdes, e vos não fizerdes como meninos, não entrareis no Reino dos Céus”- (São Mateus, 18:1-3).
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas… Ai de vós condutores cegos, porque sois semelhantes aos sepulcros branqueados que, parecem por fora formosos aos homens, e por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de podridão… AqueIe que se elevar, será humilhado e aquele que se humilhar, será elevado” – (São Mateus, 23:27).
“Aquele que quiser ser o maior entre vós esse seja o que vos sirva. E o que entre vós quiser ser a primeiro seja esse vosso servo. Assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir” – (São Mateus, 20: 26-28).
“Mas ai de vós, os que sois ricos, porque tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque vireis a ter fome. Ai de vós, os que rides, porque gemereis e chorareis” – (São Lucas, 4:24-25).
“É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no Reino dos Céus” – (São Mateus, 19:24).
“De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma? “- (São Mateus, 16:26).
“Amontoai para vós tesouros no céu, onde não os consome a ferrugem nem a traça e onde os ladroes não os desenterram nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, estará também o teu coração” – (São Mateus, 6:20-21).
E para que seus discípulos compreendessem bem a onipotência da pobreza e o exemplo divino que se deve dar, Cristo Jesus dizia-lhe: “As raposas têm covis e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde pousar a cabeça” – (São Mateus, 8:20).
Depois, quando ele os enviou a cumprir a sua missão evangélica, fez-lhes a seguinte recomendação: “Dai de graça o que de graça recebestes. Não possuais ouro, nem prata, nem dinheiro nos vossos cintos. Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento” – (São Mateus, 10:9-10).
Aqueles que erram por orgulho, os que gozam egoisticamente as suas riquezas, preparam para si as piores atribulações e os mais duros sofrimentos.
E quando se trata para eles de vencer uma provação, raro percebem o remédio, isto é, o renunciamento a aplicar, porque o orgulho com os seus satélites: a vaidade, a sede de consideração, a pretensão, o desdém, introduz-se no mais profundo do ser e a cegueira sobre as suas taras de caráter, as suas responsabilidades e os seus erros. Quantas pessoas caem no insucesso e na desgraça, porque entende não deverem reduzir, em coisa alguma as suas ambições e os seus gozos! Como são raras as pessoas, suficientemente clarividentes, que se tornam pequenas diante da provação, que examinam a extensão das suas ignorâncias, de suas incapacidades, numa palavra, que façam ato de humildade!
Depois do amor do próximo, a humildade é a virtude cristã fundamental.
Assim não nos devemos admirar de ver que a humilhação é o grande remédio que a providencia emprega para por a prova os orgulhosos e os ricos, demonstrando-lhes a vaidade de suas vantagens e de seus bens materiais, para conservar a saúde do corpo e a paz da alma. Com efeito, para que servem o dinheiro e a celebridade, quando se avilta o organismo e conspurca o espírito?
“O Senhor guarda aqueles que são simples: fui humilhado, por ele fui salvo” – (Salmos, 114). “Foi bom para mim que vós me tivésseis humilhado para assim conhecer a Vossa justiça” – (Salmos: 118).
A humildade é grande fonte de felicidade, poderoso meio de progresso, remédio heroico contra todos os sofrimentos corporais e as feridas de amor próprio. “A humildade é o unguento que faz fechar todas as feridas” (S. Teresa).
A humildade é, com a oração, o meio mais firme de ser exalçado. “Humildade, humildade, clamava Santa Teresa, é por ela que o Senhor cede a todos os nossos desejos”.
Ser humilde é primeiramente tornarmo-nos muito pequenos, até chegarmos a zero, considerando a insuficiência da nossa inteligência, as lacunas de nosso saber, as faltas que cometemos. É darmos conta em seguida que tudo a que podemos realizar de bem, foi Deus que o realizou por nós e que o nosso papel está limitado a apresentarmo-nos no estado de dóceis instrumentos, porque nada temos de bom que seja nosso e nenhum bem praticamos que o não tenhamos recebido do Pai! “Sim, é uma grande verdade que nada temos de bom que seja nosso, e que a miséria, o nada, são o nosso quinhão. Aquele que isto ignora, caminha na mentira” – (S. Teresa, T. VI, p. 265).
