Arquivo de categoria Método para Adquirir o Conhecimento Direto

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Purificação Interna: à base de realizar a obra da evolução de si mesmo, através da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício

Purificação Interna: à base de realizar a obra da evolução de si mesmo, através da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício

“Limpai as mãos, pecadores; e vós de duplo ânimo, purificai os corações” – (Tg 4; 8).

Como sabemos, cada ser humano tem a vida exterior, geralmente conhecida e analisada pelos que o rodeiam e, também a vida íntima, da qual somente ele próprio poderá fornecer testemunho.

É, indiscutivelmente, o mundo interior a fonte de todos os princípios bons ou maus, nos quais todas as expressões exteriores guardam seus fundamentos.

Em geral, todos somos portadores de graves deficiências íntimas, que necessitam de laboriosa retificação. Porém não é tão simples o trabalho de purificar.

Fácil será ao ser humano aceitar verdades religiosas, aderir a esta ou àquela ideologia, entretanto, coisa bem diversa é realizar a obra da evolução de si mesmo, através da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício.

Entendia o apóstolo Tiago, suficientemente, a gravidade do assunto, tanto assim que aconselhava os discípulos no sentido de que limpassem as mãos, quer dizer, retificassem as atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos e, apelava, ainda, que efetuassem, igualmente, a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, conhecido unicamente pelo aprendiz, na profundidade indevassável de seus pensamentos. Procurar, com entusiasmo, a purificação dos nossos sentimentos, pensamentos e atos é, sem dúvida, tarefa que compete a cada um de nós. Muito ajuda tal realização, a prática dos exercícios de retrospecção e concentração, que se encontram nas últimas páginas da obra básica dos ensinamentos Rosacruzes, denominada “Conceito Rosacruz do Cosmos”.

O apóstolo Tiago, companheiro valoroso do Cristo, contudo, não se esqueceu de afirmar que isto é trabalho para os de duplo ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão somente à custa de palavras brilhantes.

(Revista Serviço Rosacruz – 11/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Um exemplo de como é perigoso nos apegarmos a coisas materiais: a Senhora e o efeito de estar apegada a uma bengala

Um Exemplo de como é Perigoso nos Apegarmos a Coisas Materiais: a Senhora e o Efeito de estar Apegada a uma Bengala

“Há alguns anos, uma senhora idosa, velha conhecida da autora, passou para o Reino dos Céus. Tinha alcançado uma idade avançada e sua vida havia sido pura e altruísta; por causa de um corpo frágil, tinha passado muitos anos sentada tranquilamente em meditação.

Quando veio a falecer poderia ser comparada a um fruto muito maduro, que não pode mais manter-se preso à árvore; portanto, o rompimento do Cordão Prateado, que comumente leva três dias e meio, no seu caso, levou menos de três horas.

Durante sua última doença e no seu delírio, ela pedia uma bengala que tinha pertencido a seu marido, o qual já havia passado a uma vida mais elevada vinte anos antes; ela habituou-se a usar essa bengala, desde então. Morreu com a bengala, segurando-a firmemente com ambas as mãos e os parentes ficaram relutantes em separá-la de algo que tanto tinha amado em vida, de tal modo que a bengala foi cremada com seu corpo. Pouco tempo após seu desaparecimento, ela voltou para uma visita a autora; vê-la, foi, na verdade, uma visão magnífica.

Seu Corpo de Desejos consistia somente dos braços, mãos e a cabeça e ela segurava a bengala (que tinha o aspecto tão natural como qualquer bengala de madeira poderia ter) com ambas as mãos. Ela parecia uma leve pena branca tentando levantar voo, porém, presa por uma pedra. Era tão etérea que, se não fosse pela bengala que segurava firme com as duas mãos e que era como um peso a retê-la, teria passado pela região purgatorial do Mundo do Desejo em poucos dias. Quando pedimos a ela que largasse a bengala, segurou-a com força, dizendo: “Não, eu preciso ficar mais um pouco”. A tristeza de uma de suas filhas mantinha-a presa à Terra.

Ela queria muito consolar a filha, mas depois de cerca de seis semanas tornou-se impossível para ela continuar.

A bengala etérica foi vista depois na sua casa, em seu lugar favorito, quebrada em três pedaços, onde ela a havia deixado antes de passar para os planos superiores.”.

(do Livreto Apegados à Terra – de Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz)

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Pilares do Amor: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento

Pilares do Amor: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento

Além do elemento de dar, o caráter ativo do amor torna-se evidente no fato de implicar, sempre, certos elementos básicos comuns a todas as formas de amor. São eles: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.

Que o amor implica cuidado é mais do que evidente no amor de mãe pelo filho. Nenhuma afirmativa sobre seu amor nos impressionaria como sincera se a víssemos sem cuidado para com a criança, se se desleixasse em alimentá-la, banhá-la, dar conforto físico; ao passo que seu amor nos impressiona se a vemos cuidar do filho. O caso não difere mesmo quanto ao amor por animais ou flores. Se uma mulher nos diz que ama as flores e vemos que ela se esquece de regá-las, não acreditamos em seu amor pelas flores. Amor é preocupação ativa e positiva pela vida e crescimento daquilo que amamos. Onde falta esse zelo positivo e ativo não há amor.

O cuidado suscita outro aspecto do amor: o da responsabilidade. Hoje em dia, muitas vezes se entende a responsabilidade como denotando dever, algo imposto de fora a alguém. A responsabilidade, porém, em seu verdadeiro sentido é ato inteiramente voluntário; é a resposta que damos as necessidades, expressas ou não expressas, de outro ser humano. Ser “responsável” significa ter de “responder”, estar pronto para isso. Essa responsabilidade, no caso da mãe e do filho, refere-se, principalmente, ao cuidado das necessidades físicas. No amor entre adultos, refere-se principalmente às necessidades psíquicas da outra pessoa.

A responsabilidade poderia facilmente corromper-se em dominação e possessividade se não houvesse um terceiro elemento do amor, o respeito. Respeito não é medo e temor; denota, de acordo com a raiz da palavra (respicere – olhar para), a capacidade de ver uma pessoa tal como ela é, ter conhecimento de sua individualidade singular. Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como é. Assim, o respeito implica ausência de exploração. Quero que a pessoa amada cresça e se desenvolva por si mesma, por seus próprios modos e não para o fim de servir-me. Se amo outra pessoa, sinto-me um com ela, ou ele, tal como é não como eu necessito que seja para objeto de meu interesse. É claro que o respeito só é possível se eu mesmo alcancei a independência; se puder levantar-me e caminhar sem precisar de muletas, sem ter o dominar e explorar qualquer outro. O respeito só existe na base da liberdade; como diz uma velha canção francesa “l’amour est l’enfant de la liberte”, ou seja: “o amor é filho da liberdade”, nunca da dominação.

