O Caminho da Sabedoria
Há muitos anos os ensinamentos dos Irmãos Maiores foram publicados pela primeira vez no “Conceito Rosacruz do Cosmos”. Desde então nossa literatura ampliou-se bastante. Parece-nos oportuno fazer um levantamento do nosso trabalho para avaliar como estamos empregando os talentos a nós confiados.
Em primeiro lugar, devemos averiguar a razão de ingressarmos na Fraternidade Rosacruz. A principal razão baseia-se na insatisfação. Não encontrávamos as respostas adequadas para nossas perguntas sobre os enigmas fundamentais da vida e da morte em outras instituições.
Todos procuram a luz, mas alguns agem como ilustra uma parábola bíblica. Narra a história de um homem que vendo uma pérola de grande valor vendeu todas as posses para comprar a joia. A pérola simboliza o conhecimento do Reino dos Céus. Em outras palavras, alguns dentre nós estão tão determinados a encontrar a luz, e ficam tão radiantes quando a encontram, que dedicam toda a vida, pensamentos e disposição a essa tarefa.
A rede de compromissos assumidos impossibilita a maioria de gozar deste grande privilégio. No entanto, estamos imersos numa teia de relações, se recebemos ajuda somos obrigados, pela lei da compensação, a dar algo em reciprocidade. Intercâmbio e circulação preenchem todos os espaços e promovem a vida. A estagnação conduz à morte.
Não é possível ingerir alimento físico e retê-lo no organismo. O processo de eliminação é fundamental para manter o equilíbrio e a saúde afastando a doença e a morte. Da mesma maneira, não podemos impunemente nos fartar com uma alimentação mental. Devemos compartilhar nosso tesouro com os outros e empregar os conhecimentos adquiridos nas obras do mundo. Caso contrário, corremos o risco de estagnação no pântano da especulação metafísica.
Nos anos que se seguiram desde a publicação do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, os estudantes dispuseram de bastante tempo para conhecer e praticar seus ensinamentos. Não há expediente para desculpas, alegando ignorância ou falta de tempo para compenetrar-se no estudo. Não podem usar como pretexto insuficiência ou incapacidade pessoal para divulgar seu conteúdo.
Mesmo aqueles que têm pouco tempo disponível para estudar, devido aos deveres desempenhados no mundo, deveriam estar agora suficientemente posicionados “para dar um sentido à sua fé”. Como Paulo nos exortou a fazê-lo. Mesmo que não consigamos mostrar a luz a todos que solicitam, devemos praticá-la na intimidade, em gratidão aos Irmãos Maiores e de maneira impessoal a toda humanidade. O desenvolvimento de nossa própria alma depende do grau de participação e empenho no fortalecimento do movimento ao qual estamos ligados. Portanto, é conveniente que compreendamos detalhadamente qual a missão da Fraternidade Rosacruz.
Isto está inteira e claramente elucidado no capítulo introdutório do “Conceito”. Em resumo, sua missão concentra-se em proporcionar uma explicação sobre as questões da vida capaz de contemplar tanto as necessidades da mente como do coração. Com a finalidade de remover as confusões inerentes a duas classes de pessoas: os eclesiásticos e os cientistas. Ambos seguem tateando nas trevas pela carência de um conhecimento unificador e podem ser muito beneficiados com nossa literatura.
Designamos eclesiásticos todos os que são guiados por uma sincera devoção ou bondade natural, pertençam ou não a alguma igreja. No âmbito dos cientistas incluímos os que encaram a vida de um ponto de vista puramente mental, sejam atuantes ou não no campo da ciência.
É propósito e objetivo do Conceito Rosacruz do Cosmos ampliar o campo de ação espiritual de um número sempre crescente dessas duas classes que pressentem, com maior ou menor clareza, a falta de algo de importância vital em sua concepção da existência.
Devemos lembrar o episódio do Rei Davi. Quando desejou construir um templo a Deus foi-lhe negado esse privilégio. Isso por ter empunhado armas como guerreiro de sua tribo. Sempre houve organizações a combater outras organizações. Apontando erros e buscando meios de destruir as rivais, guerreando tanto quanto Davi o fez outrora. Com essa atitude, não se conquista a permissão para construir o templo que é feito de pedras vivas de homens e mulheres. Esse templo ao qual o personagem Manson se refere com tão belas palavras no livro “O Servo da Casa” (The Servant in the House).
Portanto, quando tentamos divulgar as verdades dos Ensinamentos Rosacruzes, devemos sempre ter em mente que não podemos impunemente depreciar a religião de quaisquer outros nem os antagonizar. Não é nossa missão lutar contra seus erros. Eles infalivelmente manifestar-se-ão no devido tempo.
Quando Davi morreu Salomão reinou em seu lugar. Este teve uma visão de Deus em sonho e Lhe pediu sabedoria! Foi-lhe dada oportunidade de pedir o que bem quisesse, e Salomão pediu sabedoria para guiar seu povo. Na verdade, foi esta a resposta recebida:
“Porque em teu coração pediste sabedoria, porque não pediste riquezas ou vida longa ou vitória sobre os teus inimigos ou qualquer coisa semelhante, mas pediste sabedoria, ser-te-á concedida essa sabedoria e muito mais do que isso” (N.R.: 1Rs 3:4-14).
Portanto, devemos seguir o exemplo de Salomão e orar sinceramente por sabedoria. Mas, é importante dispor de critérios para reconhecê-la. Portanto convém comentar o que é a verdadeira sabedoria.
Diz-se, e é verdade, que saber é poder. Saber, embora não seja nem o bem nem o mal em si mesmo, pode ser usado tanto para um como para o outro fim. O gênio apenas mostra a propensão para o saber, mas o gênio pode também ser bom ou mau. Falamos de um gênio militar, dotado de maravilhoso conhecimento sobre táticas de guerra. Tal homem, porém, não pode ser verdadeiramente bom, pois está destinado a ser impiedoso e destrutivo ao manifestar sua genialidade.
Um guerreiro, seja ele Napoleão ou um simples soldado, nunca poderá ser sábio, porque deliberadamente deve esmagar todos os bons sentimentos. Vale lembrar-se do coração como símbolo dos mais nobres sentimentos. Um GOVERNANTE SÁBIO TEM UM GRANDE CORAÇÃO, assim como tem uma inteligência superior. Tem o coração e o intelecto em harmonioso equilíbrio para promover o desenvolvimento de seu povo.
Mesmo o mais profundo conhecimento sobre assuntos religiosos ou ocultos não é sabedoria, como nos ensina Paulo no seu magnífico 13º capítulo da primeira Epístola aos Coríntios:
“Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor, nada serei”.
Somente quando o conhecimento se mesclar com o amor poderá realmente se converter em sabedoria. AMOR-SABEDORIA é a expressão do princípio Crístico, o segundo aspecto da Divindade Trina.
Deveríamos ser muito cautelosos para compreender e discernir corretamente. Só assim podemos eleger caminhos vantajosos para alcançar um determinado objetivo e evitar ciladas que causam atrasos e angústia.
Podemos optar por um caminho de sofrimento no presente visando futuras realizações, mas não é necessariamente sinônimo de sabedoria. Conhecimento, prudência, discrição e discriminação são próprios da mente. Em si mesmo, todos são tentações do mal. Cristo na Oração do Senhor nos ensinou a pedir: “Livrai-nos do mal”. As faculdades inatas da mente devem ser temperadas com a qualidade inata do coração, o amor. Dessa mescla resulta a sabedoria.
Se lermos o 13º capítulo da primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, substituindo a palavra caridade ou amor pela palavra sabedoria, entenderemos o significado dessa grande qualidade e a desejaremos ardentemente.
Portanto, é missão da Fraternidade Rosacruz divulgar uma doutrina capaz de unir o intelecto com o coração. Esta é a única verdadeira sabedoria. Nenhum ensinamento genuinamente sábio pode prescindir de um destes elementos. Do mesmo modo, não podemos fazer soar um acorde musical com apenas uma corda.
Assim como a natureza humana é complexa, também os ensinamentos que contribuem para esclarecer, purificar e elevar esta mesma natureza devem ter aspectos múltiplos. Cristo seguiu este princípio quando nos legou aquela prece magnífica que, em suas sete estrofes, atinge a nota-chave de cada um dos sete veículos do ser humano e os agrupa nesse magistral acorde de perfeição mais conhecido e popularizado como Oração do Senhor (Pai Nosso).
Mas, como transmitiremos ao mundo está maravilhosa doutrina que recebemos de nossos Irmãos Maiores? A resposta a esta pergunta é:
Agora e sempre vivendo a vida.
Diz-se, para o eterno mérito de Maomé, que sua esposa foi sua primeira discípula. Com toda certeza não foram apenas seus ensinamentos, mas a vida que vivia no lar, dia a dia, ano após ano, que conquistou a confiança de sua companheira, de tal modo que ela não hesitou em depositar em suas mãos seu destino espiritual.
É relativamente fácil permanecer diante de estranhos que desconhecem nossas mazelas e para quem nossos defeitos não são visíveis, e pregar por uma ou duas horas cada semana. Mas é muito diferente pregar vinte e quatro horas por dia dentro do lar, como Maomé deve ter feito vivendo a vida.
