Arquivo de categoria Histórias Aquarianas para Crianças e Adolescentes

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Lúcia encontra as Fadas do Pensamento

Lúcia encontra as Fadas do Pensamento

Lúcia e Ana eram primas. Lúcia estava visitando Ana e como elas estavam se divertindo! Ana era dois anos mais velha que Lúcia, mais alta e mais forte. Mas ela era muito boa para sua priminha menor. A maior maçã, o pêssego mais suculento e o doce mais confeitado sempre iam para Lúcia. Lúcia cavalgava no pônei de Ana e brincava com suas bonecas e pratinhos. Mesmo quando ela quebrava um dos minúsculos pratos de porcelana de Ana, esta não ficava brava.

Mas, finalmente Lúcia e Ana brigaram. Elas queriam brincar de escola, mas cada uma queria ser a professora. Ana achava que devia ser a professora porque era mais velha e Lúcia achava que devia ser a professora porque – bem, porque…

Então, elas brigaram. E Ana deitou-se na grama macia, debaixo da macieira e chorou até que adormeceu. E Lúcia deitou-se na grama macia debaixo do pessegueiro e teve pensamentos de raiva, maus pensamentos sobre Ana.

De repente, ela admirou-se de ver uma multidão de criaturas minúsculas, feias, anãs deformadas, paradas todas em volta dela. Todas estavam mostrando os dentes para ela e Lúcia escondeu sua face, aterrorizada. A mais horrenda criatura de todas, que parecia ser a líder, falou-lhe numa voz dura, ríspida:

– Nós somos as Fadas do Ódio, Lúcia, ela disse. É nosso trabalho levar pensamentos de ódio, ira e maldade de uma pessoa para outra. Nós tivemos que trabalhar muito esta tarde levando esse tipo de pensamentos de você para Ana e de Ana para você. Agora, você irá para a Terra das Fadas do Ódio e lá você deverá viver até encontrar o caminho da saída.

Lúcia tentou gritar e correr, mas não pôde e sentiu-se carregada pela multidão de criaturas hostis que lhe mostravam os dentes. Entraram numa caverna escura que parecia estar no centro da terra. O ar dentro da caverna era frio e úmido, e Lúcia tremia e desejava ver um pequeno raio de sol. Não havia absolutamente luz em toda a caverna, mas Lúcia podia ver as faces brancas das pessoas doentes brilhando na escuridão.

– Pessoas que habitam a terra do ódio e ira geralmente são doentes, disse a líder que estava parada perto de Lúcia. E choram como você vê, pois nunca são felizes.

– Eu ficarei doente e infeliz como essas pessoas? Perguntou Lúcia, com muito medo.

-Se você permanecer aqui por muito tempo, ficará, respondeu a líder. E quanta mais tempo ficar, mais difícil será encontrar uma maneira de sair daqui. Esta caverna fica cada vez mais profunda, escura e mais distante do brilho do sol, da saúde e da felicidade.

– Oh! meu Deus! gritou Lúcia, quando uma fada muito má e horrível parou perto dela, pois ela estava pensando:
– Bern, talvez Ana venha para cá e, então, ficará doente, infeliz e eu me alegrarei.

Antes que ela tivesse terminado esse pensamento mal e pouco caridoso, a fada tomou seu braço, e dirigiu-a para um lugar mais distante ainda na negra caverna.

Agora Lúcia estava muito assustada. Como ela poderia sair desse lugar? Ela não podia, não queria ficar ali.

– Por que essas outras pessoas não saem? ela perguntou.

Virou-se para a líder e batendo seu pé no chão com raiva, exigiu que ela a tirasse da caverna imediatamente.

– Você mesma tem que encontrar a saída, ela disse calmamente. Essas outras pessoas infelizes poderiam ter saído se realmente quisessem, mas preferiram ficar aqui.

Não querem fazer a única coisa que poderia libertá-las.

– O que é? Indagou Lúcia. Eu o farei.

Mas as fadas somente arreganharam os dentes de uma maneira repulsiva. Ai, Lúcia viu Ana, que estava muito triste e chorava. De repente, Lúcia sentiu pena de Ana. Correu para a sua prima e colocou seus braços ao redor dela. E um pequeno raio de luz pareceu brilhar por um momento na caverna escura.

– Oh, Ana, Lúcia também estava chorando, oh, Ana, você está doente, infeliz e eu sinto tanto! Você foi tão boa para mim. Eu amo você, Ana.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco – A Terra do Escorpião

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
A Terra do Escorpião

 

Depois que os portões da terra do Arqueiro se fecharam completamente, Rex e Zendah procuravam a entrada da próxima Terra, mas não viram nenhum vestígio dela.

– “Como podemos tentar abrir um portão que não parece existir?” – disse Rex. “Talvez Hermes venha nos ajudar”.

Para passar tempo, eles sentaram-se no chão e começaram a olhar para a lista da senha que Hermes lhes dera. Enquanto eles abriam a lista, Zendah percebeu pequenos pedaços de pedras brilhantes, que pareciam ir um em direção dos outros, quando ele os remexia com os pés.

Ela sentou-se quietinha e observou. Não eles não se moviam: deve ter sido sua imaginação. Nesse momento, Rex deixou cair o canivete que havia tirado do seu bolso; como isso acontecera ele nunca soube, mas, para seu espanto, os estranhos pedaços de pedra moveram-se para o canivete e arrumaram-se em volta dele.

– “Por que será – disse Rex – “que parecem partes de um quebra-cabeças?”.

Apanharam algumas pedrinhas.

– “Você acha que pode ser um quebra-cabeça?” – perguntou Zendah – “Vamos tentar fazer uma palavra juntando algumas”.

Juntaram uma quantidade dessas pedrinhas esquisitas, escuras e brilhantes e viram que podiam fazer várias palavras com elas. Afinal fizeram a palavra “SEGREDO”.

Imediatamente um ruído curioso por trás deles fez que eles se voltassem. Era um ruído semelhante ao ruge-ruge das sedas e eles viram algo que parecia água correndo ligeira sobre pedras num leito de rio, depois de muitas chuvas.

Viram então um movimento, onde antes parecia nada haver. No fundo do leito do rio havia inúmeras linhas movendo-se em espiral, elevando-se aos poucos, indo de um lugar para o outro, ligeiras, para cima e para baixo até formarem um funil, uma tromba d’água, tão alta, quanto uma casa e com cerca de oito pés de largura no alto.

No fundo, sua cor era púrpura escura quase preta; mas as linhas móveis tornaram-se mais claras, mais avermelhadas, até parecerem de uma linda cor carmesim. Então formou-se no fundo do funil uma bolha que aos poucos foi subindo até em cima, para rebentar sem ruído.

Mais sete bolhas, cada uma maior do que a outra, subiram, e quando a última, a oitava, rebentou, toda a água desapareceu e eles viram o portão que dava acesso àquela Terra. Era feito de ferro primorosamente trabalhado, com a figura de uma enorme águia bem por cima.

Nenhuma voz pediu a senha; o portão abriu-se subitamente com um plangor, e também subitamente fechou-se logo que os meninos o transpuseram.

Na sua frente o caminho estava bloqueado por grandes pedras sobrepostas que fechavam também os lados, até onde estava o portão que agora desaparecera.

Não era possível avançar nem retroceder, mas parecia haver uma entrada, pois uma corrente de água escura passava sob a pedra próxima dos meninos.

“Vamos tentar dando a senha” – disse Zendah – “Pode ser que aqui seja como a caverna de Ali-Babá”.

E eles murmuraram: “PODER”.

Oito vezes essa palavra ecoou pelas pedras, como se fora um coro de pessoas invisíveis zombando deles. Mas súbito apareceu uma passagem à sua frente. Do outro lado, havia um bote.

Os meninos entraram no bote, e sem qualquer aviso o bote partiu em grande velocidade, como se o rio descesse pela montanha. Passaram por cavernas tão negras como azeviche; atravessaram torrentes tão rápidas que o bote estremecia tanto ao ponto de pensarem que seria lançado fora dele! Por vezes as águas eram geladas e eles viam blocos de gelo, de todas as formas e tamanhos, espichando-se para cima, de ambos os lados como se fossem os pilares de uma catedral. Depois passaram por um lugar que era tão quente quanto era frio o lugar que haviam deixado. Fontes de água fervente lançavam-se para o teto da caverna e os meninos mal podiam respirar naquela atmosfera abrasadora.

Quiseram parar o bote, mas não puderam porque as paredes da caverna eram revestidas de vidros coloridos que pareciam as joias que sua mamãe usava no pescoço.

Afinal o bote foi lançado em terra aberta e parou ao lado de um outeiro onde cresciam sabugueiros e amieiro. No outeiro estava de pé um personagem que eles reconheceram. Era Marte. Pularam do bote e correram para ele.
– “Vocês não demoraram a encontrar o segredo da entrada da caverna, disse ele, “e estou muito satisfeito porque a viagem subterrânea não amedrontou vocês. Na terra do Escorpião-Águia vocês terão de descobrir muitas coisas por vocês mesmos. Agora escolham: querem ir para leste ou para oeste?”.

– “Oeste” – disse Zendah, falando primeiro, antes que Rex pudesse decidir. Logo que ela falou, desceu uma carruagem voadora puxada por quatro águias.

Subiram na carruagem e voaram sobre campos gelados, sobre quedas d’água; subiram até muitas milhas de altura, até que o ar se tornou mais quente e chegou até eles um perfume parecido com o de um jardim.

Desceram da carruagem. Estavam num terreno extenso e plano, cheio de canteiros com plantas. Algumas eram conhecidas porque no jardim de sua casa havia delas, mas a grande maioria, eles jamais haviam visto antes.
– “Como cheiram bem” – disse Rex indo de um canteiro para outro, apanhando aqui e ali uma folha enquanto iam e vinham pelas aleias – “Mas porque são precisas tantas?