Mas não é possível respeitar uma pessoa sem conhecê-la. O cuidado e a responsabilidade seriam cegos, se não fossem guiados pelo conhecimento. O conhecimento, por sua vez, seria vazio se não fosse motivado pelo cuidado e pelo zelo. Há muitas camadas de conhecimento; o conhecimento que é uma camada do amor é aquele que não fica na periferia, mas penetra até o âmago. Só é possível quando podemos transcender o cuidado por nós mesmos e ver a outra pessoa em seus próprios termos. Podemos saber, por exemplo, que uma pessoa está encolerizada, ainda que ela não o mostre abertamente; mas podemos conhecê-la mais profundamente do que isso; sabemos então que ela está ansiosa e preocupada, que se sente só, que se sente culpada. Sabemos então, que sua cólera é apenas a manifestação de algo mais profundo, e vemo-la como ansiosa e preocupada, isto é, como pessoa que sofre em vez de como a que se encoleriza.
O conhecimento tem mais uma relação – mais fundamental – como o problema do amor. A necessidade básica de fusão com outra pessoa de modo a transcender a prisão da própria separação relaciona-se muito de perto com outro desejo especialmente humano, o de conhecer “o segredo do ser humano”. Se a vida em seus aspectos meramente biológicos é um milagre e um segredo, o ser humano, em seus aspectos humanos, é um segredo insondável para si mesmo e para seus semelhantes. Nós nos conhecemos, e, contudo, mesmo apesar de todos os esforços que possamos fazer, não nos conhecemos. Conhecemos nosso semelhante, e, contudo, não o conhecemos, porque não somos uma coisa, nem o nosso semelhante é uma coisa. Quanto mais penetramos nas profundezas de nosso ser, ou do ser de outrem, tanto mais nos escapa o alvo do conhecimento. Não podemos, todavia, evitar o desejo de penetrar no segredo da alma do ser humano, no mais interno núcleo do que “ele” é.

Há um meio passivo de conhecimento desesperado, através do completo poder sobre a outra pessoa. É como a criança que apanha alguma coisa e a quebra a fim de conhecê-la para saber como é dentro. O outro caminho ativo é amar. O amor é penetração ativa na outra pessoa, em que nosso desejo de conhecer é destilado pela união. No ato da fusão a conhecemos, conhecemo-nos também e conhecemos a todos – o conhecimento do que é vivo, pela experiência da união – e não por qualquer conhecimento que nosso pensamento possa dar.

O amor é o único meio completo de conhecimento. No ato de amar, de dar-me, no ato de perscrutar a outra pessoa encontro-me, descubro-me, descubro-nos a ambos, descubro o ser humano.

A ardente aspiração de nos conhecermos e de conhecer nossos semelhantes encontrou a expressão na sentença délfica: “conhece-te a ti mesmo”. Esta é a fonte principal do toda psicologia humana.

(Revista Serviço Rosacruz – 05/65 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Qual o nosso papel no mundo: sejamos candeias que iluminam pelo exemplo

Qual o nosso papel no mundo: sejamos candeias que iluminam pelo exemplo

Os Evangelhos foram escritos há quase dois mil anos. No entanto, estão bem atuais e o estarão ainda por muito tempo, porque, se atentarmos bem, a história de Cristo-Jesus e dos Apóstolos é nossa própria história.
Em que sentido? – perguntarão alguns.

E vos respondo: buscando-lhe o espírito das palavras e não a forma que mata. Nele veremos qual o nosso papel e não um mero relato histórico, um piedoso memorial, uma peregrinação sentimental; nele veremos a Revelação que nos alarga a concepção de Deus e nos revela a nós mesmos, autenticamente. Por esse ângulo, os Evangelhos nos anunciam, nos visam e nos profetizam.

São Tiago nos diz que os Evangelhos são um espelho. Cada um de nós pode ver-se refletido nele, mas “o pior cego é o que não quer ver”; geralmente vislumbramos a imagem dos outros e nos indignamos com sua maldade, cegueira e insensatez.

Max Heindel, utilizando-se da lei de refração espiritual, diz-nos que, via de regra, costumamos ver os outros através de nossa própria aura, matizando os semelhantes com nossas próprias faltas, fantasias e extravagâncias. Citando o nascimento de Jesus: “Estando eles ali, completaram-se, os dias de dar à luz; e teve seu filho primogênito e o enfaixou e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para Ele nas hospedarias” (Lc 11:7). Comenta Max Heindel: “Com que eloquência podemos ampliar o sentido dessa frase: “Não houve lugar para Ele…”.

Na família, na sociedade, na escola, no fundo das almas pecadoras, em nossas próprias almas, haverá digna morada para Cristo nascente? Não será também o nosso coração, ainda hoje, um lugar onde não haja lugar para Cristo?

Há boa intenção, sem dúvida. Procuramos, muitas vezes, agir nobremente, ajudar nossos semelhantes, renunciar a vícios e hábitos danosos etc.

Assim nasce em nós o Cristo. Mas logo depois nossa natureza inferior, personalizada em egoísmo, HERODES, receoso de perder seu poder em nosso reino interno, manda degolar todas as criancinhas: nossos esforços nobres, sentimentos puros, na tentativa de eliminar o futuro REI.

Quando O aceitamos, passando a admitir que somos os “Seus”, para junto dos quais Ele veio, então os Evangelhos nos alumiam. Sabemos por que Ele foi mal recebido, como o seria ainda hoje por muitos que amam as sombras mais que a luz. Sabemos por que lhe recusaram a doutrina, por que se encontrou tão “pobre” ante a oposição e dureza de coração. É a nossa dureza. Sua Vida, Paixão e Morte se repetem como ecos nos indivíduos.

Cristo hospeda-se na casa de Marta e de sua irmã Maria. “Maria, sentada aos pés do Senhor, bebia-lhe os ensinos. Marta, porém, andava preocupada com o seu serviço” (Lc 10; 30-40). Qual das duas representamos? Maria, que escolhia o melhor, que estava sempre em comunhão com o Senhor (não se disse que ela negligenciasse os deveres) ou Marta, que se afunda tanto nos afazeres do mundo e não tem tempo de estar com Ele?

Infelizmente há mais Martas que Marias. Muito mais. Dizendo-se religiosos, a maior parte da humanidade empenha a vida inteira em acumular fortuna, conquistar fama e glória e recreando-se com banalidades, muitas vezes prejudiciais. Não tem tempo. Não se comprazem na presença d’Ele. Embora Ele esteja tão próximo, distanciam-se. Precisam de imagens e cerimoniais simbólicos, não lhe alcançam a essência, tão facilmente despertável em si mesmos.

Quando chega a noite estão cansados. Não se encontraram com o Senhor de dia, não conversaram com Ele, como prazerosamente fazemos com um amigo que estimamos. À noite, esgotados, mais por seus desequilíbrios que propriamente pelo trabalho, buscam distrair-se na televisão, num cinema ou outro divertimento. Afinal, uma reunião sobre filosofia é algo cansativo, um “descer penoso” em que podemos adormecer.

Somam-se, assim o dispêndio de um esforço ambicioso e egoísta, desequilíbrios emocionais oriundos de concorrência mundana, o acúmulo de sensações levianas e tolas, e tardes da noite se deixam adormecer. Não pensam no Cristo menino, dentro de si, que precisa de ALIMENTO; não pensam no esforço dos Irmãos Maiores, todas as noites; não pensam, sequer, no privilégio de servir como Auxiliares Invisíveis, para ajudar os que, tolerantemente, aguardam as almas abnegadas e altruístas que desejam trabalhar com Eles na seara. Não tem tempo. Verdadeiras Martas.

Disse Cristo que devemos “orar e vigiar”, incessantemente. Não significa devamos ficar o tempo todo a orar, desleixando nossos deveres. Ele mesmo, até que entregou seus veículos a Cristo, obedeceu às leis da sociedade em que vivia, sem, contudo, se apegar. Orar sem cessar quer dizer: pensar, sentir e agir sempre em consonância com o Senhor. Não importa a natureza de nosso trabalho. Todos são dignos, desde que os façamos em nome do Senhor. Então somos Maria.