Para obtermos o mesmo êxito de Maomé devemos principiar pelo exemplo na própria casa. Demonstrar aos irmãos mais próximos, no exercício do cotidiano, os ensinamentos que norteiam nossa existência. Isso é realmente sabedoria. Diz-se que a caridade começa em casa. Esta é a palavra que deveria ser traduzida por “amor” no 13º capítulo da primeira Epístola aos Coríntios. Mude isto também para sabedoria e leia:
A disseminação da sabedoria começa em casa.
Que seja este o nosso lema através dos anos.
Vivendo a vida em nosso lar, promoveremos nosso ideal, de forma mais eficaz do que por qualquer outro método. Muitas pessoas céticas se converteram à Fraternidade Rosacruz através da conduta de seus maridos, esposas ou familiares. Possam os demais segui-los.
(Do Livro Ensinamentos de um Iniciado – Publicado na Revista Serviço Rosacruz – Jun/65)
A Responsabilidade do Conhecimento que você adquire
Nos tempos primitivos, quando começávamos nossas vidas, como seres humanos, tínhamos pouquíssima experiência e, por conseguinte, nossa responsabilidade era mínima, também.
A responsabilidade depende do que se sabe. Os animais não são responsáveis: segundo a Lei de Consequência, desde o ponto de vista moral, ainda que, naturalmente, se um animal salta por uma janela, cairá sob a lei de Consequência física, assim, como quando cai num barranco ou num acidente do terreno, podendo quebrar uma perna ou sofrer algum outro ferimento. Porém, se um indivíduo fizesse o mesmo, cairia de baixo da lei de responsabilidade moral e, além disso, estaria sob a Lei de Causa e Efeito. A pessoa tem esta dupla responsabilidade, porque sabe o que deve fazer e não tem o direito de causar prejuízo ao instrumento que lhe foi dado (Corpo Denso). Assim, pois, vemos que somos moralmente responsáveis, segundo nossos conhecimentos.
Como temos tido já a experiência de muitas vidas, nascemos sempre com os talentos acumulados, que são os resultados de experiência de todas as vidas anteriores. Somos, por conseguinte, responsáveis pelo modo como os usamos. É necessário que ponhamos estes talentos à prática, porque de outro modo se atrofiarão, tal como ocorreria com a mão; também nossas faculdades espirituais se atrofiarão se não tiramos proveito delas, e se não aumentamos nossas capacidades. Não pode haver parada nem descanso neste caminho da evolução pelo qual caminhamos; temos de avançar para diante, ou degeneraremos.
Há evidentemente muita responsabilidade para aquele que sabe, e quanta mais sabemos, tanto maior é nossa responsabilidade; isto está muito claro. Porém, considerando a ciência oculta, desde o ponto de vista ainda mais profundo, há uma responsabilidade para aquele que sabe, e é esta fase especial de responsabilidade que desejamos tratar aqui.
Mabel Collins (N.R.: 1851-1927, mística britânica) afirma que a história relatada em seu livro “A flor e a fruta”, ou a história de Fleta, a Maga Negra, é uma história verídica. Diz ela que o assunto de sua história chegou as suas mãos de um país mui remoto e de uma maneira muito estranha; e desde o ponto de vista daquele que sabe, há nela alguma das mais profundas verdades a respeito da maneira de obter conhecimento e seu emprego. Descreve-se em tal história, como Fleta, ao princípio de suas encarnações e ainda em estado selvagem, assassinou a seu noivo, e que, pela crueldade demonstrada nesse ato, obteve certo poder. Este poder, naturalmente, em consonância com o delito, era característica da magia negra. Por essa razão, na vida da qual trata esta história, ela possuía o poder de um mago negro, e para aumentá-lo mais ainda, obrigou seu noivo a matar outra entidade. Deste modo infernal empregava seu conhecimento.
Há nisto uma profunda verdade. Todo saber não saturado de vida e vazio, sem finalidade, é inútil. A vida que dá poder ao que sabe pode ser obtida de distintas maneiras, e pode ser, também, aproveitada de vários modos. Uma vez obtida, pode ser encenada em um talismã, e então pode ser usada por outros, para bons ou maus fins, conforme o caráter daquele que o usa. Se se encerra dentro da pessoa que desenvolve um poder, então, será usada segundo o caráter dessa pessoa. Segundo o mesmo princípio, podemos acumular eletricidade numa bateria para que possa ser retirada da estação elétrica e empregada para muitos fins, por outras pessoas alheias aquela que a acumulou. Assim, também, o poder dinâmico, obtido pelo sacrifício da vida com o fim de ganhar poderes ocultos, pode ser usado de um modo ou de outro, se encontra acumulado num talismã.
Esta particularidade, vemo-la muito bem ilustrada na lenda de Parsifal (N.R.: uma ópera de três atos do com a música e libreto do compositor alemão Richard Wagner). Ali, o sangue purificador do Salvador, oferecido em nobre sacrifício de si mesmo – não tomado de outrem – foi recebido num vaso, que por isso converteu-se num talismã, dotado de um poder espiritual e capaz de transmiti-lo a todos os que o viam, desde que fossem puros, castos e inofensivos. Também conhecemos o símbolo da lança, que havia causado o ferimento do qual jorrou o sangue de Jesus. Ela estava manchada de sangue purificador, e converteu-se, assim, num talismã, que podia ser empregado de diversos modos. Durante o reinado de Titurel, o mistério do Graal era poderoso; porém, quando o Graal foi entregue a seu filho Amfortas, este saiu armado com sua lança para matar Klingsor, o mago negro. Então, deixou de ser inofensivo, porque quis perverter esse grande poder espiritual para matar um inimigo. Apesar de tratar-se de um inimigo do bem, não era justo empregar-se este poder para tal fim, e por essa razão o poder voltou-se contra ele. Ele teria deixado de ser casto, puro e inofensivo, e então o poder produziu-lhe a ferida.
Lemos, a respeito de David, o sangrento guerreiro, a quem o Senhor proibiu de construir o Templo. Ainda que aquele Senhor fosse um deus da guerra, tendo de castigar várias nações para fazê-las entrar de novo no reto caminho, ele não podia usar o instrumento manchado de sangue de Suas guerras para construir um templo. Isto foi incumbido ao filho de David, Salomão, o homem da paz. É dito que Salomão desejou sabedoria e muito conhecimento, não para vencer seus inimigos, não para alargar seus territórios e fazer de seus súditos uma grande nação, senão para reinar melhor sobre o povo que havia sido confiado aos seus cuidados. E recebeu sabedoria em abundância. Vemos também que Parsifal, o oposto de Amfortas, era filho de um guerreiro, um homem sanguinário, já morto. Por sua mãe Herzleide, que significa “coração aflito”, Parsifal, a criança póstuma, veio ao mundo. Nos primeiros anos, usou o arco, porém, em certo momento, fez-se casto, puro e inofensivo, e pelo poder destas qualidades manteve-se firme no dia da tentação e tomou a lança de Klingsor, que a conservava desde o dia em que Amfortas a havia perdido.
Em suas jornadas, desde o dia em que recebeu a lança, até o momento de seu regresso ao Castelo do Graal, Parsifal teve de enfrentar muitas tentações. Muitas vezes, estando em perigo, reconheceu que podia pôr-se a salvo empregando a sagrada lança se a tivesse tomado contra seus inimigos. Porém, sabia que não devia usar a lança PARA FERIR, mas sim PARA CURAR; ele compreendeu quão sagrado era. O poder que o sangue do sacrifício havia conferido ao talismã, e que este devia empregar-se somente para os fins mais elevados.
Assim, pois, vemos sempre, aqueles que entram na posse de um poder espiritual não o empregam nunca para fins egoístas. Aconteça o que acontecer está firme neste ponto. Por duro que seja o ataque que sofram, nunca, nem por um momento, sentem-se inclinados a prostituir seu poder por vantagens pessoais. Ainda que alguém que tenha esse dom possa, se quiser, dar de comer a cinco mil pessoas famintas não tomará nem mesmo uma pedra para transformá-la em pão para aliviar sua própria fome. Muito embora esteja diante de seus inimigos e os cure, como Cristo restaurou a orelha do soldado romano, negar-se-á a usar seu poder espiritual para fazer voltar o sangue que fluiu do seu próprio peito. Sempre se tem dito de semelhantes seres que “salvaram a outros, porém, não se salvaram a si mesmos”. Poderiam, por certo, tê-lo feito, porque esse poder é grande. Porém, usando-o desse modo, tê-lo-iam perdido, porque não tinham o direito de prostituí-lo.
Depois há outra classe de mistério mui distinta da do Graal. Por exemplo, a cabeça de João Batista foi colocada numa bandeja depois de sua execução, e alguns atraíram certo poder pela contemplação deste espetáculo. O mito grego nos fala de Argos, que sendo dotado de muitos olhos, via por todos os lados ao mesmo tempo – era um clarividente. Porém, empregou esse poder com um propósito ilícito, e Mercúrio, o deus da sabedoria, cortou-lhe a cabeça, privando-o assim do seu poder. Sempre que alguém procura empregar a sabedoria e o poder espiritual ilicitamente, perdê-lo-á infalivelmente.
Cada célula tem sua vida própria, individual, e esta vida é destruída pela atividade do pensamento, ou melhor dito, a forma é destruída de modo que a vida não pode continuar a manifestar-se nela. Sempre existe destruição da vida, em qualquer direção que seguimos em busca do conhecimento. Alguns há que destroem a vida em experiências científicas, por pura curiosidade. Outros o fazem até com crueldade, como na vivisseção, e neste caso, quando a busca do conhecimento se procura apenas por motivos de curiosidade, existe dívida terrível a ser resgatada em algum dia futuro, porque o equilíbrio deve restabelecer-se sem dúvida nem remissão alguma.
