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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Cada um tem a sua Besta

Começaremos lendo um trecho do Apocalipse, o Livro das Revelações, escrito pelo Apóstolo São João, capítulo 13, 1-10: “Vi, então, subir do mar uma besta com dez chifres e sete cabeças. Sobre seus chifres, dez diademas e sobre as cabeças nomes blasfematórios. A besta, que vi, era como uma pantera, os pés eram como pés de urso e a boca como a boca de leão. O dragão lhe deu poder e trono e uma grande autoridade. Vi a primeira cabeça ferida de morte, mas a chaga mortal foi curada. E toda a Terra, maravilhada, seguia a besta e adorava o dragão que tinha dado poder à besta, e adorava a besta dizendo: ‘Quem é como a besta e quem poderia lutar com ela?’ Foi lhe dada também uma boca para proferir palavras cheias de arrogância e blasfêmia e lhe foi concedido poder de agir durante quarenta e dois meses. E ela abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para insultar o seu nome e a sua tenda e os que moram no céu. Foi-lhe dado fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu poder sobre toda tribo, povo, língua e nação. E a adoraram todos os habitantes da terra cujo nome não está escrito, desde o princípio do mundo, no livro da vida do Cordeiro imolado. Se alguém tem ouvidos que ouça: Se alguém está destinado ao cativeiro, irá para o cativeiro. Se alguém mata pela espada, pela espada morrerá. Nisso se baseia a perseverança e a fé dos santos“.

Simbolicamente falando, a água significa as emoções e o mar é, normalmente, usado para indicar o Mundo do Desejo. Esse Mundo é que contém material para construção do nosso Corpo de Desejos, bem como para o Corpo de Desejos do animal. É também o Mundo que fornece material para termos nossas emoções, aspirações, nossos desejos e sentimentos.

Desde a última parte da Época Lemúrica, para alguns, e início da Época Atlante para todos, os Espíritos Lucíferos começaram a chamar a nossa atenção para a existência do Mundo Físico, ajudando-nos a perceber a forma exterior do nosso Corpo Denso. E, também, começaram a nos instigar a usar a nossa Mente para distinguir as formas externas, dar-lhe nomes, dominá-las e colocá-las ao nosso dispor. A partir desses dois movimentos temos gerados muitos desejos inferiores, muita paixão, muita ambição, muito egoísmo, muito mal, sendo o mal uma ação contrária as Leis de Deus. Inicialmente o fizemos por inocência, depois o fazemos por ignorância.

A todo esse conjunto de desejos inferiores somado aos pensamentos inferiores que resultam em todo o mal que já cometemos em todas as nossas vidas passadas constitui a “besta que saiu do mar”, ou como é conhecido na ciência oculta: o Guardião do Umbral.

Esse ser é, portanto, a encarnação de todo o nosso mal gerado em vidas passadas, mal esse ainda não expiado e que espera a expiação em vidas futuras, até completarmos toda a roda de nascimentos e mortes necessários para tal.

E o Guardião do Umbral, a Besta, está muito ligado ao dragão, ao diabo, também conhecido como a Serpente ou os Espíritos Lucíferos, que nos incita ao egoísmo, a gratificação dos prazeres e a maldade, pois como lemos nesse trecho do Apocalipse: “O dragão lhe deu poder e trono e uma grande autoridade“.

Essa entidade monstruosa se encontra nas Regiões Inferiores do Mundo do Desejo. Entretanto nos é invisível entre a morte e um novo Nascimento, se bem que está ali presente. Ela só se torna visível quando nós, como Aspirantes à vida superior, entramos conscientemente no Mundo do Desejo, deixando o nosso Corpo Denso dormindo no leito. Portanto, esse é o momento que nós temos que passar por essa entidade criada por nós mesmos. Devemos reconhecer e admitir essa entidade como parte de nós, prometendo liquidar todas as dívidas, todo o mal, representado por essa forma, o mais cedo possível.

