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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Verdadeiros Presentes de Natal, Seus Símbolos e o maior Presente de todos

Os Verdadeiros Presentes de Natal, Seus Símbolos e o maior Presente de todos

Os verdadeiros presentes de Natal são mais profundos que aqueles que os seres humanos comuns dão, por ensejo tradicional. O caminho da iluminação começa em dar de si. Não se trata de dar presentes, mas dar de si mesmo, nas menores coisas e manifestações (pelos pensar, sentir, falar e agir). Tal é o caminho mais curto, o mais seguro e mais agradável que conduz à religação consciente com o “Eu superior”. O Natal é o símbolo da culminância de um estado de transição, do humano para o Espírito. Para chegar a esse portal e ser admitido como “novo nascido” é mister aprender a lição do serviço amoroso e altruísta, em cada minuto do ano.

Cristo é o divino presente a que todos devemos almejar: é o coração e o sapato que colocamos para recebê-lo; é a consciência despojada de valores negativos que pode conceber o Messias interno. Devemos preparar-nos, “Somos Cristos em formação”. Que Deus fortaleça nossas aspirações!

Vamos falar do símbolo que há no pinheirinho de Natal. O pinheirinho é árvore de folhas perenes. No auge do inverno, quando a neve se vai acumulando, pesando e crestando suas folhas, ele permanece firme, à espera do hálito quente da primavera que vem reanimá-lo. Daí haver sido tomado como símbolo da vida eterna, que transita pelas estações do ano, inalterável aos desafios dos renascimentos, ereto, olhando para o céu e levantando os braços em oração.

A silhueta do pinheiro é triangular. O triângulo com a ponta para cima é o símbolo da Trindade Divina, em que reside a vida eterna. Seu verde constante é o símbolo da esperança que não se abate nas vicissitudes.

Assim, não importa que aqui no hemisfério Sul não haja neve. Pense no símbolo e ponha uns flocos de algodão sobre as folhas de seu pinheirinho. E as lampadazinhas lembrarão o significada da vida, que por si só ele exprime.

Agora, vamos falar sobre a simbologia que há nas velas natalinas. As velas que se acendem ou que figuram nos adornos natalinos, representam a luz do Aspirante Cristão. Nosso estado atual de consciência ainda não pode libertar a luz total do Espírito interno. É apenas uma fresta, uma pequenina luz. No entanto, todas as trevas do mundo não podem esconder a luz de uma pequenina vela. Ao contrário, quanto mais profunda as trevas, mais ressalta a luz, por pequena que seja. Se não podemos ser uma estrela, sejamos uma lâmpada que alumia a todos e a nós mesmos. Se não podemos ser uma lâmpada, sejamos, pelo menos uma pequena vela. Dizendo melhor, não é que humanamente possamos ser alguma coisa. Em verdade depende de compreendermos que o Divino, em nós, é quem faz. “Deus é luz”. Somos feitos à Sua imagem e semelhança. Basta, pois, que deixemos a luz interna brilhar, na medida em que removemos os condicionamentos da personalidade egoísta, como as nuvens desfeitas revelam o Sol. Acenda as velas de Natal e pense nisso.

Será que o verdadeiro Papai Noel – não esse que temos nos comerciais – também é um símbolo natalino? Vejamos! A figura simpática, sempre esperada, de Papai Noel ou São Nicolau (conforme a tradição) está ligada a Júpiter, governante de Sagitário: alto, forte, rosado, risonho, dadivoso – as características físicas e internas de Júpiter, governante de Sagitário, que precede e anuncia o Natal.

E por falar em presentes, não podíamos deixar de citar os três Reis Magos e seus presentes. Vamos ver a simbologia que aqui há: a narrativa da visita dos Reis Magos está no Evangelho segundo São Mateus. Nesse trecho se fala indeterminadamente de alguns magos que vieram do oriente. A tradição designou três representantes das raças: branca, amarela e negra. Beda, um escritor inglês (673-735) foi quem os batizou de Gaspar, Melchior e Baltazar. A palavra “mago” vem do hebraico “magh”, em sânscrito “mahat”, que significa “grande”.

