Arquivo de categoria Método para Adquirir o Conhecimento Direto

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Desejo e Apego: os cuidados do Aspirante à Vida Espiritual

Desejo e Apego: os cuidados do Aspirante à Vida Espiritual

No Novo Testamento, Cristo afirma: “Eu não sou deste mundo, como vós deste mundo não sois” (Jo: 17-16). Significa que aqui estamos apenas de passagem; que este mundo deve ser encarado como uma escola, um meio de aprendizagem e que, portanto, sua duração é efêmera. Vivemos num plano onde predomina a impermanência. Tudo é fugaz e nada tem razão de ser nosso objeto de desejo e apego, nem deve servir de base para a definição de nossos valores pessoais.

O apego é o resultado de nossa identificação com o mundo e com suas coisas. Quando nos tornamos conscientes da transitoriedade da forma e de sua sedução, o apego diminui. O desapego permite observarmos os acontecimentos em vez de ficarmos presos dentro deles.

Há várias formas de apego muito óbvias e notórias, como por exemplo, apegar-se a bens materiais, a dinheiro, roupas, objetos, à fama, ao poder, a cargos remunerados ou honoríficos, à familiares (não significa que não devamos amá-los, protegê-los e apoiá-los). Mas também há formas mais sutis, quase imperceptíveis para quem convive com a pessoa ou até para a mesma. Trata-se de apego a ideias, hábitos, emoções, padrões de comportamento que já não acrescentam mais nada à nossa evolução. Talvez estejamos bloqueando nossa Mente à entrada de novos conceitos e visões de mundo.

Por que isso acontece? Qual a razão desse apego a ideias e coisas concretas?

Simplesmente porque o ser humano se identifica com elas. Quando renascemos, representamos ou encenamos um papel no palco da vida perante o mundo e às pessoas. Quando lhe perguntam quem ele é, responde, por exemplo, nestes termos: “Sou fulano de tal, brasileiro, casado, católico, economista, natural de São Paulo, etc”. Mas isso é um equívoco. A verdade não é bem essa. Ele não é nada disso, porém se identifica com tudo isso. É apenas a manifestação do Ego no mundo visível, é a maneira como ele se apresenta aos olhos do mundo.

A identificação e o consequente (ou inconsequente) apego são algumas das razões do sofrimento aqui no Mundo Físico. É o que acontece quando há identificação com o Corpo Denso que, nasce, se desenvolve, decai e morre. Há que cuidar dele, por meio de uma boa alimentação, exercícios físicos e hábitos saudáveis. Ele é o templo sagrado do Espírito, porém não é o espírito, a verdadeira essência. Os casos de baixa autoestima com o corpo ou com a aparência são sinais evidentes de identificação. Acontece muito nos casos de obesidade e de problemas na pele. A pessoa sofre porque se imagina daquele jeito, identificando-se justamente com o que lhe traz sofrimento. Sua autoimagem é negativa. Na realidade somos muito mais do que nossa aparência corporal. Somos mais importantes do que nossas características físicas, do que nossos pensamentos e emoções.

É preciso entender que quando o corpo começa a perder seu viço, a luz da consciência consegue brilhar mais facilmente através da forma que extingue aos poucos. Livre-se de sua crosta e o diamante resplandecerá mais.

Que as Rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Palavra: há que se cuidar em usá-la, pois origina-se da sua força sexual criadora

A Palavra: há que se cuidar em usá-la, pois origina-se da sua força sexual criadora

Mesmo ante os impropérios, mesmo sofrendo ante a incompreensão humana, faze bom uso da palavra, a qual tem o poder de criar, por originar-se da força criadora. Portanto, pondera sobre o que disseres, porque algo estará gerando benéfico ou maléfico, correspondendo ao emprego que fizeres desse dom maravilhoso.
“Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que dela sai” (Mt, 15; 11), afirmou o Cristo.

Que estas palavras do Mestre permaneçam gravadas com letras de fogo em teu coração, para que venhas a compreender que tudo aquilo que de ti emana deve sempre expressar Harmonia e Amor. Expressando a Harmonia sintonizar-te-ás com as Leis Divinas, cooperando eficazmente com os Irmãos Maiores na grande obra de regeneração humana. O Amor faz florescer o sentimento de fraternidade, o qual integra o ser humano a Deus. “Deus é Luz, e se andarmos na Luz, como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os outros” (Rm 5; 9).