Vejamos outro dos muitos personagens que podem refletir-nos: o pequeno Zaqueu. “Era chefe dos publicanos e rico. Procurou ver quem era Cristo, porém não o conseguia por causa da multidão e porque era de pequena estatura. E correndo adiantou subiu em uma árvore para vê-Lo passar” (Lc 19; 1-4). Enquanto estamos envolvidos nas coisas do mundo somos pequenos. Mas se desejamos algo mais elevado, podemos nos adiantar, esforçando-nos mais que o comum dos seres humanos e subindo com a ajuda de uma filosofia iluminadora, a fim de sentir a presença e ouvir a voz que nos diz: “hoje ficarei em tua casa”. E passaremos a empregar parte de nossos recursos na elevação da humanidade carente, em vez de conservá-los egoisticamente em nosso único proveito (física, emocional, mental e financeiramente).

Os Evangelhos terminam com a morte e paixão de Cristo-Jesus. E São João acrescenta que muitas outras coisas poderiam dizer, mas que por ora não as suportaríamos.

A Paixão recomeça todos os dias. A humanidade, os novos autores, ensaiam seus papéis. Milhões e milhões de indiferentes, dos covardes, dos que “lavam as mãos”; depois os milhões que face aos problemas, e momentos difíceis, negam seus ideais superiores, como São Pedro; os Judas que traem sua consciência com um “beijo” falso, os milhares de carrascos que se comprazem em explorar o fraco, espezinhar o débil, os brutos com seus açoites diversos, o funcionário com seu frio regulamento diante da mesma face dolorosa, infinitamente paciente, infinitamente amorosa que se cala e nos dirige aquele olhar que despedaçou o coração de São Pedro e fê-lo branquear os cabelos numa noite. Aquele olhar de ternura, de interrogação e de espera.

E mais do que nunca há vítimas que sofrem perseguições injustas. Em nossa casa, junto de nós, há alguém que chora, alguém que sofre, alguém sequioso de orientação e conforto, alguém com fome e frio, alguém doente, alguém de luto, alguém na solidão. Estão esperando por nós. Quem é Verônica? Quem é Simão Cirineu? Quem é João, o discípulo amado? Quem é Pedro? Quem é Judas? Quem é José de Arimatea? Quem é Pôncio Pilatos? Quem é sua esposa?

Que oportunidade a nossa! Eternamente presente, Cristo-Jesus nos olha e nos espera: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste” (Mt 25; 40). Ele vive em nós, sofre em nós. Acompanhamos o drama. Queiramos ou não, somos levados a fazer parte dele. Mas temos a liberdade de escolher o papel, embora seja uma liberdade relativa. Podemos esclarecer e converter alguns da multidão indiferente para que O amem; dos que o odeiam, para que o conheçam pelo menos, porque só a ignorância gera o ódio. Podemos conseguir alguns servos vigilantes, alguns corações amorosos, para que nos ajudem a continuar-lhe a obra de redenção dos que “não sabem o que fazem”.

O teatro está sempre aberto. Uma parte sai e a outra entra em cena. Vivemos repetindo a peça. Variações sobre o mesmo tema. Sabemos nosso papel de cor. Julgamos conhecer o Evangelho. “Estamos prontos” – dizemos ao Grande Diretor.

Mas ficamos ofuscados quando entramos em cena neste mundo, ansiosos de glória, desejosos de aplausos, preocupados demais com os trajes, com os efeitos. Distraímo-nos. Não vivemos o papel despretensiosamente. E perdemos a oportunidade.

Em dado momento cai o pano para a nossa parte no mundo e o Diretor irrompe em nosso camarim: que houve com você? Por que não representou? E o ator confuso e envergonhado, responde: perdi a noção de meu papel, deixei-me levar pela assistência e pelo que podiam pensar de mim, não julguei que fosse assim antes de entrar.

De que valem as escusas? Sim há o infinito pela frente, mas o tempo perdido não volta mais. Temos que enfrentar novamente as mesmas falhas até vencê-las. Repetir a cena. Como há quase dois mil anos, hoje a mesma coisa. Feliz o servidor que o Mestre, à sua chegada, encontra vigilante. “Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço e elas me conhecem e seguem” – (Joa 10; 27).

Felizes dos que ouvem essa voz e a seguem. “Pois assim como a chuva e a neve descem do céu e não voltam mais para lá, mas embebem a terra, fecundando-a e fazendo-a germinar para que dê semente ao que semeia e pão ao que come, assim será a minha palavra: saída da boca não tornará a Mim vazia, mas fará tudo quanto quero e prosperará onde eu a enviar” (Is 55; 10-11).

A Palavra de Deus é eficaz, é viva. É água viva da qual, alguém bebendo, jamais terá sede, conforme disse Cristo à mulher samaritana. Só podemos oferecer dessa água se primeiramente a tivermos bebido. Não podemos dar a ninguém o que não temos. Não podemos comunicar senão o que temos vivido. Não podemos atrair os outros senão para aquilo que conhecemos.

É a palavra de Deus que deve determinar nosso apostolado, nossa ação.

Saibamos escolher e bem representar nossos papéis no mundo. Sejamos autênticos cristãos, candeias que iluminam pelo exemplo, sais que não deixam a massa corromper e dão sabor à humanidade, sal cuja presença é sentida sem evidenciar-se.

(Revista Serviço Rosacruz – 07/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Sua hora chegou: encontrando uma maneira clara e lógica que explica: “de onde você veio, porque está aqui e para onde vai depois da chamada morte”

Sua hora chegou: encontrando uma maneira clara e lógica que explica: “de onde você veio, porque está aqui e para onde vai depois da chamada morte”

 

Caro amigo leitor: você já conhece a Filosofia Rosacruz exposta por Max Heindel – um grande iniciado do século presente? Se esta revista lhe caiu nas mãos, não importa o meio, isto representa uma oportunidade de importância muito grande em sua vida, um aceno para uma vida mais ampla e feliz, somente alcançada por aqueles que atingem o conhecimento de si mesmos e do mundo, de forma superior e espiritualizada e aplicam esses conhecimentos em uma nova maneira de viver.

Em tudo e para tudo, na vida do ser humano existe uma hora e, quando menos esperamos ela chega. O Senhor é o Agricultor e Ele sabe quando os frutos se acham maduros para desprender-se, para trabalhar por si mesmos, para alimentar os outros daquilo que Ele nos deu e depois deixarmos as sementes que germinarão árvores da mesma qualidade, num mesmo mundo profuso de teorias e carente de exemplos.
A Filosofia Rosacruz em sua simplicidade cristalina, é algo tão extraordinário e revolucionador na vida interna do ser humano que, se entendida mesmo e praticada, transforma-lhe radicalmente o caráter e, no dizer de Paulo, o apóstolo, transmuta-o “de um homem velho num homem novo, em novidade de espírito” (Rm 7; 21). Mas o ser humano complicou de tal modo sua vida e necessidades, e se acha tão escravizado em suas obrigações, que não encontra tempo para aquilo que poderia sanar seus males e infelicidade. Ademais, dá tanto valor as apresentações complexas e empoladas que, muitas vezes, menospreza as obras simples, sem pensar que a solução da vida não está nos textos misteriosos, mas na prática pura e simples das virtudes cristãs. De que vale saber definir brilhantemente o amor se não o sentimos em nosso coração e na relação com nossos semelhantes?