Assim vemos o que ocorre no caso de Fleta, em que o sacrifício de uma vida em certo momento no mundo físico foi seguido de outro sacrifício no outro mundo; porém, por sua mediação ela ganhou um poder que a elevou até a porta do templo, onde bateu em busca da Iniciação. Seus motivos, entretanto, como os de Klingsor, não eram puros. Ela não era casta, não estava preparada para adquirir o poder espiritual de um modo completo, nem para ser considerada como uma auxiliar da humanidade; por essa razão foi repelida da porta do templo e sofreu a morte do mago negro. Há um véu diante de sua morte, e não se diz o que há por detrás dele. Talvez convenha mais que essas coisas não sejam publicadas. Porém, isto não diminui o valor da lição de que não podemos destruir vidas, nem acumular saber, de uma maneira ilícita; sem incorrer, por isso, numa terrível responsabilidade. A única razão que é satisfatória e própria da busca do saber é que com isso podemos servir de um modo mais eficaz a raça humana.
Atualmente, o sacrifício da vida para obter conhecimentos é inevitável, não podemos remediá-lo. Porém, deveríamos buscar estes conhecimentos com os melhores e mais puros motivos, porque são infinitas as vidas que destruímos por essa razão, com propósitos que não são justos. Portanto, repetimos que ninguém tem o direito de procurar conhecimentos se não é pelos mais puros motivos.
Se por outro lado, cumprimos com nossos deveres, se tratamos de fazer todas as coisas que chegam as nossas mãos, bem e completamente, e se temos aspirações espirituais, sem forçar nosso crescimento espiritual, então estaremos bem preparados para alcançar poderes mais elevados. É uma das características mais notáveis dos exercícios rosacruzes que eles não só nos proporcionam crescimento espiritual, mas nos preparam também para a posse desse conhecimento. Temos de aprender a andar pelo caminho do dever, e viver a reta vida. Não devemos pensar numa longa vida. Há muitos, como diz Tomás de Kempis (N.R.: Monge e escritor alemão, 1379-1471 – o seu livro mais célebre, Imitação de Cristo, composto por quatro volumes, no qual apela a uma vida seguida no exemplo de Cristo, valorizando a comunhão como forma de reforçar a fé)., que têm desejos de uma longa vida, porém nós não devemos nos preocupar com isso. É MELHOR QUE TRATEMOS DE FAZER CADA DIA O NOSSO DEVER; então estaremos, seguramente, preparados para obter maior saber e mais elevados poderes.
Em qualquer esfera em que nos movamos, há um lugar onde podemos aplicar nosso saber, não na forma de fazer sermões para que nossos conhecimentos sejam admirados, mas sim para vivermos a vida espiritual, e para sermos EXEMPLOS VIVENTES dos nossos ensinamentos. Todos temos esta oportunidade, e não é preciso buscá-la longe; está ao redor de nós, ao nosso alcance.
Tomás de Kempis expressou isto de um modo como só um místico pode fazê-lo; envolveu a ideia naquelas formosas palavras em sua “Imitação de Cristo”:
“Todo homem tem o desejo natural de saber, porém, que valem conhecimentos sem o temor de Deus? Seguramente um humilde lavrador que serve a Deus é melhor do que um orgulhoso filósofo que estuda o movimento celeste e não se ocupa de si mesmo… Quanto mais saibas, tanto mais severo será o teu juízo, a menos que tua vida também seja mais santa. Por esta razão, não sejas orgulhoso, senão antes tem temor pelo saber que recebeste. Se pensas que sabes muito, lembra-te que há muitas coisas que ignoras. Não sabes quanto tempo poderás prosperar fazendo o bem!”.
Por este motivo convém recordar que não devemos buscar conhecimentos simplesmente para possuirmos, senão somente como um meio para chegar a viver uma vida mais pura, porque esta é a única coisa que pode justifica-los.
(Revista Serviço Rosacruz – 07/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Os Dois Polos do Amor: uma força ativa e uma atividade?
O amor é uma força ativa no ser humano; uma força que irrompe pelas paredes que separam o ser humano de seus semelhantes, que o une aos outros; o amor leva-o a superar o sentimento de isolamento e de separação permitindo-lhe, porém, ser ele mesmo e reter sua integridade. No amor, ocorre o paradoxo de que dois seres sejam um e, contudo, permaneçam dois.
Ao dizermos que o amor é uma atividade, enfrentamos uma dificuldade que reside na significação ambígua desta palavra. Por “atividade”, no emprego moderno do termo, queremos, normalmente, referir-nos a uma ação que produz mudança numa situação existente, por meio de gasto de energia. Assim, um ser humano é considerado ativo quando faz negócios, estuda, trabalha ou dedica-se a esportes. Todas estas atividades têm isto em comum; dirigem-se para um alvo exterior a ser alcançado. O que não se leva em conta é a motivação da atividade. Veja-se, por exemplo, um individuo impelido a incessante trabalho por um sentimento de profunda insegurança e solidão; ou por outra, impulsionado pela ambição ou pela avidez por dinheiro. Em todos esses casos a pessoa é escrava de uma paixão, e sua atividade é de fato uma “passividade” porque ela é impelida; é o paciente e não o “ator”. De outro lado, alguém que se assente calmo e contemplativo sem outro alvo que não o de experimentar-se e a sua unidade com o mundo, é considerado como “passivo”, porque não está “fazendo” coisa alguma. E, na verdade, esta atitude de meditação concentrada é a mais alta atividade que existe, uma atividade da alma, só possível sob condições de independência e liberdade interiores. Um conceito de atividade moderno refere-se ao uso de energia para consecução de metas externas, o outro conceito de atividade refere-se ao uso dos poderes inerentes ao ser humano, sem que importe a produção de qualquer mudança exterior. Este último conceito de atividade foi formulado com muita clareza por Spinoza (N.R.: Baruch de Espinoza foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz).
Diferencia ele os afetos entre ativos e passivos, “ações” e “paixões”. No exercício de um afeto ativo, o ser humano é livre, é o senhor de seu afeto; no exercício de um afeto passivo, o ser humano é impelido, e objeto de motivações de que ele próprio não tem consciência. Assim Spinoza chega à afirmação de que virtude e poder são uma só e a mesma coisa. A inveja, o ciúme, a ambição, qualquer espécie de cobiça são paixões; amor é uma ação, a prática de um poder humano, que pode ser exercido com liberdade e nunca como resultado de uma compulsão.
O amor é uma atividade, e não um afeto passivo; é um “erguimento” e não uma “queda”. De modo mais geral o caráter ativo do amor pode ser descrito afirmando-se que o amor, antes de tudo, consiste em dar, e não em receber.
Que é dar? Embora pareça simples a resposta a esta pergunta, ela, em verdade, é cheia de ambiguidades e complexidades. O equívoco mais vastamente espalhado é o que entende que dar é “abandonar” alguma coisa, ser privado de algo, sacrificar. A pessoa cujo caráter não se desenvolveu além da etapa da orientação receptiva, explorativa ou amealhadora, experimenta o ato de dar dessa maneira. O caráter mercantil deseja dar, mas, só em troca de receber; dar sem receber, para ele, é ser defraudado. Aqueles cuja principal orientação é não produtiva sentem que dar é um empobrecimento. A maioria dos indivíduos desse tipo, portanto, recusa dar. Alguns fazem do ato de dar uma virtude, para eles, reside no próprio ato de aceitação do sacrifício.
Para eles, a norma de que é melhor dar do que receber significa que é melhor sofrer privação do que experimentar alegria.
Para o caráter produtivo dar tem um sentido inteiramente diverso. Dar é a mais alta expressão da potência. No próprio ato de dar, ponho a prova minha força, minha riqueza, meu poder. Essa experiência de elevada vitalidade e potência enche-me de alegria. Provo-me com superabundante pródigo, cheio de vida e, portanto, como alegre.
Não é difícil reconhecer a validez desse princípio aplicando-o a vários fenômenos específicos. Na esfera das coisas materiais, dar significa ser rico. Não é rico quem muito tem, mas quem muito dá. O avaro que ansiosamente receia perder alguma coisa é, psicologicamente falando, o indivíduo pobre, o empobrecido, não importa quanto possua. Quem é capaz de dar de si, este sim é rico. Põe-se à prova como quem pode conceder de si aos outros. Só quem for privado de tudo quanto vá além das mais simples necessidades da existência será incapaz de gozar o ato de dar coisas materiais. Mas a experiência diária mostra que aquilo que alguém considera como necessidade mínima depende tanto de seu caráter quanto de suas posses efetivas. É bem sabido que os pobres são mais inclinados a dar do que os ricos. Não obstante a pobreza além de certo ponto pode tornar impossível dar, e assim é degradante, não só pelo sofrimento que causa diretamente, mas pelo fato de privar o pobre da alegria de dar.
