Liberdade ou Direito de ser Livre
“Livre vontade não é a liberdade de fazer o que quiser, senão o poder de fazer aquilo que deve ser feito, mesmo que seja contrário a um violento impulso. Eis aí, em verdade, o que é Liberdade” – K. B. MacDonald.
A liberdade que ganhamos pela obediência às leis é a única que conta. Se ESCOLHERMOS obedecer às leis, não podemos perder nossa liberdade. Porém, o ser licencioso e insultar à lei da terra, fará com que percamos nossa amada liberdade. O objetivo das leis na terra é dar o direito de ser livres a todos para a execução de nossas atividades, com segurança. É mais importante ainda considerar as Leis de Deus na natureza, pois elas tornam possível a evolução. Estamos num estado de mudança constante e, a seleção do justo ou errado pode mudar nosso destino. Não há descanso no caminho que nos conduz para o Criador.
Quando compreendemos o que é justo e verdadeiro, trabalhando constantemente para chegar à nossa meta, nosso progresso não será perturbado por repetidos erros e não teremos muito que retificar.
Então usaremos nosso tempo na Terra, que parece curto, trabalhando pela libertação do espírito.
Quando um Ego se acha pronto para retornar à Terra, se lhe permite escolher entre distintas vidas, porém uma vez feita a escolha não pode haver evasivas no que se refere aos acontecimentos principais durante essa vida particular na Terra. Temos livre vontade no que concerne ao futuro, porém o destino maduro está envolto na vida que escolhemos e não poderá ser evitado. O ser humano pode exercitar o livre arbítrio em muitos casos, porém se acha atado pelo destino que formou pelas dívidas criadas em vidas anteriores.
As grandes Inteligências, que têm a seu cargo esse assunto, sabem que requisitos são necessários para o ajuste de nossas obrigações. Entre as múltiplas relações que tivemos no passado, eles selecionam certo número de possíveis existências. Essas são mostradas ao Ego que está pronto para renascer e, portanto, pode selecionar uma ou várias delas. Escolhe, entre todas essas oportunidades, as que estão disponíveis no tempo particular desse renascimento, e amiúde existem grandes quantidades dessas oportunidades.
Uma vez feita a seleção, a vida do Ego seguirá a linha escolhida, porém: “não nos deixemos enganar pela ilusão de que o destino nos impele a agir mal em todo o tempo. A lei trabalha sempre, e apenas, para o bem, e o mal, em cada vida, é o primeiro a ser expurgado depois da morte, e apenas a tendência de fazer o mal em particular permanece com o sentimento de aversão gerado pelo sofrimento experimentado no processo de expurgação”. Não existe nunca a obrigação de fazer o mal.
É bom saber, e isso deve dar-nos uma certa firmeza em nossos esforços para resistir ao mal, pois nunca somos destinados para fazer o mal, senão que, cada ato mal feito, é um ato de livre vontade. Nossa consciência nos avisa, e somos livres para resistir, sempre que elejamos, entre o justo e o injusto. Nossa consciência nos impele para frente, para fazer tudo o que é construtivo e bom, pois a consciência é o resultado da dor e sofrimento experimentados em vidas anteriores.
Um fator muito importante e evidente em nossas múltiplas existências é a Epigênese. Brota do livre arbítrio e se manifesta como ação original. Essa divina e criadora atividade é a base da evolução da humanidade. A medida que o tempo avança haverá mais e mais oportunidade para esse divino atributo.
Parece ser, então, que estamos sujeitos a fatos maiores, porém, temos liberdade nos detalhes de nossas vidas, isto é, que temos muita liberdade no modo em que desejamos aprender nossas lições, sempre que, em verdade, as estejamos aprendendo, e existe a oportunidade para um trabalho novo e original, o qual chamamos Epigênese.
Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental promovem a liberdade pessoal dos indivíduos quando seguem os Ensinamentos da Filosofia Rosacruz. Ninguém deve obedecer a mestres, cada qual deve seguir seus próprios ditames internos. Aqueles que aspiram conhecer os ensinamentos internos e vivem no Mundo Ocidental não podem encostar-se ou depender de mestre ou guias. Não tendo um mestre sobre o qual encostar-se, o estudante tem que obter poder espiritual por sua própria iniciativa. Portanto, é óbvio, que cada qual tem que assumir a responsabilidade de suas próprias ações. Como existiria muito pouco progresso sem essa responsabilidade que mencionamos, devemos desejar assumi-la, sempre que aparecer a oportunidade. Desde logo, temos que estar certos em cumprir com as tarefas que se nos apresentem.