Reparem que nesse momento de reconhecimento, o Aspirante não deve ter medo de tal entidade, mas utilizá-la como reforço para nossa coragem e determinação: “Nisso se baseia a perseverança e a fé dos santos“, como acabamos de ler no trecho do Apocalipse.

Afinal, deixou de ser oculto o motivo pelo qual há muito destino maduro para cumprirmos. Deixou de ser oculto o porquê sofremos tanto com penas, dores e restrições. Ao contrário, a partir daí nós temos plena e consciente condição de trabalhar para eliminar todos os débitos contraídos e sentirmos a eliminação deles todas as vezes que encararmos tal entidade.

Está aqui um dos motivos para que a nossa preparação, como Aspirante, é uma tarefa essencial, bem feita e indispensável para nos tornarmos um Auxiliar Invisível Consciente.

Perceba que quanto mais o mal fizermos, quanto mais desejos inferiores criarmos, mais alimento estaremos dando ao nosso particular Guardião do Umbral e mais ele crescerá.

Por outro lado, quanto mais nos esforçarmos para reparar o mal cometido, arrependendo-nos de dentro do nosso íntimo e procurando, de uma forma ou de outra, compensar esse mal com o bem, servindo altruisticamente, menos alimento estaremos dando ao nosso particular Guardião do Umbral e menos ele crescerá.

Se, ainda com isso, considerarmos o pagamento de nossas dívidas do destino contraídas nas vidas anteriores, o nosso particular Guardião do Umbral diminuirá de tamanho.

Outro alimento importante para o crescimento do nosso Guardião do Umbral é o temor, o medo. O medo não conduz a nada de bom, e representa a nossa falta de confiança em Deus e a falta de consciência de que “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser” (At 17, 28). Ao ter medo, esquecemos que nada pode existir fora de Deus e, que, portanto, Ele está onde estivermos. E que tudo trabalha para o bem final, pois: “Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar; até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá” (Sl 139,7).

Mas há mais alimentos que fazem o nosso Guardião do Umbral crescer: são as nossas dúvidas, nossas maldades, nosso egoísmo, nossa ignorância. Enquanto insistirmos em permanecer na condição irresponsável de: “não quero nem saber… o importante é gozar a vida… não quero nem pensar no depois… ou, o que é pior: só quero pensar se puder tirar algum proveito próprio” então, estaremos fornecendo alimento para o nosso Guardião do Umbral. No entanto, mesmo que permanecendo nessa condição, uma coisa ocorrerá com toda a certeza desse mundo: um dia enfrentaremos sozinhos nosso Guardião do Umbral, somente ele e cada um de nós.

Agora, se tomarmos a consciência de que o Guardião do Umbral é um elemental criado por nós mesmos e que o alimentamos com as nossas más ações, maus desejos e maus pensamentos, poderemos começar a trabalho de diminuir esse crescimento.

E mais, usando o nosso domínio próprio e muita força de vontade, poderemos eliminá-lo por completo, matando-o por inanição, por não mais alimentá-lo.

Mas esse trabalho exige persistência, persistência e persistência, senão: “Vi a primeira cabeça ferida de morte, mas a chaga mortal foi curada“, como lemos nesse trecho do Apocalipse, ou seja: se, uma vez começado, abandonarmos o trabalho de aniquilar o nosso Guardião do Umbral, ele voltará a crescer.

E todo esse trabalho começa aqui, durante a nossa vida no Mundo Físico. Mas como? Dedicando-nos a parte espiritual da nossa vida: sendo Cristão de fato, tendo fé, buscando o equilíbrio, mantendo uma atitude mental sempre positiva, sempre otimista, afirmando como o Salmista, quando for assaltado por pensamentos de medo, de dúvida ou por situações onde predominem tais sentimentos: “O Senhor é meu Pastor, não me faltará“; “Nada temerei, pois Deus está comigo” (Sl 22).

