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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Nossa vida aqui, nossa vida lá, nossos poderes aqui, nossos poderes lá

Nossa vida aqui, nossa vida lá, nossos poderes aqui, nossos poderes lá

Cedo ou tarde chegará um momento em que a consciência será forçada a reconhecer o fato de que a vida, como a conhecemos, seja passageira e que, em meio a todas as incertezas da nossa existência, haja apenas uma certeza — a Morte!

Quando a Mente é despertada pelo pensamento desse salto no escuro, que em algum momento deve ser tomado por todos, as grandes perguntas — De onde viemos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? — devem inevitavelmente surgir. Esse é um problema fundamental com o qual todos devem, mais cedo ou mais tarde, lidar e é da maior importância como resolveremos isso, porque a opinião que adotarmos vai colorir toda a nossa vida.

Somente três teorias dignas de reconhecimento foram apresentadas para resolver esse problema. Para nos situarmos em um dos três grupos da humanidade que foram separados por sua aderência a uma dessas hipóteses é necessário conhecê-las, analisar calmamente, comparar umas às outras e a fatos estabelecidos. A palestra nº 1, publicada no Livro Cristianismo Rosacruz, faz exatamente isso e, concordando ou não com suas conclusões, certamente teremos uma compreensão mais abrangente dos vários pontos de vista envolvidos para podermos formar uma opinião inteligente, quando lermos O Enigma da Vida e da Morte.

Se chegarmos à conclusão de que a morte não acaba com a nossa existência, será muito natural perguntar: onde estão os mortos? Essa questão importante é tratada na palestra nº 2. A lei de conservação da matéria e energia impede a aniquilação, mas vemos que a matéria esteja constantemente mudando do estado visível para o invisível e vice-versa, como, por exemplo, no caso da água que é evaporada pelo sol, parcialmente condensada em forma de nuvem e depois cai de novo na terra, como chuva.

Também a consciência pode existir e não ser capaz de fornecer qualquer sinal disso, como nos casos onde as pessoas foram consideradas mortas, porém acordaram e disseram tudo o que foi falado e feito em sua presença.

Portanto, deve haver um Mundo invisível feito de força e matéria que seja tão independente da nossa cognição quanto a luz e a cor independem do fato de não serem percebidas pelos cegos.

Nesse Mundo invisível, os “mortos” vivem em plena posse de todas as faculdades mentais e emocionais. Vivem aí uma vida tão real quanto a existência aqui, no Mundo visível.

O Mundo invisível é conhecido por meio de um sexto sentido desenvolvido por alguns, mas latente na maioria das pessoas. Pode ser desenvolvido por todos; no entanto, métodos diferentes produzem resultados variados.

Essa faculdade compensa a distância de um modo bem superior aos melhores telescópios e a falta de tamanho é contrabalançada em um grau inacessível ao microscópio mais poderoso. Ela penetra onde o raio-X não pode. Uma parede ou uma dúzia de paredes não são mais densas para a visão espiritual do que o cristal é para a visão comum.

Na palestra nº 3, Visão Espiritual e os Mundos Espirituais, essa faculdade é descrita e a palestra nº 11, Visão e Intuição Espirituais, fornece um método seguro para o seu desenvolvimento.

O Mundo invisível é dividido em diferentes domínios: Região Etérica, Mundo do Desejo, Região do Pensamento Concreto e Região do Pensamento Abstrato.

Essas divisões não são arbitrárias, mas necessárias porque a substância de que são compostas obedece a leis diferentes. Por exemplo, a matéria física está sujeita à lei da gravidade; no Mundo do Desejo, porém, as formas levitam tão facilmente quanto gravitam.

O ser humano precisa de vários veículos para funcionar nos diferentes Mundos, do mesmo jeito que necessita de uma carruagem para andar sobre a terra, de um barco para o mar e uma aeronave para o ar.

Sabemos que ele precisa de um Corpo Denso para viver no Mundo visível. Ele também tem um Corpo Vital, composto de éter, que lhe permite sentir as coisas ao seu redor. Um Corpo de Desejos formado pelos materiais do Mundo do Desejo, o que lhe confere uma natureza apaixonada e o incita à ação. A Mente é formada pela substância da Região do Pensamento Concreto e atua como um freio por impulso: ela dá propósito à ação. O ser humano real, o Pensador ou Ego, age na Região do Pensamento Abstrato, operando sobre, e através de, seus vários instrumentos.

