Quando uma pessoa estuda determinado assunto por algum tempo, gradualmente ela se torna consciente desse tempo e, aos poucos, conscientiza-se de que o assunto tem um certo valor em sua Mente. Ela forma uma opinião sobre aquele assunto, sendo essa opinião a concentração de muitos pequenos detalhes que ela aprendeu. Os detalhes reais não estão presentes na opinião, mas ajudaram a moldá-la e a criá-la. Tal pessoa estudou cuidadosa e minuciosamente esse assunto e pode-se dizer que, devido à sua longa aplicação, ela compreendeu o assunto estudado. Sempre que esse assunto for discutido, ela julgará o valor das opiniões de quem está expondo tal assunto baseado em sua própria intuição. E ela saberá, intuitivamente, se quem está expondo está correto.
Então, a atitude dessa pessoa em relação àquelas que debatem o assunto, que ela conhece extraordinariamente bem, deve ser de tolerância e de paciência. Assim, o que é dito sobre o assunto seria julgado de maneira justa.
Agora, suponhamos que alguém com um conhecimento, obviamente, superficial do assunto a contradiga e apresente numerosos argumentos contra suas opiniões. Esses argumentos não terão peso sobre a pessoa, porque a intuição dela vai declará-los falsos.
E assim, parece-me, deveria ser a atitude mental de quem estudou os Ensinamentos Rosacruzes, em relação às pessoas que conhecem só a fase material da vida. A Fé em si mesmo é forte, porém a Fé unida à Razão é duplamente forte. Nenhum argumento ou sofisma mundano poderia abalar a firmeza da crença da pessoa.
De fato, há pouca verdade a ser obtida por meio de argumentos. O aprimoramento das faculdades mentais e o aumento no conhecimento dos fatos resultam mais decididamente, do que os argumentos. Por meio de argumentos as pessoas não conseguem chegar ao conhecimento interno das coisas, que é superior a um mero agrupamento de ocorrências e fatos. Não é durante uma troca de farpas por meio de palavras ou uma dura discordância de duas Mentes com propósitos contraditórios que a “voz mansa e delicada” da intuição pode ser ouvida. Somente no silêncio pode se tornar aparente; ela desaparece, como o tesouro mágico, quando uma palavra é falada.
Por meio de Exercícios Esotéricos Rosacruzes, como por exemplo, a Meditação, nós nos tornamos intuitivos, recorrendo à fonte da verdade, vendo e compreendendo o significado interno das coisas. Quão grosseira, flagrante e áspera se torna a ideia de argumentação, quando comparada a um processo tão sublime como o da intuição!
(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross em 05/1915 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas–SP–Brasil)
“Quem esquadrinha os céus com o intento de salvar a própria alma poderá mentalmente apossar-se dos princípios e regras da Astrologia, mas não lhe alcançará a essência, em que residem seus reais objetivos. Aquele que tem bons intentos e age com amor poderá errar algumas vezes, mas Deus, por diversos meios, orientá-lo-á à Mansão dos bem-aventurados”.
Esses versos, lindos e profundos, são de um autor anônimo. Concordam perfeitamente com a doutrina de Cristo (conforme expressado no ensinamento envolvendo o jovem rico) e com o inigualável décimo terceiro Capítulo da Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios.
O amor é o manancial da vida; unicamente ele torna a existência digna de ser vivida. Daí que na Astrologia Rosacruz a Fraternidade Rosacruz forneça muita consideração a Vênus, o Planeta do amor, examinando com muito interesse os Aspectos com ele formados e com os Signos por ele regidos.
Cada Casa, como sabemos, representa um departamento determinado da nossa vida, abrangendo os aspectos: físicos, moral, mental e espiritual. Exprime, portanto, de modo global, o que já realizamos naquela parte de nossa natureza e o que nos cumpre ainda aprender para que aperfeiçoemos nosso entendimento e expressão, de modo a atingir nosso objetivo de seres espirituais.
Quando aprendermos e ponderarmos o valor intrínseco dos Astros, poderemos ler a mensagem que eles, continuamente, nos expressam sem necessidade de livros nem da ajuda de qualquer autoridade no assunto. Para chegarmos a esse ponto é necessário exercitar nosso poder divino interno de raciocínio, de analogia, de observação, para combinar devidamente os fatores simples e básicos dessa divina ciência. Então, chegaremos a ser realmente um Astrólogo Rosacruz (palavra que significa: raciocinador a partir de assunto astrais).
