Arquivo de categoria Estudos Bíblicos Rosacruzes: Novo Testamento

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Missão de Maria

A Missão de Maria

De acordo com Max Heindel, sabemos que Maria e José foram Iniciados nos Mistérios Cristãos. Estavam imbuídos plenamente da missão que lhes tocava, assim como Jesus. Quando Jesus Cristo falava com Maria e lhe dava aquelas respostas, era o Cristo e não o homem Jesus que falava. Podemos alcançar uma maior compreensão quando Jesus Cristo, em Seu último alento, deixou Sua mãe aos cuidados de João, Seu discípulo, segundo lemos no Evangelho Segundo São João 19:26, demonstrando o laço profundo entre a mãe e o filho. Quase Seu último pensamento e pedido foram nela e para ela.

Nos tempos presentes, vemos a mulher ocupando os postos dos homens, em alguns casos. Porém se ouvimos a conversa delas nos distintos aspectos da vida, podemos verificar seus fortes desejos de poder dar mais atenção ao lar e viver ao lado de seus familiares. Sabemos que renascemos umas vezes homem e outras mulher e é necessário que aprendamos tudo o que nos seja possível em cada corpo. Maria cumpriu seu trabalho familiar muito bem. Trabalhou com José, porém não encontramos nenhum indício de que ele tivesse exercido domínio sobre ela. Sem dúvida, encontramos muitos relatos do trabalho de Maria no lar. Sabemos que a túnica de uma só peça que Cristo usava quando foi crucificado havia sido tecida por ela.

A grande influência que as mulheres exercem sobre os homens está indicada no conhecido dito: “A mão que embala o berço governa o mundo”. O êxito do homem é amiúde devido à influência de sua esposa, mãe ou noiva. Temos muitos exemplos disso e todos os grandes homens dão muito crédito aos conselhos maternais. Lincoln disse que tudo o que ele era e esperava ser devia-o à sua mãe. Em todas as grandes crises encontramos uma mulher atrás da cena. Nem todas as mulheres, em sua capacidade, têm sido boas, e é então quando se têm provocado muitos distúrbios ao mundo; porém o fato é que sempre existe uma mulher por detrás dos bastidores.

De acordo com a Bíblia, José era muito mais velho do que geralmente se supõe. Quando lemos sobre sua participação no plano, notamos, sobretudo, seu cuidado com Maria e Jesus, e sua devoção e completa obediência à vontade de Deus. Todos os seus pensamentos convergiam à ternura pela mãe e o Filho. José deu por cumprida sua missão quando Jesus estava preparado para entregar seu corpo ao Cristo. Somente Maria esteve com Jesus, com seu amor e devoção, até que Ele expirou.

Durante os trinta anos da vida de homem, Jesus obedeceu a todas as leis da Terra. Porém, quando Cristo tomou posse de seu corpo, no Batismo, começou a mudar as leis e dar novos ímpetos ao mundo. Tão logo o Cristo começou Seu ministério, as mudanças foram maiores e nos três curtos anos levou a cabo Sua missão para a qual havia vindo, ou seja, a de Salvador do Mundo.

Não nos esqueçamos das outras Marias que tomaram parte nas vidas de Maria e Jesus. Não é estranho que as três tivessem o nome de Maria? Cada uma delas ilumina alguma das fases da vida da mulher. A história de Maria e Martha é uma das quais estamos familiarizados. Por que Maria ficou com Jesus enquanto Martha trabalhava na cozinha? Por que Maria Madalena ungiu os pés de Nazareno com azeite perfumado? Porque elas tinham parte na missão de Jesus. Maria Madalena é uma das Marias que mais nos intriga. Ela tomou parte na redenção. Trabalhou seu destino por meio da superação de sua Mente e de sua alma. Todos nós sabemos que Maria Madalena havia quebrado muitas das leis, porém, com a ajuda de Jesus Cristo, se redimiu e começou vida nova.

Aproximava-se a hora em que Jesus-Cristo tinha de se apresentar aos judeus como seu Rei e Messias prometido. Quantas alegrias sentiria o coração de Maria, ao observar seu Filho fazendo os primeiros milagres de cura! Quanto teria sofrido ao saber que seu Filho bem amado teria que caminhar sozinho os anos restantes de Sua vida! Aqui vai uma lição para todas as mães: quantas há que, ao chegar a hora em que seus pequeninos tenham que provar suas próprias asas e começar a viver suas próprias vidas, estão dispostas a dar-lhes a liberdade de que necessitam?

Diz-se no Novo Testamento que quando Cristo falava às multidões, Maria e Seus Irmãos vieram e desejaram falar-Lhe, e sua resposta foi: “Quem é minha mãe, e quem são os meus irmãos? Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Maria compreendeu isto porque sabia que já não havia o mesmo laço familiar com Cristo como o tinha com Jesus. Sabemos que durante os últimos dias e noites de provas, Maria falava com Deus e teve que receber muitas bênçãos porque continuou sua missão até o final.

Como a alegria que Maria teve ao ter o menino entre seus braços, também teve a dor de sustentar o corpo sem vida de Jesus-Cristo, enquanto José de Arimateia ia procurar pano para envolvê-Lo. Depois que Seu corpo foi levado, Maria foi com João, pois sabemos que este a levou para sua casa e dela cuidou. Maria viveu o suficiente para saber que a missão para a qual ela e Jesus haviam nascido havia se cumprido, e que tudo se havia feito de acordo com a vontade e guia Divinas.

 (Publicado na Revista Serviço Rosacruz de novembro/1977)

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Os Três Homens Sábios

Os Três Homens Sábios

1 Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram magos do Oriente a Jerusalém, 2perguntando: “Onde está o rei dos judeus recém-nascido? Com efeito, vimos a sua estrela no céu surgir e viemos homenageá-lo”.