Seja a palavra que sai de tua boca, a decisão sábia dos três ministros que regem teu mundo interno: o discernimento, a consciência e a serenidade. Confia-lhes a administração dessa riqueza extraordinária, cujos frutos reverterão a favor do Espírito.

Faze de tua palavra uma semente pujante, germinando no solo árido dos corações entenebrecidos pela ignorância e pelo ódio. E então, te regozijarás vendo tantos solos agrestes adquirirem o verdor da elevação espiritual.

Faze de tua palavra o bálsamo que alivia todos os peitos opressos pela dor, seres que em vidas passadas esquivaram-se à luz, e hoje fogem desesperados, das trevas que as encadeiam.

Faze de tua palavra o perfume dulcíssimo que aromatiza os ambientes petrificados pelo medo, carentes de ternura, agitados pela dúvida, torturados pela angústia. Que a tua palavra tenha força suficiente para suavizar tanta amargura. Nunca seja ela portadora do veneno da crítica, nem do fel da injúria, pois fatalmente acabarás também sucumbindo, agitado por estas distorções do sentimento.

Se as circunstâncias te obrigam a falar energicamente, em repreensão a alguma falta cometida, faze-o em tom respeitoso, jamais com a intransigência de uma censura, porém, demonstrando com sapiência e bom senso, não a ignomínia do erro, mas a nobreza da virtude. Procura vislumbrar o bem em todas as coisas e poderás constatar a mudança que se operará em torno de ti.

Não te iludas com o falar garboso, coordenado com gestos pré-estudados. Isto é carência de sinceridade. São os juízos falsos da personalidade procurando centralizar atenções, ofuscando a gloriosa essência que em ti reside.

Não se esqueças do antigo, mas sempre atual adágio: “Se o falar é prata, o calar é ouro”. Portanto, se tuas palavras são meros invólucros sem conteúdo, não exprimindo o que em ti há de mais elevado, então, é melhor que te cales.

Seja tua palavra o apelo que exorta alguém a procurar a luz interna, cujo brilho é ofuscado pelo sentido irrealista da vida restrita unicamente ao plano material, onde a ambição desmedida gera o egoísmo, o interesse e a hipocrisia, masmorras sombrias, onde o próprio ser humano permanece agrilhoado.
Vê na palavra algo de grandioso, de belo e de sublime. Não há limites ao sentido caricato que lhe empresta o ser humano comum, tornando-a meio de exteriorização de sentimentos mesquinhos. Dá-lhe uma função correspondente à sua origem sacrossanta. Faze com que ela seja um instrumento adequado ao mister de elevar o gênero humano. Seja ela a expressão viva de teu crescimento interno. Usa-a sempre com sabedoria.

(Revista Serviço Rosacruz – 04/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Reforma de Caráter: o Conhecimento tem que nos tornar religiosos, senão de nada vale

Reforma de Caráter: o Conhecimento tem que nos tornar religiosos, senão de nada vale

O estudo da Filosofia Rosacruz, além de facultar a aquisição de um conhecimento profundo e lógico sobre a origem, estado presente e futuro desenvolvimento da humanidade e do Universo, pressupõe também algo que consideremos de suma importância: uma reforma de caráter. Se o conhecimento não nos torna religiosos, naquela acepção ampla de religar-nos à nossa essência espiritual, não está atingindo o seu objetivo. Não consideramos o conhecimento como um fim em si mesmo, mas, como uma fonte que nos proporciona meios valiosos de crescimento anímico.

Nossos atos provam o que realmente somos. Podemos nos tornar gradativamente um imenso repositório de ensinamentos rosacruzes, e podemos até expô-los publicamente de uma maneira brilhante, porém, se não procurarmos vivê-los em essência, sentindo as verdades que encerram, seremos quanto muito, intelectuais. O empenho sincero no sentido de uma transformação interna determina a utilização que fazemos dos ensinamentos espirituais. Estes, só tem valor quando serve ao aperfeiçoamento do caráter, despertando sentimentos de amor, altruísmo, compreensão, sacrifício, disciplina, dever, etc.