Qualquer charlatão atoleimado poderá dissertar e exibir-se acerca do que dizem os livros. É fácil ler e repetir como um papagaio o que se memorizou de obras astrológicas.
Difícil, demorado e indispensável é formar o entendimento da matéria, e penetrá-la com nosso “eu”, apropriar-se de seus conceitos, assimilá-los e incorporá-los ao nosso íntimo, de modo a, cada vez mais, poder investigar e deduzir conclusões originais e interpretar adequadamente os temas astrais. Como todo assunto sério, portanto, a Astrologia Rosacruz não pode ser examinada superficialmente, porque as deduções errôneas poderão prejudicar mais do que a ignorância. Sabemos que muita gente se encanta com seus mistérios, mas desaconselhamos seu estudo a quem não deseje conhecê-la bem e, principalmente, empregá-la amorosa e desinteressadamente. E toda a base para uma interpretação profunda, sincera e correta é fornecida pelos estudos de Filosofia Rosacruz, sério, profundo e o mais completo que se pode chegar. Sem eles, é impossível praticar a Astrologia Rosacruz, em sua plenitude e exatamente como ela é: uma Ciência Divina.
É muito compensador o esforço que se emprega em tal estudo e o serviço que ele nos permite prestar, pois, seguramente nos advém um assombroso crescimento anímico. Primeiramente conhecer para que não suceda que como um cego pretendamos guiar outro cego (fato muito comum nessa matéria). Depois empregar os conhecimentos, altruisticamente. Isso quer dizer: orientar segundo as necessidades contidas no horóscopo e conforme o caráter ali expresso, para elevar, libertar e esclarecer o próximo, sem nenhuma forma de compensação, com o objetivo único de curar a doença ou a enfermidade física, mental, emocional, espiritual que nada mais é do que a exteriorização da insistência de uma pessoa em caminhar contrária as Leis de Deus, traduzidas nos seus defeitos, deficiências, vícios e ignorância.
Ninguém pode acrescentar algo a sua alma, senão pelo amor que promove a sabedoria e pelo conhecimento que promove o entendimento. Sabedoria (coração) e conhecimento (razão) conjugados constituem a chave para a interpretação astrológica Rosacruz verdadeira. Quem recebe compensações na Terra (materiais ou por qualquer forma de engrandecimento da Personalidade) já está pago e nada terá a receber nos céus (em seus planos internos e espirituais).
Como o exercício faz o órgão, essa faculdade da prática do amor que promove a sabedoria e pelo conhecimento que promove o entendimento, dessa forma desenvolvida, elevará o Astrólogo Rosacruz e fornecerá o conhecimento e a segurança maior do que os que as maiores autoridades lhe poderiam comunicar, porque vai formando silenciosamente um poder anímico de inestimável valor, denominado intuição, ou seja, um canal de recepção da sabedoria elevada e de primeira mão com nossa natureza Crística interna.
Podemos ensinar a levantar um tema natal. Para isso há regras certas, bem definidas e relativamente fáceis. Mas, ninguém pode ensinar alguém a ler, a interpretar um tema astrológico, de maneira adequada. O melhor método, que adotamos por ser o mais eficiente, é o de ajudar e orientar o Estudante Rosacruz, dando-lhe os fatores, os princípios de cada Astro, Casa, Signo e Aspecto de modo a possibilitar-lhe formar um juízo horoscópio e extrair conclusões lógicas.
Meditem bem no que aqui foi exposto, porque é de fundamental importância e previne muitas consequências desagradáveis.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – abril/1968 – Fraternidade Rosacruz-SP)
O tempo da fé cega já passou, chegamos à época da fé inteligente e da fé razoável. Não acreditamos somente em Deus, senão que O vemos em Suas obras, que são as formas exteriores de Seu Ente. Eis o grande problema de nossa época: traçar, completar e fechar o círculo dos conhecimentos humanos; depois, pela convergência dos raios, achar um centro: Deus! Achar uma escala de proporção entre os efeitos, as vontades e as causas, para subir daí à causa e à vontade primeira. Constituir a ciência das analogias entre as ideias e a sua fonte primitiva.
Tornar qualquer verdade religiosa tão certa e tão claramente demonstrada como solução de um problema de geometria.
Crede e compreendereis — disse Jesus-Cristo. Procuremos e acharemos; estudemos e haveremos de crer. Crer é saber por palavra. Ora, essa palavra divina, que antecipava e supria por um tempo a ciência cristã, devia ser compreendida mais tarde, conforme a promessa do Mestre. Eis, pois, o acordo da ciência e da fé provada pela própria fé.