Ser humilde é não procurar quaisquer honras deste mundo, é esforçar-se por passar despercebido, é ficar em último lugar, é conduzir-se como Cristo pediu: “Quando fores convidado para alguma boda, não vás ocupar o primeiro lugar, porque pode ser que esteja ali outra pessoa mais considerada do que tu, convidada pelo dono da casa. E que, vindo este, que te convidou a ti e a ele, te diga: ‘Dá o teu lugar a este’; e tu envergonhado vas ocupar o último lugar. Mas, quando fores convidado, ocupa o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ‘Amigo, assenta-te mais acima’. Servir-te-á isto, então, de gloria na presença dos que estiverem juntamente assentados a mesa. Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo a que se humilha será exaltado” – (São Lucas, 14:8-12).
Ser humilde é abster-se de enumerar os seus méritos e não pensar senão em colocar-se na atitude do pobre pecador: “subiram dois homens ao templo para orar, um fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Graças te dou, meu Deus, porque não sou como os outros homens, que são uns ladrões, uns injustos, uns adúlteros, como é também este publicano. Jejuo duas vezes por semana; pago o dizimo de tudo o que possuo’. E o publicano, pelo contrário conservando-se afastado, não ousava mesmo levantar os olhos para o Céu; mas batia no peito dizendo: ‘Ó Deus, tende piedade de mim, que sou um pecador’. Digo-vos que este voltou para casa justificado e não o outro; porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado” – (São Lucas, 18:10-15).
Ser humilde é cumprir o seu dever, sem esperança de recompensa, é ajudar os fracos, os ingratos, os pobres, numa palavra: todas as pessoas que são incapazes de dar-vos valor, de recompensar-vos ou de agradecer-vos. “Evitai fazer as vossas boas obras diante dos homens com o fim de serdes vistos por eles; doutro modo, não tereis recompensa de vosso Pai, que está nos Céus” (São Mateus, 6:1). “Quando deres algum banquete, convide os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás bem-aventurado porque esses não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos” – (São Lucas, 14:13-14).
Ser humilde é tratar de se contentar com coisas simples, no que diz respeito a conforto, a alimentação e a vestuário. “Por amor de Nosso Senhor, eu vos suplico, minhas irmãs e meus padres, evitai sempre as casas grandes e suntuosas. Como é comovente, minhas filhas, construir grandes casas, com os bens dos pobres. Quanto menos houver num convento, mais eu estou tranquila. Procurai sempre contentar-vos com o que há de mais pobre, tanto para o vestuário como para a alimentação. De outra fora, vós tereis muito que sofrer, porque Deus não proveria as vossas necessidades e perdereis a alegria do coração. E tornamo-nos senhores de todos os bens deste mundo, desprezando-os” – (Sta. Tereza).
Ser humilde é recusar-se a submeter à justiça dos seres humanos aqueles que vos perseguem. Se nos humilhamos e se renunciamos a nós mesmos, fazendo o sacrifício da reparação terrestre, maior será a reparação espiritual e mais eficaz será a proteção de que se beneficiará, porque Deus pune duramente os ataques de que os justos são o objeto. “Se for possível e se isso depender de vós, conservai-vos em paz com todos os seres humanos. Não vos vingueis vós mesmos, meus muito amados, mas deixai atuar a justiça de Deus, porque está escrito: ‘Para mim o julgamento; sou eu quem retribuirá’, disse o Senhor. Mas, se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; e se tiver sede, dá-lhe de beber; porque procedendo assim são carvões ardentes que tu amontoarás sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” – (São Paulo aos Romanos, 12:18-21).