Em via de regra, os seres humanos deixam o plano terreno quase com o mesmo caráter com que a ele adentraram. Ligeiras transformações se observam, porquanto a Lei de Consequência, através do látego da dor, demonstra cabalmente que o salário do pecado é a morte. Infelizmente, as experiências dolorosas constituem o meio padrão de aperfeiçoamento moral da quase totalidade do gênero humano. Este processo regenerativo é lento, pois, não decorre de uma vontade própria, consciente de renovação interna. Poucos são aqueles que reconhecendo os próprios erros e defeitos, dispõem-se corajosamente a transmutá-los em virtude. Estes poucos, sempre se constituíram nos vanguardeiros da raça humana. Nunca é demais repetir que a evolução é o resultado de um esforço persistente. Tal esforço dever ser consciente e incomensurável, pois a mais renhida batalha que podemos travar é contra nossa própria natureza inferior. São Paulo, o apóstolo, reconhecia perfeitamente a natureza dessa luta contra nossos inimigos internos ao afirmar: “Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo”- (Romanos – cap. 7-19). Transformação interna demanda boa vontade e aplicação de conhecimento. Max Heindel sempre insistia em que a única salvação é o conhecimento aplicado. Reforma de caráter é conhecimento aplicado. Convém lembrar que caráter é destino.

Podemos e devemos modificar o nosso caráter, aprimorando-o. Lograremos êxito em tal mister, se inteligente e diligentemente procurarmos descobrir onde residem nossas falhas e como poderemos, paulatinamente, saná-las. Procuremos aquilatar a extensão dos nossos defeitos para encontrarmos os meios de cultivar as virtudes diametralmente opostas.

Podemos engendrar um destino melhor, se nos propusermos a modificar nosso caráter. Os meios estão ao nosso alcance, e se não o utilizarmos é porque somos vencidos pela inércia e pelo comodismo. Renovemo-nos, “tornando-nos dia a dia melhores homens e mulheres, a fim de sermos utilizados como colaboradores conscientes na obra benfeitora dos Irmãos Maiores, a serviço da humanidade”.

Não resta a menor dúvida que reforma de caráter exige um esforço racional!

(Revista Serviço Rosacruz – 05/68 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Mensagem Otimista: Lembre disso todos os dias e melhore seus valores na vida

Mensagem Otimista: Lembre disso todos os dias e melhore seus valores na vida

Sê otimista! Não te deixes perturbar pelos obstáculos quotidianos. Encara-os com coragem e contorna-os serenamente. A calma e o bom senso são meios eficientes para afastar as nuvens negras que toldam seu semblante. Se algo te atormenta, procura averiguar de onde provém. Por certo será criação tua através do uso negativo que fizeste da palavra ou do pensamento. Procura a causa de teus males e tenta eliminá-los racionalmente.

Ninguém pode viver bem sem equilíbrio, portanto, se caíres ante as provas, não te desespere. Tu és parcela de Deus e forças novas te reerguerão novamente. Enquanto permaneceres convicto de que és espírito, nada poderá derrubar-te, porém se te limitares ao sentido efêmero desta vida material serás sempre presa fácil da tristeza, do desânimo, do ódio e de uma infinidade de sentimentos mesquinhos.

Não maldigas as duras lutas que a vida te impõe. Elas constituem meios de tua elevação espiritual, sacudindo o pó de tua consciência embotada, arrancando-te da inércia que te acorrenta, despertando-te para a vida espiritual, criando dentro de ti novos anseios, ideais elevados, culminando pelo desabrochar do Cristo Interno. Assim, procura enxergar a vida através de um prisma diferente, que imprima em teu ser a coragem de lutar e a esperança, sempre a esperança, mesmo ante os maiores revezes.

Os problemas que surgem diariamente não devem ser encarados como dificuldades a superar, mas sim como oportunidade de agir. A ação bem dirigida, o trabalho executado com finalidade construtiva e o labor altruísta formam um poderoso dínamo que, inevitavelmente, preserva o equilíbrio em tua vida. Nunca estejas ocioso, pois assim permanecendo, as preocupações logo te assaltaria advindo o pessimismo, o medo, a angústia; estas tenebrosas paixões que te intoxicam espiritual e fisicamente. Não te deixes dominar por elas, mas subjuga-as. Os seres humanos dividem-se em duas grandes classes: as dos ocupados e a dos extremamente preocupados. Enquadra-te na primeira.