À sua hora chegou, irmão; a oportunidade aí está para conhecer a Filosofia Rosacruz, que lhe expõe de maneira clara e lógica, “de onde você veio, porque está aqui no mundo e para onde vai depois da chamada morte”. Dá-lhe conhecimento da obra de evolução para os diversos reinos de modo a, racionalmente, levá-lo a compreender a obra de Deus no Mundo e uma vez satisfeita sua Mente, possa começar a fazer seu Coração numa fé ativa e exemplar. De fato, só o conhecimento superior, aliado ao sentimento, faz o cristão completo. Só a fé não basta; geralmente se desvirtua em fanatismo. Por outro lado, o conhecimento sem o amor mais facilmente ainda degenera em pretensão intelectual.

O amor é uma poderosa força que deve ser orientada pela razão. O frio intelecto deve orientar-se pelo calor do sentimento para que atinja seu objetivo de iluminação exterior. São dois instrumentos que se completam; dois caminhos que se encurtam numa reta de realização, quando harmonizados dentro de nós.

“O Conceito Rosacruz do Cosmos”, obra básica da Filosofia Rosacruz exposta por Max Heindel sob a orientação de elevadíssimos Seres que chamamos de os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, encerra uma valiosíssima mensagem místico ocultista. Nele você encontrará orientação para desenvolver, mediante a prática sincera, as potencialidades que Deus guardou na Arca sagrada de seu ser, em sentimentos e intelectualidade. Ele, o Senhor, vem e bate à porta de seu coração. Mas como naquela pintura de Sallman (N.R.: Warner Sallman (1892-1968), pintor americano), Ele bate, mas não abre, porque o ferrolho está por dentro. Nós, com o sagrado livre arbítrio é que devemos decidir se abrimos ou não ao Senhor que vem convidar-nos para unir ombros com aqueles que já levam a vida a sério.

A Filosofia Rosacruz é uma mensageira Aquariana, uma nova ordem de ideias que predominará na futura Idade Aquariana, a iniciar-se aproximadamente daqui a 600 anos. E como tudo no plano de Deus é preparado, esta mensagem é lançada ao ar. Cada ser humano é comparado a um rádio transmissor e receptor. Se ele estiver afinado com a onda do futuro sentirá um mágico “toque” nas “válvulas” de seu Coração e de sua Mente e abrirá suas portas e virá juntar-se a nós na sementeira.

A mensagem continua no ar para que possa ser captada a qualquer instante por qualquer ser. A liberdade é sagrada. Ademais, num mundo cheio de materialismo são poucos os preparados. Aí está o mérito. Se você sentir, venha e veja, sem compromisso nenhum. Nossa obra é impessoal. Ela objetiva formar caracteres, novos seres humanos que definam o destino do mundo, segundo o plano de amor e sabedoria do Criador. A obra Rosacruz é desinteresseira. Não estipula mensalidades proporcionais. A contribuição é voluntária, dentro das posses de cada um para exclusiva difusão da obra. Na Fraternidade Rosacruz não se dão Iniciações, ainda que se queira pagar bem, porque, honestamente, ali se mostra que elas resultam do preparo interno e dependem quase exclusivamente do esforço individual.

A participação da Rosacruz é orientar cada Aspirante para que alcance a realização interior com segurança, sem perigo no menor tempo possível. Tais preceitos não se guardam como segredos, mas são expostos claramente nas obras de Max Heindel, para que cada um tenha o direito de segui-los. Não nos iludamos com os mistérios. Não julgamos honesto estabelecer atmosfera de mistério, apenas para satisfazer a tendência humana de valorizar o difícil e proibido. Difícil é o que não sabemos, mas todos têm o direito de alcançá-lo. Proibido deve ser apenas o imoral, o que vai contra as leis naturais, mas nossa consciência é que deve repudiá-lo.

Por aí vê o leitor, neste breve esboço, que a Filosofia Rosacruz procura fazer de cada ser humano uma lei em si mesmo, não discordante, senão, uníssona a Lei universal. Uma vontade, uma inteligência, um coração, próprios em sua maneira de expressão, mais coerente com o propósito do Grande Arquiteto. Uma célula de consciência própria no Corpo de Deus. Um detalhe precioso e expressivo do Quadro da Natureza.

Chegou a sua hora, caro amigo leitor. Peça nossos folhetos informativos. Faça os cursos por correspondências (N.R.: ou por e-mail). Talvez aí esteja a chave com que com que você terá acesso aos arcanos de seu ser. Uma vez que se desvende, conhecerá seus semelhantes e o Grande Corpo de que todos fazem parte, a cuja imagem e semelhança fomos feitos.

(Revista Serviço Rosacruz – 03/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Luz e a Sombra: estertores da Idade de Peixes, caminhando para Aquário

A Luz e a Sombra: estertores da Idade de Peixes, caminhando para Aquário

 

Na literatura Rosacruz encontramos uma frase de Max Heindel que surpreende pela sua atualidade: “Quanto mais intensa é a luz, mais forte é a sombra que ela projeta”. É uma metáfora do que percebemos nos tempos presentes. Esclareçamos, então.

Vivemos um momento especial na história da humanidade. Muitos avanços científicos parecem tornar cada vez mais real a perspectiva da concretização de uma fraternidade universal.

Inovações tecnológicas estão eliminando barreiras que separam as pessoas, ao reduzir distâncias, promover a comunicação em tempo real e globalizar a economia e a cultura. O conceito de “on-line” possibilita agir e saber o que se passa no mundo todo em fração de segundos. Quando acompanhamos pelos meios de comunicação à ocorrência de um conflito no Oriente Médio, de uma catástrofe natural na África ou de uma crise econômica na Europa, podemos imaginar, de imediato, o sofrimento de milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, tomamos conhecimento de que em várias partes do mundo já se registram movimentos solidários de socorro às vítimas e de que essa ajuda poderá chegar rapidamente, graças aos modernos meios de transporte.

Hoje, o conhecimento já não é mais privilégio de poucos. O acesso às redes sociais coloca a informação e a cultura ao alcance de bilhões de seres humanos. A interação em tempo real tende cada vez mais a anular as diferenças sociais, as barreiras linguísticas e a própria distância.

Mas, a luz irradiada por esse admirável mundo novo também projeta suas sombras, seus contrapontos.
Há que empolgar-se menos e refletir mais, com isenção e espírito crítico, pois as sombras projetadas mostram que o retorno ao “paraíso perdido” ainda é um sonho muito distante.

O aperfeiçoamento dos meios de comunicação aproximou os seres humanos, porém não lhes amenizou o individualismo egoísta. As guerras fratricidas por motivos religiosos ou étnicos nos fazem pensar sobre como a influência dos Espíritos de Raça ainda resiste ao impulso unificador do Cristo. A dor e o ódio não foram varridos da face da Terra.

Em resumo, a realização daqueles ideais acalentados pelos Irmãos da Rosacruz depende do esforço abnegado dos homens e mulheres de boa vontade. A caminhada seguramente será muito árdua.
Encontramo-nos em uma fase de transição, nos estertores da Idade de Peixes, caminhando para Aquário. O conflito entre as duas influências é inevitável, provocando toda essa turbulência que observamos no mundo. A onda evolutiva, porém, segue seu caminho, irresistivelmente, e conduzirá a humanidade para uma espiral superior.

Que as rosas floresçam em vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carregando nossos Fardos: uma razão lógica para persistirmos

Carregando nossos Fardos: uma razão lógica para persistirmos

Frequentemente somos confrontados internamente com aquilo que se pode parecer que seja mais do que justa a nossa carga de aflições.

Uma vez que nos tornamos conscientes de nossas responsabilidades espirituais, devemos enfrentar e aprender qualquer lição que nos apresente; assim como sublimar os aspectos de nossa natureza inferior que, muitas vezes, sobressai a nossa dianteira; mantendo na liderança com o objetivo de sermos capazes de cumprir com nossas responsabilidades e servir no trabalho mais efetivos na Vinda do Cristo.