A simbologia é clara: a realização do verdadeiro Cristianismo há de abraçar a humanidade inteira e dissolver todo o conceito de raças na unidade espiritual. Mas, isso acontecerá quando cada ser humano se tornar um “mago”, isto é, grande (por dentro), um rei (que governa a si mesmo), ao alcançar a união com o “Eu verdadeiro” – o “Eu superior” – e servir à divina essência em todos os seus irmãos e irmãs, acima de todos os preconceitos que são as divisórias atuais.

Os presentes que deram, de ouro, incenso e mirra, são alegorias do Espírito, Corpo e Alma. O Ego que está evoluindo, quando iluminado pela consciência é o ouro depositado das escórias. A mirra é uma erva amarga (resina de Balemodendron) procedente da Arábia e alude às dores e dificuldades com que o Espírito que evolui acumula suas experiências através dos Renascimentos. O incenso é utilizado nos ofícios religiosos para incorporação de elementais que trabalham, sob as ordens dos Anjos, pela respectiva comunidade. A Fraternidade Rosacruz desaconselha o seu uso e prefere meios internos, já que é um recurso de incorporação. Daí estar ligado com o “corpo”.

Conjuntamente, os presentes dos magos representam a dedicação integral do Aspirante a seu Cristo Interno, quando Ele nasce. É claro que o “Eu verdadeiro” sempre esteve em nós, mas somente quando a consciência desperta para Ele se diz que lhe nasceu.

O Cristo definiu essa dedicação integral como o maior mandamento Cristão: “Amar a Deus (o Divino em si, nos semelhantes e no Universo) de todo o coração, de todo o entendimento, com todas as forças, de toda alma“.

Agora, vamos ver o símbolo que há oculto no presépio natalino. Segundo a história, o presépio foi instituído por São Francisco de Assis, para representar a cena da manjedoura, descrita pelo Evangelho místico de São Lucas. Seria ideal que nossos filhos aprendessem a modelar as figurinhas de massinha, para representar essa cena. Uma caixa de areia, com o auxílio de uns pedaços de plástico para imitar os rios, pontilhões de papelão, manjedoura com palhinha e pauzinhos, detritos de madeira serrada e pintados de verde, para imitar a grama etc. fixam vivamente, no íntimo da criança, o cenário natalino, de tão formosos símbolos. O presépio enseja-nos ocasião de explicar às crianças, com palavras simples, “aquilo que Cristo pede a cada um de nós”. José e Maria não encontram lugar para Jesus nascer e tiveram que se ajeitar em uma manjedoura (lugar anexo à casa onde pernoitam e se alimentam os animais, principalmente no inverno). Pergunta: Você tem um lugarzinho em seu coração, para nascer Jesus?

A cidade se chamava Belém, que significa “casa do pão”. Essa casa de pão é o coração humano, quando aprendemos a viver bem, isto é, quando aproveitamos as oportunidades de cada dia, como grãozinhos de trigo, e vamos moendo, cozendo, com bons pensamentos, palavras verdadeiras e amorosas, atos bons, o pão vivo, a hóstia sagrada.

Belém ficava na região da Galileia, que significa “Jardim fechado”; quer dizer o nosso íntimo, o lugar secreto do Altíssimo mencionado no Salmo 91. Ali é que tem que nascer nosso Cristo, como nasceu o Outro, o externo. O Outro nos ensina que deve haver um Natal interno. Um poeta ensinou isso: “Ainda que o Cristo nascesse mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti, tua alma continuará extraviada… Olharás em vão a cruz do Gólgota, a menos que ela seja erguida em teu próprio coração”. (Angelus Silésius).