Não te esqueças que cada momento é precioso no sentido de criares novas causas que determinem um porvir mais elevado. Por conseguinte, semeia o bem a cada instante, através do serviço amoroso e desinteressado para com o próximo. Esta é a magna chave do crescimento anímico. Utilize-a sempre.
Não desperdices teu tempo com futilidades. Emprega-o inteligente e altruisticamente em benefício daqueles que carecem de ajuda. Cada minuto aproveitado em obra de tal envergadura representa um grande passo na senda evolutiva. Já imaginaste o que poderia ser realizado em apenas um minuto? Num ínfimo espaço de tempo como este, poder-se-ia realizar algo cuja grandiosidade estender-se-ia até por muito tempo. Uma simples, porém sincera e calorosa palavra de estímulo pronunciada em alguns poucos segundos, pode até evitar uma tragédia. São múltiplas as maneiras de servir, importando apenas o sentimento que dinamiza tal ação.

Não olvide este velho adágio: “Quem enxuga lágrimas alheias, não tem tempo para chorar”. Assim, alimentando ideais elevados, dedicando-te ao sublime mister de servir a humanidade, indicando-lhes um meio de elevação espiritual, colocar-te-ás numa posição em que as coisas passageiras deste mundo não mais te afetarão, pois estarás harmonizando com as Leis Divinas. Então, poderás afirmar como o apóstolo Paulo: “Não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”.

(Revista Serviço Rosacruz – 03/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Ciência e o Amor: postura do aspirante e estudioso da Filosofia Rosacruz

A Ciência e o Amor: postura do aspirante e estudioso da Filosofia Rosacruz

É um fato notável, o de que a técnica e a ciência evoluíram muito, desde meados do século passado, mas o desenvolvimento moral e a força equilibradora do amor não seguiram paralelamente, ficou muito para trás. Com isto, o ser humano recebe recursos materiais, conforto de toda ordem, mas, carecendo de base moral para usar dignamente essas coisas, passa a ser prejudicado por elas. No fundo é esse desequilíbrio que lhe faz mal.

Sendo um ser complexo de espírito, alma e veículos (mental, emocional, etérico e físico), tem que ser atendido globalmente em suas necessidades. O materialismo não leva em conta os fatores extras físicos e daí verificamos que a ilustração apenas, o conhecimento cientifico, será os valores éticos superiores e o conhecimento do ser humano interno, não podem proporcionar-lhe o equilíbrio e felicidade de que prescinde neste mundo. Sabemos de muitos sábios, porém, quantos santos conhecemos?

E quantos seres humanos ocultos se roem na infelicidade e na doença, desconhecendo quase completamente as causas reais de seu desequilíbrio, que provêm da carência moral?
A ciência e a técnica têm se caracterizado pela violência, pela agressividade aos direitos humanos mais sagrados. Elas estabeleceram uma ordem de coisas em que o HOMEM, o Filho de Deus, feito a imagem e semelhança do Criador, herdeiro de todas as promessas bíblicas, foi convertido à força num ACESSÓRIO da máquina, num produtor de lucros, ainda escravo de injustiças sociais. Os Papas da igreja enxergaram e se preocuparam com este estado de coisas; Leão XIII com sua encíclica “RERUM NOVARUM” e João XXIII com suas “PACEM IN TERRIS” e “MATER ET MAGISTRA” lançaram dramático apelo às forças materialistas escravizadoras do ser humano e das nações subdesenvolvidas. E a luta pelo direito humano real e estabelecimento de uma sociedade democrática contínua. Lentamente, nos centros mais despertados, como na cidade de São Paulo, os seres humanos vão tratando de conhecer a tão desprezada e útil disciplina das RELAÇÕES HUMANAS e da FILOSOFIA DA DISCUSSÃO, para chegar ao entendimento do “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS”, após 2.000 anos de lutas e conflitos. Então chegam a compreender a frase de Cristo: “Não vim trazer a paz, senão a espada”.