A palestra nº 4 trata das condições normais e anormais da vida como Sono, Sonhos, Transe, Hipnotismo, Mediunidade e Loucura. Os veículos mais refinados mencionados anteriormente são todos concêntricos ao Corpo Denso, no estado de vigília, quando estamos ativos em pensamentos, palavras e ações; contudo, as atividades do dia fazem com que o corpo fique cansado e com sono.

Quando o desgaste causado pelo uso de um edifício torna necessários reparos exaustivos, os inquilinos precisam sair para que os trabalhadores possam ter espaço total para a restauração. Portanto, quando o desgaste do dia esgota o corpo, é necessário que o Ego saia. Essa retirada torna o corpo inconsciente, sendo necessário um trabalho preciso para restaurar seu tom e ritmo. Durante a noite, o Ego paira ao lado de fora do Corpo Denso, envolto no Corpo de Desejos e na Mente. Às vezes, o Ego retira-se apenas parcialmente, tendo uma das metades dentro do corpo e a outra, fora; quando isso ocorre, ele vê o Mundo do Desejo e o Mundo Físico, mas de forma confusa como em um sonho.

O hipnotismo é um ataque mental. A vítima desavisada é expulsa do seu corpo e o hipnotizador obtém o controle. As vítimas do hipnotizador são libertadas com a morte dele, no entanto; mas o médium não tem tanta sorte. Os espíritos que o controlam são realmente hipnotizadores invisíveis. Essa invisibilidade oferece grandes possibilidades de enganar e após a morte eles podem tomar posse do Corpo de Desejos do médium e usá-lo por séculos, impedindo que sua infeliz vítima progrida no caminho da evolução. Essa última fase da mediunidade é elucidada na palestra nº 5, Morte e Vida no Purgatório.

O que chamamos de morte é, na realidade, apenas a mudança de consciência de um Mundo para outro. Temos uma ciência do nascimento com enfermeiras treinadas, obstetras, antissépticos e todos os outros meios de cuidar do Ego que chega; contudo, precisamos muito de uma ciência da morte, pois quando um amigo está saindo da existência concreta, permanecemos impotentes, ignorantes em relação a como ajudar; ou pior, fazemos coisas que tornam a passagem infinitamente mais difícil do que se estivéssemos apenas ociosos. Dar estimulantes é uma das piores ofensas contra os moribundos, porque atrai novamente o espírito ao Corpo Denso e o faz com a força de uma catapulta.

Depois que o coração parou, pela ruptura parcial do Cordão Prateado (que unia os veículos superiores do ser humano aos inferiores durante o sono e, após a morte, permanece indiferente por um tempo que varia de algumas horas a três dias e meio), o espírito ainda pode sentir o embalsamamento do corpo físico, sua abertura para exames post-mortem ou a cremação. Esse corpo não deve, portanto, ser incomodado, porque o Ego que passa de um Mundo ao outro está empenhado em revisar as imagens de sua vida passada (que são vistas em um lampejo por pessoas que se afogam). Essas imagens são impressas diariamente e a cada hora no éter do Corpo Vital, independentemente da nossa observação, assim como uma imagem detalhada é impressa na placa fotográfica pelo éter, ainda que o fotógrafo não tenha observado seus detalhes. Elas formam um registro absolutamente verdadeiro da nossa vida passada, que podemos chamar de Memória subconsciente (ou Mente subconsciente) e é muito superior à visão que armazenamos conscientemente em nossa memória (na Mente).

Sob a imutável Lei da Consequência, que decreta que aquilo que nós semearmos nós colheremos, os atos da vida são a base da nossa existência após a morte. O panorama de uma vida passada é o livro dos Anjos do Destino, os organizadores da partitura que fazemos junto à Lei da Consequência.

A revisão do panorama da vida logo após a morte registra as imagens no Corpo de Desejos, que é o nosso veículo normal no Mundo do Desejo, onde o Purgatório e o Primeiro Céu estão localizados.