José conduziu Maria grávida, para lá. Também nós devemos estar cheios de luz, de bem, de amor, de entendimento da verdade espiritual, para que nasça o Cristo Interno. A gestação é de tempo variável: depende do nosso preparo. Podemos abreviá-lo ou retardá-lo. Os incômodos da gravidez são altamente compensados pela alegria do nascimento.

O menino se chamou Jesus. Jesus significa “aquele que é salvo por Deus”. Salvo de quê? De quem? De você mesmo, de sua falsa persona, egoísta, que é o anticristo. Só a graça de Deus pode conseguir isso, bem como disse o salmista: “A batalha não é vossa, mas de Deus”. Então você poderá se chamar também Jesus-aquele que é salvo por Deus.

A mesma Trindade (pai, mãe e filho, aqui representada por José, Maria e Jesus) aparece igualmente na tradição filosófica de outros países. Sempre um iluminado ser nascia de uma “virgem” e esses Iniciados estavam relacionados com o Sol. Entre os persas foi Mitras; entre caldeus foi Tamuz; entre os egípcios foi Horus, filho de Osíris e Isis. Os antigos deuses do norte previam a aproximação da “luz-dos-Deuses” como a chegada de Surt, o brilhante Sol-Espiritual desses deuses e inaugurar harmonia em “”Gimie”, a terra regenerada.

Só o Cristianismo fala de Alguém que veio e que voltará.

No ponto de vista externo, exotérico, essas crenças criaram a adoração do Sol, como fonte de espiritualidade, de luz e de vida. Em todas as partes se construíram os Templos com as portas em direção ao Leste, onde “nasce o Sol”.

Do ponto de vista interno, esotérico, o “místico Sol da meia-noite” há de brilhar na escuridão da inconsciência humana atual, com o irromper da Luz interna, do Cristo Interno, que vem estabelecer definitiva harmonia em nosso ser, quando estejamos preparados, em condição de uma “terra regenerada”, isto é, uma personalidade transformada para servir de canal ao “Eu superior”. Isso pressupõe uma personalidade humilde (a manjedoura) e a parte instintiva, animal, domesticada (o boi e o burrico) que São Francisco de Assis colocou ali inspirado pelo livro de Habacuque.

De um prisma cósmico, mais amplo, Cristo veio efetivamente do Sol, pois é o mais alto Iniciado entre os Arcanjos. O que possibilitou sua vinda foi o preparo de Jesus, que lhe cedeu os veículos Corpo Denso e Corpo Vital, para que se manifestasse entre nós como um homem. “Como é em cima é em baixo” e, assim, para manifestação do Cristo Interno é necessário que a personalidade se regenere. Então, se cumpre a profecia da vinda do Messias o “Himmanu-El”, “o Deus convosco” – Aquele que nascerá no íntimo de cada criatura transformada e libertada.

O nascimento de Jesus foi narrado por São Mateus e São Lucas. Cada um deles fez a narrativa de forma diversa, porque os Evangelhos são métodos de Iniciação. São Mateus é o método masculino, positivo, do fator vontade. Sua narrativa é marcada de aventuras e perigos. José é avisado pelo Anjo para receber Maria, que concebeu do Espírito Santo, o que mostra que da vontade humana não pode vir a realização espiritual, mas de uma fonte mais alta, pois é o Pai em mim quem faz as obras; eu, de mim mesmo, nada posso. Receber a visita dos Reis Magos seus presentes (dedicação consciente ao Cristo interno. Prevalece o fator masculino). José é avisado novamente para deixar Belém, antes do ataque de Herodes (o egoísmo, natureza inferior enciumada), refugiando-se no Egito, a Terra do Silêncio (o preparo interno e silencioso). Já em São Lucas é o método místico na cena da manjedoura, em humildade e recolhimento, mostrando que o processo de preparo é interno, reservado. É sempre Maria (o fator feminino, coração) que é avisada pelo Anjo. Ela deve ser virgem (ser humano despojado de impurezas internas, em sua imaginação, o lado feminino), desposada com José, um viúvo, segundo a tradição, ou seja, a vontade humana a serviço do justo, desligada da esposa, do mundo, do vício.