(…) 7Então Herodes mandou chamar secretamente os magos e procurou certificar-se com eles a respeito do tempo em que a estrela tinha aparecido. 8E, enviando-os a Belém, disse-lhes: “Ide e procurai obter informações exatas a respeito do menino e, ao encontrá-lo, avisai-me, para que também eu vá homenageá-lo”. 9A essas palavras do rei, eles partiram.

E eis que a estrela que tinham visto no céu surgir ia à frente deles até que parou sobre o lugar onde se encontrava o menino. 10Eles, revendo a estrela, alegraram- se imensamente. 11Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o homenagearam. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. (Mt 2:1-2; 7-11)

O Evangelho de Mateus é denominado com muita propriedade de “Evangelho da Dedicação”, porque contém a relato da vinda dos três homens sábios desde o oriente.

Antigo comentário a respeito de Mateus diz que a Estrela na sua primeira aparição tinha a forma radiante de uma criança levando a cruz.

Os três Iniciados ou Homens Sábios, contemplando a Estrela, levantaram-se e jubilosos iniciaram a longa e perigosa jornada através do deserto, rumo a Jerusalém. Ao chegarem, indagaram ansiosamente: “Onde está Aquele que nasceu Rei dos Judeus?”.

Essa pergunta interessou a Herodes e a toda comunidade judaica. Perguntaram ao Superior dos Sacerdotes: “Onde está o jovem Rei que acaba de nascer?”. Os sacerdotes responderam: “Em Belém da Judeia”.

Primeiramente, seguindo a direção da Estrela, os três Homens Sábios atingiram a pequena cidade de Belém e lá encontraram não um principezinho real nascido num palácio, rodeado por um corpo de servidores, mas apenas uma graciosa criança, deitada na humilde manjedoura, onde o gado e outros animais se alimentavam.

A humildade, a fé e a reverência foram proclamadas realmente pelos Sábios Homens, os quais se prostraram diante da bela Criança, dedicando-se a si mesmos ao novo Rei do Mundo.

Os três Homens Sábios representam a dedicação integral do Espírito (ouro), da Alma (mirra) e do Corpo (incenso). Depois de o Cristo ter nascido internamente, o passo seguinte no processo de desenvolvimento espiritual deverá ser essa dedicação ao Mestre e ao Seu trabalho, para que o Cristo recém-nato deva crescer à estatura do adulto.

O Espírito é simbolizado pelo ouro, que é portador do mais elevado poder vibratório entre todos os metais.

O Corpo, representado pelo incenso, é um símbolo bem adequado ao menos duradouro veículo do Espírito.

A Alma, representada pela mirra (planta natural da Arábia, difícil de ser encontrada, apresentando um gosto extremamente amargo, possuindo porém uma fragrância primorosa e incomum) simboliza o extrato anímico das experiências que o Espírito entesoura no corpo, e que constitui o propósito integral da vida no plano físico, sendo na verdade o sinônimo  do caminho do discipulado, porque de fato o Corpo-Alma de um santo emite uma fragrância delicada que tem dado origem a belíssimas lendas da Igreja.

A tradição afirma que Gaspar era muito idoso, usava uma barba branca, era rei de Tarsus, a terra dos mercadores e sua dádiva à Criança foi ouro. Melchior, de meia idade, rei da Arábia, deu incenso; ao passo que Baltazar, o rei negro e o mais moço, nascido em Seba ou Sheba, a terra das especiarias e da rezina, apresentou como dádiva a mirra.

O Caminho da Transmutação do neófito algumas vezes é chamado de Transfiguração, e ocorre sempre na jornada dos Homens Sábios, pois por esse processo todos se tornam Homens Sábios.

Na catedral de Colônia existe um altar onde estão três crânios com os nomes dos três Homens Sábios, nomes esses formados por rubis. O rubi designa-se como a pedra do Cristianismo, porque simboliza a purificação da natureza de desejos e a espiritualização da mente, o trabalho primordial da Dispensação Cristã.

Segundo a lenda, Maria entregou as faixas de linho que envolviam o puro corpo da sublime Criança aos Homens Sábios, os quais agradeceram com humildade e alegria, colocando a preciosa dádiva entre os seus maiores tesouros. Após regressarem às suas pátrias, imitaram a pobreza e humildade d’Aquele que reverenciaram em Belém, distribuindo seus bens entre os necessitados e pregando o novo ideal recém-inaugurado.

A lenda ainda nos diz que os Homens Sábios, quando morreram, receberam a coroa da vida imortal, em troca dos bens terrenos que renunciaram. Seus despojos foram encontrados muito tempo depois pela Imperatriz Helena, mãe de Constantino, que os trasladou para Constantinopla, donde posteriormente foram levados para Milão e ulteriormente depositados na catedral de Colônia.

Retribuindo as dádivas que Lhes foram ofertadas, o Mestre outorgou-Lhes posses de valor transcendental a qualquer bem material: pela taça de ouro deu a caridade e os bens espirituais; pelo incenso, a fé perfeita; e pela mirra, a verdade e a brandura, qualidades que representam as virtudes indispensáveis para aqueles que aspiram à iniciação. Ele também poderá nos conceder essas dádivas, desde que nos dediquemos de Corpo, de Alma e de Espírito à missão de preparar a vinda futura de Seu Reino sobre a Terra.

Analisando-se profundamente os fatos mencionados, relatados através de várias lendas, evidencia-se que os Magos eram Iniciados. A palavra Mago significa aquele que se dedica à Magia, que possui a consciência da vida noturna ou de sonho. Foi durante esse período noturno que os Homens Sábios receberam esclarecimentos referentes à vinda do Salvador. O Santo Nascimento foi saudado em muitos lugares com profundo regozijo, porquanto os Homens Sábios de todas as nações já vinham sendo preparados há muito tempo para esse extraordinário acontecimento, o que por sua vez incitou a animosidade de Herodes, advindo então o decreto alusivo à matança dos inocentes.