Os Irmãos Maiores da Rosacruz, vigilantes da evolução humana, perceberam nos Mundos Invisíveis o reflexo antecipado dessa onda de materialismo. E para contrabalançar essa influência desmoralizadora, têm difundido muitos ensinamentos ocultos. No início deste século, por intermédio de Max Heindel – o iluminado mensageiro, iniciado capaz, místico e ocultista – fundaram a Fraternidade Rosacruz com esse fim: preparar cada Aspirante a conhecer devidamente as leis que regem o mundo e o ser humano para, através de seu exemplo e ação em todas as esferas, possa neutralizar a onda materialista; para que eduque seus filhos e oriente sua família e, dentro do respeito ao livre arbítrio, se capacite a influir beneficamente no sentido de fazer compreender a obra de Deus no mundo e vislumbrar Sua Sabedoria em nosso plano evolutivo. Pensou-se que oferecendo esses conhecimentos e educando os poucos que os recebessem, seria possível contrabalancear o materialismo, pelo menos as almas que se acham mais atinadas e que, sem essa ajuda, poderiam ver mui retardada sua evolução, com a influência material.

Com efeito, a base que nossos filhos recebem nas escolas e faculdades é quase sempre materialista, pretensiosa e irreverentemente materialista. A menos que tenhamos conquistado, pelo respeito, nossos filhos, desde pequenos, e passamos neles influir após a puberdade, os efeitos daquela orientação causarão prejuízos maiores ou menores, segundos suas tendências. Quando conseguirão os especialistas, organizados, constituir faculdades reconhecidas em que se ensinem a religião, a arte e a ciência em bases realmente condizentes com as verdades cósmicas, observadas nos mundos superiores? Hão de vir com a aproximação de Aquário.

O certo é que, tendo negado tanto tempo a espiritualidade, muita gerações se ressentem de equilíbrio quando, pela morte se vem privado do Corpo Denso e percebem que continuam existindo, mais conscientes do que antes. E a tuberculose, que tanto grassou entre nós, é uma das causas de crenças materialistas em vidas anteriores.

Como Aspirantes sinceros e estudiosos da Filosofia Rosacruz, temos o dever de andar a par das coisas aí fora, embora sugerimos a conduta apolítica; de incentivar e apoiar o estudo das relações humanas, porque sempre se fundam em bases cristãs; de ler e estudar a psicologia profunda, que encaminha o conhecimento humano para rumos acertados; e, sobretudo, de agirmos como verdadeiros cristãos, coerentemente, em nossas esferas de ação, porque a prática é que demonstra o que entendemos e constitui a mudança, porém, convincente argumentação do que desejamos testificar.

(Revista: Serviço Rosacruz – 03/65 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Renovação: porque devemos nos transformar em novos seres humanos, em novidade de Espírito?

RENOVAÇÃO: porque devemos nos transformar em novos seres humanos, em novidade de Espírito?

 

Renovação é um termo muito empregado na atualidade. Exprime, talvez, o objetivo das lutas que observamos quotidianamente na arena do mundo. À palavra renovação associamos, intuitivamente, outro vocábulo: adaptação. A adaptabilidade é um fator favorável a qualquer tipo de mudança. O ser humano, as estruturas sociais, políticas ou religiosas não podem renovar-se sem a existência dessa faculdade que permite um ajustamento harmonioso as novas condições.
Não podemos negar ou ignorar as transformações que atualmente vem se operando no mundo.

Uma força irresistível impele a humanidade para novos rumos. É o curso natural da evolução. Na natureza tudo progride lenta, mas, seguramente. A inércia inexiste. Contudo, na atualidade esse avanço parece processar-se num ritmo bem acelerado.

Analisando, detida e acuradamente tal fato, parece-nos encontrar-se a humanidade atravessando uma fase de transição para uma nova era. Transformações profundas se avizinham. Isto dá margem a esse clima de insegurança e incerteza observado nos dias de hoje. Alguns conseguem entrosarem-se com facilidade às inovações; outros, porém, preferem conservarem-se refratários a quaisquer movimentos que visem revolucionar o “status quo” vigente. Deparamos, então, com um conflito entre duas facções: os conservadores, representantes das velhas estruturas; e os jovens, desejosos de erigir um novo mundo. Lamentamos o fato destas duas facções permanecerem extremamente radicais e intransigentes em seus objetivos. Eis porque surgem lutas, às vezes, marcadas por derramamento de sangue. Eis porque o diálogo entre velhos e moços, mestres e alunos, pais e filhos, geralmente, resulta em fracasso. Uma facção não reconhece os méritos do outro. Não aceitam um intercâmbio de valores. Há um terceiro caminho conciliador, porém, uma minoria procura trilhá-lo. Os jovens levados pelo seu entusiasmo refutam em utilizar as experiências e o cabedal de conhecimento do polo contrário, como base para as transformações pretendidas. Desejam prescindir de algo que eles mesmos conquistaram em vidas passadas. É impossível fugir dessa realidade. No ímpeto de ganhar terreno tendem, muitas vezes, para a violência. Convenhamos: sobre a violência ninguém edifica coisa alguma, a não ser ódio, misérias e ressentimentos.