Na Fraternidade Rosacruz aprendemos que os dois lados são necessários: o ocultista (intelecto) e o místico (coração, a devoção). Por isso, ela adota os emblemas de uma lâmpada (a razão) e de um coração (a devoção), que são os dois polos do Ser. Quando esses dois polos se aperfeiçoam, de seu encontro nasce a luz, a sabedoria interna, decorrente da união do amor e do conhecimento, para tornar a Mente amorosa e o Coração sábio.

O fato histórico existiu e persiste como tradição, porque esotericamente a vida de Jesus-Cristo é um convite à realização interna. À nossa maneira, todos devemos realizar, individualmente, as fases daquele que nos serviu de modelo.

Agora, vamos ver como é o verdadeiro presente natalino que todos, pobres e ricos, bons e maus, crianças e idosos, homens e mulheres e quaisquer outras “duplas” que podemos segmentar recebem na época do Natal. Do ponto de vista cósmico é o que anuncia o presente do céu: o Cristo do Ano Novo – a vida que vem dar novo alento à Terra, na noite mais longa e escura do Ano – física, em uma boa parte da Terra e espiritual em toda à Terra –; o Cristo é a promessa da nova vida, com a beleza de cores e perfumes, com as sementes que se converterão em alimento físico e espiritual, para que a humanidade não pereça.

Do ponto de vista coletivo, Cristo é o presente celeste, confortando pelo novo impulso de altruísmo e luz que dá ao globo terrestre, para nos assegurar a evolução e nos livrar da “queda do homem”. É um eterno presente, já que Ele voluntariamente se encadeou a cruz do mundo, até que sejamos salvos: “Estarei convosco até a consumação dos séculos”.

Do ponto de vista individual, é a promessa do fruto espiritual, já que todos somos “Cristos em formação” e Ele é o modelo, o exemplo que todos devemos imitar, a nosso modo, internamente. É o convite de um Natal interno, pela religação consciente com o “Eu verdadeiro” ou o “Eu superior”.

Assim, de modo geral, os presentes natalinos e o coração generoso que os oferece, representam as dádivas divinas, em todos os sentidos, já que “Deus é Amor”. É o Espírito de Natal expresso em todos os minutos do ano, mas que assumiu sua mais significativa expressão pela vinda do Cristo, o excelso presente.

Oxalá que esta orientação do Cristianismo Esotérico da Filosofia Rosacruz lhe traga uma nova abertura e um firme propósito para alcançar essa meta sublime.

(Publicado na Revista O Encontro Rosacruz de dezembro/1982 – Fraternidade Rosacruz de Santo André-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Fraternidade Rosacruz – uma das 7 Escolas – e a Era de Aquário

A Fraternidade Rosacruz – uma das 7 Escolas – e a Era de Aquário

Pelos noticiários da TV e dos jornais, hoje, qualquer cidadão ou dona-de-casa está a par da situação geral do mundo. Os meios de comunicação aproximaram as nações e os seres humanos, para que se conheçam melhor, pois ninguém pode amar o que não conhece. Tudo está se transformando rapidamente e os meios são proporcionais à resistência: meios violentos — aparentemente um mal — são empregados para romper estruturas sociais milenares, pondo nações inteiras sob tensão e desafios terríveis, para que acordem à realidade da evolução. Sem meios de compreender a razão e a origem de tais transformações, deixamo-nos envolver pelas previsões pessimistas, quanto ao futuro da humanidade: em 8 horas o mundo pode ser destruído por teleguiados das grandes potências. Prenúncios da Era de Aquário!