De um modo geral, aprendemos mais pelas experiências e observações do que por conselho, uma vez que a natureza inferior é sublimada depois de uma longa batalha. E como aqui é o baluarte da evolução é necessário, para nós, vivenciar muitas e variadas aflições antes que o Cristo Interno desperte por completo.
Lembrando que quaisquer que sejam nossos fardos, não devemos importar o quão doloroso sejam nossas mazelas físicas, mentais e emocionais, pois, sabemos que nada nos é dado além daquilo que conseguimos carregar. O propósito da vida terrestre é a experiência e não o sofrimento, mas, à medida que passamos pelo “sofrimento” devemos aprender a tirar proveito ou lições desta experiência porque sempre nos é dado forças internas e externas de alívio pela lição aprendida.

Se diante das dificuldades, lembrarmos que no Terceiro Céu ao escolhermos o nosso panorama da vida antes de renascermos novamente na Terra estávamos de acordo com o escolhido, certamente, será mais fácil a travessia.

“O nosso horóscopo revela as tendências para características como: gênio forte, procrastinação, ciúmes, melancolia ou uma infinidade de coisas similares que retardam o nosso progresso”. Estas tendências são originadas de condutas de nossas vidas anteriores, mas, cedo ou tarde deveremos transmutá-las. Então, por que não começar a fazê-lo agora?

Não devemos perder nossa paciência ou sermos deprimidos porque simplesmente temos um Aspecto ou um Astro adverso. Na realidade se cedermos a estas adversidades e não procurarmos nos corrigirmos agora, nossa situação será ainda pior nas vidas subsequentes. Lembrando que os Aspectos adversos de hoje podem se tornar: Conjunções benéficas, Sextis ou Trígonos na vida seguinte. E como aspirantes aos ensinamentos rosacruzes é dever nosso transmutar nossos atributos adversos em positivos.

Portanto, quanto mais nos esforçamos para vencer estas tendências, mais rápido deixaremos de ser dominados pelo temor que nos paralisa em nossas ações. E assim, nos fortalecemos para resolver toda dificuldade e aprender as lições colocadas diante de nós.

A ajuda espiritual estará sempre disponível para o estudante sincero. Os Irmãos Maiores estão ansiosos por ajudar a humanidade a livrar-se de todo empecilho para o progresso espiritual.

A maioria de nós tem feito preces em momentos de desespero, suplicando por ajuda, e muitas vezes, tem recebido; mas não é necessário esperar que estejamos aflitos. Quando vislumbramos uma prova ou uma situação que já estejamos passando é legítimo solicitar ajuda; mas também é de grande importância ter nossas orações de gratidão e devoção ao Pai.

Obviamente, é menos doloroso enfrentarmos nossas provas conscientemente sabendo que podemos contar com ajuda Divina, que fazê-lo sem ter a consciência de poder utilizar desta ajuda.

Devemos nos esforçar por passar com coragem pelas aflições e aprender com elas, porém, sempre alertas, já que a tentação estará às espreitas com vários disfarces para que a menor falha sejamos suas vítimas. As tentações resistidas representam progresso; as tentações sucumbidas representam novas provas e aflições e assim será até que tenhamos aprendido a lição e nos purificamos.

“A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido” – (Lc 12:48). Esta passagem está em conformidade com a nossa capacidade de superar obstáculos e aprender as lições, e também nos dá a capacidade de compartilhar nosso conhecimento, nossas bênçãos e o amor com os demais.

Se somos parte integrante de um Deus magnífico, misericordioso e de cuja imagem somos feitos; como poderemos permitir-nos, por um só momento, que sejamos abandonados diante de tantas aflições e que não sejamos dignos de suportar tanto sofrimento?

Quais são nossos pesares diante de um sacrifício anual que o Cristo faz por nós?

Sejamos determinados em empregar o melhor de nossa capacidade para viver nossos obstáculos diários conservando nossos corações cheios de amor e gratidão e nossas mentes e emoções concentradas no grande exemplo da mais perfeita vida existente na Terra: Jesus-Cristo.

“Que as rosas floresçam em vossa cruz”

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Orgulho: nada nos torna mais duro e mais cego; nada nos é mais funesto ao nosso progresso espiritual

O Orgulho: nada nos torna mais duro e mais cego; nada nos é mais funesto ao nosso progresso espiritual

Dissemos que o tripé em que fundamos a verdadeira renúncia é a: sobriedade, humildade e castidade. Já falamos da sobriedade e hoje abordaremos a questão da humildade, que, por associação, atrai seu antônimo: o ORGULHO.

Paralelamente à gula, o que mais é de recear no ser humano é o orgulho e a sede das riquezas. Nada o torna mais duro e mais cego do que exagerar o seu valor pessoal. Nada lhe é mais funesto ao progresso espiritual e à saúde do que estar de posse de grandes riquezas, a menos que seja um caráter excepcional, capaz de usá-las como quem administra os bens do Senhor.

Nada torna mais impróprio de triunfar numa provação do que viver no luxo e na adulação. Os grandes deste mundo não imaginam quanto mais perto estão do abismo do que os humildes. O seu poder terrestre os embriaga. Uma vez nas alturas, eles não procuram mais do que aumentar o seu campo de domínio, em lugar de se esforçarem unicamente em praticar o bem em face dos pequenos. Mas que quedas estrondosas, quando se realiza a palavra da Escritura: “Depôs do trono os poderosos e elevou os humildes”- (São Lucas, 1:52).

“Quem julgas tu que é o maior no Reino dos Céus? ” – Perguntava a Cristo Jesus os seus discípulos. E, chamando Jesus um menino, o pôs no meio deles e disse: “Na verdade vos digo, que, se vos não converterdes, e vos não fizerdes como meninos, não entrareis no Reino dos Céus”- (São Mateus, 18:1-3).
“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas… Ai de vós condutores cegos, porque sois semelhantes aos sepulcros branqueados que, parecem por fora formosos aos homens, e por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a espécie de podridão… AqueIe que se elevar, será humilhado e aquele que se humilhar, será elevado” – (São Mateus, 23:27).

“Aquele que quiser ser o maior entre vós esse seja o que vos sirva. E o que entre vós quiser ser a primeiro seja esse vosso servo. Assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir” – (São Mateus, 20: 26-28).

“Mas ai de vós, os que sois ricos, porque tendes a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque vireis a ter fome. Ai de vós, os que rides, porque gemereis e chorareis” – (São Lucas, 4:24-25).

“É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no Reino dos Céus” – (São Mateus, 19:24).

“De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma? “- (São Mateus, 16:26).

“Amontoai para vós tesouros no céu, onde não os consome a ferrugem nem a traça e onde os ladroes não os desenterram nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, estará também o teu coração” – (São Mateus, 6:20-21).

E para que seus discípulos compreendessem bem a onipotência da pobreza e o exemplo divino que se deve dar, Cristo Jesus dizia-lhe: “As raposas têm covis e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde pousar a cabeça” – (São Mateus, 8:20).

Depois, quando ele os enviou a cumprir a sua missão evangélica, fez-lhes a seguinte recomendação: “Dai de graça o que de graça recebestes. Não possuais ouro, nem prata, nem dinheiro nos vossos cintos. Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento” – (São Mateus, 10:9-10).

Aqueles que erram por orgulho, os que gozam egoisticamente as suas riquezas, preparam para si as piores atribulações e os mais duros sofrimentos.