Os Homens Sábios viajavam tanto de dia como à noite sob a Luz da Estrela Misteriosa, guardados pelo glorioso Arcanjo, o Cristo. É dito que durante a jornada, os Homens Sábios observaram as maravilhas da Virgem e da Criança. Isto é, leram o sublime acontecimento na Memória da Natureza, e depois, ao entrarem no estábulo, obtiveram a confirmação material do fato, contemplando a beleza celestial da Divina Mãe e da Criança, rodeados por uma luz deslumbrante, de maneira idêntica aos que haviam observado nos Eternos Registros da Natureza.

 (de Corinne Heline – Publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/1967)

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Essênios – Os Precursores de Cristo

Essênios – Os Precursores de Cristo

Com o recente descobrimento desses antigos documentos palestinos, que hoje conhecemos com o nome de Pergaminhos do Mar Morto, importantes fatos relacionados com o advento do Cristianismo surgiram, chamando a atenção não somente dos eruditos e estudantes bíblicos como de todo o povo e ser humano que lê e pensa, sem preconceitos, livremente. O interesse geral que hoje notamos sobre o conteúdo de tais pergaminhos mostra que esse descobrimento tem especial significação.

Os pergaminhos são restos de uma biblioteca pertencente aos Essênios, comunidade religiosa de antes e ao tempo de Cristo, espalhada por diversos pontos do mundo daquela época e que fundou uma colônia nas colinas da Judeia perto do Mar Morto, numa data não especificada do segundo século antes de Cristo. Nesse lugar, chamado Qumran, um pastor beduíno, procurando uma cabra perdida, entrou numa gruta e encontrou uns jarros de cerâmica que encerravam o maior achado documental de toda história. Isto aconteceu em 1947. Desde então, despertados para o assunto, representantes católicos e protestantes bem como estudiosos cientistas empreenderam no local e nas proximidades contínuas explorações, encontrando tesouros após tesouros nesse campo, ascendendo hoje a centenas de manuscritos. A maioria deles são simples fragmentos, porém, de grande importância, posto que compreendem partes de quase todos os livros do Antigo Testamento, bem como dos livros apócrifos, além de Hinos e escritos acerca dos Essênios, essa Ordem Devota, já estudada por Max Heindel quando escreveu o “Conceito Rosacruz do Cosmos” em 1909, e não mencionada no Novo Testamento. Muitos desses manuscritos bíblicos são anteriores em mais de mil anos ao tradicional texto hebraico que constituiu o fundamento de nossa bíblia.

Existem nove grutas perto do antigo centro Essênio; nestas se encontravam os inapreciáveis manuscritos, alguns de pele, outros de papiro e outros ainda de cobre. A primeira gruta encerrava o grande rolo de Isaías, que é quase uma versão fiel do texto atual, contido na bíblia. Os eruditos apontaram ligeiras variantes desse pergaminho, em confronto com o texto atual, das quais, apenas algumas merecem importância maior. Essas divergências mais importantes já foram incorporadas na Versão Standard Revisada (inglesa). Segundo os estudiosos, o maior proveito que se tirou do pergaminho de Isaías foi a eliminação da barreira para o conhecimento do texto hebreu arcaico, conhecimento que até agora não havia sido conquistado. Essa primeira gruta continha também um Comentário sobre o livro de Habacuque, que era desconhecido, e o Manual de Disciplina Essênio, como foi chamado. Muito do material encontrado já foi traduzido e publicado em diversas línguas, inclusive em português. A Universidade Hebraica de Jerusalém foi a primeira a proceder a versão dos artigos principais, além do pergaminho segundo de Isaías, um saltério da Ordem e uma relação essênia da Guerra dos Filhos da Luz.

O seguinte descobrimento importante foi o da quarta gruta, onde acharam mais de trezentos manuscritos. A diferença era a de conservação: os documentos da primeira gruta estavam encerrados em jarras fechadas e seladas, portanto, conservados, ao passo que o da quarta estavam sem nenhuma proteção contra os elementos e, assim, em condições fragmentárias. Deduzimos daí que foram deixados às pressas por ocasião da invasão romana levada a efeito no ano 67 D.C. em que destruíram Qumran. As explorações continuam. Cada ano traz algo de novo aos descobrimentos. A tarefa de decifrar, traduzir, cotejar e interpretar o material é uma obra que absorverá a atenção dos eruditos por muitos anos mais.

ESTUDOS DOS PERGAMINHOS

A primeira apresentação geral do assunto foi feita por Edmund Wilson, num extenso artigo publicado no THE NEW YORKER, número de maio de 1955. Desde então foram publicados centenas de artigos em jornais e revistas religiosos, populares e científicos. Já em 1952 havia sido publicado um livro de cem páginas, sob o título “Os pergaminhos do Mar Morto” por A. Dupont-Sommer, professor de línguas semíticas da Universidade Sourbonne de Paris. Era um estudo preliminar. A Universidade de Oxford está preparando uma série de volumes sobre o assunto.

Para os esoteristas, principalmente os cristão-esotéricos, que são os estudantes rosacruzes, a literatura dos Essênios é de enorme interesse por mais de uma razão. Os Essênios foram os esoteristas de seu tempo e se achavam entre os principais depositários dos Ensinamentos dos Mistérios da Antiguidade. Possuíam literatura a que tinham acesso apenas “os discretos”. Eram o degrau entre a Antiga e a Nova Dispensação, constituídos pelo Alto para serem os precursores de Cristo e os iluminados heraldos de um novo evangelho. É um descobrimento estremecedor que projeta sobre essa santa Ordem uma luz mais clara do que a que a iluminava nos dias da comunidade cristã primitiva.

AS TRÊS SEITAS DO JUDAISMO

Os Essênios, os Fariseus e os Saduceus foram as três principais seitas que existiam dentro do Judaísmo, ao tempo de Cristo. Os Essênios foram, segundo palavras da sra. Blavatsky, “os religionários da nova fé”. Constituíam uma sociedade estreitamente esotérica. A ela pertenceram João Batista, seus pais Zacharias e Izabel, Jesus, Maria e José, Ananias que em Damasco iniciou São Paulo etc.