– “Elas têm muitos usos como você verá” – respondeu Marte, levando-o mais longe. No meio do jardim das plantas havia uma casa comprida e baixa; dentro dela viram muitas mulheres pondo as plantas em bandejas para secar, e depois passando-as por peneiras e por fim colocando-as em garrafas. Viram as plantas, em outra parte da casa, sendo fervidas em grandes vasilhas para servirem de remédios que os médicos usam para curar pessoas doentes.
– “Existe uma planta para cada doença; basta que o povo se dê ao trabalho de descobri-la” – disse Marte.

No centro da construção havia um quarto com janelas de vidros pelas quais as crianças viram oito homens idosos em torno de uma mesa sobre a qual havia um vaso de vidro arrolhado. Para seu espanto, viram que o vaso estava cheio de um líquido de cor linda que se movia e pulava como se quisesse sair do vaso. Era de linda cor carmesim, semelhante a vinho com centenas de bolhas douradas. Era tão bonito que pediram para levar um pouco para casa, mas disseram-lhes que ainda não estava pronto e que quando ficasse pronto curaria qualquer doença.

– “É o Elixir da Vida que os antigos alquimistas sempre tentaram fazer, e eles vieram da Terra para esta terra para descobrirem como fazê-lo” – disse Marte.

Outra coisa interessante que eles viram foi uma porção de pessoas fazendo óculos. O interessante é que não havia dois pares de formato semelhante e cada um tinha vidros de uma cor diferente.

Pediram para olhar um desses óculos. Todas as pessoas puseram-se a rir e disseram em coro:

– “Vocês já têm um par”.

De onde vieram os óculos subitamente, eles não tinham ideias, mas Rex estava com óculos cor de rosa e Zendah com óculos azuis.

Que maravilha viram por esses óculos! Podiam ver dentro da terra, como se esta fosse transparente, ver onde estavam os poços de petróleo e ver correntes d’água subterrâneas. Olhando para os rios, viram que estavam cheios de ondinas brincando uma com as outras. No ar, viram milhares de figuras pequeninas que antes não haviam visto e perceberam algumas delas em torno das flores com pincéis e paletas de tinta, colocando as cores nos bastões que se abriam e nos frutos. Aqueles óculos eram mágicos; “Todo o mundo tem um par”, disse Marte, “mas muito poucas pessoas sabem como usá-los e a maioria nem sabe que os possui”.

Saindo da fábrica de óculos, viram, num pátio próximo, um poço profundo coberto com uma grande pedra mármore. 

Marte retirou a pedra e eles viram que o poço estava seco. Na areia do fundo do poço rastejavam alguns bichos escamosos que tinham um ferrão na extremidade das caudas que mantinham curvadas por cima de suas costas.

– “Estes não deviam estar aqui!”, disse Marte. “Já foram todas bonitas águias, mas toda vez que uma criança da terra diz uma palavra má ou grosseira, uma das nossas águias vira escorpião”.

– “E nunca mais voltam a ser águias?” – perguntou Zendah, sentindo muita pena das pobres águias condenadas a rastejar em vez de voar.

– “Oh, sim, mas as crianças devem fazer três boas ações antes que eles possam virar águias de novo”.

Os meninos viram muitas outras coisas curiosas; todas estavam ocultas, e, para se tornarem visíveis, tinham de pronunciar uma palavra mágica. Afinal chegaram às escadas de um palácio.

Este palácio estava sobre oito pilares e tinha um fosso em toda a volta, de modo que todo o palácio se refletia na água do fosso; a ponte de acesso parecia feita de nuvens e cada passo que Rex e Zendah davam era como se andassem em flocos de algodão. Mulheres vestindo capas vermelho-escuro e com véus em suas cabeças, presos por um ornamento em forma de serpente, estavam em pé nas passagens e corredores para saudar a Marte e aos meninos levantando a mão. Meninos-pajens de olhos negros penetrantes e com cachos de cabelos escuros ondulados, afastaram as cortinas do salão central.

A parte superior do salão era feita de mármore preto e branco e o trono era uma grande pedra verde salpicada de pequenos pontos vermelhos. De cada lado havia grandes vasos de ferro nos quais cresciam brancas papoulas.

Uma lâmpada de luz vermelha pendia do teto defronte ao trono e braseiros de cada lado desprendiam nuvens de fumaça aromática. Havia alguém sentado no trono, vestindo roupa de cor carmesim róseo debruada com bordados de várias cores e ricamente cravejada de joias. Os meninos não puderam ver o rosto do rei porque estava coberto por oito véus, mas viram que usava uma coroa cravejada de joias cintilantes.

Uma voz profunda apresentou-lhes as boas-vindas e ordenou que seu assistente enchesse a taça e desse às crianças a bebida da lembrança. “Pois sem ela não seriam capazes de evocar o que haviam visto na Terra do Escorpião-Águia.” Uma mulher alta estendeu-lhes uma taça lindamente lapidada, cheia com líquido vermelho, ao mesmo tempo que passava a mão sobre os olhos dos meninos. Era uma beberagem estranha, muito doce enquanto bebiam, mas deixando um gosto amargo na boca depois de bebida.

Devolvendo a taça, olharam para o trono e viram atrás dele uma pessoa com asas – um grande Ser que atingia quase o teto do salão, tendo uma estrela cintilante na cabeça.

Era um dos quatro Guardiães dos Ventos, disseram-lhe, e a Quarta parte do mundo estava a seu cargo. Outro robusto Guardião vivia na Terra do Homem do jarro, mas como os meninos ainda não haviam bebido da água da lembrança, eles não tinham podido ver nenhum dos quatro Guardiães.

Estavam embevecidos olhando para as lindas asas e para a estrela cintilante do anjo até que a voz do rei os despertou.

 

– “Tragam o Capacete de Invisibilidade”, ordenou o rei.

Um pajem entrou trazendo uma almofada de cetim, mas eles não viram nada nela. Este “nada” foi posto na cabeça de Zendah. Ela sentiu como se tivesse pondo um chapéu na sua cabeça, só que não via o que era e quando o chapéu foi colocado nela, Rex não mais a viu; ela tornara-se invisível.

Em torno do pescoço de Rex foi pendurado um cordão vermelho com um pendente feito de um topázio em formato de águia.

– “O capacete invisível ajudará vocês a verem as coisas ocultas, e também servirá para torná-los invisíveis na terra, como ficaram aqui.

– “Vocês já ficaram muito tempo nesta terra, mas ainda tem muito o que ver”, disse o Rei, “e eu mandarei vocês rapidamente para a próxima Terra”.

O Rei levantou-se e elevando as mãos para cima da cabeça falou uma palavra estranha que os meninos jamais se lembraram qual foi.

O assoalho pareceu levantar-se, tudo ficou escuro, e a primeira coisa que eles perceberam é que estavam ao lado de fora do portão, e, como tinha acontecido antes de entrarem não viram nenhum sinal dele.

“Este é o segundo terremoto”, disse Zendah.

(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Menino Laércio – Palavra Chave: Oportunidade

O Menino Laércio
PALAVRA CHAVE: Oportunidade

Logo na esquina do enorme prédio de apartamento onde moravam Diego e Rosália, ficava uma antiquada casinha térrea. Ela tinha sido branca há muito, muito tempo atrás, pois agora era qualquer coisa menos branca, quando nossa história começou.

Diego e Rosália nunca tinham notado aquela casinha estranha. De fato, eles não sabiam que ela estava ali, até que certa manhã o jornal não chegou. O pai de Diego parecia perdido de manhã sem o jornal e já estava saindo para comprar um quando Diego disse:

– Por favor, papai, deixe-me ir.

E Diego saiu para comprar o jornal. Quando chegou a porta da frente, perguntou ao porteiro por que o jornal não tinha vindo.

– Bem, meu rapazinho, eu não sei, mas acho que deve ter havido algum tipo de problema na casinha da esquina.

Diego não estava interessado na casa da esquina, mas estava ansioso para conseguir um jornal para seu pai, por isso indagou:

– Você sabe onde eu posso conseguir um jornal da manhã?

– O entregador mora na casinha da esquina; você pode tentar lá. Não custa tentar.

Assim, Diego correu até lá para ver. Quando chegou sem fôlego, ia bater na porta, mas parou rapidamente porque ouviu vozes.

– Laércio, meu filho, por favor, comece logo a entrega. Você pode perder sua freguesia se você não for e amanhã você estará contente por continuar a fazê-lo. Laércio, meu filho, você deve ir – ainda que seja só para agradar sua mãe.

– Não posso fazer isso, nem mesmo para agradá-la, querida mamãe. Tenho que me transformar em um homem, agora. Não posso continuar sendo entregador de jornais a vida toda. Preciso ter mais oportunidades.

– Oportunidades, querido? Esta é uma palavra estranha para um garotinho. Você sabe o que ela significa?

– Sei mamãe, significa que eu posso ser livre e ter a oportunidade de fazer grandes coisas.

– Você é um menino inteligente, Laércio e eu tenho orgulho de você! Mas não acha que poderia aparecer uma oportunidade para um trabalho melhor que lhe dê liberdade, mesmo sendo entregador por mais algum tempo?

– Mas, mamãe, como posso cuidar de você neste mundo, sendo apenas um entregador de jornal?

– Meu querido, é por aí que a oportunidade virá. Se você continuar neste emprego por mais um pouco, ficará mais conhecido e seus fregueses vão encomendar revistas também. E aí não demorará muito para que possa até pintar a casa. Já pensei em tudo. Teremos a nossa casa limpa e bonita e logo estarei forte de novo.

Com as revistas e jornais, quem sabe, poderemos ter um verdadeiro negócio e você voltar para a escola.

– Oh, mamãe, eu realmente acredito que você tem razão. Você pensou em tudo. Eu queria uma oportunidade, mas não sabia como consegui-la depressa e ia jogar fora a única coisa que me daria liberdade e meios de progredir.

Sim, mamãe, vou entregar meus jornais agora mesmo. Estou um pouco atrasado, mas é a primeira vez, e acho que meus fregueses vão me perdoar.

Saiu bem na hora em que Diego bateu na porta. Imaginem a surpresa de Diego quando Laércio a abriu. Ele mal podia acreditar que, à sua frente, estava Laércio Gordon, o aluno mais brilhante da classe, que desistira repentinamente de estudar. E pensar que ele nunca soubera que Laércio morava ali na esquina.