A mais importante esfera de dar, entretanto, não é das coisas materiais, mas está no reino especificamente humano. Que dá uma pessoa à outra? Dá de si mesma, do que tem de mais precioso, dá se sua vida. Isto não quer necessariamente dizer que sacrifique sue vida por outrem, mas, que lhe dê aquilo que em si tem vivo: dê-lhe de sua alegria, de seu interesse, de sua compreensão, de seu conhecimento, de seu humor, de sua tristeza – de todas as expressões e manifestações daquilo que vive em si. Dando assim de sua vida, enriquece a outra pessoa; valoriza-lhe o sentimento da vitalidade ao valorizar o seu próprio sentimento de vitalidade. Não dá a fim de receber; dar é, em si mesmo, requintada alegria. Mas, ao dar, não pode deixar de levar alguma coisa à vida da outra pessoa, e isso que é levado a vida reflete-se de volta ao doador; ao dar verdadeiramente não pode deixar de receber o que lhe é dado de retorno. Dar implica fazer da outra pessoa também um doador e ambos compartilham da alegria de haver trazido algo à vida. No ato de dar, algo nasce, e ambas as pessoas envolvidas são gratas pela vida que para ambas nasceu. Com relação especificamente ao amor, isso significa: o amor é uma força que produz amor. Só se pode trocar amor por amor, confiança por confiança. Se queremos gozar a arte, devemos ser uma pessoa de sensibilidade e preparo artístico; se queremos ter influência sobre outras pessoas, deveremos ser uma pessoa que tenha sobre outras pessoas influência realmente estimuladora e promotora. Cada uma de nossas relações com o semelhante e com a natureza deve ser uma expressão definida de nossa vida real, individual, correspondente ao objeto de nossa vontade. Se amamos sem atrair amor, isto é, se nosso amor é tal que não produz amor, se através de uma expressão de vida como pessoa amante não fazemos de nós mesmos uma pessoa amada, então nosso amor é impotente, é um infortúnio.
Mas não é só no amor que dar significa receber. O mestre é ensinado por seus alunos; o ator é estimulado por sua audiência; o psicanalista é curado por seu cliente – contando que não se tratem uns aos outros como objetos, mas se relacionam uns com os outros produtiva e genuinamente.
Quase não é necessário acentuar fato de que a capacidade de dar depende do desenvolvimento do caráter da pessoa. Pressupõe o alcançamento de uma orientação predominantemente produtiva; nessa orientação a pessoa superou a dependência, a onipotência narcisista, o desejo de explorar os outros, ou de amealhar, e adquiriu fé em seus próprios poderes humanos; coragem de confiar em suas forças para atingir seus alvos.
No mesmo grau em que faltem essas qualidades é ela temerosa de dar-se e, portanto, de amar. (Extraído de “A Arte de Amar” – Erich Fromm).
(Revista Serviço Rosacruz – 08/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Considerações sobre a fé: como é a sua?
Muitas pessoas que têm meditado seriamente sobre os problemas da vida superior enveredaram, infelizmente, para a prática de métodos primitivos, abandonando a crença nos ensinos da Igreja com respeito à remissão dos pecados, ao poder salvador da fé, à eficácia da oração e dos dogmas. Se bem que o ponto de vista de tais pessoas, que honesta e sinceramente procuram a verdade, possa fazer-lhes ver essas ideias como destituídas de valor real. Trataremos, entretanto, de examiná-las sob outros pontos de vista, para que, então, possam julgar. Vistas sob outras formas, essas ideias religiosas aparecerão iluminadas por uma luz que provavelmente não se havia percebido antes, oferecendo assim um significado novo, maior e mais satisfatório para o coração, e perfeitamente aceitável pelo intelecto. Muitos de nós nos vimos obrigados a afastar-nos das Igrejas por razões de raciocínio, ainda que sentíssemos o coração a sangrar. As concepções intelectuais de Deus e dos objetivos da vida não podiam satisfazer-nos e vimos, assim, a nossa vida limitada por esse lado. Que essa nova luz torne possível que os que sentem esse desejo em seu coração voltem à Igreja e ocupem de novo o seu posto com redobrado zelo de uma compreensão mais profunda das verdades cósmicas e dos ensinos religiosos, e o desejo mais íntimo do autor, cujos motivos apresentaremos nas instruções seguintes.
Um fato evidente para todo o estudante de religião comparada, é que quanto mais retrocedemos no tempo tanto mais primitiva é a raça e tanto mais inferior é a sua religião. Conforme o ser humano progrediu, desenvolveram-se os seus ideais religiosos. Os investigadores materialistas deduzem desse fato que todas as religiões foram “obras do ser humano”, e que toda a concepção de Deus tem suas raízes na imaginação humana. O engano de tal ideia se perceberá facilmente se considerarmos a tendência que tem toda a vida de preservar-se a si mesma. Quando a lei da sobrevivência dos mais aptos é a que domina, como sucede entre os animais, quando o poder é um direito, então não há religião. E até que um poder superior “estranho” se faça sentir, não se pode revogar essa lei, para que venha então ocupar seu lugar a lei da própria abnegação, que venha agir como fator da vida, lei que em maior ou menor grau se encontra até nas religiões mais inferiores. Huxley reconhece esse fato, quando declarou que enquanto a lei da sobrevivência dos mais aptos marcava a linha animal do progresso, a lei do sacrifício era a base do desenvolvimento humano, impulsionando o forte a cuidar do fraco.
A razão dessa anomalia não pode o materialista encontrar, pois, desde o seu ponto de vista há de enfrentar sempre um enigma insolúvel, porém, uma vez que entendamos que o ser humano é um ser composto de Espírito, Alma e Corpo; que o Espírito se manifesta em pensamentos, a Alma em sentimentos e o Corpo em atos, e que esse tríplice indivíduo é uma imagem do Deus Trino compreenderemos facilmente a aparente anomalia, posto que dada a sua constituição, esse ser composto se encontra, especialmente, preparado para responder tanto às vibrações espirituais como aos impactos físicos.
Quando reparamos quão pouco se ocupa a maioria das pessoas com a vida superior em nossos dias, podemos deduzir que houve um tempo em que o ser humano era quase incapaz de ser afetado pelas vibrações espirituais do universo. Sentia vagamente um poder superior na Natureza, e como era parcialmente dotado de clarividência, reconhecia a existência de poderes que agora, não percebemos, se bem que estejam agindo tão poderosamente como antes.
Era necessário guiar o ser humano para o seu bem futuro, dirigi-lo pelo bom caminho e ajudar sua natureza superior a adquirir domínio sobre a inferior, a Personalidade, e esta última foi, então, subjugada pelo Medo. Se lhe fosse dada uma religião de amor, ou fossem experimentadas orientações morais, teria sido absolutamente inútil, quando o Ego humano se encontrava ainda em sua infância, enquanto a natureza animal da personalidade inferior predominava. O Deus que poderia ajudar a essa humanidade deveria ser “um Deus forte”, um Deus que pudesse dominar o raio e o trovão, e fulminar com eles.
Quando o ser humano alcançou um pouco mais de progresso, foi-lhe ensinado a considerar a Deus como o DADOR de todas as coisas, sendo-lhe inculcada a ideia de que se obedecesse às leis desse Deus “obteria prosperidade material”. A desobediência a essas leis produziria, pelo contrário, toda a espécie de calamidades, fomes, guerras e pestes. Com objetivo de fazer progredir o ser humano, um pouco mais, foi-lhe ensinado logo a “lei do sacrifício”, porém, como neste estado o ser humano estimava muito suas posses materiais, foi-lhe prometido que se sacrificasse suas ovelhas e bois, “com fé”, o Senhor lhe devolveria centuplicados; que aquilo que desse aos pobres “emprestaria a Deus”, que lhe pagaria com superabundância. Todavia não lhe prometeram céu algum, porque isso estava ainda longe da capacidade apreciativa do indivíduo. Foi lhe dito enfaticamente que “os Céus eram do Senhor, porém a Terra havia sido dada por Ele aos filhos dos homens” (Sl 115; 16).
Depois ensinou o ser humano a “sacrificar-se a si mesmo, por uma recompensa que obteria no céu”. Em vez de efetuar o sacrifício ocasional de ovelhas e touros, que o Senhor logo recompensava, pedia-se agora que sacrificasse os seus maus desejos, que se agisse continuamente bem lhe seriam dados tesouros no céu, que não se preocupasse com posses materiais que os ladrões podiam roubar ou que poderiam perder-se.
Qualquer pessoa pode durante pouco tempo pôr-se num estado de exaltação em que lhe seja fácil fazer um supremo ato de renúncia, pois é comparativamente fácil “morrer pela própria fé”, como os mártires, porém isso não é suficiente, e a Religião Cristã pede-nos o valor de viver nossa fé dia após dia, durante toda a vida, tendo confiança numa recompensa futura, em um céu explicado ainda mui confusamente. Em realidade, os trabalhos de Hércules pareceriam, em comparação, menores do que o esforço que se pede ao cristão, e não devemos nos admirar de que as dúvidas nos assaltem, como a Atlas (NT: Na mitologia grega foi o Titan que levantou o céu), roubando-nos a fé que tenhamos no beneficente e sustentador poder de Deus.