Ser humilde é, numa palavra, matar dentro de si todo o germe de satisfação orgulhosa e sensual, de forma a chegar a uma perfeita indiferença perante os elogios ou as calúnias. É assim que adquirimos a liberdade interior e que não nos importamos mais ouvir falar de nós, tanto em mal como em bem, como se tal coisa não nos dissesse respeito. “Um ponto pode aborrecer-vos muito, se não vos acautelais. É o dos louvores. Dizem-vos que sois santas, e serve-se de expressões exageradas, que se diriam sugeridas pelo demônio. Nunca deixeis passar semelhantes palavras sem declarar a vós mesmas uma guerra interna. Lembrai-vos de que maneira o mundo tratou Jesus Cristo Nosso Senhor depois de tanto O ter exaltado no dia de Ramos. Pensei na estima que se concedia a São João Batista, a ponto de considerá-lo o Messias, e vede em seguida como e por que motivo lhe cortaram a cabeça. O mundo nunca exalta senão para rebaixar, quando aqueles que exaltam são filhos de Deus. Lembrai-vos dos vossos pecados e supondo que sobre qualquer ponto se diz verdadeiro, pensai que é um bem que não vos pertence, e que sois obrigadas a muito mais. Excitai o receio em vossa alma, a fim de impedi-la de receber com tranquilidade este beijo de falsa paz que o mundo dá. Crede que este século é o de Judas” – (S. Teresa).
“Quando somos humildes, sofremos por ouvir o seu próprio elogio”- (Teresa, T. VI, p. 157). Para sermos verdadeiramente humildes, é necessário ainda destruir em nos qualquer ambição, limitando-nos ao cumprimento rigoroso do dever presente, e abanando o resto aos cuidados da Providência. É ela quem decidirá da utilidade do nosso bom êxito presente e quem fixará a hora da nossa recompensa aqui ou no Além. E graças a este estado de espírito intimamente vivido que tantos santos realizam obras prodigiosas antes e depois da sua morte. Assim, não devemos ficar surpreendidos em ver os grandes místicos serem atormentados pela necessidade de humilhação e a paixão do renunciamento. S. João da Cruz escrevia: “Desprezai-vos a vós mesmos e desejai que os outros vos desprezem. Para chegardes a possuir tudo, tratai de nada possuirdes. Para chegardes a ser tudo, procurai nada serdes. Porque para alcançar o Todo deveis renunciar completamente a tudo. Neste desprendimento o espírito encontra a sua tranquilidade e o repouso. Profundamente estabelecido no centro de seu nada, não poderia ser oprimido por aquilo que vem debaixo e, nada mais desejando, o que vem de cima não o fatiga; porque os seus desejos são a única causa de seus sofrimentos”.
Na prática, a extinção de todo desejo deve compreender-se como a restrição do esforço ao cumprimento do dever cotidiano. Passar uma vida regrada, simples, reta e útil sem se preocupar nem com o passado, nem tão pouco com o futuro; abandonando-se humildemente a direção da Providência Divina quanto ao restante, tal como o faria um animal de carga, tal é a verdadeira concepção mística da vida.
A humildade, na vida corrente, poderá exercer-se, suportando com paciência as desavenças, as injúrias e os sofrimentos, comportando-se a respeito de todos com benevolência e doçura sem limites. São Francisco de Assis era a doçura, a pobreza e a humildade personificadas. Não teriam fim os inumeráveis exemplos de doçura e de humildade dados pelos Santos, porque todos se esforçavam para realizar o melhor que puderam o grande exemplo de Cristo. “Pois eu estou no meio de vós outros assim como o que serve” – (São Lucas, 22:27). “Eu sou manso e humilde de coração” – (São Mateus, 11:28).
Da humildade decorre ainda outro renunciamento: é aquele que consiste em recusarmo-nos a julgar os outros. O melhor meio de nos exercitarmos, é, primeiramente, obrigarmo-nos a nunca dizer mal do próximo. “Não julgueis, e não sereis julgados; nada condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á; no vosso seio vos meterão uma boa medida de que vós vos servirdes para os outros, tal será a que servirá para nós” – (São Lucas, 5:37-38).