Bem, vocês podem imaginar que Diego contou a seu pai tudo sobre o menino Laércio e sua “oportunidade”. Toda a família, o pai, a mãe, Rosália e Diego, decidiram ajudar Laércio a conseguir sua liberdade.

Um pouco mais tarde, a “casinha branca da esquina” conseguia a tão necessitada pintura, como Mamãe disse. Na janela havia flores coloridas e toda a casa era tão atraente que um dia chamou a atenção de um homem muito rico. Ele gostou tanto da casa que a comprou, pagando uma enorme quantia em dinheiro, suficiente para que Laércio e sua mãe tivessem várias e novas oportunidades, como também mais liberdade para Laércio estudar e se divertir.

Vocês veem, é fazendo realmente bem e com amor as coisas que temos que fazer todos os dias, que surgem novas oportunidades, por isso, vamos fazer com toda a nossa força o que nossas mãos e as nossas Mentes tem para fazer.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco – A Terra da Balança

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
A Terra da Balança

 

No momento em que as crianças se voltaram e viram o portão seguinte, exclamaram: “Que lindo!”
De certo era o portão mais bonito de todos os que já viram. Os pilares eram semelhantes a pessegueiros, com cachos de frutos pendentes dos ramos. O portão propriamente dito era de cobre polido tendo em cima um sol de cobre meio mergulhado num mar também de cobre. Cada raio do sol terminava por um ponteiro.

No centro do portão erguia-se outro pilar em cuja extremidade, que ficava justamente sob o sol de cobre já mencionado, havia uma balança de dois pratos. Um dos pratos estava erguido e o outro abaixado; neste último estava uma bola que cintilava com muitas cores.

– “Esta é a terra da Balança”, disse Rex; “não me admira se antes de podermos entrar tivermos de procurar algo para botar no outro prato a fim de equilibrar a balança”.

– “O melhor que fazemos é procurar logo”, disse Zendah, examinando os bolsos. Neles encontrou apenas um lenço. Rex achou apenas o canivete que deixara cair nas proximidades do portão anterior.

Ficando nas pontas dos pés, colocaram esses objetos no prato da balança; nada aconteceu. Aquilo não era bastante para equilibrar a bola.

Olhando em torno, viram no pilar central uma pequena caixa onde se lia:

“PROCURA BEM; ESCOLHE SABIAMENTE”

Abrindo a caixa, encontraram dentro dela pequenos grãos de ouro, alguns corações também de ouro, pequenas espátulas e vários livros pequenos. Rex apanhou os grãos de ouro e empilhou-os no prato da balança, mas esta não se moveu. Apanhou então uma porção de espátulas que colocou no prato. Nada; a bola continuava em baixo. Tentaram com os livrinhos, mas não obtiveram resultados.

– “Bem só ficou faltando uma coisa”, disse Zendah; “talvez dê certo”. Apanhou os corações de ouro e colocou-os no prato da balança. Imediatamente a balança começou a movimentar-se, ora súbito um dos pratos, ora outro, até que ficou em equilíbrio, com os dois pratos nivelados…

Nessa ocasião ouviram-se vozes entoando um acorde, acompanhadas de sons musicais.

– “Dê a senha do equilíbrio perfeito”.

– “Harmonia”, responderam os meninos.

O portão abriu-se tão silenciosamente que os meninos ficaram maravilhados.

Lá dentro estava de pé o Pai Tempo. Os meninos olharam para ele espantados pois estava diferente daquele que já conheciam. Não estava com a capa que aparecera na Terra de Capricórnio; agora vestia uma túnica branca prateada, coberta de pedras cintilantes e de ornamentos verdes.

Vendo-o, as crianças lembraram-se daqueles magníficos dias de sol no inverno, quando a neve cintilava como diamante nos pinheiros. Pai Tempo sorriu vendo o espanto dos meninos e disse-lhes:

– “Eu só visto esta túnica quando venho visitar a Rainha Vênus. Em geral, nas outras terras, todos me julgam malvado, mas não sou assim tão severo. Vocês verão quando me conhecerem melhor. Aprendam tudo o que puderem aqui e reflitam. A Rainha Vênus lhes dirá como”.

Apanhou sua capa escura e sua ampulheta em um nicho próximo ao portão pelo qual saíra, fechando-o após passar.

– “Refletir, refletir em que? – Perguntou Rex.

– “Sei lá”, disse Zendah, “mas espero que logo saberemos”.

Olharam em volta; tudo era bonito; o céu iluminado pelo mais bonito crepúsculo como jamais viram. O perfume de várias flores chegava até eles, mas era difícil identificar tais flores porque a fragrância era muito diferente daquela a que estavam acostumados.

Sete estradas abriam-se defronte deles e por uma delas, vinha em direção aos meninos um homem e uma mulher de braços dados. Era agradável olhar para esse casal, mas o que surpreendia era que eles não caminhavam pelo chão, mas flutuavam. Ambos trajavam roupas da mesma cor azul que o mar mostra quando o sol quente do verão brilha. Em sua cintura traziam cintos de cobre com camadas de opalas. Não pareciam ser sólidos pois, por vezes as crianças julgaram ver através deles.

Quando chegaram perto de Rex e Zendah, a eles se juntou outro casal e os quatro entoaram o acorde que os meninos ouviram na estrada: Fá sustenido, lá sustenido, e fá sustenido, imediatamente surgiram centenas de pequeninas fadas segurando um tapete de várias cores que mais parecia uma nuvem ao pôr do sol. Com sorrisos e gestos, as fadas convidaram os meninos a se sentarem nesse tapete.

Os meninos sentaram-se e o tapete deslizava tão suavemente que os meninos nem perceberam quando ele se elevou nos ares. Viajando assim era muito mais fácil verem tudo. Esse meio de transporte foi que utilizaram na visita às Terras do Zodíaco, pensam os meninos. Coisa curiosa eles puderam observar: todas as casas estavam suspensas no ar; nenhuma estava construída em terra firme. Não puderam compreender como eram feitos os alicerces.

Por toda a parte viram lindos jardins cheios de flores nas quais as abelhas sugavam o néctar.

Ouvindo uma música em surdina, procuravam ver de onde vinha. Eram as fadas cantando para adormecer as flores a fim de poderem depositar nelas o mel que as abelhas encontrariam no dia seguinte, sobre suas cabeças precipitaram-se os sons de uma música gloriosa. Eles olharam para cima e viram um palácio.

O palácio era feito de nuvens; suas torres e ameias , multicores: vermelho, alaranjado, verde, púrpura e aquele azul bonito que você vê no céu durante o crepúsculo de um dia claro. Subindo sempre, os meninos chegaram à entrada. Ao seu encontro vieram fadas para saudá-los e orná-los com colares feitos de rosas que colocaram em volta dos seus pescoços.

Descendo do tapete, subiram os degraus mágicos do castelo e entraram na antecâmara. Por toda a parte, havia flores e fadas. Logo chegaram a um corredor com muitos quartos, sete dos quais tinham o mesmo tamanho, mas diferiam na cor; vermelho, alaranjado, verde, amarelo, azul, violeta e índigo.

Cada quarto parecia mais bonito que o anterior e quando os meninos passavam pelos seus umbrais, dos quartos, ouvia-se uma nota musical. Cada quarto agia sobre os meninos de modo diferente. Passando pelo quarto vermelho, eles sentiam-se cheios de vida e de energia; nada os perturbava e caminhavam através desse quarto como que marchando; de fato, a nota musical desse quarto soava como marcha para os meninos. No quarto alaranjado eles sentiam-se como se estivessem ao sol; queriam sentar-se a gozar desse sol e planejar sobre o que desejavam fazer.

O quarto amarelo fê-los sentirem-se capazes, Rex pensou nas notas que não conseguira no colégio e imediatamente achou todas as respostas às questões que não soubera responder. Zendah lembrou-se de todas as datas da História que, para ela, sempre foram difíceis de guardar.

No quarto verde Zendah lembrou-se que não havia dado comida aos seus coelhos na noite anterior e que não ajudara sua mãe na jardinagem conforme havia prometido. Rex lembrou-se do rapaz de perna quebrada que morava na casinha isolada da estrada e que lhe pedira para ler um livro para ele.

O quarto azul dava a sensação de estarem numa igreja e eles o atravessaram nas pontas dos pés e falavam baixinho, murmurando. Imaginaram ver Anjos em torno, e ouviram um órgão tocando, como ouviam aos domingos.
O quarto violeta, os meninos nunca puderam explicar exatamente como se sentiram dentro dele. Era uma sensação algo parecido com a que tiveram na terra dos Peixes e no Templo do Santo Graal.

Finalmente entraram no quarto azul marinho, no grande hall. Lá no fim, viram a Rainha Vênus sorrindo para eles, sentada em seu trono de marfim.

O trono era alto e seu espaldar curvava-se para a frente por cima da cabeça da rainha dando a impressão que ela estava sentada dentro de uma bola de marfim. No trono havia uma bonita almofada azul e por trás dele, nas paredes, pendiam cortinas de seda azul pintadas a várias cores. Por toda a parte viam-se vasos com flores e as pessoas presentes tinham grinaldas na cabeça. A Rainha Vênus estava vestida de pura seda branca bordada em azul com opalas. As crianças correram para ela e seguraram suas mãos.

– “Sentem-se nas almofadas, perto de mim”, disse ela, “e reflitam. Os meninos entreolharam-se e murmuraram:

– “De novo, refletir? Que quer dizer isso?”

Sentando-se nas almofadas que lhe foram designadas, eles observavam. Chegavam à sala muitas pessoas com o rosto triste, melancólicas e irritadas. A Rainha Vênus voltava-se para elas, murmurava algumas palavras nos seus ouvidos e mandava-as sair acompanhadas por um dos presentes.

Em pouco tempo voltaram, completamente diferentes, e beijando as mãos da Rainha, retiravam-se da sala.

– “Sabem o que passa com essas pessoas? Perguntou Vênus às crianças. Rex fez que não com a cabeça.

