O Caminho Iniciático e a Lemniscata

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Caminho Iniciático e a Lemniscata

O Caminho Iniciático e a Lemniscata

Para melhor compreender o que é a Iniciação e quais seus requisitos preliminares fixe o leitor, antes de tudo, e com toda a firmeza em sua Mente, que, na totalidade, a humanidade progride lentamente no caminho da evolução. Só lenta e quase imperceptivelmente consegue estados mais altos de consciência. O caminho da evolução, examinado sob os aspectos espiritual e físico, é uma espiral.

 

Na lemniscata, há dois círculos que convergem para um ponto central. Os círculos podem servir para simbolizar o Espírito imortal, o Ego evoluinte. Um dos círculos representa sua vida no Mundo Físico, desde o nascimento até a morte, e o outro, sua permanência nos Mundos Invisíveis, desde a morte até ao renascer.

Enquanto permanece neste mundo, o Espírito imortal – o Ego em evolução – semeia uma semente em cada ato, dele colhendo certa quantidade de experiência. Contudo, assim como se pode semear sem haver colheita, porque as sementes foram atiradas em terrenos pedregosos, entre espinhos, etc., assim também a semente da oportunidade, por negligência no cultivo do terreno, pode ser perdida e, então, a vida será estéril, sem fruto. Ao contrário, assim como a qualidade e o cuidado no cultivo aumentam, enormemente, o poder produtivo das sementes, uma aplicação cuidadosa no negócio da vida – a melhora de oportunidades para aprender as suas lições é extrair de nosso meio as experiências que contém – traz-nos mais oportunidades. Ao terminar uma existência terrestre, o Ego, nas portas da morte, encontra-se carregado dos mais ricos frutos da vida.

Terminado o trabalho objetivo da existência, o Ego começa o trabalho subjetivo da assimilação. Esta obra efetua-se, durante a permanência nos Mundos Invisíveis, período que decorre desde a morte até ao renascimento, simbolizado pelo segundo anel da lemniscata. Quando o Ego chega ao ponto central da lemniscata, que divide o Mundo Físico do mundo psíquico, a que chamamos a porta do nascimento, ou da morte, entra (ou sai) numa outra esfera, em relação a nós. Fá-lo com um conjunto de faculdades e talentos, adquiridos em vidas anteriores, que o espírito usa, ou descuida, em novo dia de vida, segundo sua própria escolha. Do uso que fizer das suas oportunidades depende o crescimento da alma.

Se, durante muitas vidas gratificou principalmente a natureza baixa, vivendo para comer, beber e divertir-se, ou deixou que seus ideais se esfumassem em sonhos e especulações metafísicas, acerca da natureza de Deus, abstendo-se, negligentemente, de toda ação necessária, gradualmente o Ego será deixado para trás, pelos mais ativos e progressistas. Grandes agrupamentos destes preguiçosos formam as chamadas “raças atrasadas”, enquanto os ativos, desembaraçados e despertos, que se preocupam em adquirir uma porcentagem maior de oportunidades, são os precursores.

Ao contrário da ideia geralmente aceita, isto se aplica, igualmente, àqueles que estão empenhados na indústria. Sua maneira de ganhar o dinheiro é, somente, um incidente, um incentivo, inteiramente a parte dessa fase. Seu trabalho é tão espiritual, ou, talvez, mais, do que o daqueles que passam o tempo em preces, com prejuízo de um trabalho útil. Do que dissemos, torna-se claro que o método de desenvolvimento da alma, levado a efeito pelo processo da evolução, requer ação na vida física, seguida, na vida post-mortem, por um estado de assimilação, durante o qual as lições da vida são extraídas e cuidadosamente incorporadas a consciência do Ego, embora as experiências, em si, sejam esquecidas.

Este processo, excessivamente lento, acomoda-se, perfeitamente, as necessidades das massas. Todavia, alguns esgotam, rapidamente, as experiências comumente dadas e requerem um campo mais extenso, para aplicar suas energias. A diferença de temperamento é a causa de sua divisão em duas classes.

Uma dessas classes, conduzida por sua devoção a Cristo, segue, simplesmente, os ditados do coração, em sua tarefa de amor por seus companheiros. Belos caracteres, faróis de amor num mundo sofredor, estão sempre prontos a esquecer sua própria conveniência, para ajudar aos outros.

Na outra classe, a Mente é o fator predominante. A fim de ajudá-la em seus esforços para alcançar sabedoria, as Escolas de Mistérios foram criadas. Nelas foi representado o drama do mundo, para dar as almas aspirantes, enquanto se achavam enlevadas, respostas às perguntas acerca da origem e do destino da humanidade. Ao despertar, eram instruídas na ciência sagrada de ascender mais, por meio do método da natureza – que é Deus em manifestação – semeando a semente da ação, meditando acerca da experiência e assimilando a moral essencial para obter o devido crescimento anímico. Também, havia esta circunstância importante: enquanto, no curso ordinário das coisas gasta-se uma vida inteira em semear e uma existência post-mortem na reflexão e incorporação da substância anímica, este ciclo de mil anos, mais ou menos, pode ser consideravelmente reduzido. Seja qual for o trabalho executado durante um dia simples, reflita-se sobre ele, à noite, antes de cruzar o ponto neutro entre o estado de vigília e o adormecer. Esta experiência pode, deste modo, ser incorporado na consciência do Espírito, como poder anímico. Quando se pratica, sinceramente, este exercício, revisando os pecados cometidos durante o dia, são eles eliminados, automaticamente, e o ser humano começa, em cada dia, uma nova vida, com a vantagem de ter aumentado seu poder anímico, extraído das experiências da sua vida de probacionista. Ao abandonar o corpo – ao morrer e ir ao Purgatório, a visão do nosso passado desenrola-se em ordem inversa, para mostrar, primeiramente, os efeitos, e depois, as causas que os produziram. Sentimos, de maneira intensa, a dor que causamos aos demais. Se não executamos nossos exercícios de maneira similar, sofrendo cada noite o inferno que merecíamos durante o dia, sentindo, agudamente, todos os pesares que havíamos infligido, não nos servirá de nada. Temos que nos esforçar, também, em sentir, com a mesma intensidade, a gratidão pelas atenções recebidas dos outros e a aprovação do bem que proporcionamos.

Somente assim, vivemos, verdadeiramente, a existência post-mortem e avançamos, cientificamente, até a meta da Iniciação. O maior perigo para o aspirante neste ponto é cair vítima do laço do egoísmo. Sua única salvação é cultivar as faculdades da fé, da devoção e da simpatia universal.

Se o estudante ponderou bem o argumento precedente, terá compreendido a analogia entre o largo ciclo da evolução e os ciclos curtos, ou passos, utilizados no caminho da preparação. Ficará claro que ninguém pode realizar, por outro, este trabalho post-mortem, nem lhe transmitir o desenvolvimento anímico adquirido da mesma maneira; ninguém pode ingerir o alimento físico de outro e transmitir-lhe sua resistência e desenvolvimento.

Se não conseguirmos o poder da alma requerido para a Iniciação, ninguém poderá iniciar-nos. Se o possuímos, estamos no umbral por nossos próprios esforços. Podemos pedir a Iniciação, como um direito. Se não o tivéssemos e quiséssemos comprar, 125 milhões de qualquer moerda seriam insignificantes para pagá-los.

Fixemos bem, em nossas Mentes, que a Iniciação não é uma cerimônia externa, mas, sim, uma experiência interior, na qual somos ensinados a usar o poder que armazenamos por meio de uma vida de pureza e de serviço.

(Revista Serviço Rosacruz – 02/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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