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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Você poderia nos dar seu ponto de vista sobre a causa e a cura dos resfriados e das gripes?

Resposta: Nós vivemos numa época de germes, vírus, outros microrganismos e soros. Toda doença tem seus microrganismos e uma espécie de antídoto para prevenir ou para curar. É possível até mesmo ser imunizado contra uma gripe ou um resfriado, e se a operação for bem-sucedida, a pessoa fica imune. Talvez, algum dia, todos os diferentes antídotos possam ser combinados em um único “elixir-vitae” que nos tornará imunes a toda essa horda inteira dos germes, vírus e outros microrganismos temidos! Realmente, que anômala é nossa condição. Conquistamos o mundo inteiro e espalhamos o terror nos corações de todas as criaturas que conseguimos alcançar com vários artifícios que criamos para destruí-las. Até mesmo grandes criaturas fogem diante de nós com medo, mas nós mesmos temos medo de criaturas tão diminutas que só podem ser vistas com o auxílio de potentes microscópios. Essas diminutas criaturas são tão temidas que alguns dos seres humanos mais capazes dedicam a vida inteira deles no esforço de restringir as devastações dessas diminutas criaturas.

É verdade que existem os microrganismos, mas também é verdade que eles não conseguem se estabelecer em nenhum organismo que esteja em estado normal de saúde. Somente quando nossos Corpos Densos ficam debilitados por outras causas é que os microrganismos da doença conseguem se estabelecer e iniciar seus processos destrutivos. As pessoas que estão radiantes de saúde, e usamos essa frase em seu sentido literal, podem ir sem o menor temor a qualquer área de isolamento para doenças infecciosas, mesmo que haja mais germes ou vírus num centímetro quadrado do Corpo Denso dos pacientes do que habitantes na Terra. Enquanto essa pessoa estivesse com a sua saúde radiante, não seria infectada.

Para deixar claro o que queremos dizer com saúde radiante, precisamos reiterar um fato tão frequentemente insistido, um fato que a ciência está começando a descobrir, isto é, que nossos Corpos Densos são interpenetrados pelo Éter em tal volume que, em algumas circunstâncias ele se irradia além do Corpo Denso. Qualquer pessoa que seja dotada da visão espiritual vê, dentro do Corpo Denso, um outro veículo inteiramente semelhante, órgão por órgão, e formado de Éter. Tal pessoa também vê que através da posição referencial do baço físico – o baço etérico – há um influxo contínuo de força vital etérica que sofre uma mudança química no Plexo celíaco (também chamado de Plexo solar) e, então, circula por todo o Corpo Denso como um fluido cor-de-rosa pálido com um leve matiz púrpuro. Esse fluido etérico se irradia de toda a periferia do Corpo Denso através de cada poro da pele, transportando consigo uma grande quantidade de gases venenosos gerados pela alimentação que tomamos, alimentação essa escolhida mais para agradar aos olhos ou ao paladar que pelo valor nutritivo que possa ter.

Enquanto essa radiação vital da força vital etérica for suficientemente forte, ela não apenas remove os venenos do Corpo Denso, mas também impede a entrada de organismos deletérios, seguindo o mesmo princípio que torna impossível a entrada de moscas e outros insetos num edifício através de uma abertura onde tenha sido instalado um exaustor de ar que envie a corrente de ar para o exterior. Mas, tão logo pare o exaustor, o caminho fica aberto para as várias classes de insetos que infestam nossos edifícios. Da mesma forma, se por qualquer motivo o organismo humano se tornar incapaz de assimilar uma quantidade suficiente de força vital, a fim de conservar essa emanação radiante, também é possível que os temíveis microrganismos entrem e se estabeleçam no Corpo Denso, onde então começam seus estragos, com posterior detrimento ainda maior da saúde. Em vista desses fatos, a prevenção das doenças resume-se em conservar o sistema desimpedido, de modo a permitir que a força vital radiante possa fluir sem obstáculos. Quando as condições patológicas se instalam, o processo curativo deve ter o efeito de abrir os canais obstruídos para ser bem-sucedido.

O Dr. Harvey W. Wiley[1], ex-chefe do Departamento de Química em Washington, disse que a melhor maneira de curar um resfriado ou uma gripe é apanhar um vidro de xarope contra a tosse, colocá-lo sobre a mesa do quarto do paciente, abrir todas as janelas e atirar o vidro através de uma delas. Em outras palavras, em lugar de xaropes e outros remédios para tosse, resfriados ou gripes, respire bastante ar fresco e puro. Sem dúvida alguma, há muita sabedoria nessa recomendação, mas não é inteiramente suficiente. Se ele tivesse dito: “Tragam também um bom café da manhã, almoço e jantar para o paciente e joguem tudo isso no mesmo lugar do vidro de remédio”, ele teria se aproximado mais do meio de curar um resfriado ou uma gripe. Pois pode-se dizer, sem receio de ser contrariado, que a maior parte das doenças, das quais se diz que são herdadas pela carne, provém do excesso da ingestão de alimentos não adequados e, também, da mastigação insuficiente. Essa última, talvez, seja o maior dos nossos pecados.