– “Todos sentem-se infelizes ou estão descontentes. Vem aprender a fazer a paz em vez de serem causadores de perturbações no mundo. Eles não compreendem que cada um tem sua nota musical particular, sua cor própria, e se eles não usarem sua nota própria, sairão do tom. Por isso mando tais pessoas através dos quartos pelos quais vocês já passaram, para que encontrem sua nota musical e aprendam a usá-la corretamente. Depois eles voltam para a terra com sua tonalidade restaurada e não mais se queixam.

Tudo tem sua nota própria; prestem atenção às quedas d’água e ao vento que sopra entre as árvores e vocês ouvirão suas tônicas. Até as estrelas tem seu acorde. Ouçam!”

A Rainha ergueu sua mão e fez-se silêncio na sala. Ela levantou-se e entoou algumas notas de um acorde. No ar, sobre os assistentes apareceu uma lira com sete cordas. A primeira corda vibrou e emitiu um som, depois a segunda, a terceira, a quarta, até que as sete cordas vibraram conjuntas. Sobre a lira relampagueou uma estrela que desapareceu em seguida. Os meninos jamais ouviram sons iguais, tão sublimes que eles sentiram medo e foram para perto da Rainha Vênus.

Rindo do receio dos meninos, disse Vênus:

– “Esta é a música dos sete Planetas; na Terra, somente os poetas e os grandes músicos podem ouvi-la. Os grandes músicos nunca ficam satisfeitos com o seu trabalho porque é muito difícil transportar a música das esferas para o papel, a fim de que outras pessoas possam tocá-la. Se vocês sempre pensarem em coisas bonitas e procurarem causar felicidade por onde andarem poderão voltar a esta Terra e ouvir de novo a música dos Planetas, porque esta é a “Terra da Harmonia”.

– “Foi isso o que o Pai Tempo quis dizer quando disse a vocês para refletirem; reflitam antes de falar, para que não pronunciem palavras más que vão ferir e prejudicar a harmonia do mundo. Reflitam antes de agir, para verem se o que vão fazer será de ajuda para os outros e não para vocês mesmos”.

– “Para que vocês se lembrem desta terra tomem esta estrela de opala com cinco pontas, Zendah. E você Rex, tome esta pequena lira de sete cordas para com ela tentar fazer músicas de verdade para o mundo”.

Os meninos beijaram as mãos de Vênus ao se despedirem dela, e disseram que se sentiam muito entristecidos por terem de deixá-la, mas Vênus sorriu e disse-lhes que eles a veriam de novo antes de regressarem para casa.
Fora do palácio retomaram o tapete mágico e voaram para o portão. Em vez de saírem pelo portão aberto, os meninos sentiram que passavam através do portão fechado.

O tapete e as fadas desapareceram, e os meninos desceram lentamente até o chão, no lado de fora.

A balança pendia novamente para um lado. O sol, que se punha no alto do portão, desapareceu sob o mar de cobre e aos poucos fez-se a escuridão.

(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco – A Terra de Virgem

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
A Terra de Virgem

A entrada para a próxima terra se fazia por meio de um pórtico cujos pilares eram inteiramente cobertos por espigas de milho seguras por meio de folhas entre as quais apareciam ramos de frutas e flores. Rex e Zendah lembraram-se do festival da colheita.

 

Na base de cada um dos pilares havia uma bacia com água; em torno de cada bacia havia palavras gravadas.

Numa estava escrito: “Somente com mãos e pés limpos podem entrar nesta terra”. E na outra: “O asseio é quase religiosidade”.

O espaço entre os pilares não era fechado por portão, mas parecia coberto de pés de milho mais altos do que as crianças. Não se via nenhum caminho e quando as crianças tocavam os pés de milho com as mãos sentiam que eles eram duros, não dobravam. Não havia nenhuma passagem entre os pés de milho… Zendah olhou para o rolo que Hermes lhe dera e mostrou a Rex o que lá estava escrito: “Quando chegarem à Terra da Virgem, lavem-se na água das bacias e esvaziem-nas diante dos pés de milho entre os pilares: depois pronunciem a senha”.

Os meninos dirigiram-se para as bacias. Rex lavou as mãos em uma e Zendah na outra.

– “Você acha que nós devemos lavar em ambas as bacias? “, perguntou Rex.

– “É claro, bobinho”, disse Zendah. “Suponho que sejam espécies diferentes de água. Senti isso quando pus minhas mãos dentro delas”. Sentando-se no chão, Zendah pôs os pés nas águas de ambas as bacias.

– “Não vejo necessidade de fazer isso”, resmungou Rex, pensando que estavam perdendo tempo com tanta lavagem. Todavia, Zendah mostrou a Rex que numa das bacias estava escrito sobre limpeza de pés e mãos e Rex concordou que era melhor lavar os pés também. Depois de se lavarem, despejaram a água como estava ordenado. Na areia apareceram as seguintes palavras: PUREZA e SERVIÇO. Essas palavras formaram-se lentamente e logo desapareceram. Uma voz assustou-os – “Sejam bem-vindos meninos”.

Olharam para cima e viram que onde havia pés de milho que não dobravam estava Hermes com os braços estendidos para eles.

– “Vocês se conduziram muito bem até aqui sem mim”, disse Hermes, “mas nunca me afastei de vocês, embora vocês não me percebessem. Era eu quem “soprava” nos seus ouvidos quando vocês não sabiam o que fazer”.
Chamou os meninos para perto de si e afastando os pés de milho com uma das mãos, com a outra apontou para um caminho que havia entre eles.

Caminharam por extensos milharais, por grandes plantações de aveia, cevada, trigo e outras espécies de grãos.

Tudo madurinho, pronto para ser colhido. No fim do caminho encontraram uma bonita cidade onde várias mulheres, vestidas, de amarelo – cor de milho maduro – foram ao seu encontro. Essas mulheres pareciam não ver Hermes, mas falaram com as crianças.

– “Lavaram seus pés? “, perguntou uma.

– “Suas mãos estão limpas? “, perguntou outra.

– “Espero que vocês não tragam a menor partícula de sujeira para a Terra da Virgem”, disse uma terceira.

Rex e Zendah ficaram atarantados e olharam para Hermes para saber o que deviam dizer.

– “Senhoras”, disse ele, “não há necessidade de fazerem tais perguntas. Estariam bem empregadas para muita gente: não para esses meninos que estão usando seu corpo astral que, como sabem, está sempre limpo. Além disso, eles não poderiam entrar nesta terra sem usarem antes a água das bacias do portão”.

As mulheres inclinaram-se solenemente para as crianças que seguiram com Hermes pela cidade ensolarada. Por toda a parte viam-se pequenas casas com jardins, cada um diferente dos outros.

 

Umas coisas tinham esses jardins em comum; não se via nenhuma erva má, e em todos eles havia canteiros de flores e passeios limpos, sem uma pedra fora do lugar. Era tudo tão bem arrumadinho que os meninos chegaram a ter receio de passar por ali.

Passando além desses lugares floridos chegaram à cidade principal que Hermes disse chamar-se cidade da Perfeição.

Lá havia lindas casas limpas que, na maioria, pareciam lojas dos mais variados negócios. Dentro delas, escreventes trabalhavam afanosamente escrevendo em enormes livros, fazendo soma de parcelas com várias ordens de algarismos.

Todas as paredes eram cobertas de prateleiras divididas em centenas de repartições, cheias de papéis e todas rotuladas com nomes diferentes. Pessoas andavam apressadas pondo ou tirando papéis dessas repartições.

Estavam muito atarefadas para poderem explicar aos meninos que também não se mostraram muito interessados até que Hermes lhes explicou que aquilo que ali escreviam era de grande utilidade para outras terras porque lá se escreviam e conservavam guardadas as coisas importantes que aconteciam.

De lá foram ter a um grande quarto na subloja que muito os interessou.

Era o maior laboratório que já haviam visto. Homens e mulheres de aventais brancos, auxiliados por vários rapazes da idade de Rex, estavam agrupados em torno de pequenas chamas azuis de gás, observando vasos de vidro de formas estranhas.

Outros esmagavam coisas em almofarizes. De quando em quando havia explosões nos vidros e todos se juntavam em redor anotando em seus cadernos de apontamento.

Um homem tirava o sumo de várias frutas, enchia vidros com ele e experimentava o efeito de gotas de líquidos coloridos sobre eles. Esses resultados também eram anotados. Rex perguntou: – “Que fazem eles? ”

– “Tentam descobrir quais as coisas que têm maior valor alimentício para as pessoas comerem”. Rex replicou: – “Pensei que os melhores alimentos fossem o de melhor gosto.

Daí eles passaram por um corredor até uma sala verde cheia de plantas e de flores desabrochadas; muitas delas desconhecidas dos meninos.

– “Por que”, perguntou Zendah, depois de andar de uma planta para outra, “elas não se parecem nem um pouco com as que temos em casa? ”

 

O jardineiro-chefe chegava nesse momento e respondeu:

– “Não, não são: aqui as Fadas nos ajudam desenvolver novas espécies de frutas e flores. Vejam: assim é que fazemos, mas primeiramente precisamos ver se as estrelas dizem ser o tempo propício”. Dirigiu-se para um livro pendurado num dos cantos da sala e correu seu dedo por uma página.

– “Bem, em cinco minutos poderemos começar”.

Tirou uma pequena escova de uma caixa e dirigindo-se a uma planta branca semelhante a um lírio que crescia próximo, tirou um pouco de pólen dos seus estames e depositou-o no longo talo verde que crescia no centro de uma magnífica flor vermelha.

– “Agora”, disse, “devemos atá-lo num saquinho de musselina para que ninguém o toque. Quando as sementes amadurecerem, veremos delas nascer um lindo lírio, vermelho com pintas brancas ou então branco com pintas vermelhas. Não podemos afirmar como será porque tudo depende das Fadas”.

Depois, deu aos meninos um pêssego com gosto de abacaxi e uma maçã almiscarada, sem sementes.
Mostrou-lhes uma rosa azul e uma ervilha amarelo-brilhante.

– “Todas essas flores e esses frutos são descobertos aqui, antes de vocês poderem produzi-los na terra”, disse ele.
Zendah segurou em seu braço.