Os Saduceus eram a classe sacerdotal que havia perdido a luz interior com sua absorção nos interesses materiais.

Não acreditavam em Anjos nem na imortalidade da alma. Por isso são considerados os materialistas religiosos de sua época.

Os Fariseus eram constituídos pelos escribas e os Doutores e intérpretes da lei. Consideravam tão rigorosamente a letra, o texto, que perdiam de vista o espirito dela. Em outras palavras, eram os tradicionalistas.
Desse modo, nem os Saduceus, nem os Fariseus estavam capacitados a ler corretamente os sinais dos tempos.

Ambos conheciam a lei e os profetas, ensinavam a vinda de um redentor ao mundo. Não obstante, eram incapazes de perceber a preparação efetiva dos Essênios para recebê-Lo. Carecendo de percepção espiritual, não apenas não reconheceram o Messias como se tornaram Seus inimigos. Que trágica incoerência! Os líderes oficiais de Israel (cujo destino nacional e racial era preparar um veículo físico para a pessoa de Jesus de Nazaré na Divina Encarnação e estabelecer um ambiente adequado e uma atmosfera social propícia à Sua manifestação e ministério) não conheceram sua missão!

Mas o plano de salvação não podia ser frustrado pelo fracasso desses seres, embora devessem eles estar à frente do cumprimento dessa preparação. Mas, para contrabalançar, atrás dessa cena pública encontravam-se em recolhimento os Essênios, aquelas almas que não haviam perdido a iluminação interna e se conservavam fiéis à Sabedoria dos Mistérios. Eles se haviam consagrado, como discípulos espirituais, a preparar os passos do Senhor.

Com esse fim, visando a evitar a contaminação do mundo, reuniram-se em cidades pequenas e, das grandes cidades afastavam-se para o deserto, constituindo comunidades fechadas, inteiramente dedicadas ao cultivo da vida espiritual. Não era um retiro egoísta com finalidade de fugir das responsabilidades que deviam ter perante a comunidade nacional. Ao contrário; era genuína e profundamente altruísta, pois tinham perfeita visão das condições e sofrimentos do mundo e se incumbiam do nobre duro mister de criar as condições etéricas necessárias para a vinda do Messias que devia ser o Salvador do mundo. Foi um movimento sacrificial que implicava a observância de severas disciplinas e preces; uma forma ascética de vida e um ostracismo virtual do mundo convencional que os cercava. Eles eram diferentes, demasiado diferentes para livremente misturar-se com a multidão e seguir suas normas de vida.

Os Essênios chamavam a si mesmos de Novo Israel e se consideram o povo do novo testamento. Chegara o tempo em que a Antiga Dispensação deveria ceder lugar à Nova. Os Essênios estavam preparados para essa transição e prepará-la foi sua missão.

Nesse tempo, o Judaísmo oficial, como dissemos, estava nas mãos dos tradicionalistas e de sacerdotes egoístas.

Os saduceus (termo que significa os filhos de Sadoc) eram a Casta Sacerdotal. Sadoc foi o passado da classe sacerdotal judaica e o primeiro a servir no Templo de Salomão. Mas os Saduceus já não eram fiéis a este prestígio e à confiança que neles depositavam, pois os interesses egoístas competiam com o serviço sacerdotal. Permitiam que os traficantes negociassem em santos lugares, sacrilégios que mais tarde moveu Cristo a expulsar do Templo os cambistas de moedas. Mas a vocação sacerdotal não devia ser abandonada. Devia, isso sim, ser restaurada em seu legítimo lugar de honra e dignamente conservada para presidir no altar do Senhor. Os requisitos para tal serviço deveriam advir, não da herança física, mas da aptidão espiritual que os Essênios buscavam cumprir. Daí os Essênios reclamarem para si o nome de Filhos de Sadoc, não em virtude de sua ascendência, senão em decorrência de sua linhagem espiritual.

Em conexão com este fato, Flávio Josefo, o famoso historiador judeu do primeiro século de nossa era, afirmou que na comunidade dos Essênios a vida estava baseada, não nos laços de sangue, mas no zelo da virtude e no amor à humanidade. Isto os situa definidamente na Nova Dispensação. Foram cristãos, antes da vinda de Cristo.

SUPERAÇÃO DOS LAÇOS DE SANGUE

O laço de sangue era a base da comunidade judaica na Antiga Dispensação. As unidades sociais eram determinadas pelas relações físicas. Com exceção dos Essênios, os hebreus anteriores à vinda de Cristo, e ainda os judeus de hoje, estavam ligados em virtude de sua descendência comum do Pai Abraão. Cristo veio para romper esse laço de sangue e substitui-lo pela união espiritual. A isto se referia Cristo quando disse aos judeus que se orgulhavam de ser os eleitos, por serem filhos de Abraão: “Antes de Abraão fosse, eu era”. Com essa afirmação estava atribuindo a seus ouvintes uma herança maior, a herança de Deus, o Pai. Essa herança, comum a toda a humanidade, torna todos os seres humanos irmãos. Os Essênios não haviam aceitado este fato de modo puramente intelectual: eles o viviam. Suas ações não eram motivadas pelos impulsos hereditários que emanavam do sangue, senão que brotavam do centro espiritual de seu Ser. Eles haviam alcançado a união com o Cristo interno e por ele, a ligação com o Cristo Cósmico, antes mesmo de sua encarnação, pondo sua vida em consonância com a d’Ele. Haviam, assim, transcendido o pensamento racial separatista e chegado a ser verdadeiramente universalistas.