Aqueles que estão afeitos ao estudo e à meditação das verdades espirituais sorriem confiantes e serenamente apontam um Governo Invisível do Mundo — muito mais poderoso que todos os governos comuns. Lá está a razão das grandes mudanças; lá estão os olhares penetrantes e amplos de Seres que romperam as limitações mundanas e se guindaram a amplitudes de consciência inconcebíveis à compreensão mediana. São os Altos Iniciados das diversas Escolas — Sete Altos Iniciados de cada RAIO CÓSMICO — que se misturam à Humanidade e influenciam-na, nos diversos campos de atividade: ciência, arte, religião, política, economia, etc. São grandes luzes desconhecidas para nós, que somos cegos e surdos. Temos ouvidos e não ouvimos; temos olhos e não vemos; estamos rodeados de imensas realidades espirituais que não percebemos; tal é a triste condição do ser humano comum. Mas os Iniciados menores, de tempos em tempos, cumprindo determinações desses Altos Seres — os vanguardeiros do gênero humano — trazem suas revelações, adequadas à nossa compreensão atual. Segundo essas revelações – e podemos falar convictamente da Ordem Rosacruz — Sete Irmãos Maiores trabalham incognitamente no mundo, exercendo influência incomum aos líderes que enfeixam poderes-chave. Embora respeitem o livre arbítrio humano, estão eles vigilantes para que nossa ignorância não desvie as linhas evolutivas gerais, traçadas para a humanidade.

Há sete escolas de mistérios no mundo. Cada uma delas tem diversas ramificações através da História. São nomes que se dão a movimentos que atendem às necessidades internas, de um grupo humano e de cada indivíduo desse grupo em particular, numa certa época.

A verdade é Universal e transcende as limitações humanas. Os seres humanos não podem alcançá-la em plenitude. Essa verdade está em cada Escola ou Raio.

De tempos em tempos, cada uma dessas escolas, através de um iniciado menor, funda um movimento externo, público, que constitui um MÉTODO adequado ao povo e a cada indivíduo, como regra geral, para levar-nos à própria realização interna. Logo, são os métodos que diferenciam as escolas — em cada época e nível evolutivo do povo a que se destina.

Quem determina tais métodos? São os Altos Iniciados. Eles veem, nos planos internos, com sua ampla visão, as tendências de cada povo e preparam tais métodos de desenvolvimento, para atender a certo período de tempo.

Para dar-lhes uma ideia do que expusemos, tomemos o exemplo da Bíblia: é um livro sagrado como outro qualquer de outros povos. Mal interpretada, defeituosamente compreendida, tem-se pensado que a Bíblia é uma estória do povo hebreu. Depois tivemos o advento do Cristianismo, com a mensagem, ainda mal vislumbrada — do maior Ser que a Humanidade jamais conheceu: Cristo. A mensagem cristã foi ajuntada aos ensinamentos dos judeus, formando o Velho e Novo Testamentos. Inadvertidamente associamos que as duas dispensações foram reunidas porque Jesus e seus apóstolos eram judeus. Nada mais errado. Muito acima disso, a Bíblia, à semelhança dos outros livros sagrados, é “UMA ESTÓRIA DO SER HUMANO” — uma estória minha e de cada um de vocês. Cada um de nós é a própria Bíblia. Cada acontecimento, cada personagem bíblico, é representação de circunstâncias e de pequenos “Eus” psicológicos de nosso íntimo, como na obra hindu — o BHAGAVAD GITA.

A Rosacruz — representando a parte esotérica do Cristianismo e havendo partido das raízes essênias – revela-nos a Bíblia com uma nova face, bem adequada ao desenvolvimento de nosso povo. Cada derrota e cada vitória; cada miséria e cada glória na Bíblia, se reportam à derrota e à vitória, à miséria e à glória de cada um de nós, na luta da existência.

A escravidão no Egito, as limitações e sofrimento do povo hebreu sob o jugo do Faraó — nada mais são do que nossas próprias limitações materialistas; os condicionamentos escravizantes que nos impõe a falsa personalidade — em sua ilusão de separatividade — buscando apoiar-se em coisas externas — este faraó que usurpou o trono do divino em nós.