– “Quando poderemos produzir uma rosa azul? “, perguntou. Ele balançou a cabeça misteriosamente.
– “Quando o jardineiro-chefe for morar com vocês”, respondeu.

Os meninos não queriam mais sair dali. Afinal, Hermes disse-lhes que se apressassem e levou-os a um jardim cercado por altas paredes de pedras. As paredes eram cobertas por árvores frutíferas. No meio do jardim havia um canteiro hexagonal cheio de lírios brancos. No centro desse canteiro havia uma árvore estranha; suas folhas brilhavam como prata e os frutos cintilavam como joias de diversas cores. No alto do galho mais elevado havia uma maçã dourada que brilhava como o sol.

– “Esta é a coisa mais valiosa desta Terra”, disse Hermes, “a maçã Dourada do conhecimento e da cura. Em todo o universo só existe este exemplar. Algumas das pessoas que vocês acabaram de ver estão tentando fazer nascer outras árvores semelhantes a esta. Conseguiram fazer uma maça prateada que fará muito benefício, mas ainda não descobriram como fazer nascer a maçã vermelha”. Saindo desse pátio, penetraram no palácio. Aí, como em toda parte, tudo estava onde devia estar; nada faltava, embora não fosse tão bonito nem tão confortável quanto o Palácio de Vênus.

 

As paredes eram cobertas de linho amarelo. Pequenas correntes d’água passavam por canais nos corredores de modo que para se entrar nos quartos era preciso passar pela água. Isso era para evitar a entrada de poeira nos quartos.

Na sala maior, bem no fundo, havia um dossel sob o qual estavam sentados cinco homens sábios em torno de uma mesa redonda. Havia uma cadeira vazia na mesa; a diferença entre essa cadeira e as outras estava em ser mais belamente entalhada. Hermes disse que essa era a sua cadeira, mas que sempre estava tão ocupado como mensageiro dos deuses que os cinco homens governavam por ele quando estava ausente.

– “Meu irmão Vulcano também ajuda, mas está tão ocupado em forjar obras de arte que também não tem muito tempo para governar. Pouca gente sabe quando ele aqui aparece”.

Os meninos olhavam para uma oficina ao lado da sala. Lá viram Vulcano martelando folhas de metal. Muitos jovens faziam inúmeras coisas úteis, desde vasos e bacias até pequenos baldes. Era notável a delicadeza dos detalhes e o polimento dado a cada peça. Voltando à sala grande, Hermes apanhou em um prato uma bonita maçã colorida e deu-a a Zendah. Olhando-a surpresa, Zendah verificou que era de metal embora parecesse verdadeira.

– “Esta é uma cópia da maçã da saúde”, disse Hermes, “mas poderá fazer passar a dor de cabeça quando você cheirar, também cura uma porção de outros males”.

Nas mãos de Rex, Hermes depositou um alfinete com feitio de lírio, cuja cabeça era de jaspe, dizendo-lhe para conservá-lo como lembrança da Terra da Virgem.

De um outro prato tirou um grande pedaço de bolo e partindo-o ao meio deu um pedaço a cada um dos meninos.
– “Em parte alguma vocês encontrarão pão que satisfaça tanto como este da Terra da Virgem”, disse.

De fato, depois de terem provado, Rex e Zendah concordaram que jamais provaram pão tão delicioso.

De regresso ao portão de entrada, passavam por todas as casas tão limpinhas e de novo chegaram aos campos de milho. Hermes mostrou-lhes o caminho acenando com a mão.

Os meninos penetraram no caminho mostrado e logo chegaram ao lado de fora da Terra da Virgem, próximo do portão seguinte.

(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)

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A Faísca Insatisfeita – Palavra Chave: Coragem

A Faísca Insatisfeita
PALAVRA CHAVE: Coragem

No fundo, bem no fundo da Terra, existem ricos leitos de carvão ou minas. Vocês sabiam disso, não é? Não sabiam? Bem, agora vocês sabem e algum dia aprenderão tudo sobre essas camadas de carvão, mas nossa história de hoje é sobre algo um pouco diferente.

Alguém que tem ouvidos muito aguçados ouviu certo dia uma conversa muito, muito interessante. Os gnomos que trabalham com o carvão estavam conversando com os raios do Sol. Vocês sabem, eles entendiam-se perfeitamente. Eis o que falou o Mais Sábio dos Gnomos:

– No fundo da Terra há uma faísca de luz insatisfeita, sempre dizendo: “Deixe-me sair! Estou cansada de ser prisioneira. Quero sair. Estou tão tolhida aqui neste carvão tão, tão negro! Deixe-me sair, por favor! Por favor! Não pertenço a este lugar porque sou uma faísca de luz. Por que tenho que ficar trancada no escuro? Oh, deixe-me sair! Quanto tempo mais terei que ficar aqui”?

Os raios do Sol dançavam e brincavam à volta de onde estava sentado o Mais Sábio dos Gnomos.

– Pare de dançar por um minuto, Alegre Raio de Sol, disse o Mais Sábio dos Gnomos a um dos raios mais alegres e animados. A Faísca deve ter algum parentesco com vocês. Vamos ver se pensamos em alguma maneira de ajudar essa pobre encerrada. Como vocês acham que uma faísca de luz conseguiu ficar dentro do leito do carvão? Mas já que está lá, talvez possamos tirá-la.

Alegre Raio de Sol, sempre tão brilhante disse:

– Sábio Gnomo, você não sabe que todas somos faíscas de luz do Grande Espírito do Sol, manifestadas em diferentes aspectos, maneiras e formas? Algumas faíscas, como os raios do Sol, brilham de dia, enquanto os raios lunares e o das estrelas brilham à noite. Algumas estão totalmente escondidas dos olhos, nos corações dos seres humanos e nas flores; algumas escondidas nas pedras e rochas e sim, até mesmo no negro, negro carvão. Mas todas elas pertencem ao Grande Espírito do Sol. Sempre, sem falhar, quando o tempo certo chega, as faíscas são todas libertadas de seus esconderijos. Agora, Mais Sábio Gnomo, apresse-se, continuou o Alegre Raio de Sol, e conforte essa Faísca insatisfeita. Diga-lhe para ser um pouco mais paciente. Ela ficará escondida por algum tempo – talvez cem anos, ou por aí, mas isso não é muito tempo. Algum dia, o carvão será descoberto pelos seres humanos e trazido para a luz do dia, para fora da terra totalmente. Então, em algum dia de muito frio, o carvão se encontrará em um fogo maravilhoso, todo vermelho e brilhante, e de dentro dele sairá a Faísca. Ela voará diretamente para o Sol e estará junto com os outros raios outra vez e brilhará, brilhará, brilhará. Então, dançará com os raios do Sol nas árvores, nas flores, e será feliz e brilhante.

O Mais Sábio dos Gnomos achou que o plano do Alegre Raio de Sol era muito bom e concordou em fazer o que lhe fora sugerido.

Novamente, o Alegre Raio de Sol falou, murmurando muito baixinho:

– Por favor, Sábio Gnomo, diga também para a Faísca não ficar mais se lastimando, ela deve ser corajosa. Algum dia se libertará do negro, negro carvão e será uma linda faísca de luz. E diga-lhe que nunca se esqueça de que mesmo estando escondida no fundo da terra, ela é uma faísca de luz do Grande Espírito do Sol, o dador da luz e da vida.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Menino que Esquecia – Palavra Chave: Forças Secretas

O Menino que Esquecia
PALAVRA CHAVE: Forças Secretas

Era uma vez um menininho alegre, cheio de vida e sempre bem-humorado. Todos os seus companheiros gostavam muito dele, pois podia contar as mais belas histórias de aventura e sabia muitas coisas interessantes sobre países longínquos, pessoas estranhas e Espíritos da Natureza, e também sobre muitas outras coisas que a maioria deles desconhecia.

No entanto, esse garotinho era muito esquecido. Parecia que nunca, nunca, conseguia lembrar-se das coisas.

Ele se atrasava para o café da manhã quase todos os dias e, quando finalmente chegava à mesa, tinha esquecido de pentear os cabelos, amarrar os sapatos, ou – bem – sempre esquecia de alguma coisa.

Saia para a escola e esquecia de levar todos os livros, ou ainda ia embora sem levar o lanche, e sempre esquecendo de fazer as coisas certas nas horas exatas.

Até a época em que esta história começa, sua querida mãe estava constantemente tomando conta do filhinho, chamando-o de volta para pegar os livros esquecidos, ou o que quer que fosse. Mas, em um dia memorável e como sempre, ele esqueceu algo muito importante, e nossa história é sobre isso.

Era um maravilhoso dia de sol quente, e o ar estava cheio de vida. Planejou-se um gostoso piquenique e todos estavam animadíssimos com esse feriado delicioso!

Como de costume, nosso amiguinho esqueceu de se vestir adequadamente, e ainda se atrasou para o café. E assim foi-se atrasando para tudo. Finalmente, a família cansada de esperar, saiu sem ele. Ao sair, sua mãe recomendou:

– Não se esqueça dos fósforos.

O alegre grupo saiu em direção ao bosque e enquanto caminhavam, comentaram sobre o esquecimento do menino.

Alguém disse:

– Que pena ele ser tão esquecido. Que se pode fazer?

Um outro ponderou:

– Se ele se esforçasse para lembrar ao invés de sempre esquecer, com certeza melhoraria.

Outro concluiu:

– É só uma questão de força de vontade. Qualquer coisa que você deseje fazer, você pode fazer se realmente o desejar.

Finalmente, nosso menininho saiu para o alegre passeio e, depois de já ter andado muito, lembrou-se dos fósforos.

Virou-se e fez novamente todo o caminho de volta até sua casa. Isto tornou o passeio muito longo e ele estava bastante cansado quando chegou ao piquenique.

Sentiu-se um pouco envergonhado ao aproximar-se do alegre grupo; eles o importunaram, perguntando-lhe se tinha esquecido os fósforos.

– Ande logo, disse um do grupo.

– Estamos com fome e não pudemos acender o fogo até que você chegasse com os fósforos, censurou outro. Da próxima vez, nós traremos os fósforos conosco, e não fará diferença nenhuma se você vier ou não.