A Religião é razoável. Pode-se prová-lo radicalmente, por meio da ciência.
A Razão é santa. Cristo-Jesus, encarnando a humanidade regenerada, a divindade feita ser humano, tinha por missão estabelecer o equilíbrio dessa dualidade e conduzir a humanidade à condição divina. O Verbo feito carne permitiu à carne fazer-se Verbo. Isso que os doutores da Igreja não compreenderam a princípio: seu misticismo quis absorver a humanidade na divindade. Negaram o direito divino. Acreditaram que a fé deveria aniquilar a razão, sem lembrar-se desta palavra profunda do maior dos Hierofantes dos mistérios cristãos: “Todo espírito que divide o Cristo é um espírito de Anticristo”.
A unidade do Mestre um dia triunfará em nós.
(Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/70)
Os Gêmeos
Palavra-Chave: Razão
Bento e Bernardo eram irmãozinhos gêmeos. Moravam no bonito estado da Califórnia, onde o Sol brilha quase todos os dias e as crianças podem sair de casa para brincar ao sol.
Eles tinham feito cinco anos na véspera e tinham ido pela primeira vez à escola. Todas as noites, mamãe permitia que brincassem meia hora com seus brinquedos, antes de irem para a cama. Esta noite eles estavam brincando de escola, contando os pequenos blocos de madeira com figuras de animais e com letras de A, B, C, etc. Talvez vocês também tenham alguns brinquedos iguais a esses.
De repente, mamãe, que conversava na cozinha com Jane, sua filha mais velha, de dez anos, ouviu as vozes alteradas dos dois meninos.
– Está certo, dizia Bernardo.
– Não está, dizia Bento.
– Está.
– Não está.
– Pelo amor de Deus, disse a mãe a Jane, ouça esses meninos!
Querendo saber o que estava acontecendo, foi à sala de jantar, onde eles brincavam. Viu dois rostinhos perturbados e Bernardo segurando um bloco em cada mão.
– Mamãe, disse Bento. Bernardo quer fazer três blocos de dois; escute o que ele está dizendo.
Segurando os blocos no alto, um em cada mão, Billie exclamou:
– Olhe mamãe, este bloco é um, não é?
– Sim, respondeu a mãe.
– E este outro bloco é dois, não é? – Sim, Bernardo, é claro, concordou.
– Então, disse Bernardo, um e dois fazem três, não é, mamãe?
– Mas você só tem um bloco em cada mão, Bernardo, argumentou a mãe, e um mais um são dois; porém, se você tivesse dois blocos em uma das mãos e um na outra, aí então seriam três.
– Mas, mamãe, insistiu Bernardo, um e dois fazem três, não é?
– Bento, Bernardo, vejamos, disse Mamãe. Suponha que você dá um bloco para Bento, um para a mamãe e você fica com o terceiro.
Bernardo deu um bloco para Bento e um para a mãe e, como era de se esperar, não restou nenhum para ele, o que o deixou muito embaraçado. Essa foi a maneira como aprendeu a pensar por si mesmo e usar a sua mente.
Mamãe ficou contente porque mostrou que os gêmeos tinham começado a usar os olhos, os ouvidos e a mente, e isto eles estavam começando a aprender na escola.
– Agora, crianças, disse Mamãe, como estamos novamente felizes, guardem os brinquedos direitinhos e vamos para a nossa história de hoje.
Todos os dias, a mãe contava uma história sobre alguém que havia feito alguma coisa de valor para ajudar o mundo. Antes já falara sobre um homem chamado Bell, que havia inventado o telefone, e sobre Edison, que havia feito coisas maravilhosas com a eletricidade. Nesta noite, contou-lhes a história de Henry Ford, que fabricara muitos automóveis e tornara muitas pessoas felizes, porque os preços dos carros não eram muito altos, e assim elas podiam chegar mais rápido e facilmente ao trabalho durante a semana. Aos domingos, após a Escola Dominical, elas podiam passear e mostrar às suas respectivas famílias as belas paisagens do campo.
Essa história fez com que os gêmeos desejassem crescer e se tornarem homens, para que também pudessem fazer coisas úteis neste belo mundo de Deus. A mãe disse-lhes que para isso deveriam ir à escola, onde poderiam aprender muitas coisas úteis. Recomendou-lhes também que não deveriam brigar mais um com o outro; quando discordassem sobre alguma coisa, pedissem ajuda de alguém mais velho para resolver o problema. Desse modo, estariam usando a razão e crescendo tanto em bondade como em sabedoria.
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)