E quando se trata para eles de vencer uma provação, raro percebem o remédio, isto é, o renunciamento a aplicar, porque o orgulho com os seus satélites: a vaidade, a sede de consideração, a pretensão, o desdém, introduz-se no mais profundo do ser e a cegueira sobre as suas taras de caráter, as suas responsabilidades e os seus erros. Quantas pessoas caem no insucesso e na desgraça, porque entende não deverem reduzir, em coisa alguma as suas ambições e os seus gozos! Como são raras as pessoas, suficientemente clarividentes, que se tornam pequenas diante da provação, que examinam a extensão das suas ignorâncias, de suas incapacidades, numa palavra, que façam ato de humildade!

Depois do amor do próximo, a humildade é a virtude cristã fundamental.

Assim não nos devemos admirar de ver que a humilhação é o grande remédio que a providencia emprega para por a prova os orgulhosos e os ricos, demonstrando-lhes a vaidade de suas vantagens e de seus bens materiais, para conservar a saúde do corpo e a paz da alma. Com efeito, para que servem o dinheiro e a celebridade, quando se avilta o organismo e conspurca o espírito?

“O Senhor guarda aqueles que são simples: fui humilhado, por ele fui salvo” – (Salmos, 114). “Foi bom para mim que vós me tivésseis humilhado para assim conhecer a Vossa justiça” – (Salmos: 118).

A humildade é grande fonte de felicidade, poderoso meio de progresso, remédio heroico contra todos os sofrimentos corporais e as feridas de amor próprio. “A humildade é o unguento que faz fechar todas as feridas” (S. Teresa).

A humildade é, com a oração, o meio mais firme de ser exalçado. “Humildade, humildade, clamava Santa Teresa, é por ela que o Senhor cede a todos os nossos desejos”.

Ser humilde é primeiramente tornarmo-nos muito pequenos, até chegarmos a zero, considerando a insuficiência da nossa inteligência, as lacunas de nosso saber, as faltas que cometemos. É darmos conta em seguida que tudo a que podemos realizar de bem, foi Deus que o realizou por nós e que o nosso papel está limitado a apresentarmo-nos no estado de dóceis instrumentos, porque nada temos de bom que seja nosso e nenhum bem praticamos que o não tenhamos recebido do Pai! “Sim, é uma grande verdade que nada temos de bom que seja nosso, e que a miséria, o nada, são o nosso quinhão. Aquele que isto ignora, caminha na mentira” – (S. Teresa, T. VI, p. 265).

Ser humilde é não procurar quaisquer honras deste mundo, é esforçar-se por passar despercebido, é ficar em último lugar, é conduzir-se como Cristo pediu: “Quando fores convidado para alguma boda, não vás ocupar o primeiro lugar, porque pode ser que esteja ali outra pessoa mais considerada do que tu, convidada pelo dono da casa. E que, vindo este, que te convidou a ti e a ele, te diga: ‘Dá o teu lugar a este’; e tu envergonhado vas ocupar o último lugar. Mas, quando fores convidado, ocupa o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: ‘Amigo, assenta-te mais acima’. Servir-te-á isto, então, de gloria na presença dos que estiverem juntamente assentados a mesa. Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo a que se humilha será exaltado” – (São Lucas, 14:8-12).

Ser humilde é abster-se de enumerar os seus méritos e não pensar senão em colocar-se na atitude do pobre pecador: “subiram dois homens ao templo para orar, um fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Graças te dou, meu Deus, porque não sou como os outros homens, que são uns ladrões, uns injustos, uns adúlteros, como é também este publicano. Jejuo duas vezes por semana; pago o dizimo de tudo o que possuo’. E o publicano, pelo contrário conservando-se afastado, não ousava mesmo levantar os olhos para o Céu; mas batia no peito dizendo: ‘Ó Deus, tende piedade de mim, que sou um pecador’. Digo-vos que este voltou para casa justificado e não o outro; porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado” – (São Lucas, 18:10-15).

Ser humilde é cumprir o seu dever, sem esperança de recompensa, é ajudar os fracos, os ingratos, os pobres, numa palavra: todas as pessoas que são incapazes de dar-vos valor, de recompensar-vos ou de agradecer-vos. “Evitai fazer as vossas boas obras diante dos homens com o fim de serdes vistos por eles; doutro modo, não tereis recompensa de vosso Pai, que está nos Céus” (São Mateus, 6:1). “Quando deres algum banquete, convide os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás bem-aventurado porque esses não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos” – (São Lucas, 14:13-14).

Ser humilde é tratar de se contentar com coisas simples, no que diz respeito a conforto, a alimentação e a vestuário. “Por amor de Nosso Senhor, eu vos suplico, minhas irmãs e meus padres, evitai sempre as casas grandes e suntuosas. Como é comovente, minhas filhas, construir grandes casas, com os bens dos pobres. Quanto menos houver num convento, mais eu estou tranquila. Procurai sempre contentar-vos com o que há de mais pobre, tanto para o vestuário como para a alimentação. De outra fora, vós tereis muito que sofrer, porque Deus não proveria as vossas necessidades e perdereis a alegria do coração. E tornamo-nos senhores de todos os bens deste mundo, desprezando-os” – (Sta. Tereza).

Ser humilde é recusar-se a submeter à justiça dos seres humanos aqueles que vos perseguem. Se nos humilhamos e se renunciamos a nós mesmos, fazendo o sacrifício da reparação terrestre, maior será a reparação espiritual e mais eficaz será a proteção de que se beneficiará, porque Deus pune duramente os ataques de que os justos são o objeto. “Se for possível e se isso depender de vós, conservai-vos em paz com todos os seres humanos. Não vos vingueis vós mesmos, meus muito amados, mas deixai atuar a justiça de Deus, porque está escrito: ‘Para mim o julgamento; sou eu quem retribuirá’, disse o Senhor. Mas, se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; e se tiver sede, dá-lhe de beber; porque procedendo assim são carvões ardentes que tu amontoarás sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” – (São Paulo aos Romanos, 12:18-21).

Ser humilde é, numa palavra, matar dentro de si todo o germe de satisfação orgulhosa e sensual, de forma a chegar a uma perfeita indiferença perante os elogios ou as calúnias. É assim que adquirimos a liberdade interior e que não nos importamos mais ouvir falar de nós, tanto em mal como em bem, como se tal coisa não nos dissesse respeito. “Um ponto pode aborrecer-vos muito, se não vos acautelais. É o dos louvores. Dizem-vos que sois santas, e serve-se de expressões exageradas, que se diriam sugeridas pelo demônio. Nunca deixeis passar semelhantes palavras sem declarar a vós mesmas uma guerra interna. Lembrai-vos de que maneira o mundo tratou Jesus Cristo Nosso Senhor depois de tanto O ter exaltado no dia de Ramos. Pensei na estima que se concedia a São João Batista, a ponto de considerá-lo o Messias, e vede em seguida como e por que motivo lhe cortaram a cabeça. O mundo nunca exalta senão para rebaixar, quando aqueles que exaltam são filhos de Deus. Lembrai-vos dos vossos pecados e supondo que sobre qualquer ponto se diz verdadeiro, pensai que é um bem que não vos pertence, e que sois obrigadas a muito mais. Excitai o receio em vossa alma, a fim de impedi-la de receber com tranquilidade este beijo de falsa paz que o mundo dá. Crede que este século é o de Judas” – (S. Teresa).