O destino de toda humanidade é alcançar algum dia a libertação dos restritivos laços raciais e alcançar a viva realização da unidade do gênero humano, como conseguiram entre si os Essênios. A essência da missão de Cristo é precisamente a de ajudar a humanidade a alcançar esse estado. Mas Sua ajuda não foi dada de uma vez por todas, durante os três anos de Seu ministério por Jesus; Seu ministério continua dos mundos internos irradiando à nossa esfera humana, impulsos espirituais que fortalecem a vida egóica do ser humano, despertando-lhe o reconhecimento de seu Eu espiritual e fazendo-o compreender seu imortal destino como filho de Deus.

Que os Essênios haviam tido contato consciente com o Cristo Cósmico, para cuja iminente encarnação estavam fazendo os mais cuidadosos preparativos, está evidenciado nos pergaminhos que deixaram, que em muitos pontos mantêm inequívoca similitude com os Evangelhos, deixando entrever sua associação com Cristo-Jesus. Por exemplo, o Manual de Disciplina, um dos mais importantes dos recém-descobertos manuscritos essênios, contém uma afirmação quase idêntica à usada por São João, ao inicio de seu Evangelho: “E por Seu conhecimento, tudo se fez. E tudo o que é, foi estabelecido por seu propósito e fora d’Ele nada se faz”. A versão de João dessa sublime verdade, tão familiar a nós, estudantes rosacruzes, reza: “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele e sem ele nada do que tem sido feito se fez”. Tão profundas afirmações só podiam ter surgido da consciência de um Iniciado. João a possuía, conforme o expressa no Evangelho. Antes de João, os Essênios a possuíam, conforme ficou evidenciado em seus escritos.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 03/1962)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Lenda Sobre a Fraternidade

Uma Lenda Sobre a Fraternidade

Três mendigos um surdo, um cego e um aleijado iam a caminho da Samaria, quando um deles disse: “Eu sou surdo, porque sou pecador”; e o segundo: “Eu sou cego, portanto, também sou pecador”; e o terceiro, da mesma maneira, dizendo-se pecador, exclamou: “Por isso eu sou aleijado”.

Então, vendo que andavam sempre juntos, um deles disse aos outros:

“Eu posso ouvir porque tenho vocês dois como meus ouvidos”.

E o outro:

“Eu posso ver porque tenho os olhos de vocês dois”.

E disse o último:

“E, certamente, vocês dois são as minhas pernas”.

Então os três louvaram a Deus e se regozijaram.

Quando eles se aproximavam de Samaria encontraram um outro mendigo, que sendo leproso, trazia a boca velada e um chocalho na mão.

Ele se manteve afastado e pediu esmola aos três, que responderam: “Nós somos mendigos, não temos nada; vamos a Samaria pedir esmolas porque os samaritanos são dadivosos”.

Então o leproso chorou e disse: “Embora não tenham nada, vocês são abençoados porque são três. Mas eu sou pecador e devo viver sem amigos”.

Quando os três amigos ouviram aquilo, um disse ao outro: “Nós também somos pecadores, mas temos companhia”.

Comovidos por esse fato, consentiram a companhia do leproso, dizendo: “Nós somos todos pecadores e tementes ao Senhor. Venha conosco”.

O leproso se alegrou muito ao ouvir isso e disse: “Vamos então para Belém, porque esta noite eu tive um sonho anunciando o nascimento do Messias”.

O caminho para Belém era pedregoso e difícil. A noite caiu. Mas o cego pôde guiá-los na escuridão.

Era noite quando alcançaram o estábulo, em Belém, e recearam em bater. Dentro, José dormia, mas Maria estava acordada, ao lado do menino. Ouvindo barulho de pés e de homens conversando, levantou-se e abriu o postigo.

Um ofuscante raio de luz brilhou na escuridão e, através do postigo, Maria perguntou quem eram e porque vieram, e eles responderam: “Nós somos todos pecadores e tementes ao Senhor, mas soubemos que o Messias nasceu e por isso viemos”. A Virgem perguntou: “Que presentes vocês trouxeram? Porque ninguém pode entrar sem ofertas.”

Os mendigos baixaram seus olhos e responderam que nada tinham para oferecer.

Maria então perguntou: “Quem é aquele homem ali ao lado”?

Então os três sentiram muito medo e se ajoelharam: “Nós somos pecadores porque trouxemos este homem conosco; ele é leproso e, além disso, um samaritano”. Então Maria abriu as portas, eles entraram e contemplaram o Salvador: o cego recobrou a visão; o surdo ouviu e o aleijado se levantou. E olharam para ver se o leproso também estava curado, mas ele desaparecera. Então perceberam que o leproso era um Anjo do Senhor.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro de 1975)

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O Significado Oculto da Sexta-feira, conhecida como “da Paixão”

O Significado Oculto da Sexta-feira, conhecida como “da Paixão”

Disse São João da Cruz, em um dos seus poemas:
“Oh Deus! Oh Deus meu! Quando será o dia
Que poderei dizer com toda a certeza
Que estou vivendo e vivo, deixando de morrer.”

A resposta a esse poema foi dada por Cristo Jesus, na hora de sua crucificação, há quase dois mil anos. Seguindo os Seus passos, no caminho do Gólgota, encontramos o Caminho da Vida, apesar que, aos nossos olhos, a morte ainda parece o fim de tudo. Mesmo se aparentemente isso é verdade, a morte é o fim, porém verdadeiramente se trata da morte para as ilusões do mundo, que consistem somente na casca, no invólucro de verdades reais. Esse é, realmente, o ponto de libertação almejado por todos os cristãos.

“Ninguém tem maior amor do que este dar a vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos” (Jo 15:13-14). Não há exemplo maior de como vivenciar essas palavras do que a própria vida do Cristo quando habitava o corpo de Jesus. O seu amor era tão forte e tão puro a ponto de permitir que fosse crucificado, provando, assim, em atos, o que pregava. Verdadeiramente, o Cristo é o Senhor do Amor. Esse fogo que queimava em seu interior era tão potente, o Seu amor tão divino, que na hora da Sua libertação do corpo físico, o mundo julgou que o Sol estivesse obscurecido.