Depois, em presença da nossa indignidade, das nossas fraquezas pessoais e da infinita bondade de Deus, é preciso apagarmos a personalidade e destruirmos em nós todo o germe de ódio, rancor, vingança. Para obtermos o próprio perdão, é necessário começarmos por concedê-lo aos outros. Todas as vezes que a nossa vida está em perigo duma maneira assustadora, é preciso deixarmos a Deus o cuidado de nos proteger e orarmos pelos perseguidores, porque a injúria feita a um justo é sempre motivo para terríveis sanções. Todas as vezes que cometemos um erro, é preciso repararmo-lo e impormo-nos a humilhação de o pagarmos. Todas as vezes que quem ofende sinceramente se arrepende, devemos perdoar-lhe sem hesitar.
“Vós tendes ouvido o que se disse: olho por olho, e dente por dente. EU, porém, digo-vos que não resistais ao que vos fizer mal… E ao que quer demandar-te em juízo e tirar-te a túnica, larga também a tua capa. Dá a quem te pede… Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e vos caluniam. Para serdes filhos de vosso Pai que estais nos Céu, que faz nascer o Sol sobre os bons e maus. Sede, então, perfeitos, como também o vosso Pai celestial é perfeito” – (São Mateus, 5:38-48).
“Mas quando vos levantardes para orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai, que estás nos Céus, vos perdoe vossos pecados” – (São Marcos, 11:25).
“Se teu irmão pecou contra ti, repreende-o; e se ele se arrepender perdoa-lhe. Se ele pecar sete vezes no dia contra ti, e que sete vezes no dia te vier buscar dizendo: eu me arrependo; perdoa-lhe” – (São Lucas, 17:3-4).
O apagamento da personalidade a que conduz a humanidade destrói em nós não só o egoísmo, mas faz-nos ainda conhecer melhor a fragilidade dos laços que nos ligam neste mundo a todos aqueles a quem amamos. O perfeito desprendimento, com efeito, não dá mais lugar em nós do que a um pensamento dominante; cumprir a vontade de Deus. Isso não significa, de forma alguma, que seja preciso confinarmo-nos numa reserva egoísta, nem numa insensível frieza. Pelo contrário, devemos trabalhar com a melhor das vontades por nossos pais, sacrificarmo-nos acima de tudo pelos filhos, amarmos o próximo de todo o coração e prestarmos a melhor das atenções aos nossos amigos; mas, conservando o pleno abandono na Providência Divina, isto é, com a ideia sempre presente que a afeição, a estima e a vida dos parentes e dos amigos podem-nos ser retiradas a todo o momento. É preciso chegar, pois, a destruir em nós toda a raiz egoísta de afeição terrestre e aprendermos a amar profundamente com o estado de espírito de renunciamento completo que faz passar os deveres do Céu, à frente das preocupações terrestres. Foi o que Cristo claramente significou quando deixou seus pais para ficar em Jerusalém no Templo, no meio dos doutores, e quando respondeu a sua mãe que se afligia com a sua ausência: “Por que me procurais? Não sabeis que importa ocupar-me das coisas que são do serviço de meu Pai?” – (São Lucas, 2:49).