Essa última observação realmente ofendeu o menino que sempre esquecia algo, e ele meditou a respeito disso o resto do dia. Mesmo assim, ajudou a juntar os gravetos. Então, um dos meninos disse:

– Agora, se você não esqueceu os fósforos, acenda o fogo.

Ele acendeu e sentou-se para ver as labaredas. No começo os gravetos queimavam lentamente, então houve um leve assobio, um som meio estalado e logo em seguida, uma minúscula voz disse:

– Bem, bem, não fique aí sentado, só olhando; dê-me mais papel se você quer que eu queime logo estes grandes galhos. Depressa, seja rápido ou morrerei antes!

O menino ficou surpreso, mas jogou um enorme pedaço de papel sobre os galhos. Estalos, estalos, os galhos crepitando e, então, surgiu uma esplêndida chama. Fascinado, o garoto olhou e olhou fixamente porque não podia acreditar em seus próprios olhos. Que era isto? O fogo teria vida? Sim, tinha! As faíscas estavam realmente vivas enquanto pulavam entre os gravetos.

– Ah, ah, disse a vozinha, você não teria fogo sem nós. Oh, nós acendemos fogos e os fazemos queimar, gritaram as faíscas vivas.

– Quem são vocês? Perguntou o menino.

– Você não sabe? Disseram as sinuosas coisinhas no fogo.

– Não, eu nunca tinha visto lagartixas no fogo, disse ele.

– Lagartixas? Disse o fogo zangado. É assim que você chama os Espíritos do Fogo? Lagartixas, ora essa! Nós somos as Salamandras, e você nunca em todo o extenso mundo poderia ter um fogo sem nós. Não ousaríamos esquecer de vir, e temos que ser pontuais, pois muita coisa depende de nós neste mundo. O grande Espírito do Sol manda-nos trabalhar no mundo, e nós temos um trabalho muito importante a fazer. Algumas salamandras vivem nas fogueiras como esta; outras vivem nos fornos, nas casas das pessoas; outras ainda, nos enormes fornos das usinas, e outros lugares como esses.

Então, as Salamandras riam e saltavam alto, cada vez mais alto e a vozinha continuou:

– Nós, Salamandras, só trabalhamos com o fogo e estamos sempre juntas, em grupos, guiadas pelos sábios Espíritos-Grupo que nos ensinam como fazer fogo e relâmpagos também. Mas, isto é um segredo, às vezes, por esquecimento ou travessura maliciosa de algumas de nós, alguma coisa sai errada e acontece uma explosão; algumas vezes até um vulcão soltará fogo, bem alto.

– É melhor chamar sua mãe, senão o fogo ficará muito quente para cozinhar, disse outra pequena voz.

Mas espere só um minuto, pois primeiro quero dizer-lhe algo mais! Se eu fosse você, garoto, pararia de esquecer agora mesmo. Não espere mais. Use sua força de vontade, sem vacilação. Diga para você mesmo, a partir de agora: “Eu quero me lembrar,” e vá em frente e lembre-se. Logo seu lembrador estará tão forte, que não saberá mais como esquecer.

– Que fogo animado! Disseram algumas das pessoas presentes.

– Sim, disse o nosso menino, e esse fogo me ensinou uma grande lição. À partir de agora, eu transformarei meu esquecimento em recordações e, se alguém de vocês precisar de alguma coisa, pode contar comigo.

E vocês, fiquem sabendo que em pouco tempo as pessoas diziam dele:

– Que menino simpático! Tão responsável, ele nunca esquece de nada!

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco – A Terra do Leão

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
A Terra do Leão

Rex e Zendah ficaram por algum tempo diante do portão do Leão admirando-o. De fato eles não podiam decidir qual o mais bonito: se esse ou o portão da Balança.

Era feito de ouro: algumas partes foscas e outras tão polidas que podiam refletir os raios de luz. De cada lado, havia uma alta torre. A porta estava entre elas; era de sistema levadiço. Um sol de ouro constituía a porta enquanto os raios do sol formavam as barras que a completavam. Havia uma pequena portinhola em cada torre, com uma campainha em forma de cabeça de leão.

Rex dirigiu-se para uma delas e bateu: abriu-se a portinha e apareceu um rosto que perguntou:

– “Quem é?”

– “Rex e Zendah”, responderam.

– “Dê a senha”.

– “”, disseram ao mesmo tempo os meninos.

Ouviu-se uma fanfarra de trombetas e o portão foi suspenso deixando passagem livre por uma ponte que conduzia a outra porta.

Dirigiram-se para essa porta que se abriu lentamente diante deles, mas aí eles pararam de súbito; barrando seu caminho, havia dois leões que pareciam ferozes, um com juba preta e outro com juba castanha. O pior era que os leões não estavam presos e pareciam prontos a pular sobre os meninos. Eles não podiam regressar porque a ponte tinha sido suspensa, deviam seguir para a frente.

Zendah teve uma inspiração! O pão que Hermes lhes dera na Terra da Virgem! Ela ainda tinha umas migalhas. Pondo a mão no bolso, tirou-as e timidamente ofereceu-as aos leões.

Bem podem vocês imaginar quão grande foi a surpresa dos meninos quando os leões comeram as migalhas, começaram a ronronar e estiraram as cabeças para serem acariciados. De certo seu ronronar era mais parecido com um longínquo trovão, comparado com o ronronar do gato de Rex e Zendah.

– “Eles serão muito bons se vocês forem valentes, mas evitem que qualquer covarde penetre nesta Terra”, disse uma voz.

Procurando, eles viram um cavaleiro vestido com armadura dourada, sobre a qual havia um manto de linho branco onde se via bordado um coração vermelho sobre uma cruz também vermelha.

Tomou as crianças pela mão e gritou:

– “Em nome do Rei, abram a porta”. Abriu-se a porta e eles se viram defronte de uma estrada cheia de pessoas todas vestidas com lindas roupas de ouro. Carmesim e púrpura.

Cavaleiros armados, pajens com trombetas, servos com bandeiras e uma banda composta de todas as espécies de instrumentos musicais estavam organizados em fila.

Um magnífico coche aproximou-se parando diante deles e Rex e Zendah foram convidados a entrar nele.

O bombo deu um sinal e a banda começou a tocar; todos, em procissão partiram pela estrada, o coche no meio. O povo, postado aos lados da estrada acenava com bandeiras, enquanto eles passavam.

Olhando pela janela enquanto viajavam, Rex e Zendah perceberam que não havia casas pequenas. Todas as casas eram em centro de jardim próprio onde cresciam centenas de girassóis e malmequeres; quelidônias formavam um tapete no chão. Chegando afinal ao palácio, viram que estava situado em um parque circular limitado por uma larga alameda de magníficos cedros, igualmente espaçadas, havia doze entradas que conduziam ao palácio, cada uma ensombrada por cedros. A sombra era necessária já que o Sol brilhava fortemente, pois era sempre verão na Terra do Leão.

Descendo do coche em um dos portões, caminharam sobre lindo tapete purpúreo em direção à entrada principal, escoltados por vários pajens.

Dois arautos foram ao seu encontro e precedendo-os na sala do trono, tocaram as trombetas: as cortinas abriram-se; eles pararam e olharam em torno espantados, pois a sala era circular como o parque e as paredes feitas de ouro: o chão era um enorme rubi. Essa grande sala levava a cinco outras menores cujas paredes também eram de ouro. Pendentes do teto, defronte do trono, havia sete lâmpadas vermelhas acesas. Ao lado do trono, braseiros aromatizavam o ar com fumaça perfumada, tal como na Terra do Escorpião-Águia.

Servos, bem como os grandes senhores, tinham bordados em suas túnicas corações vermelhos. Um carrilhão de sinos bateu doze pancadas; no mesmo instante todos se voltaram para o trono de outro cujos braços eram formados por dois leões. Um sol, semelhante àquele do portão da entrada, estava entalhado no encosto do trono. As nuvens de fumaça perfumadas enchiam o ambiente, e os meninos julgaram ver estranhos animais, montanhas e gigantes, mas, luzindo além deles, perto do teto da sala, via-se uma brilhante estrela. A nuvem de fumaça dissipou-se e eles viram a estrela brilhando na fronte de um Anjo de asas de ouro, era tão alto que ia do chão ao teto. A nuvem de incenso localizou-se sobre o trono e à medida que se dissipava, aparecia uma luz brilhante, tão brilhante que Rex e Zendah cobriram seus olhos. Ninguém pode olhar para o sol.

Uma voz profunda e suave deu-lhes as boas vindas, e olhando para o trono os meninos viram lá, sentado, um formoso jovem. Era jovem mas parecia sábio e bondoso. Seus cabelos ondulados lembravam raios de sol. Sua veste era amarelo-brilhante, algo parecida, com armadura de escamas feitas de pequenas folhas de ouro e trazia ao pescoço uma pesada corrente da qual pendia um rubi em forma de coração. Com uma das mãos segurava uma bola de cristal com uma cruz em cima, e com outra, um cetro de ouro. Enquanto os meninos eram conduzidos a cadeiras próximas ao trono, viram no fundo da sala uma cortina ligeiramente suspensa, deixando ver um palco.
Uma orquestra oculta tocou uma “ouverture”. Terminada essa, seguiu-se uma peça sobre as aventuras de um jovem que procurava um tesouro oculto.

Por toda a parte encontrava dificuldades: em cavernas sombrias, os gnomos se opunham à sua passagem; no mar, furiosas tempestades faziam com que as ondas caíssem em cima dele, e por várias vezes esteve a ponto de naufragar. Do ar, fadas sopravam fortes ventos, para impedir que ele chegasse à ilha do Tesouro de Ouro e quando chegou, um círculo de fogo, antes de poder escalar a Montanha do Tesouro. Durante a subida da Montanha, animais ferozes opunham-se ao seu avanço e embora tivesse de combater durante todo o seu caminho não sofria nenhum dano porque enfrentava todos os perigos sem temor. Chegando em cima, viu um dragão postado na entrada da caverna. Depois de duro combate o dragão foi vencido e o jovem entrando na câmara secreta, achou o Coração de Rubi que é o tesouro da Terra do Sol; um coro de vozes acompanhado pela orquestra entoou um cântico de regozijo, saudando o vencedor. As cortinas desceram e a peça terminou.