O Barão de Munchausen[2], o célebre campeão das prevaricações, relata como, quando visitou a Lua, descobriu que seus habitantes cozinhavam os alimentos do mesmo modo que nós aqui na Terra, mas, em vez de se sentarem à mesa e comerem aos poucos, simplesmente abriam uma portinhola no lado esquerdo do Corpo e colocavam por ali a comida em seus estômagos. Ainda não chegamos a esse ponto, mas estamos muito próximos. O modo pelo qual a maioria das pessoas engole seu alimento é simplesmente deplorável, para não dizer outras coisas. Os restaurantes de refeições rápidas (fast foods), com seus assentos desconfortáveis, onde é impossível descansar e relaxar o corpo, enquanto se tomam aquilo que chamam de refeições, são uma ameaça nacional. Todos os que se sentam em um desses lugares parecem estar determinados a estabelecer um recorde de ingestão da maior quantidade de alimentos no espaço de tempo mais curto possível. E os métodos abomináveis de preservar tudo em gelo durante meses a fim de que certos intermediários e atacadistas possam fazer os preços subirem, disparando seus lucros pessoais, só aumentam os perigos de problemas de saúde, que ameaçam toda as comunidades no chamado mundo civilizado, onde esses métodos modernos questionáveis estão em voga. A partir desses alimentos “puros” sobrecarregados de venenos, nós nos esforçamos para construir nossos Corpos Densos e isso, como é bem sabido, é realizado pela transformação desse alimento em sangue, enquanto o resto deve ser eliminado como resíduos.

É hábito dos profissionais da saúde zelar para garantir que a eliminação adequada dos resíduos ocorra, não importa qual seja a natureza da doença. Qualquer pessoa que tente se curar de um resfriado ou de uma gripe deve necessariamente imitar esse método sábio e garantir que a função excretora se efetue corretamente e seja estimulada ao máximo possível, pois esse é um método importante para liberar o organismo e permitir que a força vital flua pelo organismo novamente. A outra porção do alimento que se transforma em sangue não permanece no estado fluídico, mas evapora-se, ou melhor, eteriza-se de acordo com o desenvolvimento do Ego em cujo Corpo Denso ele flui. Ele percorre todo o Corpo Denso, como o vapor em uma caldeira e, quando entra em contato com o ar frio através dos poros obstruídos por uma quantidade excessiva de veneno alimentar e parcialmente anestesiados, de modo a não responderem ao impulso nervoso que, de outra forma, os fecharia parcialmente contra o frio, o sangue se liquefaz total ou parcialmente, e se torna um obstáculo e um empecilho àquela outra parte da corrente sanguínea que não está afetada. Como resultado, são gerados microrganismos que formam a indisposição que sentimos e secreções quando estamos gripados ou resfriados.

Uma pessoa ferida que perde muito sangue se sente fraca. O mesmo acontece com a pessoa cujo sangue enregelou-se dentro dela, e pela mesma razão. Mas quem tem um resfriado ou uma gripe deve despender maior esforço a fim de expelir os resíduos nocivos antes que possa ser curado. A gula, uma má alimentação e um mastigação defeituosa não são as únicas causas dos resfriados e das gripes. É um fato bem conhecido por todos os ocultistas, que tudo o que há no Mundo visível é a manifestação de algo que já existia nos Mundos invisíveis, e o resfriado ou a gripe não é uma exceção à regra. Quando sabemos que há uma Lei de Causa e Efeito imutável, e que não pode haver efeito sem uma causa adequada e subjacente, podemos facilmente verificar a verdade dessa asserção. Também é certo que nada pode nos ocorrer sem que o tenhamos merecido e, portanto, se procurarmos as causas nos Mundos invisíveis, descobriremos que elas têm, naturalmente, algo a ver conosco.

O resfriado ou a gripe que sentimos aqui, e que é uma manifestação desagradável para nós, é resultado de algo que existia dentro de nós previamente, mas o quê? A essa pergunta podemos afirmar com segurança que nossa própria atitude mental é um fator de suma importância no estado de nossa saúde. Esse fato é bem conhecido por toda a ciência médica e por todos os bons observadores. Verificaremos que uma pessoa que é habitualmente otimista, que está sempre alegre, pronta a se expandir num largo sorriso, será considerado singularmente imune a resfriados, gripes ou a outras doenças. Por outro lado, uma pessoa que, mesmo jovem, apresenta os cantos da boca voltados para baixo e o rosto, habitualmente, contraído, que sempre está se preocupando ou se aborrecendo com coisas que nunca se realizam, que vê um potencial inimigo em cada ser humano e, persistentemente, toma uma atitude de raiva e malícia contra seus inimigos imaginários ou reais, com essa atitude mental se encolhe numa concha e impede a assimilação das forças vitais etéricas radiantes. Ela é, portanto, uma presa fácil de todas as doenças e enfermidades dos quais a carne é herdeira. Ela também não poderá ser curada nem por todos os remédios já criados antes que aprende a abandonar sua visão sombria da vida. Esses casos são, naturalmente, extremos, e há todas as gradações, bem como misturas das duas naturezas supracitadas. No entanto, constata-se que a saúde de uma pessoa varia de acordo com sua visão de vida em proporção quase exata.