Quando estamos bem compenetrados desta obrigação do sacrifício de todas as afeições terrestres, a perda das consolações mais ternas e dos seres mais caros não causa tanto as crises de abatimento profundo e de violento desespero que tão facilmente desequilibram o corpo e o espírito das almas presas aos bens deste mundo. Quando se sabe que a morte não é mais do que uma etapa normal para a vida sobrenatural; que a comunhão imaterial dos vivos e dos mortos é uma realidade; que Deus, na sua paternal bondade, nunca nos abandona; que a ressurreição para uma vida nova é uma certeza, então compreende-se que o melhor meio de honrar os mortos, de os ajudar ou ainda de receber úteis inspirações, não é passar o tempo em estéreis lamentações; mas, unicamente, orar por eles e, sobretudo trabalhar por realizar em si e à volta de si o Reino de Deus. E para edificarmos este Reino de Deus, não há outra coisa a fazer senão aceitarmos com fé os renunciamento diários e ligarmo-nos sem demora à execução dos deveres presentes de correção, de bondade e de trabalho. Nenhuma coisa faz nos desviar desta estrita obrigação de prepararmos o futuro, sem nos demorarmos no passado. Ao discípulo que lhe dizia: “Senhor, permite-me ir primeiramente sepultar meu pai” Cristo Jesus respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos” – (São Mateus, 8:21-22).
“E tu, vais, e anuncia o Reino de Deus” – (São Lucas, 9:60). Outro lhe disse: “Eu Senhor seguir-te-ei, mas, permite-me, primeiramente, dispor dos bens que tenho em minha casa”. Cristo Jesus respondeu-lhe: “Todo aquele que põe a mão ao arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus” – (São Lucas, 9:61-62).
Então, quando se realizar em si estas necessárias amputações do espírito de personalidade, Deus nos poupará as provações e nos acumulará com os seus favores, muitas vezes mesmo já neste mundo. Além disso, tornamo-nos poderosamente fortes, desde que tomamos o nosso único ponto de apoio em Deus e o nosso único auxílio n’Ele, aceitando o pensamento de ficarmos privados, na desgraça do socorro e das afeições de todos os nossos. Foi por isso que Cristo disse ainda: “Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Aquele que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. O que acha a sua alma perdê-la-á e o que a perder por mim, achá-la-á” – (São Mateus, 10:37).
(Revista Serviço Rosacruz – 04/65 – fraternidade Rosacruz – SP)
Desejo e Apego: os cuidados do Aspirante à Vida Espiritual
No Novo Testamento, Cristo afirma: “Eu não sou deste mundo, como vós deste mundo não sois” (Jo: 17-16). Significa que aqui estamos apenas de passagem; que este mundo deve ser encarado como uma escola, um meio de aprendizagem e que, portanto, sua duração é efêmera. Vivemos num plano onde predomina a impermanência. Tudo é fugaz e nada tem razão de ser nosso objeto de desejo e apego, nem deve servir de base para a definição de nossos valores pessoais.
O apego é o resultado de nossa identificação com o mundo e com suas coisas. Quando nos tornamos conscientes da transitoriedade da forma e de sua sedução, o apego diminui. O desapego permite observarmos os acontecimentos em vez de ficarmos presos dentro deles.
Há várias formas de apego muito óbvias e notórias, como por exemplo, apegar-se a bens materiais, a dinheiro, roupas, objetos, à fama, ao poder, a cargos remunerados ou honoríficos, à familiares (não significa que não devamos amá-los, protegê-los e apoiá-los). Mas também há formas mais sutis, quase imperceptíveis para quem convive com a pessoa ou até para a mesma. Trata-se de apego a ideias, hábitos, emoções, padrões de comportamento que já não acrescentam mais nada à nossa evolução. Talvez estejamos bloqueando nossa Mente à entrada de novos conceitos e visões de mundo.
Por que isso acontece? Qual a razão desse apego a ideias e coisas concretas?
Simplesmente porque o ser humano se identifica com elas. Quando renascemos, representamos ou encenamos um papel no palco da vida perante o mundo e às pessoas. Quando lhe perguntam quem ele é, responde, por exemplo, nestes termos: “Sou fulano de tal, brasileiro, casado, católico, economista, natural de São Paulo, etc”. Mas isso é um equívoco. A verdade não é bem essa. Ele não é nada disso, porém se identifica com tudo isso. É apenas a manifestação do Ego no mundo visível, é a maneira como ele se apresenta aos olhos do mundo.