Por outro lado, lamentamos profundamente a atitude dos conservadores, pela sua teimosia intransigente em não aceitar a verdade de que tudo na vida é suscetível de uma transformação para melhor. Tudo pode e deve ser aprimorado. Aquilo que não se renova acaba por cristalizar-se, perdendo sua utilidade. Inadaptar-se às novas condições é comodismo, é inercia, é apego a uma rotina agradável, porém sumamente prejudicial. Somos Espíritos, e como tal encontramo-nos acima de estruturas, de formalismos de tradições e convenções. Não devemos nos apegar a ninguém e a nada, a não ser a um ideal elevado que gradativamente nos leve a perfeição.

Pitágoras, de certo modo, tinha razão ao afirmar em seus famosos “Versos Áureos” que “o bem consiste, muitas vezes, no meio termo”. Como aspirantes à vida superior e estudantes de uma profunda filosofia, compreendemos a necessidade de conservarmo-nos sempre dispostos a aceitar todas as inovações edificantes. Não vacilemos em substituir o antigo pelo novo desde que seja para melhorar. Porém, é mister darmos o devido valor àquilo que foi construído no passado, pois constitui-se na base para as conquistas presentes, como estas refletir-se-ão no futuro.

A renovação externa constitui uma necessidade, contudo, encontra-se fundamentada na renovação interna. Jamais uma comunidade sofrerá uma benéfica transformação, se os membros que a compõem não se renovarem internamente. Se não cultivarem as virtudes cristãs, se não aprimorarem o seu caráter, se não agirem como verdadeiros alquimistas, “transformando os metais impuros em ouro”, todas as suas realizações externas levarão a marca de suas imperfeiçoes. Tão somente construirão castelos sobre a areia.

O objetivo primordial de cada um de nós deve ser, antes de tudo, renovar-se internamente. Transformemo-nos, pois em novos seres humanos, em novidade de Espírito.

(Revista: Serviço Rosacruz – 11/68 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Análise do Simbolismo dos Mitos

Uma Análise do Simbolismo dos Mitos


Ao contemplar o progresso da humanidade, encontramos sempre uma tendência pesquisadora que aparece através das idades. Esta tendência é uma busca do Espírito Humano em prol daquilo que, de novo, una o ser humano com seu Pai Celestial. Depois da época que designamos como “a queda do homem”, este instintivamente compreendeu que se estava afastando de seu Criador. Ele mesmo se ausentou de sua fonte até que o anelo de retornar se tornou tão grande que corrigiu seus erros e tomou coragem para retornar a seu Pai Celestial. Esta é a história relatada por Cristo a Seus seguidores sob a forma do Filho Pródigo, que nos narra São Lucas em seu Evangelho.

Nosso presente caminhar de esforço espiritual é determinado por nossas existências passadas, pelo menos em certa medida, e, se desejamos obter uma perspectiva verdadeira de nossos objetivos presentes, devemos familiarizar-nos com os registros dos acontecimentos do passado. As lendas de um povo são importantes em relação a isto. Essas lendas chegam até às origens de nossa consciência e, portanto, estão profundamente submergidas nos corações dos seres humanos. Quando só uma pequena parte da humanidade podia ler, a sabedoria tinha de ser transmitida de uma geração a outra por meio da palavra. Os oradores e cantores iam de cidade em cidade, levando ao povo as notícias dos acontecimentos do dia anterior. Depois, cantavam seus velhos contos e lendas. Isto geralmente tinha lugar nas praças das aldeias, após finalizarem os labores do dia.