Esse panorama é o fundamento da purificação do mal, no Purgatório, e da assimilação de boas ações, no Primeiro Céu. É da maior importância que ele seja profundamente gravado no Corpo de Desejos, porque se a gravação for profunda e clara, o Ego sofrerá mais acentuadamente no Purgatório, e experimentará alegrias mais intensas no Primeiro Céu. Tais sentimentos permanecerão como consciência nas vidas futuras, impulsionando as boas ações e desencorajando os maus atos.

Se deixarmos o espírito em paz, tranquilo, para se concentrar no panorama da vida, a gravação será clara e nítida; no entanto, se os parentes desviarem sua atenção com altas e histéricas lamentações durante os primeiros três dias e meio, período onde o Cordão Prateado ainda está intacto, uma impressão superficial ou borrada fará com que o espírito perca muitas das lições que deveriam ter sido aprendidas. Para corrigir essa anomalia, os Anjos do Destino são frequentemente forçados a terminar a próxima vida dele na Terra durante a primeira infância, antes que o Corpo de Desejos tenha nascido, conforme descrito em Nascimento, um Evento Quádruplo (palestra nº 7), pois o que não foi vivificado não pode morrer; assim, a criança entra no primeiro céu e aprende as lições que não aprendeu anteriormente, tornando-se dessa forma equipada a passar pela Escola da Vida.

Como tais Egos mantêm o Corpo de Desejos e a Mente que tinham na vida em que morreram quando crianças, é comum que se lembrem dessa existência, porque só permanecem fora da vida terrena de um a 20 anos.

O sofrimento no Purgatório surge por duas causas: os desejos que não possam ser satisfeitos e a reação às imagens do panorama da vida — o bêbado, por exemplo, sofre as torturas de Tântalo, porque não tem meios de obter ou reter a bebida. O avarento sofre porque lhe falta a mão para impedir que seus herdeiros dissipem seu estimado tesouro. Assim, a Lei da Consequência elimina os maus hábitos até que o desejo se esgote.

Se tivermos sido cruéis, o panorama da vida irradia sobre nós a imagem de nós mesmos e de nossas vítimas. As condições são revertidas no Purgatório: nós sofremos como eles sofreram. Assim, com o tempo, somos expurgados do pecado. A matéria grosseira do desejo que forma a personificação do mal é expelida pela força centrífuga da Repulsão, no Purgatório, e retemos unicamente o puro e o bem, que são corporificados em matéria de desejo mais sutil que é dominada pela força centrípeta — Atração, que no Primeiro Céu une o que é bom, quando o panorama retrata cenas de nossas vidas passadas em que ajudamos outras pessoas ou nos sentimos gratos pelos favores recebidos, conforme descrito na palestra nº 6, Vida no Céu, que também fala da estadia no Segundo Céu, localizado na Região do Pensamento Concreto.

Esse também é o reino do tom, como o Mundo do Desejo é da cor e o Mundo Físico, da forma. O tom, ou som, é o construtor de tudo o que existe na Terra, como João diz: “No princípio era o Verbo (o som), e o Verbo se fez carne.”, a carne de todas as coisas, “Sem Ele nada do que foi feito se fez”. A montanha, o musgo, o rato e o ser humano são encarnações dessa Grande Palavra Criadora que desceu do céu.

Lá, o ser humano se torna um com as forças da natureza; Anjos e Arcanjos o ensinam a construir um ambiente conforme o que mereceu sob a Lei da Consequência. Se ele gastou seu tempo na especulação metafísica, igual aos hindus, deixou de construir um bom ambiente material e renascerá em uma terra árida, onde inundações e fome o ensinarão a voltar sua atenção às coisas materiais. Quando ele focaliza sua Mente no Mundo Físico, aspirando à riqueza e ao conforto material, constrói no Céu um inigualável ambiente material, uma terra rica com instalações que lhe trarão facilidade e conforto, como o mundo ocidental tem feito. Mas, dado que sempre ansiamos pelo que nos falta, as posses que temos nos saciam para além do conforto e estamos começando a desejar novamente a vida espiritual, como os hindus, nossos irmãos mais novos, querem agora a prosperidade material que temos e estamos deixando para trás, o que é melhor explicado na palestra nº 19, A Força Futura — Vril?, que mostra por que as práticas de ioga hindu são prejudiciais aos ocidentais: eles estão atrás de nós na evolução.