A identificação e o consequente (ou inconsequente) apego são algumas das razões do sofrimento aqui no Mundo Físico. É o que acontece quando há identificação com o Corpo Denso que, nasce, se desenvolve, decai e morre. Há que cuidar dele, por meio de uma boa alimentação, exercícios físicos e hábitos saudáveis. Ele é o templo sagrado do Espírito, porém não é o espírito, a verdadeira essência. Os casos de baixa autoestima com o corpo ou com a aparência são sinais evidentes de identificação. Acontece muito nos casos de obesidade e de problemas na pele. A pessoa sofre porque se imagina daquele jeito, identificando-se justamente com o que lhe traz sofrimento. Sua autoimagem é negativa. Na realidade somos muito mais do que nossa aparência corporal. Somos mais importantes do que nossas características físicas, do que nossos pensamentos e emoções.
É preciso entender que quando o corpo começa a perder seu viço, a luz da consciência consegue brilhar mais facilmente através da forma que extingue aos poucos. Livre-se de sua crosta e o diamante resplandecerá mais.
Que as Rosas floresçam em vossa cruz
A Palavra: há que se cuidar em usá-la, pois origina-se da sua força sexual criadora
Mesmo ante os impropérios, mesmo sofrendo ante a incompreensão humana, faze bom uso da palavra, a qual tem o poder de criar, por originar-se da força criadora. Portanto, pondera sobre o que disseres, porque algo estará gerando benéfico ou maléfico, correspondendo ao emprego que fizeres desse dom maravilhoso.
“Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que dela sai” (Mt, 15; 11), afirmou o Cristo.
Que estas palavras do Mestre permaneçam gravadas com letras de fogo em teu coração, para que venhas a compreender que tudo aquilo que de ti emana deve sempre expressar Harmonia e Amor. Expressando a Harmonia sintonizar-te-ás com as Leis Divinas, cooperando eficazmente com os Irmãos Maiores na grande obra de regeneração humana. O Amor faz florescer o sentimento de fraternidade, o qual integra o ser humano a Deus. “Deus é Luz, e se andarmos na Luz, como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os outros” (Rm 5; 9).
Seja a palavra que sai de tua boca, a decisão sábia dos três ministros que regem teu mundo interno: o discernimento, a consciência e a serenidade. Confia-lhes a administração dessa riqueza extraordinária, cujos frutos reverterão a favor do Espírito.
Faze de tua palavra uma semente pujante, germinando no solo árido dos corações entenebrecidos pela ignorância e pelo ódio. E então, te regozijarás vendo tantos solos agrestes adquirirem o verdor da elevação espiritual.
Faze de tua palavra o bálsamo que alivia todos os peitos opressos pela dor, seres que em vidas passadas esquivaram-se à luz, e hoje fogem desesperados, das trevas que as encadeiam.
Faze de tua palavra o perfume dulcíssimo que aromatiza os ambientes petrificados pelo medo, carentes de ternura, agitados pela dúvida, torturados pela angústia. Que a tua palavra tenha força suficiente para suavizar tanta amargura. Nunca seja ela portadora do veneno da crítica, nem do fel da injúria, pois fatalmente acabarás também sucumbindo, agitado por estas distorções do sentimento.
Se as circunstâncias te obrigam a falar energicamente, em repreensão a alguma falta cometida, faze-o em tom respeitoso, jamais com a intransigência de uma censura, porém, demonstrando com sapiência e bom senso, não a ignomínia do erro, mas a nobreza da virtude. Procura vislumbrar o bem em todas as coisas e poderás constatar a mudança que se operará em torno de ti.
Não te iludas com o falar garboso, coordenado com gestos pré-estudados. Isto é carência de sinceridade. São os juízos falsos da personalidade procurando centralizar atenções, ofuscando a gloriosa essência que em ti reside.
Não se esqueças do antigo, mas sempre atual adágio: “Se o falar é prata, o calar é ouro”. Portanto, se tuas palavras são meros invólucros sem conteúdo, não exprimindo o que em ti há de mais elevado, então, é melhor que te cales.