Mas, em verdade, saibamo-lo ou não, vivemos pela fé todos os minutos da nossa vida e em proporção a como vivamos seremos felizes ou desgraçados. À noite nos deitamos com fé que nada perturbará nosso sono e que nos despertaremos no dia seguinte e poderemos prosseguir nossas tarefas. Se não fosse por essa fé, se nos assaltassem dúvidas sobre esses pontos, poderíamos descansar tranquilamente nossa cabeça no travesseiro e dormir? Seguramente não; e em pouco tempo estaríamos prostrados mental e fisicamente, assaltados pelo demônio da dúvida. Quando vamos ao armazém comprar provisões, vamos com fé na probidade dos comerciantes, esperando que nos forneçam bons alimentos e não venenos. Se não tivéssemos essa fé, quão miseráveis seriam as nossas vidas! Em lugar de comer com gosto os nossos alimentos, a dúvida nos tiraria o apetite, de maneira que nos seria impossível preparar a nossa alimentação, porque até os bons alimentos seriam envenenados com o nosso estado mental de dúvida e medo, estado que conhecem muito bem os fisiólogos.
É com fé que saímos de casa pela manhã esperando que a lei de gravidade a conserve no mesmo lugar, certos de que a encontraremos no mesmo lugar quando voltarmos à noite. Muito poucos de nós têm observado a sombra que a Terra projeta sobre a Lua nos eclipses lunares e tem compreendido que essa sombra arredondada é a única prova de que a Terra é redonda. Aceitamos isso pela fé que temos nas afirmações de outras pessoas. Assim acontece com o fato de que estamos girando no espaço a uma velocidade de, aproximadamente, mil e seiscentos quilômetros por hora em virtude do movimento da Terra em redor do seu eixo e o mesmo acontece com outro fato, maravilhoso fato científico, de que ainda que a Terra pareça imóvel, está realmente viajando em sua órbita em redor do Sol a uma velocidade de, aproximadamente, dois milhões e seiscentos mil quilômetros, cada vinte e quatro horas. Esses e outros muitos fatos semelhantes que não podemos investigar por nós mesmos aceitamo-los, vivendo todos os dias chamando-os “conhecimentos” e baseamos nosso bem estar neles, em virtude da fé.
Já dissemos que a fé é a força que põe o ser humano em comunicação com Deus, que nos relaciona com a Sua Vida e Poder. A dúvida, pelo contrário, produz um efeito de confusão e perturbação que impossibilita a percepção das vibrações espirituais. Esses são os efeitos da fé e da dúvida que pode-se ver facilmente examinando suas influências na vida diária. Sabemos que as expressões de fé e de esperança nos animam, ao passo que as manifestações de dúvida dos outros sobre a nossa pessoa nos deprimem. Acontece a mesma coisa, quando tratamos das coisas superiores e espirituais.
Vemos, pois, que a dúvida e o ceticismo têm efeito prejudicial sobre o objeto a que se dirigem, enquanto que a fé abre e expande nossa capacidade mental, assim como a luz solar desenvolve a formosura da flor. Podemos, agora, compreender a necessidade a fé, quando queremos nos aproximar dos ensinos espirituais. Considerados dessa forma podemos perceber neles a sua verdadeira luz, enquanto que a dúvida, a crítica ou a descrença destroem a beleza da concepção espiritual, assim como os ventos gelados destroem as flores. Cristo disse: “Todo aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele” (Mc 10; 15). Nesta sentença se oculta à chave da atitude mental necessária. As pessoas mais velhas quando recebem novos ensinos ou novas ideias repelem-nos desde logo, quando encontram algo que não haviam pensado ainda, ou aceitam-nos sem exame nem discussão, se estão de acordo com as suas teorias.
Convertem seus próprios conhecimentos e pontos de vista em medida absoluta da verdade, com que medem todas as ideias que se apresentam e, por mais ampla que possa ser sua visão ela será sempre curta, desde o ponto de vista cósmico.
Um menino não levanta obstáculos não se limita a conhecimentos anteriores; sua Mente está aberta a toda a verdade, e recebe qualquer ensino com fé e sem vacilação. O tempo lhe demonstrará se esses fatos são certos ou não, e essa é a única prova concludente. O discípulo das escolas Ocultistas desenvolve essa atitude mental infantil, pondo de lado tudo quanto já conhece, quando examina um ensinamento novo ou investiga um fenômeno que antes não havia percebido, a fim de desembaraçar a sua Mente de todo obstáculo. Por suposto, não aceita simplesmente que o branco seja preto; porém está sempre pronto a admitir, quando se lhe faz a proposição, que pode existir um ponto de vista do qual não tinha conhecimento, desde o qual o objeto branco possa apresentar-se realmente negro ou vice-versa. Essa é uma atitude mental sumamente vantajosa porque o ser humano que a cultiva é capaz de aprender e de aumentar os seus conhecimentos, da mesma forma como a criança que escuta mais do que argumenta. Desta sorte a atitude mental da criança conduz realmente à obtenção do conhecimento, do qual se fala simbolicamente como o “Reino de Deus” em oposição ao reino da ignorância do atual estado humano. Compreenda-se que a fé requerida não é uma fé “cega”, nem uma fé irracional que se adere a uma crença ou dogma contrários à razão, mas sim a um estado mental aberto e tranquilo, sem prejuízos ou preconceitos, disposto a examinar qualquer proposição até que a investigação completa tenha demonstrado que é insustentável. Dissemos anteriormente que toda Oração era a chave do comutador que permitiria fluir a corrente da Vida e da Luz divina, dentro de nós mesmos. A fé na oração é a força que abre essa “chave”. Sem força muscular não se poderia abrir a chave para obter-se a luz física, e sem fé não se poderá orar, devidamente, para obter a iluminação espiritual.
(Revista Serviço Rosacruz – 06/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Razões da Falência Amorosa: examine as razões dessa falência e passe a estudar a significação do amor
Embora sejamos em realidade espíritos, nossa atual condição humana de seres separados pela insensibilidade de corpos cristalizados pelas transgressões à Lei natural não nos permite manter contato consciente e direto com nossa real natureza. Sentimos uma profunda necessidade de superar essa separação e anular a angústia que ela nos provoca.
A solução é o Amor, o verdadeiro amor, que nos une aos semelhantes, à Criação e a Deus.
As almas amadurecidas buscam o amor e não o encontram no exterior. É quando a religião não se satisfaz mais com as fórmulas simples das religiões populares.
Para dar mais amplo e racional entendimento do amor e da fé surgiu a Fraternidade Rosacruz. Ela preconiza o desenvolvimento paralelo da Mente e do Coração e mostra como isto é possível. O estudo da Filosofia Rosacruz nos previne contra os perigos do intelectualismo frio e pretencioso e nos revela, igualmente, as inconveniências do amor cego.
Em realidade, o amor é algo que deve ser cultivado. Um estudo dos aspectos teóricos e práticos do amor iluminará, em muitos de nós, pontos obscuros e dúbios e ressaltará erros na maneira de pensar e agir, acerca desse fundamental problema.
O amor é uma arte. Porém, a maioria das pessoas tem a convicção de que é uma sensação agradável que se experimenta por acaso, algo em que se “cai” quando se tem sorte.
Vemos que todos o perseguem. Ele é o tema constante dos romances, das canções, dos filmes e das novelas. Está sempre em voga. Mas quase ninguém pensa haver alguma coisa, a respeito do amor, que deva ser aprendida. Por que o povo pensa assim? Se atentarmos bem, há três premissas com que, consciente ou inconscientemente, isoladas ou combinadas buscam sustentar esse sofisma, origem de tantas desilusões.
A primeira premissa é esta: a maioria das pessoas pensa que o amor é mais uma questão de reunirmos recursos pessoais de atração, isto é, sermos requisitados, amáveis, admirados e não propriamente que devamos amar.
Na busca desse alvo, os seres humanos procuram o poder, a fama, a riqueza como meios de atração exterior e transitório. As mulheres buscam tornam-se atraentes. Ambos os sexos cultivam maneiras agradáveis, conversações interessantes, prestativas, modéstia, inofensiva, etc. Bem analisados, tais meios são os mesmos que hoje se empregam para “conquistar amigos e influenciar pessoas”. Isso que a maioria de nossa cultura considera ser amável é, essencialmente, uma mistura de ser popular e despertar atração física. Nada mais.
A segunda premissa, por trás dessa atitude de que nada há a aprender a respeito do amor, é a ideia de que o amor é mais uma questão de termos sorte de achar o ser ideal que nos ame e pelo qual sejamos amados. Não é, pois, uma faculdade que devamos desenvolver em nós. Tal atitude tem muitas razões enraizadas no desenvolvimento da sociedade moderna. Uma dessas razões é a grande mudança ocorrida no século XX, com relação à escolha do “objeto do amor” (o futuro esposo ou esposa). Na época vitoriana, como em muitas culturas tradicionais, o amor não era uma experiência pessoal e espontânea. O casamento era contratado por convenção, pelas famílias respectivas ou por um agente matrimonial. Julgava-se que o amor se desenvolveria depois de efetuado o matrimônio. Nas últimas poucas gerações o amor romântico se tornou quase universal. Grande número de pessoas anda a procura do “amor romântico”, da experiência pessoal de amor que acabe levando ao matrimônio. Mas esse novo conceito de liberdade no amor, na verdade, acentua a importância do “objeto do amor” em detrimento da importância da função, ou seja, da faculdade do verdadeiro amor que se deve cultivar. Os divórcios e desquites aí estão a atestá-lo. Ainda neste parágrafo convém ressaltar outro aspecto da cultura contemporânea: a ideia de um contrato em que se faz uma troca mutuamente favorável. Cada um, em vez de amar, procura tirar um “lucro” na transação matrimonial, ou seja, uma boa soma de qualidades que sejam populares e muito procuradas no mercador da personalidade. O que torna especificamente uma pessoa atraente depende da moda da época, quer física, quer mentalmente. Numa cultura em que prevalece a orientação mercantil, e em que o êxito material é o valor predominante, pouca razão há para surpresa no fato de seguirem as relações de amor humano os mesmos padrões de troca que governam os mercados de utilidades e de trabalho.