Depois que o Ego ajuda a construir o arquétipo Criativo para o ambiente de sua próxima vida terrena, no Segundo Céu, ascende ao Terceiro Céu, localizado na Região do Pensamento Abstrato. Mas poucas pessoas aprenderam a pensar de forma abstrata como os matemáticos; portanto, a maioria está inconsciente, como no sono, aguardando o Relógio do Destino — as estrelas, para indicar a hora em que os efeitos gerados pela ação das vidas passadas possam ser calculados. Quando os responsáveis pelo tempo celestial, o Sol, a Lua e os Planetas, alcançam uma posição adequada, o Ego acorda com o desejo de um novo nascimento.

Os Anjos do Destino examinam o registro de todas as nossas vidas passadas, estampadas na Mente supraconsciente toda vez que o Ego vai para o Terceiro Céu, conforme descrito na palestra nº 7, Nascimento, um Evento Quádruplo. Quando não há uma razão específica para a tomada de um determinado ambiente, o Ego tem várias opções de encarnação. Elas são mostradas a ele em uma visão geral, exibindo o grande esboço de cada vida proposta, mas deixando espaço para o livre-arbítrio individual nos detalhes.

Depois que uma escolha é feita, o Ego deve liquidar as causas maduras que foram selecionadas pelos Anjos do Destino e qualquer tentativa de escapar será frustrada. Deve-se notar cuidadosamente que o mal seja erradicado no Purgatório. Somente as tendências restam para nos tentar, até que, de forma consciente, nós as vençamos. Assim, nascemos inocentes e pelo menos todo ato maligno é um ato de livre-arbítrio.

Quando o Ego desce em direção ao renascimento, reúne os materiais para seus novos corpos, mas eles não nascem ao mesmo tempo. O nascimento do Corpo Vital inaugura um rápido crescimento entre os sete anos e os 14, desenvolvendo também a faculdade de propagação. O nascimento do Corpo de Desejos, aos 14 anos, dá origem ao período impulsivo que vai dos 14 aos 21. Nessa idade, o nascimento da Mente fornece um freio ao impulso e concede a base para uma vida séria.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross em maio/1915 – traduzido pela Fraternidade Rosacruz – Campinas – SP – Brasil)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Hipnotismo, um cerceamento e violência à sagrada liberdade individual

O Hipnotismo, um cerceamento e violência à sagrada liberdade individual

Nos ensinamentos que promulga, a Fraternidade Rosacruz leva acima de tudo a liberdade humana. Sua mensagem é, sobretudo, de libertação. Como o hipnotismo representa um cerceamento e violência a essa liberdade, a Fraternidade Rosacruz o desaprova terminantemente. Porque o hipnotismo é um cerceamento e violência à sagrada liberdade individual, explicaremos no decorrer desta exposição.

Muitas pessoas, ao tomar seu primeiro contacto com a Fraternidade e receber as instruções preliminares, estranham que vedemos a inscrição a hipnotizadores, médiuns, videntes, quiromantes e astrólogos profissionais. Explicamos: são práticas que agridem a liberdade do espírito interno, que mercantilizam e prostituem forças divinas. Isso dizemos porque a realidade mesma, observada dos planos internos, nos autoriza a proteger a boa fé e ignorância de muita gente a respeito desses assuntos.

Do ponto de vista da ciência materialista, o ser humano é considerado simplesmente como algo físico, um corpo organizado, não um ser espiritual a manipular uma complexa instrumentação mental, emocional, etérica e química. Esses conceitos materialistas são divulgados tanto nos livros e escolas que, ao atingirmos a fase adulta e começarmos a estudar o ocultismo, surpreendemo-nos muitas vezes com a insidiosa influência dessas ideias, gravadas em nós desde a infância. Sabemos da Bíblia, aprendemos catecismo em pequenos, ouvimos muitas vezes as inúmeras e claríssimas asserções de que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus, de que a vontade de Deus é que atinjamos a perfeição, de que as coisas que o Cristo fazia nós as faremos também e maiores obras ainda, além de um sem número de afirmações, segundo as quais vemos que somos seres espirituais, herdeiros das promessas divinas. No entanto, passemos os olhos ao nosso redor. Vejam quanta gente agitada, convulsionada, nervosa, lutando desesperadamente numa competição muitas vezes injusta, anticristã, no afã de quê? Ficar rico? “Gozar” a vida? “Assegurar” o futuro? Onde a fé, onde a confiança em Deus, onde a convicção de que, à morte, tudo deixamos aqui, levando apenas a essência do que tenhamos FEITO de bom ou de mau?