Depois da representação, dois pajens conduziram os meninos numa das salas laterais onde eles viram crianças estudando mapas. Um dos pajens explicou que eles estavam se preparando para serem dirigentes e reis e por isso deviam saber e compreender como se fazia tudo antes de poderem mostrar aos outros como se fazem as coisas.
Rex pensou que era muito duro aprender para ser rei. Mais ainda quando viu que aquelas crianças passavam o tempo de folga aprendendo a correr, a pular e a usar todas as espécies de armas ofensivas para poderem proteger seus súditos em caso de ataque embora eles nunca combatessem a não ser para proteger alguém.

Os pajens escoltaram os meninos de volta ao grande salão onde mais uma vez ficaram de pé frente ao rei. De uma almofada segurada por um servo, o rei tirou uma corrente com um rubi pendente e colocou-a em torno do pescoço de Zendah. Essa corrente parecia com a que ele trazia consigo.

Vocês sabem a senha desta Terra, disse ele, “conserve seu coração bondoso para todos, e procure o que há de melhor em cada pessoa. Fazendo assim seu rubi brilhará esplendorosamente”.

Voltando-se para Rex colocou em suas mãos um bastão de ouro com um rubi numa das extremidades.

– “Isto dar-lhe-á poder para dirigir e organizar em qualquer parte que você esteja, mas lembre-se que você não deve ordenar ninguém a fazer algo que você mesmo não possa fazer. Agora vocês devem partir e como esta é a Terra do Terceiro Guardião dos ventos, vocês viajarão velozmente para o portão de entrada”.

Todos se levantaram e fez-se silêncio no grande salão. Os meninos ouviram sussurrar outra palavra estranha, que eles não conheciam. Uma voz depois de outra foram-se unindo até surgir um coro de belíssima música cantado por centenas de vozes.

À medida que as vozes iam-se juntando ao coro, começou a soprar um vento que aos poucos foi aumentando de velocidade.

Ao final, o rei levantou-se e pronunciou uma palavra em linda tonalidade. As vozes do coro foram sumindo em um murmúrio.

O salão estremeceu, como aconteceu na Terra do Escorpião-Águia, e imediatamente os meninos se encontraram do lado de fora da Terra do Leão.

– “O terceiro terremoto”, disse Rex.

(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)

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Os Novos Pintinhos – Palavra Chave: Amor Materno

Os Novos Pintinhos
PALAVRA CHAVE: Amor Materno

Vocês todos se lembram do alvoroço que aconteceu entre as galinhas, quando Pintadinha botou seu primeiro ovo no ninho preparado por Shirley para ela?

Houve uma razão para isso. Os ovos são coisas maravilhosas. Não só são bons para comer, como também é a origem de novos pintinhos. As galinhas sabem disso e ficam contentes. Essa é a razão porque as galinhas cacarejam suas lindas canções quando botam um ovo. Pintadinha estava agora muito ocupada e feliz. Todos os dias cantava sua canção: “Có-có-có-có-ró”, que queria dizer: “Vou botar um ovo”. Então, saia, sentava-se no ninho e sonhava com o futuro. Depois que botava o ovo, saia voando do ninho e cacarejava alto: “Botei um ovo, botei um ovo”.

Quando já havia uma dúzia de ovos no ninho, Pintadinha achou que era suficiente poder cobri-los bem com suas asas. Amava tanto seus ovos, que decidiu ficar com eles bem aconchegados ao seu peito. E assim, em vez de ficar no pátio com as outras galinhas, apreciando o calor do sol, ficava o dia inteira sentada sobre os ovos. Só os deixava por alguns minutos quando saia apressada para buscar água ou comida. Tinha um modo muito engraçado de dizer as outras galinhas que andava ocupada demais para visitá-las. “Có-có-có” dizia, enquanto comia apressadamente para voltar correndo ao ninho. Não queria que seus ovos esfriassem; esse era o motivo de sua pressa.

Pintadinha sabia muitas coisas para uma galinha de seu tamanho e como conseguiu aprender tudo isso era um mistério que muito poucas pessoas sabiam. Não só sabia como manter os ovos bem quentinhos, como também sabia virá-los todos os dias. Como é que ela fazia isso, vocês sabem? Não tendo mãos como nós, acham que os arrastava com os pés? Oh! não! Isso seria muito rude. Ela os virava delicadamente com o bico, um ovo após o outro, até virar todos. Como ela sabia que uns já tinham sido virados e outros não, é ainda um mistério. Levava muito tempo nisso, mas nunca parava até estarem todos virados, sem se importar com o cansaço.

Todos os dias, Shirley saía para ver Pintadinha e dar-lhe alguma coisa saborosa para comer. Pintadinha estava ficando tão magra que parecia cansada e fraca. Sua crista que costumava ser bem vermelha antes estava pálida. Mesmo assim, sentava-se no ninho, pacientemente, mantendo os ovos quentes com seu corpo. Em uma manhã, porém, teve uma experiência maravilhosa. Sentiu um movimentozinho embaixo do seu peito. Um dos ovos parecia vivo, depois outro e outro. Oh, como isso a emocionou! Coraçõezinhos estavam batendo dentro dos ovos, corpos pequeninos lutavam para quebrar as suas cascas de prisões, pintinhos, preparando-se para abandonar os ovos.

– Meus nenês! Meus queridos nenezinhos! Sussurrava Pintadinha. Vão sair logo da casca!

Nesse dia, não largou o ninho nem por um minuto.

Shirley lhe trouxe um pouco de pão macio embebido em leite e ela comeu agradecida.

Pintadinha podia ouvir as bicadinhas dos pintinhos tentando quebrar suas cascas. Um após outro conseguiram fazer uma abertura minúscula. Assim que respiraram o ar em seus pequenos pulmões, sentiram-se tão fortes que esticaram as suas perninhas e empurraram a casca com toda força que podiam. Pouco a pouco, conseguiram partir as cascas em dois e saíram aos tropeços para se aninharem entre as penas macias de sua mãe, Pintadinha.

No dia seguinte, quando Shirley foi ver Pintadinha, ouviu tanto “Piu-Piu,” que imediatamente soube que os pintinhos tinham nascido. Foi correndo chamar a mãe para vê-los. Quando entraram no galinheiro, um pintinho pôs a cabecinha para fora, a fim de olhar o mundo maravilhoso. Era tão bonitinho que Shirley teve vontade de pegá-lo.

Mas, quando estendeu a mão em sua direção, Pintadinha eriçou as penas e ralhou tanto, que Shirley se ofendeu. A mãe, porém, lhe disse para não se importar, pois Pintadinha estava só chamando a atenção de Shirley para não machucar seus pintinhos; mas se ela fosse boazinha e os alimentasse todos os dias, Pintadinha confiaria nela e deixaria que os tocasse.

Então, Pintadinha e sua ninhada foram colocadas em uma casinha especial, toda de ripas, com espaço suficiente entre elas para permitir que os pintinhos entrassem e saíssem livremente. Eram tão pequeninos e macios! Shirley adorava vê-los correr por ali.

Como as crianças, os pintinhos tinham muita coisa a aprender. Quando mamãe Pintadinha os chamava “Piu-piu-piu,” logo aprenderam que ela tinha algo para comer.

A galinha segurava o alimento no bico e os pintinhos disputavam-no. Eram pintinhos tão saudáveis e famintos que estavam sempre prontos para uma nova refeição.

Como cresceram depressa! Em duas semanas tinham rabinhos muito engraçados. Em quatro semanas já estavam tão crescidos que foram colocados no galinheiro com Pintadinha. E como se divertiam correndo para todos os lados com a mãe! Ela era muito boa para eles e sabia tanta coisa! Podia escavar buracos enormes no chão para encontrar minhocas, as maiores e mais gordinhas. Podia apanhar besouros e moscas. Encontrava brotos macios no capim. Sabia quando ia chover, assim como muitas outras coisas, como se esconder de um corvo preto que vivia do outro lado do desfiladeiro. Pintadinha ensinou essas coisas todas para os filhotes e, como vocês podem imaginar, doze ativos pintinhos para alimentar e educar era uma grande tarefa. Quando ficavam exaustos e aninhavam-se debaixo de suas asas, Pintadinha tinha sempre uma linda canção de ninar, que cantava suavemente em língua de galinha. A letra era mais ou menos assim:

– Durmam, durmam queridinhos. Mamãe os manterá quentinhos.

Eram pintinhos bonzinhos e tentavam obedecer à mãe; mas, à medida que iam crescendo, às vezes se afastavam dela para passear. Entretanto, ficavam sempre felizes quando achavam o caminho de volta para casa.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco – A Terra do Caranguejo

As Aventuras de Rex e Zendah no Zodíaco
A Terra do Caranguejo

 

Rex e Zendah sentaram-se, para recobrar o fôlego depois de sua súbita saída da Terra do Leão. Se vocês não estão habituados aos terremotos, eles lhes tirarão o fôlego, embora, como no caso que vimos, eles contribuam para economizar o tempo. Poucos minutos depois os meninos levantaram-se e começaram a procura do portão do Caranguejo. Primeiramente tiveram de esfregar bem os olhos porque não podiam distinguir onde estava o portão por causa do nevoeiro.

Era como se procurasse ver o monte que ficava além do quintal de sua casa em manhã enevoada.

Mas, à medida que acomodavam a vista, a névoa foi-se dissipando e eles viram um portão de prata, brilhante. No centro do portão, um gigantesco caranguejo sustinha entre seus tenazes uma lua crescente que brilhava com a própria lua. Na carapaça do caranguejo havia dois sinais, como notas musicais, lado a lado.

Em torno do portão havia palavras escritas, difíceis de ler porque o portão girava sem parar. Num determinado momento, o crescente lunar estava na parte superior do portão, para pouco tempo depois aparecer na parte inferior. No lugar das dobradiças, existiam estranhas peças de prata parecidas com os tenazes do caranguejo. Havia um sulco nos tenazes, onde o portão estava encaixado e onde deslizava, girando, girando… em cada metade do portão havia uma fechadura e os meninos ficaram embaraçados, sem saber qual das duas servia para abri-lo, mesmo porque eles ainda não possuíam a chave.