Dois mil anos passados desse evento, os nossos corações estão sentindo, em vez de júbilo, os pesares deste mundo efêmero. Isso evoca desespero dentro de algumas pessoas, em vez de Luz. Porque nessas dores há intenso júbilo, gritando para ser libertado, e intenso amor, esperando a sua realização final.

Mostra claramente que o Cristo interno está crescendo e que o evento passado, ainda pode acontecer hoje em cada coração aspirante. Quando reverenciamos a Sua morte, estamos nos preparando para a Sua promessa: Vida.
Quando observamos a natureza, o paradoxo do binômio beleza e dor é evidente. A beleza pertence à natureza, enquanto a dor foi produzida por nós. Chamamos essa Sexta-Feira, a Sexta-Feira da PAIXÃO. Consultando o dicionário, veremos que essa palavra tem dois sentidos: primeiro, de intensa emoção e segundo, de intenso sofrimento. Um sentido é ligado ao outro. O amor que inunda o coração do cristão devoto em relação às dores da humanidade produz grande dor. Não é, porém, o mesmo tipo de sofrimento, como o sofrimento egoísta e carregado de sentimento inferior da humanidade em geral.

Foi dito que quanto mais acentuado o sentimento, tanto a pessoa sente também a realidade do oposto. Isso pode ser dito também sobre a Paixão, porque há, ao mesmo tempo, a realização do júbilo, um júbilo que transcende todo o entendimento, sentimento para o qual não há palavras. É o júbilo da Verdade, a Verdade que liberta o ser humano. É por isso que na Sexta-Feira Santa a natureza veste as suas melhores roupagens e toda a dor do mundo se condensa em imenso regozijo que parte do espírito e farta os nossos corações. O espírito das dores do mundo foi transmutado e liberado como o júbilo do Céu. Nesse ponto a natureza inferior foi vencida e purificada pela dor, e a Verdade afasta o véu de ilusões do mundo, mostrando ao espírito o Caminho de volta a seu lar. Nesse Caminho estamos andando todos nós, procurando observar o mandamento do Cristo, de amar a Deus com todo o nosso coração, com toda a alma e com toda a Mente. Nós, pela virtude de Cristo, temos a oportunidade de continuar com os nossos passos na evolução, deixando para traz os assuntos mundanos, aproximando-nos das regiões espirituais. Como sabemos, os nossos esforços elevam o resto da humanidade e como um balão de hélio levanta uma carga pesada, também podemos erguer o mundo, trazendo, ao mesmo tempo, a sua consciência para pensamentos mais elevados. É uma grande responsabilidade, como bem o sabemos, e não deve haver lentidão em nosso passo evolutivo. Não deve haver paradas quando as frivolidades do mundo nos acenam. Devemos tratar dos negócios de nosso Pai.

Enquanto progredimos, trabalhando e orando sem cessar, sem que o sintamos, sem que nisso pensemos, o dia da libertação se aproxima. Há três dias de manifestação nos esperando, se nos provarmos dignos. Caso contrário, fazemos o papel de Judas, em relação a nós mesmos e a todo o mundo. AGORA é o tempo certo. Amanhã será tarde demais. Esforcemo-nos em VIVER o amor.

Guardemos o Cristo dentro dos nossos corações, empenhando-nos em não magoar ninguém, e cumprir o nosso dever, para o bem da humanidade.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/76 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Os Três Graus do Discipulado – Parte II – Grau Fraternidade – São Tomé ou Tomás

Os Três Graus do Discipulado

Parte II – Grau Fraternidade

São Tomé ou Tomás

Diophanes e Rhea eram proprietários prósperos na Síria, cidade de Antioquia. Depois de dez anos, Tiberias se tornou Imperador e tiveram um casal de gêmeos – um menino chamado Tomé e uma menina Lysias. Quando Tomé estava com quatorze anos, ocorreu um incidente que, segundo ele, foi o que determinou em grande parte seu destino. Três Magos, voltando para casa após uma visita a Jerusalém, ficaram dois dias numa pousada. O rapaz ficou profundamente impressionado com a história que contaram sobre a grande Estrela e o Bebê nascido em uma manjedoura. O sábio declarou a Tomé que esse bebê se tornaria o Rei da Luz.

Perplexo na fé, mas puro nas obras,

Enfim, ele tocou sua música.
Lá vive com mais fé nas dúvidas sinceras,
Acredite-me, do que na metade dos credos.

Essas linhas de Tennyson1 são apropriadas para Tomé, o Discípulo duvidoso, de quem foi dito: “Dúvidas eram simplesmente acordes menores em uma vida que produzia emocionante música de órgãos”. Tomé era pessimista e desanimado; mas, também era destemido, leal e constante, tão logo suas dúvidas fossem dissipadas. Ele foi um literalista nos primeiros dias de seu Discipulado. Mais tarde, depois das maravilhosas experiências que chegaram ao Grupo, no interim entre a Ressurreição e a Ascensão, todos os seus questionamentos sombrios foram varridos. Sua dúvida foi transformada em uma realização gloriosa – uma certeza, de primeira mão, nascida do conhecimento que o elevou ao nível espiritual, colocando-o ao lado de Pedro e João.

No oitavo domingo de Páscoa, quando Tomé, adorando ao Cristo ressuscitado, exclamou: “Meu Senhor e meu Deus2 , sua dedicação foi completa. Depois de Pentecostes, Tomé foi para a Índia carregando a mensagem de Cristo. Ainda existe, nos tempos modernos, na costa de Malabar3, uma seita que se chama Os Seguidores de São Tomé. Esse Discípulo era conhecido como um verdadeiro mestre e foi, portanto, denominado o santo padroeiro dos arquitetos. Seu símbolo é o Esquadro do Pedreiro. A Loja Maçônica de Kilwinning, na Escócia, foi dedicada a ele. Como João, Tomé foi um Apóstolo da Gnose, pois ele tipifica o intelectualista tão frequentemente encontrado na sociedade Helenística.