É lógico que ninguém poderá fazer as coisas que o Cristo fez e obras maiores ainda, segundo nos afirmam os Evangelhos, se não for pelo renascimento, que permite o aperfeiçoamento gradativo, pois ninguém pode realizar esse gigantesco intento em uma só existência. É lógico que, se há “céus”, se há um plano imaterial, suprassensível, um mundo invisível aos nossos olhos físicos, esse mundo que é a origem de tudo, o mundo das causas, nenhum assunto poderá ser inteiramente considerado e compreendido, se não for abordado em seus aspectos físico e espiritual, devendo haver entre ambos os aspectos inteira coerência, pois no reino de Deus não existe contradição.

Com esse preâmbulo, voltemos ao tema do hipnotismo.

Que é ele?

Consiste em, por meio de passes à cabeça ou por meio de toques em certos pontos vitais, EXPULSAR o éter da cabeça da vítima, introduzindo ali, em substituição, por meio da vontade, o próprio éter (do hipnotizador). Nessa condição, fica o paciente privado de consciência, do crivo da razão, que o torna ser humano, ser racional, capaz de analisar, rejeitando ou aceitando o que lhe é proposto. No transe hipnótico, temos de obedecer ao que nos for ordenado. Depois a “ordem” ficará gravada através de um pequeno resíduo do Corpo Vital do hipnotizador na medula oblonga da vítima, como elos, como cordéis pelos quais o hipnotizador poderá atuar na vítima enquanto viver. O hipnotismo é perigoso, mormente nas mãos de pessoas inescrupulosas. Difundido como está, infelizmente até por certas escolas ditas espiritualistas, pode ser um instrumento de domínio, de exibição de falsos poderes, com propósitos egoístas, dando geralmente causa à idiotia em vida futura. Muitos Egos, privados numa vida de seu livre arbítrio, vinculados e aprisionados num corpo demente, de cérebro deformado, sem possibilidade de expressão natural, mostram as causas de sua enfermidade nos maus aspectos de Netuno, que rege as faculdades espirituais. Embora não seja uma forma grave de magia negra, traz essa consequência num destino maduro. Contudo, por isso não devemos concluir que todos os casos de idiotia congênita se devem a essas práticas em vidas anteriores, porque existem outras causas.

Para se ter uma ideia próxima de como se desloca a parte etérica, tomemos o exemplo de um fenômeno comum, como o do adormecimento de um braço ou de uma perna. Uma posição forçada, dificultando a livre circulação do sangue e do fluido vital, provoca o deslocamento do Éter. Em tais casos, vemos o braço ou a perna etéricos flutuando sobre o braço ou a perna material, respectivamente, até que, pela normalização da circulação do sangue, os pontos vitais de novo se introduzem no membro, dando causa, com sua entrada, àquela sensação de “formigamento”. No caso da hipnose, não se dá o formigamento porque a parte vital retirada da cabeça é substituída imediatamente por éter do hipnotizador, durante o transe.

Muitos objetam, embora, sabendo disso, que em certos casos o hipnotismo se justifica, como, por exemplo, na medicina ou em odontologia, para tirar o dente, sem dor, de pessoas que têm alergia por injeções, que têm males de coração, etc. As correntes médicas especializadas no assunto se dividem, pró e contra sua aplicação. A maioria dos psicanalistas já condenou o seu emprego nas sessões, para descobrir a causa dos traumas. Julgam eles, mui acertadamente, que o paciente deve ter consciência da causa e por si mesmo, com orientação do médico ou sem ela, erradicar o trauma.

Do ponto de vista oculto, é evidentemente errado tratar de curar um hábito, como o da bebida alcoólica, pelo hipnotismo. Encarado do ponto de vista de uma só vida (daí a ciência material e as igrejas cristãs populares muitas vezes concordarem com o hipnotismo) o tratamento pela hipnose pareceria justo e eficiente. Senta-se o paciente numa cadeira, faz-se-o dormir e dão-se-lhe certas sugestões. Desperta-se-o e quando se põe de pé, já está curado de seu mau hábito. De alcoólatra que era, converte-se num cidadão respeitável, que cuida bem de sua esposa e filhos e segundo todas as aparências o benefício obtido é inegável.

