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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Conde de Saint Germain

O Conde de Saint Germain

A vida inteira desta extraordinária e misteriosa figura, conhecida como Conde de Saint Germain, está intimamente ligada à mudança político-social do mundo que foi operada pela Revolução Francesa. Tratando-se de um Ego excepcional que previu o que iria acontecer à França, empenhou-se titanicamente e durante algumas décadas, entre a nobreza, procurando convencê-la da necessidade de modificar as diretrizes de Governo a fim de se realizar a imprescindível alteração do ambiente político e social sem, contudo, que o país fosse ensanguentado. Por intermédio da condessa d’Adheniar, pessoa de amizade da rainha, o Conde se pôs em contato com ela que, tendo gostado muito de ouvi-lo, encaminhou-o para falar com Luís XVI. Expôs ele ao rei, minuciosamente, todos os problemas do seu reinado, inclusive os mais delicados, acrescido de sábia orientação para resolvê-los. No entanto, apesar de Sua Alteza ter percebido que Saint Germain havia dito importantes verdades, chamou os guardas e mandou prendê-lo. Contudo, quando eles entraram, o Conde desapareceu, como por encanto, no meio deles. Se quiséssemos usar linguagem popular, diríamos que eles “ficaram falando sozinhos”. Determina Sua Majestade que seja procurado, destacando para tantos detetives especializados que se entregaram a intenso trabalho de investigação, no transcurso de dois anos consecutivos, sem que conseguissem colher a mínima notícia, não só na França e na Europa, mas em qualquer parte da Terra. Desanimaram.

Decorridos oito anos, Maria Antonieta se lamentava, certo dia, pelo desaparecimento do Conde, dizendo estar acontecendo tudo o que ele dissera e que precisava muito, por isso mesmo, falar com ele. No dia seguinte, às oito horas da manhã, alguém bateu à porta da sua residência e a governante foi atender; era Saint Germain, a quem fez entrar. A rainha ficou sobremaneira satisfeita. Depois dos cumprimentos, fez todas as perguntas que desejava, tendo obtido, com precisão, as respostas do ilustre personagem que, despedindo-se, partiu. Sua Majestade transmite ao primeiro Ministro, Sr. Maurepas, tudo aquilo que ouvira do Conde; ele não gostou, alegando que ela tinha escutado coisas sem sentido, porque quem disse, ele afirmou, não passava de um charlatão. Mal acabou de falar, a porta abriu automaticamente, entrou Saint Germain e se dirigiu ao desconcertado Maurepas por meio das seguintes palavras: “Sim, fui eu quem disse à Rainha tudo que me era permitido dizer… E as revelações ao Rei teriam sido muito mais completas. É lamentável que vos tenhais interposto entre S. A. e mim. Nada me recriminarei quando a terrível anarquia devastar a França inteira! Quanto a tais calamidades, vós não as vereis, mas o fato de as terdes inconscientemente preparado será suficiente para a vossa memória… Não espereis homenagem alguma da posteridade, ministro frívolo e incapaz! Sereis incluído entre aqueles que fazem a ruína dos Impérios!”. Dito isso, o Conde encaminhou-se para a porta, fechou-a e desapareceu para sempre. Desnecessário é, sem dúvida, esclarecer que todos os esforços tendo em vista encontrá-lo foram totalmente inúteis.

Todos os documentos que se achavam no arquivo do Estado, escritos por Saint Germain, principalmente os que diziam respeito à França, foram, por determinação do Imperador, recolhidos e levados à Chefia de Polícia com a finalidade de fazer-se um trabalho em conjunto, mas desapareceram no incêndio do Edifício, durante a Comuna, em 1871.

Voltaire, tido por todos como filósofo cético, via em Saint Germain um homem de sabedoria universal. Tinha ele grande admiração pelo Conde. Era conhecidíssimo pela Maçonaria da época como “O Rosacruz”. E, assim, ainda hoje a referida sociedade secreta o considera. Certa vez defrontou-se o Conde de Cagliostro com Saint Germain, ocasião em que esse lhe dissera — “Cuidado, Cagliostro, senão você porá fogo na França”, ao que ele respondeu: “A Lei quer que a humanidade atinja determinado grau evolutivo e, como ela não quer atingir pelo amor, alcançará pela dor; ateio fogo e a Providência Divina sabe o que deve queimar e o que não deve”. É que, enquanto o Conde de Cagliostro encarnava a face do rigor, o Conde de Saint Germain representava a face do amor. Permanecia em um lugar somente o tempo necessário à realização do seu trabalho. Como Iniciado de grau superior, está sempre em atividade em alguma parte do mundo. No século XIII, na Alemanha, fundou a misteriosa Ordem dos Rosacruzes. Junto a esse Ser, em sua jornada, sentimo-nos em companhia de quem tudo pode. Não há obstáculo que não vença com seu amor e sabedoria. Diríamos tratar-se de um verdadeiro alquimista das forças cósmicas. Todavia, quase nada dissemos ainda a respeito do Conde de Saint Germain, pois esse Ser é um manancial infinito…

(Por Hélio de Paula Coimbra publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1964)

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