O cultivo desse equilíbrio implica no cuidado com o nosso Corpo de Desejos, com o controle das nossas emoções, nossos desejos e sentimentos e isso é uma tarefa muito difícil. Uma das maiores dificuldades nesse cultivo do equilíbrio está no que se refere ao egoísmo.

Muitos acham que não são egoístas. Pois bem, aqui está o primeiro passo: reconhecer o nosso egoísmo. Uma auto-análise nos mostrará onde estamos colocados. E não há auto-análise mais completa do que o Exercício de Retrospecção. Contrapondo-se com o nosso particular Guardião do Umbral está o resultado de todo o bem que temos feito em nossas existências passadas, inclusive nessa. Todo esse belo conjunto se chama “Anjo da Guarda”: essa personificação do bem em nossas obras, ainda que invisível, está sempre conosco nos impulsionando a trabalhar retamente, a sempre caminhar fazendo o bem. É um poderoso aliado a nossa luta de aniquilação do nosso Guardião do Umbral.

É importante sabermos que a condição de não assumirmos a responsabilidade de não mais alimentarmos nosso Guardião do Umbral, favorece fortemente o mal coletivo de toda a humanidade e que incita a qualquer um, principalmente os que possuem debilidades metais e fraqueza de caráter, a mais facilmente fazerem o mal que o bem. Afinal: “E toda a Terra, maravilhada, seguia a besta e adorava o dragão que tinha dado poder à besta, e adorava a besta dizendo: ‘Quem é como a besta e quem poderia lutar com ela?”‘.

(…) Foi-lhe dado fazer guerra aos santos e vencê-los. Recebeu poder sobre toda tribo, povo, língua e nação. E a adoraram todos os habitantes da terra“, como lemos nesse trecho do Apocalipse. Pois é um fato que todo o mal coletivo incorporado em todas as pessoas é uma força potente no mundo. É muito mais fácil deixar-nos levar pelas emoções e circunstâncias do que controlá-las e colocá-las sob o jugo da nossa vontade. É muito mais fácil deixar os pensamentos fluir do que criá-los e concentrá-los sob o poder da vontade. É muito mais fácil não fazer nada do que fazer o bem.

É muito mais fácil se conformar do que arregaçar as mangas e partir para a luta, afinal: ‘Quem é como a besta e quem poderia lutar com ela?’. Não é mesmo?.

Mas, as pessoas que se esforçam para reparar o mal feito no passado, para se armar para não cometer mais o mal, buscando viver uma vida pura e dedicada ao serviço amoroso e desinteressado são as que têm os seus nomes “escritos no livro da vida do Cordeiro imolado“, como dito nesse trecho do Apocalipse, ou seja: estão em acordo com os ensinamentos do Cristo, o Cordeiro.

Agora, aqueles que continuam a praticar o mal, que usam de sua posição para tirar proveito do próximo, que vivem como se essa fosse a única e verdadeira vida (mesmo depois de ter a oportunidade de saber que não é), esse: “irá para o cativeiro“, pois, pela Lei de Consequênciaestá destinado ao cativeiro“, ou esse: “pela espada morrerá“, pois “mata pela espada“, como também lemos nesse trecho do Apocalipse.

A esperança de que todos conseguiremos enfrentar e aniquilar, cada um o seu Guardião no Umbral, é dada quando se diz: “Foi lhe dada também uma boca para proferir palavras cheias de arrogância e blasfêmia e lhe foi concedido poder de agir durante quarenta e dois meses“. Ou seja: 3 anos e meio, metade de sete anos, tempo perfeito. Então, não será para sempre. Durará até que uma quantidade suficiente de Espíritos Virginais da onda de vida humana que evoluem aqui na Terra seja capaz de mante-la, tomando a rédea da nossa evolução e que, assim, todos os outros sigam esses Espíritos Virginais para o caminho para cima e para a frente no nosso esquema de evolução.

Nessa certeza da possibilidade de aniquilar, cada um, por meio de um trabalho sério, corajoso, determinado e aplicado, o seu Guardião do Umbral e assim, tornar um Auxiliar Invisível Consciente é que se “baseia a perseverança e a fé dos santos“.