“Quando somos humildes, sofremos por ouvir o seu próprio elogio”- (Teresa, T. VI, p. 157). Para sermos verdadeiramente humildes, é necessário ainda destruir em nos qualquer ambição, limitando-nos ao cumprimento rigoroso do dever presente, e abanando o resto aos cuidados da Providência. É ela quem decidirá da utilidade do nosso bom êxito presente e quem fixará a hora da nossa recompensa aqui ou no Além. E graças a este estado de espírito intimamente vivido que tantos santos realizam obras prodigiosas antes e depois da sua morte. Assim, não devemos ficar surpreendidos em ver os grandes místicos serem atormentados pela necessidade de humilhação e a paixão do renunciamento. S. João da Cruz escrevia: “Desprezai-vos a vós mesmos e desejai que os outros vos desprezem. Para chegardes a possuir tudo, tratai de nada possuirdes. Para chegardes a ser tudo, procurai nada serdes. Porque para alcançar o Todo deveis renunciar completamente a tudo. Neste desprendimento o espírito encontra a sua tranquilidade e o repouso. Profundamente estabelecido no centro de seu nada, não poderia ser oprimido por aquilo que vem debaixo e, nada mais desejando, o que vem de cima não o fatiga; porque os seus desejos são a única causa de seus sofrimentos”.

Na prática, a extinção de todo desejo deve compreender-se como a restrição do esforço ao cumprimento do dever cotidiano. Passar uma vida regrada, simples, reta e útil sem se preocupar nem com o passado, nem tão pouco com o futuro; abandonando-se humildemente a direção da Providência Divina quanto ao restante, tal como o faria um animal de carga, tal é a verdadeira concepção mística da vida.

A humildade, na vida corrente, poderá exercer-se, suportando com paciência as desavenças, as injúrias e os sofrimentos, comportando-se a respeito de todos com benevolência e doçura sem limites. São Francisco de Assis era a doçura, a pobreza e a humildade personificadas. Não teriam fim os inumeráveis exemplos de doçura e de humildade dados pelos Santos, porque todos se esforçavam para realizar o melhor que puderam o grande exemplo de Cristo. “Pois eu estou no meio de vós outros assim como o que serve” – (São Lucas, 22:27). “Eu sou manso e humilde de coração” – (São Mateus, 11:28).

Da humildade decorre ainda outro renunciamento: é aquele que consiste em recusarmo-nos a julgar os outros. O melhor meio de nos exercitarmos, é, primeiramente, obrigarmo-nos a nunca dizer mal do próximo. “Não julgueis, e não sereis julgados; nada condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á; no vosso seio vos meterão uma boa medida de que vós vos servirdes para os outros, tal será a que servirá para nós” – (São Lucas, 5:37-38).

Depois, em presença da nossa indignidade, das nossas fraquezas pessoais e da infinita bondade de Deus, é preciso apagarmos a personalidade e destruirmos em nós todo o germe de ódio, rancor, vingança. Para obtermos o próprio perdão, é necessário começarmos por concedê-lo aos outros. Todas as vezes que a nossa vida está em perigo duma maneira assustadora, é preciso deixarmos a Deus o cuidado de nos proteger e orarmos pelos perseguidores, porque a injúria feita a um justo é sempre motivo para terríveis sanções. Todas as vezes que cometemos um erro, é preciso repararmo-lo e impormo-nos a humilhação de o pagarmos. Todas as vezes que quem ofende sinceramente se arrepende, devemos perdoar-lhe sem hesitar.
“Vós tendes ouvido o que se disse: olho por olho, e dente por dente. EU, porém, digo-vos que não resistais ao que vos fizer mal… E ao que quer demandar-te em juízo e tirar-te a túnica, larga também a tua capa. Dá a quem te pede… Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e vos caluniam. Para serdes filhos de vosso Pai que estais nos Céu, que faz nascer o Sol sobre os bons e maus. Sede, então, perfeitos, como também o vosso Pai celestial é perfeito” – (São Mateus, 5:38-48).
“Mas quando vos levantardes para orar, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que também vosso Pai, que estás nos Céus, vos perdoe vossos pecados” – (São Marcos, 11:25).

“Se teu irmão pecou contra ti, repreende-o; e se ele se arrepender perdoa-lhe. Se ele pecar sete vezes no dia contra ti, e que sete vezes no dia te vier buscar dizendo: eu me arrependo; perdoa-lhe” – (São Lucas, 17:3-4).

O apagamento da personalidade a que conduz a humanidade destrói em nós não só o egoísmo, mas faz-nos ainda conhecer melhor a fragilidade dos laços que nos ligam neste mundo a todos aqueles a quem amamos. O perfeito desprendimento, com efeito, não dá mais lugar em nós do que a um pensamento dominante; cumprir a vontade de Deus. Isso não significa, de forma alguma, que seja preciso confinarmo-nos numa reserva egoísta, nem numa insensível frieza. Pelo contrário, devemos trabalhar com a melhor das vontades por nossos pais, sacrificarmo-nos acima de tudo pelos filhos, amarmos o próximo de todo o coração e prestarmos a melhor das atenções aos nossos amigos; mas, conservando o pleno abandono na Providência Divina, isto é, com a ideia sempre presente que a afeição, a estima e a vida dos parentes e dos amigos podem-nos ser retiradas a todo o momento. É preciso chegar, pois, a destruir em nós toda a raiz egoísta de afeição terrestre e aprendermos a amar profundamente com o estado de espírito de renunciamento completo que faz passar os deveres do Céu, à frente das preocupações terrestres. Foi o que Cristo claramente significou quando deixou seus pais para ficar em Jerusalém no Templo, no meio dos doutores, e quando respondeu a sua mãe que se afligia com a sua ausência: “Por que me procurais? Não sabeis que importa ocupar-me das coisas que são do serviço de meu Pai?” – (São Lucas, 2:49).

Quando estamos bem compenetrados desta obrigação do sacrifício de todas as afeições terrestres, a perda das consolações mais ternas e dos seres mais caros não causa tanto as crises de abatimento profundo e de violento desespero que tão facilmente desequilibram o corpo e o espírito das almas presas aos bens deste mundo. Quando se sabe que a morte não é mais do que uma etapa normal para a vida sobrenatural; que a comunhão imaterial dos vivos e dos mortos é uma realidade; que Deus, na sua paternal bondade, nunca nos abandona; que a ressurreição para uma vida nova é uma certeza, então compreende-se que o melhor meio de honrar os mortos, de os ajudar ou ainda de receber úteis inspirações, não é passar o tempo em estéreis lamentações; mas, unicamente, orar por eles e, sobretudo trabalhar por realizar em si e à volta de si o Reino de Deus. E para edificarmos este Reino de Deus, não há outra coisa a fazer senão aceitarmos com fé os renunciamento diários e ligarmo-nos sem demora à execução dos deveres presentes de correção, de bondade e de trabalho. Nenhuma coisa faz nos desviar desta estrita obrigação de prepararmos o futuro, sem nos demorarmos no passado. Ao discípulo que lhe dizia: “Senhor, permite-me ir primeiramente sepultar meu pai” Cristo Jesus respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos” – (São Mateus, 8:21-22).

“E tu, vais, e anuncia o Reino de Deus” – (São Lucas, 9:60). Outro lhe disse: “Eu Senhor seguir-te-ei, mas, permite-me, primeiramente, dispor dos bens que tenho em minha casa”. Cristo Jesus respondeu-lhe: “Todo aquele que põe a mão ao arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus” – (São Lucas, 9:61-62).