Seja tua palavra o apelo que exorta alguém a procurar a luz interna, cujo brilho é ofuscado pelo sentido irrealista da vida restrita unicamente ao plano material, onde a ambição desmedida gera o egoísmo, o interesse e a hipocrisia, masmorras sombrias, onde o próprio ser humano permanece agrilhoado.
Vê na palavra algo de grandioso, de belo e de sublime. Não há limites ao sentido caricato que lhe empresta o ser humano comum, tornando-a meio de exteriorização de sentimentos mesquinhos. Dá-lhe uma função correspondente à sua origem sacrossanta. Faze com que ela seja um instrumento adequado ao mister de elevar o gênero humano. Seja ela a expressão viva de teu crescimento interno. Usa-a sempre com sabedoria.
(Revista Serviço Rosacruz – 04/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Reforma de Caráter: o Conhecimento tem que nos tornar religiosos, senão de nada vale
O estudo da Filosofia Rosacruz, além de facultar a aquisição de um conhecimento profundo e lógico sobre a origem, estado presente e futuro desenvolvimento da humanidade e do Universo, pressupõe também algo que consideremos de suma importância: uma reforma de caráter. Se o conhecimento não nos torna religiosos, naquela acepção ampla de religar-nos à nossa essência espiritual, não está atingindo o seu objetivo. Não consideramos o conhecimento como um fim em si mesmo, mas, como uma fonte que nos proporciona meios valiosos de crescimento anímico.
Nossos atos provam o que realmente somos. Podemos nos tornar gradativamente um imenso repositório de ensinamentos rosacruzes, e podemos até expô-los publicamente de uma maneira brilhante, porém, se não procurarmos vivê-los em essência, sentindo as verdades que encerram, seremos quanto muito, intelectuais. O empenho sincero no sentido de uma transformação interna determina a utilização que fazemos dos ensinamentos espirituais. Estes, só tem valor quando serve ao aperfeiçoamento do caráter, despertando sentimentos de amor, altruísmo, compreensão, sacrifício, disciplina, dever, etc.
Em via de regra, os seres humanos deixam o plano terreno quase com o mesmo caráter com que a ele adentraram. Ligeiras transformações se observam, porquanto a Lei de Consequência, através do látego da dor, demonstra cabalmente que o salário do pecado é a morte. Infelizmente, as experiências dolorosas constituem o meio padrão de aperfeiçoamento moral da quase totalidade do gênero humano. Este processo regenerativo é lento, pois, não decorre de uma vontade própria, consciente de renovação interna. Poucos são aqueles que reconhecendo os próprios erros e defeitos, dispõem-se corajosamente a transmutá-los em virtude. Estes poucos, sempre se constituíram nos vanguardeiros da raça humana. Nunca é demais repetir que a evolução é o resultado de um esforço persistente. Tal esforço dever ser consciente e incomensurável, pois a mais renhida batalha que podemos travar é contra nossa própria natureza inferior. São Paulo, o apóstolo, reconhecia perfeitamente a natureza dessa luta contra nossos inimigos internos ao afirmar: “Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo”- (Romanos – cap. 7-19). Transformação interna demanda boa vontade e aplicação de conhecimento. Max Heindel sempre insistia em que a única salvação é o conhecimento aplicado. Reforma de caráter é conhecimento aplicado. Convém lembrar que caráter é destino.
Podemos e devemos modificar o nosso caráter, aprimorando-o. Lograremos êxito em tal mister, se inteligente e diligentemente procurarmos descobrir onde residem nossas falhas e como poderemos, paulatinamente, saná-las. Procuremos aquilatar a extensão dos nossos defeitos para encontrarmos os meios de cultivar as virtudes diametralmente opostas.