A terceira e última premissa que leva a ideia de nada haver para ser aprendido a respeito do amor, consiste na confusão entre a experiência inicial de cair enamorado e o permanecer no amor. Diz bem o provérbio: “a felicidade é facilmente conquistada, o difícil é conservá-la”. Se duas pessoas estranhas uma à outra, como todos somos, subitamente derrubam os muros que as separam e se sentem próximas, se sentem uma só, esse momento de unidade é uma das mais jubilosas e excitantes experiências da vida, para quem tem estado isolado, fechado em si, sem amor. Mas raramente é duradoura. As duas pessoas se tornam bem conhecidas, sua intimidade perde cada vez mais o caráter miraculoso e seu antagonismo, suas decepções, seu mútuo fastio acabam por matar tudo quanto restava da excitação inicial.
Essa atitude – a de que nada é mais fácil do que amar – tem continuado a ser a ideia predominante a respeito do amor, apesar da esmagadora prova em contrário. Dificilmente haverá outra atividade humana que comece com tão tremendas esperanças e expectativas e que, contudo, fracasse com tanta regularidade, quanto o amor. Se isso se desse com qualquer outra atividade, principalmente as que envolvem dinheiro, todos estariam ansiosos para saber das razões do fracasso, por aprender como se poderia fazer melhor. No caso do amor parece haver apenas um meio adequado de superar a falência amorosa: examinar as razões dessa falência e passar a estudar a significação do amor.
(Revista Serviço Rosacruz – 03/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Purificação Interna: à base de realizar a obra da evolução de si mesmo, através da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício
“Limpai as mãos, pecadores; e vós de duplo ânimo, purificai os corações” – (Tg 4; 8).
Como sabemos, cada ser humano tem a vida exterior, geralmente conhecida e analisada pelos que o rodeiam e, também a vida íntima, da qual somente ele próprio poderá fornecer testemunho.
É, indiscutivelmente, o mundo interior a fonte de todos os princípios bons ou maus, nos quais todas as expressões exteriores guardam seus fundamentos.
Em geral, todos somos portadores de graves deficiências íntimas, que necessitam de laboriosa retificação. Porém não é tão simples o trabalho de purificar.
Fácil será ao ser humano aceitar verdades religiosas, aderir a esta ou àquela ideologia, entretanto, coisa bem diversa é realizar a obra da evolução de si mesmo, através da autodisciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício.
Entendia o apóstolo Tiago, suficientemente, a gravidade do assunto, tanto assim que aconselhava os discípulos no sentido de que limpassem as mãos, quer dizer, retificassem as atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos e, apelava, ainda, que efetuassem, igualmente, a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, conhecido unicamente pelo aprendiz, na profundidade indevassável de seus pensamentos. Procurar, com entusiasmo, a purificação dos nossos sentimentos, pensamentos e atos é, sem dúvida, tarefa que compete a cada um de nós. Muito ajuda tal realização, a prática dos exercícios de retrospecção e concentração, que se encontram nas últimas páginas da obra básica dos ensinamentos Rosacruzes, denominada “Conceito Rosacruz do Cosmos”.
O apóstolo Tiago, companheiro valoroso do Cristo, contudo, não se esqueceu de afirmar que isto é trabalho para os de duplo ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão somente à custa de palavras brilhantes.
(Revista Serviço Rosacruz – 11/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Um Exemplo de como é Perigoso nos Apegarmos a Coisas Materiais: a Senhora e o Efeito de estar Apegada a uma Bengala
“Há alguns anos, uma senhora idosa, velha conhecida da autora, passou para o Reino dos Céus. Tinha alcançado uma idade avançada e sua vida havia sido pura e altruísta; por causa de um corpo frágil, tinha passado muitos anos sentada tranquilamente em meditação.
Quando veio a falecer poderia ser comparada a um fruto muito maduro, que não pode mais manter-se preso à árvore; portanto, o rompimento do Cordão Prateado, que comumente leva três dias e meio, no seu caso, levou menos de três horas.
Durante sua última doença e no seu delírio, ela pedia uma bengala que tinha pertencido a seu marido, o qual já havia passado a uma vida mais elevada vinte anos antes; ela habituou-se a usar essa bengala, desde então. Morreu com a bengala, segurando-a firmemente com ambas as mãos e os parentes ficaram relutantes em separá-la de algo que tanto tinha amado em vida, de tal modo que a bengala foi cremada com seu corpo. Pouco tempo após seu desaparecimento, ela voltou para uma visita a autora; vê-la, foi, na verdade, uma visão magnífica.
Seu Corpo de Desejos consistia somente dos braços, mãos e a cabeça e ela segurava a bengala (que tinha o aspecto tão natural como qualquer bengala de madeira poderia ter) com ambas as mãos. Ela parecia uma leve pena branca tentando levantar voo, porém, presa por uma pedra. Era tão etérea que, se não fosse pela bengala que segurava firme com as duas mãos e que era como um peso a retê-la, teria passado pela região purgatorial do Mundo do Desejo em poucos dias. Quando pedimos a ela que largasse a bengala, segurou-a com força, dizendo: “Não, eu preciso ficar mais um pouco”. A tristeza de uma de suas filhas mantinha-a presa à Terra.
Ela queria muito consolar a filha, mas depois de cerca de seis semanas tornou-se impossível para ela continuar.
A bengala etérica foi vista depois na sua casa, em seu lugar favorito, quebrada em três pedaços, onde ela a havia deixado antes de passar para os planos superiores.”.
(do Livreto Apegados à Terra – de Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz)
Pilares do Amor: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento
Além do elemento de dar, o caráter ativo do amor torna-se evidente no fato de implicar, sempre, certos elementos básicos comuns a todas as formas de amor. São eles: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.
Que o amor implica cuidado é mais do que evidente no amor de mãe pelo filho. Nenhuma afirmativa sobre seu amor nos impressionaria como sincera se a víssemos sem cuidado para com a criança, se se desleixasse em alimentá-la, banhá-la, dar conforto físico; ao passo que seu amor nos impressiona se a vemos cuidar do filho. O caso não difere mesmo quanto ao amor por animais ou flores. Se uma mulher nos diz que ama as flores e vemos que ela se esquece de regá-las, não acreditamos em seu amor pelas flores. Amor é preocupação ativa e positiva pela vida e crescimento daquilo que amamos. Onde falta esse zelo positivo e ativo não há amor.
O cuidado suscita outro aspecto do amor: o da responsabilidade. Hoje em dia, muitas vezes se entende a responsabilidade como denotando dever, algo imposto de fora a alguém. A responsabilidade, porém, em seu verdadeiro sentido é ato inteiramente voluntário; é a resposta que damos as necessidades, expressas ou não expressas, de outro ser humano. Ser “responsável” significa ter de “responder”, estar pronto para isso. Essa responsabilidade, no caso da mãe e do filho, refere-se, principalmente, ao cuidado das necessidades físicas. No amor entre adultos, refere-se principalmente às necessidades psíquicas da outra pessoa.
A responsabilidade poderia facilmente corromper-se em dominação e possessividade se não houvesse um terceiro elemento do amor, o respeito. Respeito não é medo e temor; denota, de acordo com a raiz da palavra (respicere – olhar para), a capacidade de ver uma pessoa tal como ela é, ter conhecimento de sua individualidade singular. Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como é. Assim, o respeito implica ausência de exploração. Quero que a pessoa amada cresça e se desenvolva por si mesma, por seus próprios modos e não para o fim de servir-me. Se amo outra pessoa, sinto-me um com ela, ou ele, tal como é não como eu necessito que seja para objeto de meu interesse. É claro que o respeito só é possível se eu mesmo alcancei a independência; se puder levantar-me e caminhar sem precisar de muletas, sem ter o dominar e explorar qualquer outro. O respeito só existe na base da liberdade; como diz uma velha canção francesa “l’amour est l’enfant de la liberte”, ou seja: “o amor é filho da liberdade”, nunca da dominação.
Mas não é possível respeitar uma pessoa sem conhecê-la. O cuidado e a responsabilidade seriam cegos, se não fossem guiados pelo conhecimento. O conhecimento, por sua vez, seria vazio se não fosse motivado pelo cuidado e pelo zelo. Há muitas camadas de conhecimento; o conhecimento que é uma camada do amor é aquele que não fica na periferia, mas penetra até o âmago. Só é possível quando podemos transcender o cuidado por nós mesmos e ver a outra pessoa em seus próprios termos. Podemos saber, por exemplo, que uma pessoa está encolerizada, ainda que ela não o mostre abertamente; mas podemos conhecê-la mais profundamente do que isso; sabemos então que ela está ansiosa e preocupada, que se sente só, que se sente culpada. Sabemos então, que sua cólera é apenas a manifestação de algo mais profundo, e vemo-la como ansiosa e preocupada, isto é, como pessoa que sofre em vez de como a que se encoleriza.