Mas se contemplamos as coisas do ponto de vista mais profundo, o do ocultista, que vê os dois planos e contempla esta vida como uma dentre muitas, que toma em consideração o efeito causado nos veículos invisíveis dessa pessoa, então o caso é completamente diferente. Quando se submerge uma pessoa no sono hipnótico, na forma já descrita, além de privá-la da livre escolha, impõe-se-lhe uma ordem, não uma simples sugestão e o paciente não tem outro remédio senão obedecer, mormente quando se repetem os transes, porque fica um resíduo do manipulador, para agir dentro do indivíduo. É como que, para usar uma comparação, uma pequena parte do magnetismo infundido num dínamo elétrico, que nele fica sempre e com o qual pode ser posto em movimento. Assim, o resíduo etérico do hipnotizador, dentro da vítima, cresce em proporção e poder, com a repetição dos transes a que for submetido pela mesma pessoa. Concluímos, pois, que a vítima de um hipnotizador não vence um mau hábito por sua própria vontade e força, senão pela imposição da vontade de outra.

Quando regressa à terra, em próximo renascimento, terá as mesmas debilidades que não venceu e terá de novamente lutar consigo mesmo, até vencer-se.

Alguém poderá contestar que uma sugestão não prejudica, pois, a vida inteira passamos a receber sugestões por meio de livros, de cinema, de pessoas, etc. Mas é um caso muito diferente, porque em tais circunstâncias a pessoa está de posse de sua razão, com direito de aceitar ou rejeitar a sugestão. Se se trata de uma pessoa de forte personalidade, diante de outra, de vontade débil, essa sugestão poderá assumir quase o caráter de uma imposição. Mas essa influência a moverá somente quando atender-lhe à natureza. Uma pessoa comum, numa assembleia onde todos estejam vibrando em uníssono numa mesma ideia, ou num comício onde um líder consiga inflamar a maior parte dos ouvintes com suas ideias, ou numa parada patriótica onde se exaltem os sentimentos de patriotismo, poderá afetar-se momentaneamente, deixar-se levar pela força da egrégora. Mas depois, consigo mesmo, voltará à tônica de seu modo de ser. No hipnotismo é diferente: fica uma influência, uma imposição estranha.

Por oportuno, lembremos o que diz Max Heindel em “O Conceito Rosacruz do Cosmo”, obra básica da Filosofia Rosacruz: “O método Rosacruz difere de todos os outros métodos num ponto especial: procura, desde o princípio libertar o aspirante de todas as limitações internas e externas, ajudando-o a conquistar o pleno domínio de si mesmo, pois só em tais circunstâncias poderá “efetivamente ajudar os demais”. Já soubemos de outras organizações com nome de Rosacruz, (não a de Max Heindel, ligada aos Irmãos Maiores da Ordem), que facilitam meios de exercer poder sobre os semelhantes. Do ponto de vista oculto e do Bem, é repreensível, mas os Irmãos Maiores têm isso a seu cuidado, como guardiães e vigilantes de tudo o que é perigoso na evolução humana. Cumprimos nosso dever, esclarecendo quando necessário, deixando o mais a cuidado desses excelsos Seres,  vanguardeiros Guias da Onda humana.

Foram os próprios Irmãos Maiores que, no tempo que julgaram oportuno, anunciaram indiretamente ao mundo a força do pensamento e deixaram entrever o mecanismo do subconsciente, muito antes de Freud. Foram eles que mandaram Mesmer, o qual foi tremendamente ridicularizado pelos postulados que pregava. Só quando os materialistas, trocando o nome da forca descoberta por Mesmer, deram ao mesmerismo o nome de “hipnotismo” é que se tornou “científica”. Em verdade, resta ainda muito a aprender e desaprender aos atuais indivíduos da ciência materialista. Podem eles lutar até o último momento contra o que, zombando, qualificam de “ideias ilusórias” dos ocultistas. É só questão de tempo; terão de aceitar e admitir todas as suas verdades, uma a uma.

“Os pensamentos são coisas”, é uma força atualmente incalculável. À medida que a razão se for desenvolvendo, controlando mais e mais os impulsos do Corpo de Desejos e o altruísmo for assegurando um legítimo emprego a todos os poderes latentes do ser humano, alcançaremos o mérito de utilizar esse poder maravilhoso, mas sempre para o bem e sem imposição a ninguém.

