Educando Nossos Filhos (naturais ou espirituais) dos 7 aos 14 Anos
Nos períodos setenários em torno dos sete aos catorze anos e dos catorze aos vinte um anos os veículos invisíveis Corpo de Desejos e Mente, respectivamente, se encontram ainda no útero da Mãe Natureza.
Nos seus primeiros anos de vida, a criança vê-se como uma propriedade de sua família, ela está subordinada aos desejos de seus pais e em maior grau do que após os quatorze anos. O motivo é que existe na garganta do feto e da criança uma glândula chamada Timo, a qual, sendo maior antes do nascimento, vai diminuindo de tamanho através dos anos da infância até desaparecer numa idade que varia de acordo com as características da criança. A finalidade desse órgão no corpo humano tem intrigado os anatomistas, que ainda não chegaram a um acordo sobre o seu verdadeiro papel. Supõem, contudo que antes do desenvolvimento da medula dos ossos, a criança não é capaz de produzir seu próprio sangue e, portanto, a glândula Timo, contendo a essência fornecida pelos pais, responde pelo fabrico do sangue necessário desde os primeiros anos até a idade em que ela, já adolescente, possa produzi-lo por si mesma como parte da família e não como Ego. Durante esse período, até o entorno dos catorze anos, ele é “o menininho da mamãe” ou “a menininha do papai”, “o menininho do papai” ou “a menininha da mamãe”.
Por volta dos sete anos, o Corpo Vital da criança alcança a suficiente perfeição que lhe permite receber os impactos do Mundo externo. Estendendo sua capa protetora de Éter sobre o Corpo Denso, começa então a viver independentemente. É aí que deve começar o trabalho do educador sobre o Corpo Vital, auxiliando-o na formação da memória, da consciência, dos bons hábitos, e de um temperamento harmonioso.
Autoridade e Aprendizado passam a ser as palavras chave dessa época em que a criança vai aprender o significado das coisas. Se temos um filho precoce, procuremos não estimulá-lo a cursos que exijam esforços mentais extremos. Criança-prodígio, geralmente, vêm a ser homens e mulheres de inteligência abaixo do normal. Neste particular deve-se permitir à criança seguir as suas próprias inclinações. Sua faculdade de observação precisa ser ensinada especialmente através dos exemplos. Mostre à criança uma pessoa embriagada e também o vício que a deixou em tão lastimável estado. Em seguida, mostre-lhe uma pessoa sóbria, e apresente-lhe ideias elevadas.
Neste período pode-se começar a prepará-la para economizar a força que principia a despertar em si, e que vai capacitá-la a reproduzir a espécie ao fim do segundo período de sete anos. Que ela nunca busque se informar a esse respeito através de fontes duvidosas porque seus pais, muitas vezes, tolhidos por um falso senso de pudor, evitam esclarecê-la devidamente. É dever do educador (pai e mãe ou o responsável pela criança) o esclarecimento apropriado da criança. A omissão nesse ponto equivale a deixá-la cruzar de olhos vendados uma área cheia de armadilhas, com advertência de não tropeçar nelas. Ora, ao menos tirem-lhe a venda. Ela já terá dificuldades suficientes mesmo sem ela.
A flor pode servir como lição objetiva, e todas as crianças, das maiores às menores, devem receber as mais belas instruções em forma de um conto de fadas. Pode-se ensiná-las que as flores são como as famílias, sem precisar confundi-las com termos de botânica. Mostrem-lhes então algumas flores, dizendo: “Aqui está uma família-flor em que todos são meninos (as estaminas); e aqui está uma outra onde estão meninos e meninas (uma flor que tem tanto estames como pistilos). Mostrem-lhes o pólen nas anteras. Digam-lhes que estas flores são idênticas aos meninos nas famílias humanas; que são destinados e estão sempre desejosos de sair pelo Mundo afora e lutar na batalha da vida. Mostrem-lhes as abelhas com as cestas de pólen em suas pernas e contem-lhes como os meninos-flores cavalgam nesses corcéis alados, tal como os cavaleiros de antanho iam pelo Mundo em busca da princesa aprisionada no castelo encantado (o óvulo oculto no pistilo); mostrem-lhes também como o polensinho – cada cavaleiro – abre caminho através do pistilo até alcançar o óvulo. Digam-lhes, então que esse encontro significa o casamento da flor-homem com a flor-mulher, os quais daí em diante viverão felizes e se tornarão pais de muitas flores-meninos e flores-meninas. Quando elas compreenderem isto perfeitamente, estarão também sabendo bastante sobre o acasalamento nos reinos animal e humano, uma vez que não existe diferença, pois a geração em um reino é tão casta, pura e santa quanto nos outros. A criança educada desta maneira sempre olhará a função criadora com reverência. Cremos que não há melhor modo de introduzi-la no assunto.
Esta narrativa pode variar e ser enriquecida de acordo com a fantasia do educador, como ainda pode ser suplementada por histórias de pássaros e outros animais. Isto despertará na criança a compreensão da origem do seu próprio corpo e emprestará ao amor mútuo dos pais todo o romantismo das flores-meninos e flores-meninas, além de prevenir o mais leve pensamento de repulsa associado ao parto, que possa surgir na Mente da criança. Quando assim preparada, ela estará pronta para o nascimento do Corpo de Desejos, na ocasião da puberdade.