Zendah foi a primeira a ver uma portinha num dos pilares, esculpida em formato de caranguejo: tocando-a com seus dedos, ela abriu-se. Dentro, encontrou uma chave de prata.

Rex tentou abrir a fechadura do lado direito do portão. Introduziu a chave e deu-lhe volta. Ouviu o ruído característico de fechadura que se abre, mas… O portão não se abriu. Concluiu então que estava na fechadura errada e foi para a outra, sobre a qual se lia a palavra “TENTE”.

Subitamente, Zendah exclamou:

– “Olhe! É uma das palavras que havia no portão de Capricórnio! “

Tirando do seu bolso a chave de chumbo que havia achado naquela Terra, ela introduziu-a na fechadura da esquerda e viu que servia.

De repente o portão parou de mover-se, com o crescente lunar na parte superior, e os meninos então puderam ler as palavras que não conseguiram ler enquanto ele se movia.

Lá estava escrito:

– “Para Leste ou para Oeste, o lar é melhor! “

Ao longe, ouviram uma voz dizendo:

– “Queridos meninos, sabem a senha? “

Ouvindo isso os meninos ficaram espantados, pois reconheceram a voz de sua mãe. Mas responderam:

– “Paciência”.

Mais surpreendidos ainda ficaram quando o caranguejo, se desprendendo do portão e batendo seus tenazes, mostrou-lhes o caminho no lugar que ele ocupava. Depois que os meninos pularam, o caranguejo voltou ao seu lugar e disse:

– “Torna a girar, ó círculo da lua noturna! “

Querendo ver o que sucedia, os meninos olharam para trás e viram recomeçar a dança do caranguejo e da lua.
Não viram ninguém na entrada dessa Terra. Era noite e havia muito nevoeiro e, espantados, ouviram murmurarem:
– “Sim é”.

– “Não, vai primeiro e vê”.

– “Não há pressa”.

Aos poucos seus olhos se acostumaram à névoa e viram à sua frente um caminho que seguia por uma floresta de grandes árvores; pequenos riachos faziam ruído ao passarem sobre as pedras, como uma miniatura de cachoeira. Uma grande lua amarelada surgiu aos poucos por trás das árvores e, afinal, eles puderam distinguir as coisas como se estivessem iluminadas pela luz do dia. As vozes se aproximavam, Zendah virou-se para Rex e disse baixinho:

– “Estou certa de ter visto algumas crianças escondidas atrás das árvores”.

Sim, elas estavam. Um rosto brejeiro apareceu por trás de um tronco desaparecendo em seguida. O mesmo aconteceu com outros.

Rex impacientou-se.

– “Saiam e sejamos amigos”, gritou ele. – “Não tenham medo pois não lhes faremos mal”.

Em um ou dois minutos, estavam cercados de inúmeras crianças, algumas vestidas com roupas que brilhavam como prata e outras com roupas verde e violeta. Quase todas eram pálidas, de cabelos brancos e moviam-se muito devagar. O chefe, uma menina, disse a Zendah:

– “Desculpem-nos sermos tão lentos. Temos tão poucas visitas aqui e não sabíamos que eram vocês. Somos muito medrosos até conhecermos bem as pessoas”.

Dando-se as mãos, foram pelo caminho até onde havia duas grandes pedras que Rex ficou espantado, pensando quem teria tido tanta força para colocá-las onde estavam.

Todos dançaram em torno das pedras, cantando linda canção que dizia algo acerca do sagrado fogo da lareira, conforme pareceu a Rex e Zendah.

Os dois estavam tão interessados em descobrir o que é que eles cantavam que não perceberam a chegada de uma figura alta que permaneceu sorrindo no meio do círculo, observando os arredores. Subitamente repararam naquela figura e atravessando a roda, penduraram-se no pescoço da senhora, exclamando:

– “Mamãe, mamãe, como veio até aqui! Jamais pensamos encontrá-la aqui entre as estrelas!”.

As outras crianças olharam atônitas. – “É sua mãe?”, perguntaram as crianças. “Ela vem aqui todas as noites contar-nos histórias”.

Mamãe balançou a cabeça.

– “Sim esta é a minha terra, como a Terra do Arqueiro é a sua Zendah, mas vocês devem ficar muito quietinhos porque esta noite é uma noite especial. É a noite de São João e todas as fadas se reúnem para sua festa que principia antes da Lua Cheia”.

Muito quietos, nas pontas dos pés, todos se dirigiam para uma moita de salgueiro onde havia um gramado. Sentaram-se por trás de seus arbustos.

Ouviram uma nota clara, límpida, saída por clarins da fada e logo quatro morcegos passaram voando à luz do luar, cada um conduzindo uma pequena fada às costas. Voando em círculos, baixando até que as fadas puderam pular para o chão. Depois que as fadas desceram, os morcegos foram se dependurar nas árvores próximas, usando para isso os ganchos que possuem nas asas.

De um botão de rosa silvestre, um pequeno pássaro castanho iniciou um belo cântico cheio de trinados. Ao som dessa música as quatro fadas puseram-se a dançar agitando suas varinhas mágicas. Por onde as varinhas passavam nasciam centenas de cogumelos e de fungos.

Ouviram-se de novo os clarins das fadas e as árvores se afastaram abrindo uma clareira onde tomaram lugar sobre a grama. Em baixo das árvores as ninfas da floresta.

Aproximando-se, viam-se, ao longe, centenas de fadas tendo à sua frente a Rainha Titânia e o Rei Oberam precedidos por estranha procissão de caranguejo e de guaiamus, caminhando sobre suas patinhas traseiras.

Quando todos entraram na clareira, sentaram-se. As quatro fadas menores ficaram ao centro e tocaram estranhos instrumentos musicais feitos de conchas e caramujos, com cordas de teia de aranha. Rex e Zendah estavam certos de já terem ouvido antes essa música quando estiveram no bosque perto de sua casa, mas nessa ocasião não sabiam que era a música das fadas. Tinham de prestar muita atenção às fadas que dançavam ao som daquela estranha música, pois não conservava a mesma figura por mais de dois minutos seguidos; às vezes eram grandes, outras vezes menores; às vezes se pareciam com flores, outras vezes com caranguejos.

No fundo da clareira havia um banco de musgos, de cada lado do banco cresciam botões de rosas brancas e centenas de margaridas. Defronte do banco havia um pequeno banhado onde cresciam violetas aquáticas e lírios brancos.

De madrugada a Lua surgia por trás dos salgueiros, a esquerda do banhado. Subiu aos poucos até que parou exatamente por cima do banhado, refletindo-se nas suas águas. Nesse preciso instante, parecia que a lua despedia raios que batiam na água e voltavam, tecendo um gigantesco véu de luar mostrando todas as cores do arco-íris, só que mais pálidas, com menos brilho do que quando se vê durante o dia.

Quando ficou pronto, apareceu um oval de espessa névoa no centro. Aos poucos o oval foi-se tornando maior até que apareceu linda mulher com uma coroa de prata, em pé sobre a superfície do banhado. Tinha cabelos da cor de buganvília e olhos azuis claro. Todas as fadas se voltaram para ela e quando ela subiu no banco de musgos cantaram linda canção de saudação:

Salve a senhora Lua!

Salve a Rainha da Noite!

Se a Lua e Câncer (Caranguejo) aparecem juntos.

As fadas saúdam-na!

Com voz que mais parecia um murmúrio de brisa de verão passando pelas árvores, o Espírito da Lua falou.

– “Salve, filhos dos bosques, das árvores e dos arroios! Passaram bem desde o nosso último encontro? Tem algo a pedir?”

– “Tudo bem, grande Rainha”, responderam inúmeras vozes. A Rainha continuou: – “Apareçam, crianças humanas, vocês viram minha terra; agora venham receber os presentes de recordação que temos para dar àqueles que nos visitam”.

Muito espantados, por não saberem que estavam sendo vistos, Rex e Zendah vieram para a Luz do Luar, segurando as mãos de sua mãe.

– “Não preciso lembrar-lhes, pois vocês têm em casa uma excelente mestra”, disse a Lua sorrindo, “o que esta Terra significa para todos os que amam o lar, mas lembrem-se que bondade e paciência o tornam muito mais bonito, portanto dou a você, Rex, uma couraça de prata para protegê-lo comparada com a violeta de um terremoto ou uma erupção que tem poder transformador muito maior, com menor esforço.

“Para você, Zendah, dou o conjunto de pulseiras de prata com muitas pedras de lua. Uma vez a cada ano, você poderá assistir as fadas e aprender o que elas e a Lua podem ensinar a você”. Agitando sua varinha de prata, um caranguejo grande e verde-roxo se curvou na frente deles e lhes mostrou uma pequena carruagem, desenhado por gatos brancos, apenas grande o suficiente para os dois. Sua mãe os beijou e sussurrou: “Eu vou ver vocês sempre”, e eles voltaram para a entrada. Mais uma vez, o portão parou de girar e o caranguejo de prata desceu da Lua crescente para deixá-los passar. Eles estavam apenas se preparando para saltar, quando uma risada alegre os cumprimentou e o rei Júpiter entrou. “Então vocês terminaram sua visita à Terra do Caranguejo”, disse ele. “Estou um pouco atrasado, mas vou ver o último dos deleites.” E ele ficou de um lado e acenou sua mão para eles enquanto passavam o portão. O caranguejo retomou sua postura de segurar a lua crescente, e o portão começou a girar mais uma vez.

“Quem pensou em ver a mãe na Terra do Caranguejo?”, Disse Zendah. “Eu me pergunto: ela vai se lembrar quando chegarmos em casa?”. “Eu suspeito que ela vai”, respondeu Rex, “ela sempre parece lembrar de tudo”.

(The Adventures of Rex and Zendah In The Zodiac – por Esme Swainson – publicado pela The Rosicrucian Fellowship – publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61; As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco (as Ilustrações são originais da publicação) –Fraternidade Rosacruz – SP – publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980-81)

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