Ou seja: de todos aqueles que compreenderam e assimilaram, e, portanto, vivenciam o ensinamento do Cristo que: “a messe é grande, mas os operários são poucos“.

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Revelação de São João, o Divino: a Besta que saiu do Mar

Vi então uma Besta que subia do mar. Tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres havia dez diademas, e sobre as cabeças um nome blasfemo. A Besta que eu vi parecia uma pantera: seus pés, contudo, eram como os de um urso e sua boca como a mandíbula de um leão. E o Dragão lhe entregou seu poder, seu trono, e uma grande autoridade. Uma de suas cabeças parecia mortalmente ferida, mas a ferida mortal foi curada. Cheia de admiração, a terra inteira seguiu a Besta e adorou o Dragão por ter entregado a autoridade à Besta. E adorou a Besta dizendo: “Quem é comparável à Besta” e quem pode lutar contra ela?”. Foi-lhe dada uma boca para proferir palavras insolentes e blasfêmias, e também poder para agir durante quarenta e dois meses. Ela abriu então sua boca em blasfêmias contra Deus, blasfemando contra seu nome, sua tenda e os que habitam no céu. Deram-lhe permissão para guerrear contra os santos e vencê-los; e foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação. Adoraram-na, então, todos os habitantes da terra cujo nome não está escrito desde a fundação do mundo no livro da vida do Cordeiro imolado. Se alguém tem ouvidos, ouça: ‘Se alguém está destinado à prisão, irá para a prisão; se alguém deve morrer pela espada, é preciso que morra pela espada’. Nisso repousa a perseverança e a fé dos santos.” (Ap 13:1-10)

Na simbologia oculta, “água” significa as emoções e a palavra “mar” costuma ser usada para indicar o Mundo do Desejo, cuja substância fornece o material para o Corpo de Desejos do ser humano e do animal. Desde a impregnação na Época Lemúrica e na Época Atlante pelos Espíritos Lucíferos no Corpo de Desejos do ser humano com o princípio demoníaco da paixão, muito mal (ação contrária às leis de Deus) foi cometido, e é a soma desse mal em todas as vida passadas que constituiu a “besta” subindo “do mar” ou o Guardião do Umbral, para ele.

O mal coletivo corporificado em todos as pessoas da Terra, o anti-Cristo é uma força poderosa no mundo. O ser humano, como uma entidade individual, é Sétuplo e Décuplo, sendo um Tríplice Espírito com um Tríplice Corpo e uma Tríplice Alma, conectados pela Mente.

Com relação ao Guardião do Umbral e como essa “besta” pode ser superada, Max Heindel diz o seguinte: “Quando o neófito entra no Mundo do Desejo conscientemente, após deixar seu Corpo Denso durante o sono, ele terá que passar por uma entidade. Essa é a personificação de todas as más ações de seu passado que, ainda não tendo sido expiadas, aguardam a erradicação em vidas futuras. Ele deve reconhecer e aceitar essa entidade como parte de si mesmo. Ele deve prometer a si mesmo liquidar, o mais rápido possível, todas as dívidas constituídas em sua péssima forma”.

“Essa entidade é um demônio e é neutralizada de outra forma, a qual representa todo o bem que um indivíduo fez no passado, e pode ser chamada de seu ‘Anjo da Guarda’. No entanto, essas forças gêmeas são invisíveis para o ser humano comum em todos os momentos, todavia, sempre potentes em sua vida”.

As pessoas que se esforçam para expiar os erros de seu passado, vivendo uma vida de pureza e serviço altruísta aos outros são aquelas que têm seus nomes: “Escrito no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo”.

Aqueles que continuam a responder com o mal dentro de suas próprias naturezas “Quem mata com a espada”, eventualmente, ficarão para trás na evolução e terão que recomeçar mais tarde.

(Publicado na: Rays From the Rose Cross – março/1916 – Traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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