Então, quando se realizar em si estas necessárias amputações do espírito de personalidade, Deus nos poupará as provações e nos acumulará com os seus favores, muitas vezes mesmo já neste mundo. Além disso, tornamo-nos poderosamente fortes, desde que tomamos o nosso único ponto de apoio em Deus e o nosso único auxílio n’Ele, aceitando o pensamento de ficarmos privados, na desgraça do socorro e das afeições de todos os nossos. Foi por isso que Cristo disse ainda: “Aquele que ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Aquele que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. O que acha a sua alma perdê-la-á e o que a perder por mim, achá-la-á” – (São Mateus, 10:37).

(Revista Serviço Rosacruz – 04/65 – fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Desejo e Apego: os cuidados do Aspirante à Vida Espiritual

Desejo e Apego: os cuidados do Aspirante à Vida Espiritual

No Novo Testamento, Cristo afirma: “Eu não sou deste mundo, como vós deste mundo não sois” (Jo: 17-16). Significa que aqui estamos apenas de passagem; que este mundo deve ser encarado como uma escola, um meio de aprendizagem e que, portanto, sua duração é efêmera. Vivemos num plano onde predomina a impermanência. Tudo é fugaz e nada tem razão de ser nosso objeto de desejo e apego, nem deve servir de base para a definição de nossos valores pessoais.

O apego é o resultado de nossa identificação com o mundo e com suas coisas. Quando nos tornamos conscientes da transitoriedade da forma e de sua sedução, o apego diminui. O desapego permite observarmos os acontecimentos em vez de ficarmos presos dentro deles.

Há várias formas de apego muito óbvias e notórias, como por exemplo, apegar-se a bens materiais, a dinheiro, roupas, objetos, à fama, ao poder, a cargos remunerados ou honoríficos, à familiares (não significa que não devamos amá-los, protegê-los e apoiá-los). Mas também há formas mais sutis, quase imperceptíveis para quem convive com a pessoa ou até para a mesma. Trata-se de apego a ideias, hábitos, emoções, padrões de comportamento que já não acrescentam mais nada à nossa evolução. Talvez estejamos bloqueando nossa Mente à entrada de novos conceitos e visões de mundo.

Por que isso acontece? Qual a razão desse apego a ideias e coisas concretas?

Simplesmente porque o ser humano se identifica com elas. Quando renascemos, representamos ou encenamos um papel no palco da vida perante o mundo e às pessoas. Quando lhe perguntam quem ele é, responde, por exemplo, nestes termos: “Sou fulano de tal, brasileiro, casado, católico, economista, natural de São Paulo, etc”. Mas isso é um equívoco. A verdade não é bem essa. Ele não é nada disso, porém se identifica com tudo isso. É apenas a manifestação do Ego no mundo visível, é a maneira como ele se apresenta aos olhos do mundo.

A identificação e o consequente (ou inconsequente) apego são algumas das razões do sofrimento aqui no Mundo Físico. É o que acontece quando há identificação com o Corpo Denso que, nasce, se desenvolve, decai e morre. Há que cuidar dele, por meio de uma boa alimentação, exercícios físicos e hábitos saudáveis. Ele é o templo sagrado do Espírito, porém não é o espírito, a verdadeira essência. Os casos de baixa autoestima com o corpo ou com a aparência são sinais evidentes de identificação. Acontece muito nos casos de obesidade e de problemas na pele. A pessoa sofre porque se imagina daquele jeito, identificando-se justamente com o que lhe traz sofrimento. Sua autoimagem é negativa. Na realidade somos muito mais do que nossa aparência corporal. Somos mais importantes do que nossas características físicas, do que nossos pensamentos e emoções.

É preciso entender que quando o corpo começa a perder seu viço, a luz da consciência consegue brilhar mais facilmente através da forma que extingue aos poucos. Livre-se de sua crosta e o diamante resplandecerá mais.

Que as Rosas floresçam em vossa cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Palavra: há que se cuidar em usá-la, pois origina-se da sua força sexual criadora

A Palavra: há que se cuidar em usá-la, pois origina-se da sua força sexual criadora

Mesmo ante os impropérios, mesmo sofrendo ante a incompreensão humana, faze bom uso da palavra, a qual tem o poder de criar, por originar-se da força criadora. Portanto, pondera sobre o que disseres, porque algo estará gerando benéfico ou maléfico, correspondendo ao emprego que fizeres desse dom maravilhoso.
“Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que dela sai” (Mt, 15; 11), afirmou o Cristo.

Que estas palavras do Mestre permaneçam gravadas com letras de fogo em teu coração, para que venhas a compreender que tudo aquilo que de ti emana deve sempre expressar Harmonia e Amor. Expressando a Harmonia sintonizar-te-ás com as Leis Divinas, cooperando eficazmente com os Irmãos Maiores na grande obra de regeneração humana. O Amor faz florescer o sentimento de fraternidade, o qual integra o ser humano a Deus. “Deus é Luz, e se andarmos na Luz, como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os outros” (Rm 5; 9).

Seja a palavra que sai de tua boca, a decisão sábia dos três ministros que regem teu mundo interno: o discernimento, a consciência e a serenidade. Confia-lhes a administração dessa riqueza extraordinária, cujos frutos reverterão a favor do Espírito.

Faze de tua palavra uma semente pujante, germinando no solo árido dos corações entenebrecidos pela ignorância e pelo ódio. E então, te regozijarás vendo tantos solos agrestes adquirirem o verdor da elevação espiritual.

Faze de tua palavra o bálsamo que alivia todos os peitos opressos pela dor, seres que em vidas passadas esquivaram-se à luz, e hoje fogem desesperados, das trevas que as encadeiam.

Faze de tua palavra o perfume dulcíssimo que aromatiza os ambientes petrificados pelo medo, carentes de ternura, agitados pela dúvida, torturados pela angústia. Que a tua palavra tenha força suficiente para suavizar tanta amargura. Nunca seja ela portadora do veneno da crítica, nem do fel da injúria, pois fatalmente acabarás também sucumbindo, agitado por estas distorções do sentimento.

Se as circunstâncias te obrigam a falar energicamente, em repreensão a alguma falta cometida, faze-o em tom respeitoso, jamais com a intransigência de uma censura, porém, demonstrando com sapiência e bom senso, não a ignomínia do erro, mas a nobreza da virtude. Procura vislumbrar o bem em todas as coisas e poderás constatar a mudança que se operará em torno de ti.

Não te iludas com o falar garboso, coordenado com gestos pré-estudados. Isto é carência de sinceridade. São os juízos falsos da personalidade procurando centralizar atenções, ofuscando a gloriosa essência que em ti reside.

Não se esqueças do antigo, mas sempre atual adágio: “Se o falar é prata, o calar é ouro”. Portanto, se tuas palavras são meros invólucros sem conteúdo, não exprimindo o que em ti há de mais elevado, então, é melhor que te cales.

Seja tua palavra o apelo que exorta alguém a procurar a luz interna, cujo brilho é ofuscado pelo sentido irrealista da vida restrita unicamente ao plano material, onde a ambição desmedida gera o egoísmo, o interesse e a hipocrisia, masmorras sombrias, onde o próprio ser humano permanece agrilhoado.
Vê na palavra algo de grandioso, de belo e de sublime. Não há limites ao sentido caricato que lhe empresta o ser humano comum, tornando-a meio de exteriorização de sentimentos mesquinhos. Dá-lhe uma função correspondente à sua origem sacrossanta. Faze com que ela seja um instrumento adequado ao mister de elevar o gênero humano. Seja ela a expressão viva de teu crescimento interno. Usa-a sempre com sabedoria.

(Revista Serviço Rosacruz – 04/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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