Há muitos indivíduos mergulhados nas trevas dessa escravidão, sonhando com uma Terra prometida de leite e mel — com uma vida mais livre e plena — pois sentem interiormente que o Criador não os fez para sofrer.

Quando já estão enfarados de sua escravidão; humilhados com sua condição, algo dentro deles se levanta, disposto a tudo. É algo que lhes nasce do íntimo, de uma origem celestial — porque somos todos, sem distinção — feitos à Imagem e Semelhança de Deus. E, como o Filho pródigo revoltado de comer a comida dos porcos do materialismo — se levantam e resolvem tornar à Casa Paterna — ou voltar ao centro de seu Ser — mediante o autoconhecimento.

Neste ponto nasce, no íntimo o Moisés — que não concorda com o Faraó da falsa personalidade e que transforma a vara de Arão — o poder acumulado na coluna, numa serpente de sabedoria que devora todas as serpentes dos conhecimentos inferiores dos magos do Egito. É um método novo, mais adequado, que mostra as tábuas de uma Lei Divina, que devem ser inscritas na tábua de carne de nosso coração, para que nos tornemos uma lei em nós mesmos, consonantes com a Lei Universal que mantém a harmonia do Universo.

Para que esta lei se inscreva em nosso íntimo leva tempo. Tempo variável para cada indivíduo. Toma vidas inteiras de experiências. É o que representa o cabalístico número 40 — que significa muitos. 40 anos de peregrinação no deserto — 40 anos na aridez de uma vida de dúvidas — em que somos tentados a fundir, com o ouro de nossas realizações internas, o bezerro das condições antigas — num esforço de voltarmos e nos apoiarmos ao que já conhecemos.

Mas o Moisés interno protesta e nos desperta. É preciso adorar o cordeiro. O cordeiro é uma condição humana mais doce e elevada. Não devemos desanimar na travessia. Cuidando não cair nas miragens do deserto, podemos arrancar a água viva dos ensinamentos da pedra de nossas realizações internas. E assim vamos evoluindo, armando e desarmando as tendas de nossos corpos, como peregrinos e nômades dos planos evolutivos. Até que cheguemos e nos instalemos na Terra prometida — naquela condição interna em que devemos esperar pela chegada do Messias. Ele há de nascer de uma virgem. A profecia de Isaías usa um adjetivo hebraico mui expressivo para designar o caráter dessa pureza: A PUREZA INTERNA.

O adjetivo é ALMAH — virgindade interna — bem diferente da BETULAH: a virgindade externa, muitas vezes comprometida pelas impurezas internas dos pensamentos e emoções viciosos, dos fariseus modernos.

Essa virgem é uma imaginação pura — que havemos de conquistar. E unir-se-á a JOSÉ — um viúvo que se desligou da esposa do mundo — e que representa uma VONTADE pura. A imaginação é o lado feminino do Ser — a devoção, o coração. É Maria que deixou de ser Maya. José é o lado masculino do Ser — a vontade, a inteligência iluminada — que se libertou das limitações. Dos dois nascerá o MESSIAS — o HIMMANU-EL — que significa: DEUS CONOSCO!

Deixemos, por enquanto, a sublime manjedoura com os animaizinhos dos instintos domesticados e voltemos à História Humana, para explorar outra fonte: a ASTROLOGIA ESOTÉRICA – os Astros são o relógio do destino e determinam, em linhas gerais, a marcha evolutiva.

Quando o Sol, pelo movimento da precessão dos equinócios, retrogradava pelo Signo de TOURO, a humanidade era muito embrutecida e, por isso, gerava condições e circunstâncias adversas e terríveis. A evolução exigia muita fibra, perseverança e paciente resistência, qualidades próprias desse Signo. É a escravidão do Egito, já citada. Daí que o símbolo seja o antigo boi ÁPIS, do Egito. A vaca sagrada da Índia é ainda uma reminiscência desse período.