Podemos engendrar um destino melhor, se nos propusermos a modificar nosso caráter. Os meios estão ao nosso alcance, e se não o utilizarmos é porque somos vencidos pela inércia e pelo comodismo. Renovemo-nos, “tornando-nos dia a dia melhores homens e mulheres, a fim de sermos utilizados como colaboradores conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores, a serviço da humanidade”.
Não resta a menor dúvida que reforma de caráter exige um esforço racional!
(Revista Serviço Rosacruz – 05/68 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Mensagem Otimista: Lembre disso todos os dias e melhore seus valores na vida
Sê otimista! Não te deixes perturbar pelos obstáculos quotidianos. Encara-os com coragem e contorna-os serenamente. A calma e o bom senso são meios eficientes para afastar as nuvens negras que toldam seu semblante. Se algo te atormenta, procura averiguar de onde provém. Por certo será criação tua através do uso negativo que fizeste da palavra ou do pensamento. Procura a causa de teus males e tenta eliminá-los racionalmente.
Ninguém pode viver bem sem equilíbrio, portanto, se caíres ante as provas, não te desespere. Tu és parcela de Deus e forças novas te reerguerão novamente. Enquanto permaneceres convicto de que és espírito, nada poderá derrubar-te, porém se te limitares ao sentido efêmero desta vida material serás sempre presa fácil da tristeza, do desânimo, do ódio e de uma infinidade de sentimentos mesquinhos.
Não maldigas as duras lutas que a vida te impõe. Elas constituem meios de tua elevação espiritual, sacudindo o pó de tua consciência embotada, arrancando-te da inércia que te acorrenta, despertando-te para a vida espiritual, criando dentro de ti novos anseios, ideais elevados, culminando pelo desabrochar do Cristo Interno. Assim, procura enxergar a vida através de um prisma diferente, que imprima em teu ser a coragem de lutar e a esperança, sempre a esperança, mesmo ante os maiores revezes.
Os problemas que surgem diariamente não devem ser encarados como dificuldades a superar, mas sim como oportunidade de agir. A ação bem dirigida, o trabalho executado com finalidade construtiva e o labor altruísta formam um poderoso dínamo que, inevitavelmente, preserva o equilíbrio em tua vida. Nunca estejas ocioso, pois assim permanecendo, as preocupações logo te assaltaria advindo o pessimismo, o medo, a angústia; estas tenebrosas paixões que te intoxicam espiritual e fisicamente. Não te deixes dominar por elas, mas subjuga-as. Os seres humanos dividem-se em duas grandes classes: as dos ocupados e a dos extremamente preocupados. Enquadra-te na primeira.
Não te esqueças que cada momento é precioso no sentido de criares novas causas que determinem um porvir mais elevado. Por conseguinte, semeia o bem a cada instante, através do serviço amoroso e desinteressado para com o próximo. Esta é a magna chave do crescimento anímico. Utilize-a sempre.
Não desperdices teu tempo com futilidades. Emprega-o inteligente e altruisticamente em benefício daqueles que carecem de ajuda. Cada minuto aproveitado em obra de tal envergadura representa um grande passo na senda evolutiva. Já imaginaste o que poderia ser realizado em apenas um minuto? Num ínfimo espaço de tempo como este, poder-se-ia realizar algo cuja grandiosidade estender-se-ia até por muito tempo. Uma simples, porém sincera e calorosa palavra de estímulo pronunciada em alguns poucos segundos, pode até evitar uma tragédia. São múltiplas as maneiras de servir, importando apenas o sentimento que dinamiza tal ação.
Não olvide este velho adágio: “Quem enxuga lágrimas alheias, não tem tempo para chorar”. Assim, alimentando ideais elevados, dedicando-te ao sublime mister de servir a humanidade, indicando-lhes um meio de elevação espiritual, colocar-te-ás numa posição em que as coisas passageiras deste mundo não mais te afetarão, pois estarás harmonizando com as Leis Divinas. Então, poderás afirmar como o apóstolo Paulo: “Não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”.
(Revista Serviço Rosacruz – 03/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)