No entanto, para que a criança possa melhor colher os benefícios da orientação e ensino dos seus pais e de seus mestres, é fora de dúvida que precisará tê-los na maior veneração e sentir admiração por sua sabedoria. Cabe a nós, portanto, conduzir-nos à altura desse conceito, pois se ela observa em nós frivolidade, ouve conversas levianas e presencia algum comportamento duvidoso, privamo-la do mais forte apoio na vida que é a fé e a confiança em seus semelhantes. É nesta idade que se forjam os cínicos e céticos. Somos responsáveis perante Deus pelas vidas a nós confiadas, e teremos de responder perante a Lei de Consequência por termos negligenciado a grande oportunidade de guiar os primeiros passos de um ser no caminho certo. O exemplo é sempre melhor do que um conselho.
Há também a considerar a questão dos castigos corporais, os quais são importantes fatores no despertar da natureza sexual e assim este castigo deve ser totalmente evitado. É um crime infligir castigos corporais à criança, seja qual for sua idade. A força nunca foi um direito, e os pais e responsáveis, como os mais fortes, sempre devem ter compaixão pelo débil. Não há criança, por mais indócil que seja, que não reaja ao método de recompensa pelas boas ações e à supressão de privilégios como consequência da desobediência. Coloquemo-nos no lugar de uma criança: gostaríamos de viver agora com alguém de cuja autoridade não pudéssemos escapar, que fosse muito maior do que nós, e que nos batesse quase todos os dias? Ponhamos de lado essa prática, e notaremos que muitos dos males sociais desaparecerão em uma geração. Reconhecemos o fato de que o chicote dobra o espírito de um cão, ao mesmo tempo que deploramos os indivíduos sem fibra e de vontade fraca. Deve-se isto aos açoites impiedosos a que foram submetidos na infância. É deplorável que certos pais e responsáveis considerem como sua missão na vida quebrantar o espírito de seus filhos e filhas pela lei da vara. Como pais e responsáveis podemos e devemos orientar e sanar o mal guiando a vontade dos nossos filhos e das nossas filhas por linhas que a nossa própria razão amadurecida possa indicar. Deste modo ajudamo a eles e a elas a cultivar a fortaleza de caráter, ao invés da fraqueza e subserviência, que infortunadamente afligem muitos de nós. Por conseguinte, nunca bata numa criança. Quando a correção se fizer necessária, retire uma concessão ou suspenda um privilégio.
Agora um método para orientar os passos dos nossos filhos e das nossas filhas no caminho do bem agir, especialmente nesse período setenário dos sete aos catorze anos. Temos observado que o melhor é não notar as faltas menores, mesmo aquelas que consideramos ofensivas, ainda que ocasionalmente possamos insinuar, “Eu não faria isto, ou aquilo”; “Meninas bonitas não fazem isto ou aquilo”; “Você não vai querer que os outros pensem que você não é um garato bonzinho”. “papai do céu não gosta de criança levada”. Se vocês não derem liberdade à criança e não levarem em conta o fato de que os Éteres do Corpo Vital ainda não estão totalmente despertos durante esse período, vocês se equivocarão. O Corpo Vital é o veículo do hábito, portanto, a criança cria um hábito após outro, mas abandona os velhos quase tão rapidamente quanto se formam os novos.
Com isto em mente, vocês devem deixar de corrigir sua filha a todo instante, o que diminuirá o respeito dela por vocês, de modo que, quando tiverem de exigir-lhes obediência em coisas verdadeiramente importantes que ele a deve seguir para seu bem, vocês, por certo, não serão ouvidos. É importante saber do que ela mais gosta em relação a alimentos, brincadeiras, vestidos e também diversões fora de casa e, assim, podem começar a por em prática, suavemente a princípio, e aumentando gradativamente, este processo que vou tentar explicar-lhes, até que o objetivo em vista seja alcançado.
Nunca se priva uma criança em crescimento do seu alimento regular, porém, neste caso, seu prato pode ser-lhe entregue sem o acompanhamento esperado. Assim o “Suplício de Tântalo” é perfeitamente válido, isto é, tragam as sobremesas e deixem-na ver a mamãe e o papai saboreá-las e dizerem como são deliciosas, e também ver que estas coisas estão-lhe sendo negadas por ela não concordar em obedecê-los. Pensamos ser este um dos métodos mais eficazes para conseguir obediência. Se a menina gosta de roupas bonitas e tem um vestido que ache feio, façam-na usá-lo sempre que desobedecer. Assim vestida ela não desejará sair e ser vista pelas companheiras. E, se sair, logo será descoberto o motivo por que está vestida assim. Então, com aquela costumeira crueldade infantil, a criançada zombará da rebeldezinha que, por certo, receia mais esse tratamento do que qualquer coisa que mamãe possa fazer-lhe. Deste modo, a pressão exercida bem cedo poderá forçá-la à obediência resultando, talvez, em um pedido para que vocês livrem-na daquele vestido.
Existem vários outros métodos, dentro desta mesma diretriz, que poderão ocorrer aos pais. Tais corretivos, entretanto, só devem ser usados muito raramente e como último recurso, caso contrário, a criança poderá tornar-se insensível aos mesmos.
Em geral, ponderações sobre o amor filial e o reconhecimento do carinho com que os pais a cercam, fazendo-a compreender o objetivo da educação, é quanto basta para ajudá-la a ter uma conduta correta.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
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