O conhecimento tem mais uma relação – mais fundamental – como o problema do amor. A necessidade básica de fusão com outra pessoa de modo a transcender a prisão da própria separação relaciona-se muito de perto com outro desejo especialmente humano, o de conhecer “o segredo do ser humano”. Se a vida em seus aspectos meramente biológicos é um milagre e um segredo, o ser humano, em seus aspectos humanos, é um segredo insondável para si mesmo e para seus semelhantes. Nós nos conhecemos, e, contudo, mesmo apesar de todos os esforços que possamos fazer, não nos conhecemos. Conhecemos nosso semelhante, e, contudo, não o conhecemos, porque não somos uma coisa, nem o nosso semelhante é uma coisa. Quanto mais penetramos nas profundezas de nosso ser, ou do ser de outrem, tanto mais nos escapa o alvo do conhecimento. Não podemos, todavia, evitar o desejo de penetrar no segredo da alma do ser humano, no mais interno núcleo do que “ele” é.
Há um meio passivo de conhecimento desesperado, através do completo poder sobre a outra pessoa. É como a criança que apanha alguma coisa e a quebra a fim de conhecê-la para saber como é dentro. O outro caminho ativo é amar. O amor é penetração ativa na outra pessoa, em que nosso desejo de conhecer é destilado pela união. No ato da fusão a conhecemos, conhecemo-nos também e conhecemos a todos – o conhecimento do que é vivo, pela experiência da união – e não por qualquer conhecimento que nosso pensamento possa dar.
O amor é o único meio completo de conhecimento. No ato de amar, de dar-me, no ato de perscrutar a outra pessoa encontro-me, descubro-me, descubro-nos a ambos, descubro o ser humano.
A ardente aspiração de nos conhecermos e de conhecer nossos semelhantes encontrou a expressão na sentença délfica: “conhece-te a ti mesmo”. Esta é a fonte principal do toda psicologia humana.
(Revista Serviço Rosacruz – 05/65 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Qual o nosso papel no mundo: sejamos candeias que iluminam pelo exemplo
Os Evangelhos foram escritos há quase dois mil anos. No entanto, estão bem atuais e o estarão ainda por muito tempo, porque, se atentarmos bem, a história de Cristo-Jesus e dos Apóstolos é nossa própria história.
Em que sentido? – perguntarão alguns.
E vos respondo: buscando-lhe o espírito das palavras e não a forma que mata. Nele veremos qual o nosso papel e não um mero relato histórico, um piedoso memorial, uma peregrinação sentimental; nele veremos a Revelação que nos alarga a concepção de Deus e nos revela a nós mesmos, autenticamente. Por esse ângulo, os Evangelhos nos anunciam, nos visam e nos profetizam.
São Tiago nos diz que os Evangelhos são um espelho. Cada um de nós pode ver-se refletido nele, mas “o pior cego é o que não quer ver”; geralmente vislumbramos a imagem dos outros e nos indignamos com sua maldade, cegueira e insensatez.
Max Heindel, utilizando-se da lei de refração espiritual, diz-nos que, via de regra, costumamos ver os outros através de nossa própria aura, matizando os semelhantes com nossas próprias faltas, fantasias e extravagâncias. Citando o nascimento de Jesus: “Estando eles ali, completaram-se, os dias de dar à luz; e teve seu filho primogênito e o enfaixou e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para Ele nas hospedarias” (Lc 11:7). Comenta Max Heindel: “Com que eloquência podemos ampliar o sentido dessa frase: “Não houve lugar para Ele…”.
Na família, na sociedade, na escola, no fundo das almas pecadoras, em nossas próprias almas, haverá digna morada para Cristo nascente? Não será também o nosso coração, ainda hoje, um lugar onde não haja lugar para Cristo?
Há boa intenção, sem dúvida. Procuramos, muitas vezes, agir nobremente, ajudar nossos semelhantes, renunciar a vícios e hábitos danosos etc.
Assim nasce em nós o Cristo. Mas logo depois nossa natureza inferior, personalizada em egoísmo, HERODES, receoso de perder seu poder em nosso reino interno, manda degolar todas as criancinhas: nossos esforços nobres, sentimentos puros, na tentativa de eliminar o futuro REI.
Quando O aceitamos, passando a admitir que somos os “Seus”, para junto dos quais Ele veio, então os Evangelhos nos alumiam. Sabemos por que Ele foi mal recebido, como o seria ainda hoje por muitos que amam as sombras mais que a luz. Sabemos por que lhe recusaram a doutrina, por que se encontrou tão “pobre” ante a oposição e dureza de coração. É a nossa dureza. Sua Vida, Paixão e Morte se repetem como ecos nos indivíduos.
Cristo hospeda-se na casa de Marta e de sua irmã Maria. “Maria, sentada aos pés do Senhor, bebia-lhe os ensinos. Marta, porém, andava preocupada com o seu serviço” (Lc 10; 30-40). Qual das duas representamos? Maria, que escolhia o melhor, que estava sempre em comunhão com o Senhor (não se disse que ela negligenciasse os deveres) ou Marta, que se afunda tanto nos afazeres do mundo e não tem tempo de estar com Ele?
Infelizmente há mais Martas que Marias. Muito mais. Dizendo-se religiosos, a maior parte da humanidade empenha a vida inteira em acumular fortuna, conquistar fama e glória e recreando-se com banalidades, muitas vezes prejudiciais. Não tem tempo. Não se comprazem na presença d’Ele. Embora Ele esteja tão próximo, distanciam-se. Precisam de imagens e cerimoniais simbólicos, não lhe alcançam a essência, tão facilmente despertável em si mesmos.
Quando chega a noite estão cansados. Não se encontraram com o Senhor de dia, não conversaram com Ele, como prazerosamente fazemos com um amigo que estimamos. À noite, esgotados, mais por seus desequilíbrios que propriamente pelo trabalho, buscam distrair-se na televisão, num cinema ou outro divertimento. Afinal, uma reunião sobre filosofia é algo cansativo, um “descer penoso” em que podemos adormecer.
Somam-se, assim o dispêndio de um esforço ambicioso e egoísta, desequilíbrios emocionais oriundos de concorrência mundana, o acúmulo de sensações levianas e tolas, e tardes da noite se deixam adormecer. Não pensam no Cristo menino, dentro de si, que precisa de ALIMENTO; não pensam no esforço dos Irmãos Maiores, todas as noites; não pensam, sequer, no privilégio de servir como Auxiliares Invisíveis, para ajudar os que, tolerantemente, aguardam as almas abnegadas e altruístas que desejam trabalhar com Eles na seara. Não tem tempo. Verdadeiras Martas.
Disse Cristo que devemos “orar e vigiar”, incessantemente. Não significa devamos ficar o tempo todo a orar, desleixando nossos deveres. Ele mesmo, até que entregou seus veículos a Cristo, obedeceu às leis da sociedade em que vivia, sem, contudo, se apegar. Orar sem cessar quer dizer: pensar, sentir e agir sempre em consonância com o Senhor. Não importa a natureza de nosso trabalho. Todos são dignos, desde que os façamos em nome do Senhor. Então somos Maria.
Vejamos outro dos muitos personagens que podem refletir-nos: o pequeno Zaqueu. “Era chefe dos publicanos e rico. Procurou ver quem era Cristo, porém não o conseguia por causa da multidão e porque era de pequena estatura. E correndo adiantou subiu em uma árvore para vê-Lo passar” (Lc 19; 1-4). Enquanto estamos envolvidos nas coisas do mundo somos pequenos. Mas se desejamos algo mais elevado, podemos nos adiantar, esforçando-nos mais que o comum dos seres humanos e subindo com a ajuda de uma filosofia iluminadora, a fim de sentir a presença e ouvir a voz que nos diz: “hoje ficarei em tua casa”. E passaremos a empregar parte de nossos recursos na elevação da humanidade carente, em vez de conservá-los egoisticamente em nosso único proveito (física, emocional, mental e financeiramente).
Os Evangelhos terminam com a morte e paixão de Cristo-Jesus. E São João acrescenta que muitas outras coisas poderiam dizer, mas que por ora não as suportaríamos.
A Paixão recomeça todos os dias. A humanidade, os novos autores, ensaiam seus papéis. Milhões e milhões de indiferentes, dos covardes, dos que “lavam as mãos”; depois os milhões que face aos problemas, e momentos difíceis, negam seus ideais superiores, como São Pedro; os Judas que traem sua consciência com um “beijo” falso, os milhares de carrascos que se comprazem em explorar o fraco, espezinhar o débil, os brutos com seus açoites diversos, o funcionário com seu frio regulamento diante da mesma face dolorosa, infinitamente paciente, infinitamente amorosa que se cala e nos dirige aquele olhar que despedaçou o coração de São Pedro e fê-lo branquear os cabelos numa noite. Aquele olhar de ternura, de interrogação e de espera.
E mais do que nunca há vítimas que sofrem perseguições injustas. Em nossa casa, junto de nós, há alguém que chora, alguém que sofre, alguém sequioso de orientação e conforto, alguém com fome e frio, alguém doente, alguém de luto, alguém na solidão. Estão esperando por nós. Quem é Verônica? Quem é Simão Cirineu? Quem é João, o discípulo amado? Quem é Pedro? Quem é Judas? Quem é José de Arimatea? Quem é Pôncio Pilatos? Quem é sua esposa?