Estas lendas, repetidas em forma de canção e de contos através dos anos, foram finalmente escritas para serem legadas à posteridade. Cada nação possui seu próprio acervo destas tradições, que datam de remota antiguidade. Algumas destas lendas foram, sem dúvida, transmitidas a humanidade por seres avançados que, assim, ajudavam-na a despertar a uma consciência superior e maior, dentro do plano de Deus para a evolução do ser humano.
É uma ideia errônea pensar que um mito seja uma ficção criada pela fantasia humana, sem nenhum fundamento de realidade. Pelo contrário, um mito é uma área que contém, às vezes, as mais profundas e preciosas joias da verdade espiritual, pérolas de beleza tão rara e etérea que não podem ser expostas ao intelecto material. Com o fim de resguardá-las e, ao mesmo tempo, deixar que atuassem sobre a humanidade para sua ascensão espiritual, os Grandes Instrutores que guiaram nossa evolução, invisíveis, mas poderosos, deram estas verdades espirituais à nascente humanidade envoltas no pitoresco simbolismo dos mitos, para que pudessem atuar sobre seus sentimentos até o instante em que seu nascente intelecto se tivesse desenvolvido e espiritualizado suficientemente a ponto de, ao mesmo tempo, sentir e conhecer.

A lenda do Santo Graal é uma destas antigas narrativas, assim como as histórias dos Cavalheiros da Távola Redonda. Nossos Ensinamentos nos dizem que alguns desses Cavalheiros foram Iniciados das Escolas de Mistérios que, então, prevaleciam na Europa. Também nos informam que antigamente, durante as assim chamadas Idades Negras (Idade Média), Jesus trabalhou com as Escolas Esotéricas da Irlanda e do norte da Rússia num esforço para difundir, entre os seres humanos, o impulso espiritual. Conta-nos a lenda como os Cavalheiros do Santo Graal guardavam o Cálice do Graal, o cálice utilizado por Cristo Jesus, na Última Ceia. Mais tarde receberam também em custódia a lança que atravessou Seu flanco na Crucificação, quando se consumou a missão para a qual veio a Terra. Estas lendas não podem ser agora demonstradas materialmente, mas são inestimáveis como pontos focais para o Espírito intuitivo em seu esforço por cultivar o lado superior da vida.

James Russel Lowell em seu poema, “A Visão de Sir Launfal”, nos conta a lenda de um dos Cavaleiros que saíram em busca do Santo Graal. Fala-nos com profunda intuição poética da vida de um homem que, depois de muito buscar, aprende por meio da experiência que devemos ser o guardião de nosso irmão. Conclui seu poema com o bem conhecido verso:

 

“A Sagrada Ceia se rememora em verdade naquilo que compartimos na necessidade do próximo;

 

Não o que damos, mas o que compartimos, porque a dádiva sem doador é vazia;
Quem se dá a si mesmo em sua esmola alimenta três: a si mesmo, a seu próximo faminto e a Mim”.

 

Sir Launfal viajou até o fim do mundo para encontrar o Santo Graal, precisamente, na porta de seu próprio castelo. Vemos também que o aspirante a espiritualidade deve ao fim encontrá-la perto de si, em seu próprio coração. Pode ser que isto não se reconheça de momento, porque “ninguém pode reconhecer espiritualmente nos demais até que, em certa medida, a tenha desenvolvido em si mesmo”. Que é a espiritualidade? A ideia de que ela se manifeste somente por meio da oração e da meditação é necessária e essencial para o crescimento da alma; mas quando nossa vida é vivida alegremente no serviço, por amor a humanidade e o fazemos para glória de DEUS, nossa vida inteira se converte em oração.

Cristo Jesus, nosso Guia, andou entre o povo e quando este necessitou de alimento físico alimentou-o. Deu-lhe de Seus ensinamentos e curou os enfermos. No verdadeiro sentido, Ele foi um servidor da humanidade. Quando participamos do Cálice da Comunhão o fazemos em Seu Nome e em memória do serviço que nos prestou.

O Cálice que Cristo Jesus levou aos lábios na última Ceia foi utilizado por José de Arimatéia, na Crucificação para receber o Precioso Sangue de Vida que fluía da ferida do flanco do Salvador. Mais tarde esse Cálice foi dado em custódia aos Anjos e, quando se construiu um castelo – Mont Salvat – um lugar de paz onde toda a vida é sagrada, essa relíquia foi colocada sob a guarda de Cavaleiros castos e santos. Converteu-se, então, no Centro de onde fluem poderosas influências espirituais.

(Revista: Serviço Rosacruz – 08/69 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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