Siegfried, símbolo da alma avançada, na mitologia nórdica, estava armado para a batalha da vida com a espada “nothung” (a coragem do desespero) com a qual combateu e venceu os dois dragões da cobiça e do credo. E tinha outra arma, que nos tempos modernos podemos chamar de poder hipnótico: Tarcap, o capacete da ilusão, que permitia a quem usasse aparecer aos outros na forma que desejasse. E para fazer uso desse poder lhe foi dado também, por Brunhilde, o espírito da verdade, seu cavalo alado, Grane, o discernimento, graças ao qual podemos distinguir o erro da ilusão. Aí está porque nós devemos tornar primeiramente merecedores, por nossa formação moral, de utilizar esses e outros poderes do espírito. Eis, também, porque não podemos aceitar em nosso seio aqueles que propositada e egoisticamente fazem deles uso pervertido.

Para finalizar, damos um meio de empregar legitimamente a força do pensamento, em casos de pessoas que precisam de auxílio extra. Tal auxílio é prestado durante o sono natural, quando o Ego, envolto pela Mente e o Corpo de Desejos sai do corpo físico e geralmente flutua sobre ele ou permanece em sua vizinhança, ligado pelo cordão prateado, enquanto os Corpos Denso e Vital se restauram, no leito. Nessa oportunidade é possível influenciar a pessoa adormecida, inculcando-lhe no cérebro pensamentos e ideias que lhe queremos comunicar. Contudo, não se pode conseguir que ela faça algo ou que acolha qualquer ideia que não esteja de acordo com suas próprias tendências habituais. É impossível ordenar-lhe que faça algo ou obrigá-lo à obediência porque durante o sono natural seu cérebro está interpenetrado por seu próprio Corpo Vital e tem perfeito controle de si mesmo. Não há, aí, desrespeito ao livre arbítrio da pessoa. Já no sono hipnótico, os passes do hipnotizador lançam fora do cérebro o Éter da cabeça, que fica então sobre os ombros da vítima como um colar. Então o cérebro está aberto ao Éter do Corpo Vital do hipnotizador, que toma o lugar do Corpo Vital da vítima. De sorte que no sono hipnótico a vítima não pode escolher nem quanto às ideias, nem quanto aos movimentos de seu corpo, porque é o cérebro que dirige os nervos e músculos voluntários e então, está manipulado por Éter estranho. No sono natural, o Ego é o agente completamente livre. Na realidade, esse método de sugestão durante o sono é sumamente importante para as mães que têm filhos rebeldes e refratários e para as esposas de viciados rebeldes, de vontade fraca. Para tratar dessas pessoas, assenta-se ao lado da pessoa adormecida e (se possível, tomando-lhe uma das mãos) fala-se suave e audivelmente com ela, inculcando-lhe no cérebro as sugestões convenientes. Ao despertar e principalmente com a repetição (há mais facilidade, naturalmente, com as pessoas de sono pesado) verá que muitas dessas ideias lançaram raízes no subconsciente, de uma forma eficaz, porque muitas pessoas detestam conselhos e reprimendas e desse modo se lhes faculta seguir a própria deliberação. Igualmente se pode tratar assim de pessoa enferma, quando carece de otimismo, coragem, fé e outros valores importantes na cura. Sabemos que isso pode ser usado para o mal, mas não mantemos o segredo porque acreditamos que o bem que se pode realizar com esse método sobrepassará em muito o prejuízo que uma ou outra pessoa malvada possa ocasionar. Além do mais, a lei de causa e efeito se incumbe de pôr os irresponsáveis, pela dor, no devido caminho.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz de maio/1966)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Magia: processo mediante o qual se podem realizar certas coisas não realizáveis sob as leis ordinárias conhecidas

Magia – a magia é um processo mediante o qual se podem realizar certas coisas não realizáveis sob as leis ordinárias conhecidas.

Alguns seres humanos investigaram as leis da Natureza, desconhecidas para a maioria, e converteram-se em competentes para manipular as forças sutis. Empregam seus poderes para ajudar aos demais seres quando sua ajuda pode se realizar em harmonia com as leis que regem seu crescimento. Outros que também estudaram essas leis, tornando-se capazes de manipular as forças ocultas do universo, empregam seus conhecimentos com fins egoístas para obter poder sobre seus semelhantes.