Que oportunidade a nossa! Eternamente presente, Cristo-Jesus nos olha e nos espera: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste” (Mt 25; 40). Ele vive em nós, sofre em nós. Acompanhamos o drama. Queiramos ou não, somos levados a fazer parte dele. Mas temos a liberdade de escolher o papel, embora seja uma liberdade relativa. Podemos esclarecer e converter alguns da multidão indiferente para que O amem; dos que o odeiam, para que o conheçam pelo menos, porque só a ignorância gera o ódio. Podemos conseguir alguns servos vigilantes, alguns corações amorosos, para que nos ajudem a continuar-lhe a obra de redenção dos que “não sabem o que fazem”.
O teatro está sempre aberto. Uma parte sai e a outra entra em cena. Vivemos repetindo a peça. Variações sobre o mesmo tema. Sabemos nosso papel de cor. Julgamos conhecer o Evangelho. “Estamos prontos” – dizemos ao Grande Diretor.
Mas ficamos ofuscados quando entramos em cena neste mundo, ansiosos de glória, desejosos de aplausos, preocupados demais com os trajes, com os efeitos. Distraímo-nos. Não vivemos o papel despretensiosamente. E perdemos a oportunidade.
Em dado momento cai o pano para a nossa parte no mundo e o Diretor irrompe em nosso camarim: que houve com você? Por que não representou? E o ator confuso e envergonhado, responde: perdi a noção de meu papel, deixei-me levar pela assistência e pelo que podiam pensar de mim, não julguei que fosse assim antes de entrar.
De que valem as escusas? Sim há o infinito pela frente, mas o tempo perdido não volta mais. Temos que enfrentar novamente as mesmas falhas até vencê-las. Repetir a cena. Como há quase dois mil anos, hoje a mesma coisa. Feliz o servidor que o Mestre, à sua chegada, encontra vigilante. “Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço e elas me conhecem e seguem” – (Joa 10; 27).
Felizes dos que ouvem essa voz e a seguem. “Pois assim como a chuva e a neve descem do céu e não voltam mais para lá, mas embebem a terra, fecundando-a e fazendo-a germinar para que dê semente ao que semeia e pão ao que come, assim será a minha palavra: saída da boca não tornará a Mim vazia, mas fará tudo quanto quero e prosperará onde eu a enviar” (Is 55; 10-11).
A Palavra de Deus é eficaz, é viva. É água viva da qual, alguém bebendo, jamais terá sede, conforme disse Cristo à mulher samaritana. Só podemos oferecer dessa água se primeiramente a tivermos bebido. Não podemos dar a ninguém o que não temos. Não podemos comunicar senão o que temos vivido. Não podemos atrair os outros senão para aquilo que conhecemos.
É a palavra de Deus que deve determinar nosso apostolado, nossa ação.
Saibamos escolher e bem representar nossos papéis no mundo. Sejamos autênticos cristãos, candeias que iluminam pelo exemplo, sais que não deixam a massa corromper e dão sabor à humanidade, sal cuja presença é sentida sem evidenciar-se.
(Revista Serviço Rosacruz – 07/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Sua hora chegou: encontrando uma maneira clara e lógica que explica: “de onde você veio, porque está aqui e para onde vai depois da chamada morte”
Caro amigo leitor: você já conhece a Filosofia Rosacruz exposta por Max Heindel – um grande iniciado do século presente? Se esta revista lhe caiu nas mãos, não importa o meio, isto representa uma oportunidade de importância muito grande em sua vida, um aceno para uma vida mais ampla e feliz, somente alcançada por aqueles que atingem o conhecimento de si mesmos e do mundo, de forma superior e espiritualizada e aplicam esses conhecimentos em uma nova maneira de viver.
Em tudo e para tudo, na vida do ser humano existe uma hora e, quando menos esperamos ela chega. O Senhor é o Agricultor e Ele sabe quando os frutos se acham maduros para desprender-se, para trabalhar por si mesmos, para alimentar os outros daquilo que Ele nos deu e depois deixarmos as sementes que germinarão árvores da mesma qualidade, num mesmo mundo profuso de teorias e carente de exemplos.
A Filosofia Rosacruz em sua simplicidade cristalina, é algo tão extraordinário e revolucionador na vida interna do ser humano que, se entendida mesmo e praticada, transforma-lhe radicalmente o caráter e, no dizer de Paulo, o apóstolo, transmuta-o “de um homem velho num homem novo, em novidade de espírito” (Rm 7; 21). Mas o ser humano complicou de tal modo sua vida e necessidades, e se acha tão escravizado em suas obrigações, que não encontra tempo para aquilo que poderia sanar seus males e infelicidade. Ademais, dá tanto valor as apresentações complexas e empoladas que, muitas vezes, menospreza as obras simples, sem pensar que a solução da vida não está nos textos misteriosos, mas na prática pura e simples das virtudes cristãs. De que vale saber definir brilhantemente o amor se não o sentimos em nosso coração e na relação com nossos semelhantes?
À sua hora chegou, irmão; a oportunidade aí está para conhecer a Filosofia Rosacruz, que lhe expõe de maneira clara e lógica, “de onde você veio, porque está aqui no mundo e para onde vai depois da chamada morte”. Dá-lhe conhecimento da obra de evolução para os diversos reinos de modo a, racionalmente, levá-lo a compreender a obra de Deus no Mundo e uma vez satisfeita sua Mente, possa começar a fazer seu Coração numa fé ativa e exemplar. De fato, só o conhecimento superior, aliado ao sentimento, faz o cristão completo. Só a fé não basta; geralmente se desvirtua em fanatismo. Por outro lado, o conhecimento sem o amor mais facilmente ainda degenera em pretensão intelectual.
O amor é uma poderosa força que deve ser orientada pela razão. O frio intelecto deve orientar-se pelo calor do sentimento para que atinja seu objetivo de iluminação exterior. São dois instrumentos que se completam; dois caminhos que se encurtam numa reta de realização, quando harmonizados dentro de nós.
“O Conceito Rosacruz do Cosmos”, obra básica da Filosofia Rosacruz exposta por Max Heindel sob a orientação de elevadíssimos Seres que chamamos de os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, encerra uma valiosíssima mensagem místico ocultista. Nele você encontrará orientação para desenvolver, mediante a prática sincera, as potencialidades que Deus guardou na Arca sagrada de seu ser, em sentimentos e intelectualidade. Ele, o Senhor, vem e bate à porta de seu coração. Mas como naquela pintura de Sallman (N.R.: Warner Sallman (1892-1968), pintor americano), Ele bate, mas não abre, porque o ferrolho está por dentro. Nós, com o sagrado livre arbítrio é que devemos decidir se abrimos ou não ao Senhor que vem convidar-nos para unir ombros com aqueles que já levam a vida a sério.
A Filosofia Rosacruz é uma mensageira Aquariana, uma nova ordem de ideias que predominará na futura Idade Aquariana, a iniciar-se aproximadamente daqui a 600 anos. E como tudo no plano de Deus é preparado, esta mensagem é lançada ao ar. Cada ser humano é comparado a um rádio transmissor e receptor. Se ele estiver afinado com a onda do futuro sentirá um mágico “toque” nas “válvulas” de seu Coração e de sua Mente e abrirá suas portas e virá juntar-se a nós na sementeira.
A mensagem continua no ar para que possa ser captada a qualquer instante por qualquer ser. A liberdade é sagrada. Ademais, num mundo cheio de materialismo são poucos os preparados. Aí está o mérito. Se você sentir, venha e veja, sem compromisso nenhum. Nossa obra é impessoal. Ela objetiva formar caracteres, novos seres humanos que definam o destino do mundo, segundo o plano de amor e sabedoria do Criador. A obra Rosacruz é desinteresseira. Não estipula mensalidades proporcionais. A contribuição é voluntária, dentro das posses de cada um para exclusiva difusão da obra. Na Fraternidade Rosacruz não se dão Iniciações, ainda que se queira pagar bem, porque, honestamente, ali se mostra que elas resultam do preparo interno e dependem quase exclusivamente do esforço individual.
A participação da Rosacruz é orientar cada Aspirante para que alcance a realização interior com segurança, sem perigo no menor tempo possível. Tais preceitos não se guardam como segredos, mas são expostos claramente nas obras de Max Heindel, para que cada um tenha o direito de segui-los. Não nos iludamos com os mistérios. Não julgamos honesto estabelecer atmosfera de mistério, apenas para satisfazer a tendência humana de valorizar o difícil e proibido. Difícil é o que não sabemos, mas todos têm o direito de alcançá-lo. Proibido deve ser apenas o imoral, o que vai contra as leis naturais, mas nossa consciência é que deve repudiá-lo.
Por aí vê o leitor, neste breve esboço, que a Filosofia Rosacruz procura fazer de cada ser humano uma lei em si mesmo, não discordante, senão, uníssona a Lei universal. Uma vontade, uma inteligência, um coração, próprios em sua maneira de expressão, mais coerente com o propósito do Grande Arquiteto. Uma célula de consciência própria no Corpo de Deus. Um detalhe precioso e expressivo do Quadro da Natureza.
Chegou a sua hora, caro amigo leitor. Peça nossos folhetos informativos. Faça os cursos por correspondências (N.R.: ou por e-mail). Talvez aí esteja a chave com que com que você terá acesso aos arcanos de seu ser. Uma vez que se desvende, conhecerá seus semelhantes e o Grande Corpo de que todos fazem parte, a cuja imagem e semelhança fomos feitos.
(Revista Serviço Rosacruz – 03/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)