A lenda seguinte está em harmonia com a investigação ocultista. Quando Tomé estava na Índia, o Rei Gundaphorus descobriu que ele era um construtor e lhe deu uma grande soma em dinheiro para usar na construção de um palácio de inverno. Naquele momento, a fome entre os pobres era muito dolorosa, então Tomé empregou todo o dinheiro do rei para aliviar as condições dos pobres. Quando o rei retornou à sua província e descobriu que nenhum prédio havia sido construído, mesmo sabendo que todo o dinheiro havia sido gasto, mandou colocar Tomé na prisão com a ameaça de que ele seria esfolado vivo. Antes que essa sentença pudesse ser realizada, o único irmão do rei veio a falecer subitamente, e reaparecendo diante do rei Gundaphorus, dizendo que os Anjos lhe haviam mostrado um palácio glorioso no céu, construído por Tomé, devido às suas ações de amor e serviço aos seus semelhantes na terra. O rei, dando atenção à mensagem de seu irmão, liberou Tomé da prisão e depois disso se inscreveu para suas boas obras.

Os incidentes descritos nessa lenda são baseados em conhecimentos de primeira mão. Todos estão construindo, nos reinos internos, com precisão, as condições e o ambiente que conhecerão após a morte; o céu reflete a vida que foi vivida na Terra. “Eu mesmo sou o céu e o inferno”. O amor e o serviço derramados na Terra se tornam beleza e fecundidade no céu. O egoísmo e o egotismo são reproduzidos aqui como deficiência e sofrimento. Exato e justo é o funcionamento da Lei de Causa e Efeito em todos os planos do ser.

Nessa história apócrifa de Tomé, possivelmente, tenha sido encontrado a primeira referência ao tema do Palácio Interior, celebrado nos tempos medievais como o Castelo do Santo Graal. Mesmo que tardio, é importante que esta lenda alemã relate que, quando o Graal desapareceu na Europa, foi levado para a Índia e escondido dos olhos dos seres humanos no alto dos Himalaias. Mais uma vez, está registrado que Parsifal tinha um irmão gêmeo, Feirfeis, “no Oriente”, e que aquele que finalmente levou o Graal, partiu para encontrar esse irmão – uma referência às comunidades cristãs orientais do Oriente Médio e Extremo Oriente; toda esta área, nos tempos antigos, pertencia à Índia. O ministério de Tomé incluiu a Pérsia e a região do Bósforo, bem como a Índia propriamente dita. Foi na Índia que Tomé morreu como um mártir.

No decorrer de seu ministério, Tomé realizou muitas obras milagrosas, tratadas como feitiçarias por seus inimigos. Ele foi preso sob pena de morte, mas era tão popular entre as pessoas que as autoridades temiam que pudessem tentar resgatá-lo, então enviou-o para as montanhas sob uma guarda de cinco soldados. Dois caminharam de cada lado e um seguiu em frente. Tomando ciência de sua posição, Tomé exclamou: “Oh, mistérios ocultos da vida! Eis que quatro lideram por guardar-me porque eu harmonizo com os quatro elementos, e um me conduz Àquele a quem pertenço e que sempre vou”.

Enquanto Tomé rezava, os quatro o atingiram imediatamente. O simbolismo numérico aqui é muito bonito. Quatro representa a personalidade e o Espírito. Os quatro o atacam, pois apenas a personalidade é destrutível. O Espírito, Único, é imortal. Os Discípulos de Tomé envolveram seu corpo em xales de linho fino e colocaram-no em um túmulo. Enquanto os guardas o observava no túmulo, ele reapareceu diante deles em seu corpo espiritual e disse: “Eu não estou lá. Por que vocês estão aí sentados? Eu fui elevado para receber as coisas que, eu espero que, depois de algum tempo, vocês também serão conduzidos para o meu lado”.

É um comentário impressionante sobre São Tomé, que na história apócrifa ele é descrito como tendo se tornado a própria imagem de Cristo. Tanto que, quando o Mestre Jesus, no corpo da Ressurreição, apareceu na Índia (uma lenda que não teve a atenção que merecia), os dois não podiam ser separados. Que Tiago, o parente do Mestre, deveria tê-Lo levado a uma semelhança tão estreita que não é de modo algum notável. Mas Tomé parece ter crescido em Sua semelhança através do desenvolvimento do Espírito Cristão.

Os indivíduos verdadeiramente iluminados, ao longo dos tempos, reconheceram a unidade fundamental subjacente aos conceitos espirituais do Oriente e do Ocidente. Essa unidade de doutrina foi expressa por Sábios em muitos aspectos, tanto em parábolas quanto em lendas, durante cada século. O método de abordagem varia de acordo com as diferenças raciais e ambientais, mas a Verdade é Única.

O Supremo Mestre demonstrou esse fato quando foi para o Oriente, levando uma mensagem que tem sido primordial no Ocidente. No Oriente começou, mas no Ocidente, presentemente, encontra seu centro de ação. O curso da sabedoria é uma troca equitativa de valores entre os dois. O Ocidente deve aprender a espiritualizar suas atividades, e o Oriente deve ativar seu poder espiritual latente.

O autor oculto, Dr. Rudolf Steiner, enfatiza a importância dessa amalgamação em seu livro, ‘O Oriente à Luz do Ocidente’. Ele ressalta que esses “dois mundos devem se unir em amor”, e acrescenta que “devemos eventualmente reconhecer que há uma luz do Ocidente, que brilha para tornar tudo o que originou no Oriente mais luminoso do que é, através de seu próprio poder”. Ele conclui que, quando o ser humano chegar ao ponto de conhecer ambos os caminhos, sua unidade fundamental será claramente reconhecível.