Surgiu então Moisés, tendo um chapéu com chifres de carneiro — para mostrar sua condição de arauto de Áries, quando o Sol, por precessão dos equinócios, retrogradava pelo Signo do Carneiro. Foi a peregrinação pelo Deserto. E assim, como Moisés não pôde entrar na Terra Prometida, mas simplesmente conduziu o povo a ela, assim também a Era de Áries transferiu a consciência humana para um estágio mais alto: a Era de Peixes – quando o Sol começou a retrogradar, por Precessão dos Equinócios, por esse Signo. Então veio Cristo inaugurando a Dispensação Pisciana: notem que o símbolo do Cristianismo são dois peixes cruzados; que os Apóstolos eram chamados “pescadores de homens”; que os Evangelhos usam parábolas de pescas, de redes; e o chapéu dos bispos (mitra) tem a forma de uma cabeça de peixe, cuja boca, aberta, entra na cabeça.

A Era de Peixes constitui o Cristianismo Popular – que esqueceu os antigos mistérios e conhecimentos sobre o RENASCIMENTO, LEI DE CAUSA E EFEITO, COSMOGÊNESE, ANTROPOGÊNESE – se bem que esses   conhecimentos estejam   nas entrelinhas dos evangelhos, como poderei demonstrar em outra ocasião.

Por que se retirou dessas verdades antigas? Porque, propositadamente, devia mergulhar o povo ocidental na conquista científica, religiosa e artística mais intensa e diversificada – conforme reclamava a evolução.

A CIÊNCIA, A ARTE E A RELIGIÃO eram unidas no passado. Tudo incluía esses três ramos – como nos tempos da Grécia áurea, em que a poesia, a música, a dança, a literatura, a história, a ciência, etc., se reuniam nas atividades humanas, por inspiração das nove musas (número do ser humano). Depois se diversificaram: a religião governou quase sozinha durante a Idade Média, chamada Idade das Trevas, sufocando as demais manifestações, para o desenvolvimento predominantemente religioso. Quando já se tornava prejudicial, a Renascença trouxe a Arte, com a glória de iluminados artistas em todos os seus ramos, até a Idade Moderna. Finalmente rompeu soberana a Ciência, na Idade Contemporânea, amordaçando com mãos de aço as demais manifestações. É a Ciência que dá a última palavra e que merece maior crédito do mundo. Logo descambamos para o materialismo, sob influência de Augusto Comte, de Freud, de Karl Marx e outros que, havendo recebido vislumbres da Verdade Universal, desvirtuaram-na quando criaram seus métodos. Infelizmente acontece isto: a verdade mais alta não pode ser exposta num Cosmos inferior, sob pena de PROFANAÇÃO. Por isso o Cristo usou as parábolas e símbolos: para que cada um extraia delas o que seu grau de consciência pode ver e suportar.

Em meados do século passado, o Sol, em seu movimento de precessão dos equinócios, entrou na órbita de influência do Signo de Aquário. Aquário é governado por Urano, descoberto (não por acaso) em 1781, para ir fermentando a consciência do mundo com suas qualidades de Inovação, de Originalidade (Epigênese), Inconvencionalismo (para romper as tradições cristalizadas), Inventiva, Intuição, etc. Urano preparou a ciência para a conquista de seu elemento – O Éter — que nos levou à conquista do espaço: começando pela máquina a vapor, passou pela eletricidade, telégrafo, telefone, rádio, televisão, aviação, radar, foguetes e plataformas espaciais, aproveitamento da luz solar, etc. Telescópios poderosos foram perscrutando os espaços siderais, ao passo que os microscópios e aparelhos ainda mais delicados foram penetrando nas partículas menores da matéria, deslumbrando os cientistas com a Realidade de uma Inteligência que agora aprende a descobrir por si só e a venerar. Não há físico que não tenha veneração pelo Cosmos. Não importa o nome que dê, o importante é que ele descobriu algo que assume para ele o sabor de uma conquista. É assim mesmo: as coisas velhas se tornam novas quando são redescobertas pelo despertar do Ser.