Das observações precedentes podemos, portanto, deduzir o seguinte: o melhor preservador da saúde é uma atitude mental otimista, que encara a vida sem medo e vê um amigo em cada pessoa.

Também deve haver prudência e discernimento em relação à alimentação. Devemos evitar os excessos. É melhor comer pouco do que comer demais, e devemos nos esforçar para ter um assento confortável, onde possamos relaxar o nosso Corpo Denso enquanto mastigamos tranquila e lentamente os alimentos durante as nossas refeições.

Também deve ser dada bastante atenção ao assunto da excreção, e quando ela não estiver dentro do normal, certos alimentos que contém uma superabundância de celulose devem ser ingeridos para promover essa ação perfeita.

Resumindo em uma frase: seja alegre, seja comedido na alimentação. A jovialidade, a temperança ao comer e a eliminação, por meio a excreção, correta formam uma composição que curaria quase todas as doenças e enfermidades das quais a carne é herdeira.

(Pergunta número 51 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)


[1] N.T.: O Dr. Harvey Washington Wiley (1844-1930) foi um químico e médico pioneiro que desempenhou um papel crucial no estabelecimento de regulamentações de segurança de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos. Ele é mais conhecido por seu trabalho à frente da Food and Drug Administration (FDA) e por defender a aprovação da Lei de Alimentos e Medicamentos Puros de 1906. A Lei de Alimentos e Medicamentos Puros de 1906 foi a primeira lei federal a proteger os consumidores, proibindo a venda de alimentos e medicamentos adulterados ou com rótulos incorretos no comércio interestadual. Ela lançou as bases para a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), a primeira agência de proteção ao consumidor do país. A lei foi uma resposta à indignação pública com as práticas insalubres de produção de alimentos, particularmente destacadas no romance “A Selva”, de Upton Sinclair.

Segue as principais disposições da Lei de Alimentos e Medicamentos Puros:

– Proibição de alimentos e medicamentos adulterados ou com rótulos incorretos: isso significava que os produtos deveriam estar livres de aditivos e ingredientes nocivos, e os rótulos deveriam ser precisos.

– Criação da FDA: a FDA foi criada para fazer cumprir a lei e garantir a segurança de alimentos e medicamentos.

– Regulamentação do comércio interestadual: a lei se concentrou em produtos que cruzavam as fronteiras estaduais para garantir um padrão consistente de segurança.

– Foco na rotulagem: a lei se concentrou na rotulagem de produtos, em vez da aprovação pré-comercialização de medicamentos e cosméticos.

– Definição de medicamentos: a lei definiu medicamentos de acordo com os padrões da Farmacopeia dos Estados Unidos e do Formulário Nacional.

Quanto ao impacto e a importância dessa lei, podemos destacar:

– Proteção da saúde do consumidor: a lei foi um passo importante para a proteção da saúde e da segurança dos consumidores, garantindo a qualidade e a segurança de alimentos e medicamentos.

– Estabelecimento das bases para as regulamentações modernas de alimentos e medicamentos já que a FDA, criada por esta lei, tornou-se um importante ator na regulamentação de alimentos, medicamentos, cosméticos e dispositivos médicos.

Mas, como sempre, houve indignação pública, pois a lei expôs, por meio da conscientização pública, as práticas anti-higiênicas nas indústrias de alimentos e medicamentos, destacando a importância da proteção ao consumidor.

[2] N.T.: Karl Friedrich Hieronymus von Münchhausen (1720-1797) foi um militar e senhor rural alemão. Os relatos de suas aventuras serviram de base para a célebre série As Aventuras do Barão de Münchhausen, compiladas por Rudolph Erich Raspe e publicadas em Londres em 1785. São histórias fantásticas e bastante exageradas, propagadas sobretudo na literatura juvenil. Um personagem que se equilibra entre a realidade e a fantasia em seu mundo próprio, onde enfrenta os mais diversos perigos, perpetra fugas impossíveis (sendo a mais famosa delas: a fuga do pântano do qual afundara junto com seu cavalo, tendo conseguido escapar ao puxar a própria peruca), testemunha fatos extraordinários e faz viagens fantásticas — sem jamais perder a fleuma.

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