Aos primeiros chamamos de “brancos”, e “negros” aos segundos. Ambos empregam as mesmas forças, residindo a diferença no motivo que os impulsiona.

O mago branco é impulsionado pelo “amor e pela benevolência. Se bem que não obre esperando a recompensa, a alma se desenvolve portentosamente como resultado de seu emprego da magia. Põe seus talentos a crédito e está ganhando o cento por um.

O mago negro, por outro lado, encontra-se num triste estado, porque já se disse que “a alma que pecar morrerá”, e tudo quanto façamos contrariamente às leis de Deus, produzirá inevitavelmente o deterioramento das qualidades anímicas.

O mago negro, graças a seus conhecimentos e artes, pode, algumas vezes durante várias vidas, manter seu posto na evolução, mas chegará certamente o dia em que sua alma se desintegrará e o Ego voltará ao que poderíamos chamar de salvagismo.

A magia negra em suas formas mais atenuadas, tais como o hipnotismo, por exemplo, produz algumas vezes o idiotismo congênito numa vida futura de quem o emprega. Os hipnotizadores privam as suas vítimas do livre emprego de seus corpos. Por isto, devido à Lei da Consequência, ver-se-ão ligados a um corpo, cujo cérebro deformado impedirá sua expressão. Contudo não devemos deduzir disto que todos os casos de idiotismo congênito sejam devidos a essas práticas más por parte do Ego numa vida passada; há também outras causas que podem produzir o mesmo resultado.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Consideram errado tentar curar um mau hábito como, por exemplo, o alcoolismo, por meio do hipnotismo?

Pergunta: Consideram errado tentar curar um mau hábito como, por exemplo, o alcoolismo, por meio do hipnotismo?

Resposta: Decididamente sim. Sob o ponto de vista de uma vida, tais métodos, por exemplo, aqueles empregados pelos curadores do movimento Immanuel, sem dúvida alguma, são muito benéficos. Coloca-se o paciente numa cadeira, faz-se com que adormeça e, em seguida, são-lhe dadas algumas “sugestões”. Ele levanta-se e está curado do seu mau hábito. De um bêbado inveterado, torna-se um respeitável cidadão que zelará pela sua esposa e família. Por esse aspecto, os efeitos benéficos parecem ser inegáveis. Mas, considerando isso do ponto de vista mais profundo do ocultismo, que encara esta vida como apenas uma entre muitas, ao avaliarmos o caso, a partir do efeito que exerce sobre os veículos invisíveis do ser humano, tudo é muitíssimo diferente. Quando uma pessoa é posta em sono hipnótico, o hipnotizador faz-lhe passes, os quais têm o efeito de expelir o Éter da cabeça do Corpo Denso que é substituído pelo Éter do próprio hipnotizador. Desse modo, o indivíduo é perfeitamente dominado pelo outro, não tendo livre-arbítrio. Portanto, as assim chamadas “sugestões” são, na realidade, ordens às quais a vítima não tem outra opção senão obedecer. Quando o hipnotizador retira o seu Éter e desperta a vítima, ele é incapaz de lhe remover todo o fluido etérico. Usando uma comparação: da mesma forma que uma pequena parte do magnetismo instilado num dínamo elétrico, antes que este seja posto a funcionar pela primeira vez, é deixada para trás e permanece como magnetismo residual a fim de excitar os campos do dínamo sempre que este é acionado, assim também permanece uma pequena parte do Éter do Corpo Vital do hipnotizador na medula espinhal da vítima. Isso se torna um trunfo que o hipnotizador possui sobre ele durante a vida toda, e é devido a esse fato que as sugestões, que serão usadas num período subsequente ao despertar da vítima, são invariavelmente seguidas.

Dessa maneira, a vítima de um curador hipnótico não domina o mau hábito pela sua própria força de vontade, mas fica tão escravizada como se estivesse numa reclusão solitária. Embora nesta vida pareça ter-se tornado uma pessoa melhor, ao retornar à Terra experimentará a mesma fraqueza e terá de lutar até vencer, por si própria, essa tentação.

(Livro: Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Perg. 39 – Max Heindel)

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