Quando fazemos o melhor que podemos e admitimos que as consequências de nossas próprias ações são nossas mesmo, ainda assim cometemos erros no cumprimento de nosso dever, então podemos aprender muito e ganhar em compreensão. Um coração compreensivo é muito desejável e difícil de se obter.
Desde o tempo em que a humanidade surgiu da densa atmosfera da Atlântida, entrou no mundo como um agente livre, com expressão das leis da natureza e de seu prévio e próprio destino adquirido. Desde então, o ser humano teve que aprender a se sustentar por si mesmo. Isto não é adquirido facilmente. Mais e mais reponsabilidades têm sido colocadas sobre seus ombros. Manter-se por si e assumir as consequências de suas próprias ações pode, às vezes, não ser muito agradável, porém é inevitável. Para desenvolver nossos poderes latentes espirituais, e assim tornar-nos ativos, temos que trabalhar, e enquanto trabalhamos temos que orar, pois assim nos manteremos em contato com os Mundos Superiores e receberemos a força necessária para seguir adiante.
O desenvolvimento futuro da humanidade dependerá mais e mais de sua própria iniciativa, e isso só leva a cabo quando o ser humano é livre. No princípio da evolução do ser humano, este vivia em pacífica ignorância, porém, desde que cresceu em conhecimento, começou a compreender muitas coisas. Durante inúmeras vidas aprendeu pela experiência e assim trocou sua ignorância pelo conhecimento da virtude.
O estudante sincero sabe, em seu interior, que o maior ladrão de sua liberdade é o tornar-se escravo de seus próprios desejos e apetites, e lamenta como São Paulo: “Porque o bem que quero, isto não faço; mas o mal que não quero, isto eu faço”. Para nos convertermos em verdadeiramente livres, temos que trabalhar pela nossa própria salvação, utilizando os poderes latentes, para o bem da humanidade.
Existem seres nos Mundos superiores sempre prontos para ajudar, se puderem fazê-lo, sem tirar esse nosso direito de liberdade. Copiando Max Heindel, no Livro: “Carta aos Estudantes”: “…porque embora ninguém possa interferir com o livre arbítrio da humanidade, e embora seja contrário ao plano divino o coagir, de alguma maneira, para que alguém faça o que não quer fazer, não existem barreiras contra as sugestões em assuntos que a ele possam agradar. É devido à sabedoria e ao amor desses grandes seres que o progresso em linhas humanitárias é a palavra de aviso de hoje em dia”.
O Mineral, a Planta e o Animal, todos os reinos, estão sujeitos à vontade dos Espíritos-Grupo; o ser humano é o único que possui livre vontade e iniciativa. À medida que o tempo avança, ele se fará cada vez menos susceptível às influências externas. “A Liberdade, é a herança mais preciosa da alma”, e podemos fazer pleno uso dessa herança sempre que sejamos cuidadosos em não interferir com o direito dos demais.
À medida que nossa consciência se desenvolve, temos que aprender a fazer o que é justo, conscientemente e de nossa própria vontade. Pode ser que seja necessário, para um Ego, selecionar uma vida cheia de duras lições para aprender, e essa nova existência pode estar cheia de calamidades, porém, ele pode escolher entre viver essa mesma vida honestamente e com humana dignidade, ou chafurdar-se na lama de modo vergonhoso. Ninguém pode interferir no modo em que ele trabalha em seu destino.
Copiando Max Heindel nas Cartas aos Estudantes: “Devemos aprender a lição do trabalho para um propósito comum, sem lideranças. Cada qual, igualmente induzido pelo espírito de amor que lhe vem do íntimo, deve empenhar-se pela elevação física, moral e espiritual da humanidade à altura de Cristo – o Senhor é a Luz do mundo”, e “onde está o Espírito do Senhor, aí há Liberdade” (IICo 3:17).
“Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus Discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Joa 8:31-32).
(Publicada revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/86)
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