A psicologia, que começou desastrosamente (em aparência) pelas falhas interpretações de Freud — que não soube verter puramente certas verdades espirituais que captou — encaminha-se, a passos largos, para o autoconhecimento, sob influência da parapsicologia e de revelações que vão invadindo, irresistivelmente, a Mente dos seres humanos, provindas da Mente Universal.

Neste cenário crepitante e conturbado do mundo, ao início do século XX, os Irmãos Maiores da Rosacruz viram chegado o momento de entregar ao mundo uma nova mensagem. E, através de seu Iniciado Menor, MAX HEINDEL, nos deram o CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS, em 1909. Sob orientação dos Irmãos Maiores da Ordem, Max Heindel fundou a Fraternidade Rosacruz, após dois anos (1911), para atender à necessidade lógica do povo Ocidental. Todos desejamos saber a razão das coisas. Nossa Mente há de ser satisfeita, para que nosso coração comece a vibrar numa fé racional. O materialismo está perigando nossa evolução e todos os meios estão sendo envidados para chegarmos ao meio termo ideal, entre a Mente e o coração — esses dois elementos que se devem aprimorar, para chegarmos ao conhecimento e conquista de nós mesmos e alcançarmos o despertar de nossa verdadeira natureza.

O Ocidente se assemelha, agora, a um avião de asas desiguais: uma, enorme, da técnica, da ciência, do conhecimento, que se presume, de tal modo que o maior pecado atual é o ORGULHO INTELECTUAL. A outra asa é mirrada, subdesenvolvida, raquítica, esfomeada: uma asa pequena da fé, da devoção, de conquista interior, do coração. E nosso avião ameaça despencar e arruinar sua tripulação. É urgente desenvolvermos esta asa pequena e estabelecermos o equilíbrio de nossos voos evolutivos. De nada valem as asas de cera, porque logo se derretem no desafio da subida e nos precipita abaixo. As asas de cera são os superficiais conhecimentos que adquirimos e não chegamos a vivenciar. Diletantismo espiritual. Curiosidade ocultista de fenômenos que não conduzem ao fim mais alto. É preciso dirigir nossos esforços à realização autêntica para formar a asa pequena. Assim, devidamente apoiados na verdade espiritual, podemos conduzir todas as nossas conquistas para os propósitos evolutivos em vez de subordiná-los aos interesses mesquinhos da personalidade falsa.

O ser humano— esse desconhecido — é a Esfinge, que compõe os quatro Signos zodiacais de natureza Fixa, representado por 3 animais: o touro, o leão, a águia (o escorpião) e aquário (simbolizado pelo ser humano que engloba os três animais).

A Esfinge de nossa natureza continua a desafiar-nos: OU ME DECIFRAS, OU TE DEVORO! E os seres humanos se devoram porque não se conhecem; devoram-se pelos infartos, pelos derrames, pela diabete, úlceras, cânceres e neuroses, que são a consequência inequívoca de suas ignorantes transgressões à Lei da Natureza.

Através da Rosacruz — uma das Sete Escolas — os Irmãos Maiores — aqueles que foram na frente, que chegaram ao cume da Realização e depois voltaram para ensinar o caminho e prevenir os alpinistas sobre os perigos da escalada — oferecem suas mãos, a sua inteligência, o seu amor — pelos cursos gratuitos por correspondência, de Filosofia Rosacruz, de Astrologia Esotérica; da Bíblia e Cristianismo Esotérico, a todos os interessados.

Somos os seus canais e estendendo a mão direita: chamamo-los IRMÃOS, pelo reconhecimento de que todos somos filhos de um Pai comum — O Pai Celestial! Mais que irmãos, preferimos chamá-los AMIGOS, pondo-nos à vossa disposição.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de agosto/1978)

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