O bem conhecido divino, o Dr. E. Stanley Jones, em seu livro, ‘O Cristo da Estrada Indiana’ – que é quase um clássico religioso – também aponta para a mesma Unidade do Espírito entre o Oriente e o Ocidente. E Nicholas Roerich, inspirador, pintor, poeta, filósofo, cujo universalismo de espírito o levou a ser chamado de Walt Whitman da pintura, dedica seu gênio artístico e cultural à serviço dessa unidade. Ele previu que a influência feminina divina, a Madona, criará uma ponte entre os dois mundos, e que sua fusão espiritual dará ao mundo um poder espiritual, e uma cultura estética mais transcendentemente bela do que qualquer coisa anteriormente conhecida.

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[1] N.T.: parte da estrofe XCVI do poema In Memoriam, de Alfred Tennyson, (1809-1892) um poeta inglês.

[2] N.T.: Jo 20:28

[3] N.T.: A costa do Malabar é um trecho de litoral no sudoeste do subcontinente indiano.

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

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Os Três Graus do Discipulado – Parte II – Grau Fraternidade – Santo André

Os Três Graus do Discipulado

Parte II – Grau Fraternidade

Santo André

O mar da Galileia tem uma localização muito interessante e está sempre associado e intimamente ligado ao Mistério de Cristo. Sua forma quase circular era cercada por doze cidades nos tempos cristãos primitivos e todas proeminentemente ativas na vida do Mestre. O tamanho dessas cidades era de tal maneira que os arredores de uma cidade se fundiam nas divisas com a outra. Ao Norte onde o rio Jordão encontra o mar da Galileia, localizam-se Cafarnaum, Betsaida e Magdala. Da cidade de Cafarnaum saíram quatro dos mais ilustres Discípulos. Desses, André e Pedro foram os primeiros a dedicar lealdade ao Mestre.

André

André foi o primeiro a ser chamado, mas ele nunca foi o primeiro a chegar à liderança. Profundamente humilde e de uma natureza silenciosa e comedida, André revelou sua verdadeira grandeza quando cedeu o primeiro lugar ao seu prestigiado irmão, dando-se por feliz em brilhar na glória de Pedro. André e João parecem ter trabalhado juntos de maneira bem próxima. Um fragmento canônico muito antigo do Novo Testamento indica que André ajudou João a escrever seu Evangelho. Ele foi chamado de santo padroeiro dos objetos pessoais.

Eusébio relata que André foi morto na Grécia, ao comando do governo de Egeas, que reclamou que todas as pessoas estavam abandonando a adoração ao templo para seguir os milagres do novo caminho anunciado por este Discípulo. Foi feito uma exigência para que André fizesse um apelo às pessoas que voltassem a adorar a antiga religião, dedicando aos seus deuses. André, porém, se recusou a fazê-lo. Então, foi ordenado que o Discípulo André deveria transmitir ao povo os segredos de sua magia, do contrário, ele seria pendurado em uma cruz simbolizando a sua fé. André respondeu: “Se você conhecesse as verdades do discipulado, então, você viveria a vida e compreenderia o que está perguntando. A tortura não pode tirar de mim o que é sagrado”.

Quando André foi crucificado, ele disse, com sorriso bonito que irradiava seu rosto: “Eu me alegro de ser pendurado na cruz de Cristo, sendo adornada com os Seus membros como se estivesse com pérolas”. Ao orar, ele se tornou alegre e exultante. Uma grande luz brilhante descia do céu como relâmpago sobre ele, cercando-o com tanto esplendor que os olhos físicos não podiam fixá-lo. Quando ele foi tirado da cruz Maximilia, a esposa do governante, ungiu o corpo de André com especiarias caras e colocou-o em seu próprio túmulo. Essa santa mulher, iluminada pelo amor de Cristo, viveu silenciosamente junto aos cristãos.

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

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Os Três Graus do Discipulado – Parte II – Grau Fraternidade – São Natanael ou Bartolomeu

Os Três Graus do Discipulado

Parte II – Grau Fraternidade

São Natanael (ou São Bartolomeu)

A lenda diz que Natanael, cujo último nome era Bartolomeu, era um filho do Príncipe de Talmai, uma família conhecida por Josefo1. O Cristo descreveu Natanael para nós quando o declarou ser sem malícia. Natanael era um místico cuja nota-chave era a pureza. Quando Filipe trouxe-o para se encontrar com o Grande Mestre, as primeiras palavras do Mestre para o Seu novo Discípulo foram: “Quando você estava sob a figueira, eu vi você”.

A figueira simboliza a regeneração. Essa saudação significava que Ele conhecia o trabalho de Natanael na sua preparação para o discipulado por meio do processo de regeneração.

A amizade entre Natanael e Filipe pode ser comparada àquela que existia entre David e Jonathan2.

Natanael Bartolomeu foi descrito como “tendo cabelos pretos, pele clara e grandes olhos bonitos”. Ele era de altura média, nem alta nem muito baixa, mas mediana. Ele usava um manto branco bordado de roxo e sobre seus ombros uma capa branca. Sua voz era como o som de uma forte trombeta.

Ele foi acompanhado pelos Anjos de Deus, que nunca permitiram que ele se cansasse, ficasse com fome ou com sede. Seu rosto, sua alma e seu coração estavam sempre felizes e alegres. Ele previu todas as coisas. Ele conhecia e falava as línguas de todas as nações.

Quando os Discípulos se dispersaram após a Ascensão, ele e Filipe viajaram por muitas terras juntos.

Depois da morte de Filipe, Natanael foi para a Etiópia, onde fundou a primeira Igreja cristã. Lá, ele soltou a filha do rei que estava sob o poder de demônios obsessivos. A menina, a qual se tornou uma de suas alunas, disse a seu pai: “Ele conhece todas as coisas, fala todas as línguas e é atendido pelos Anjos de Deus”.

O rei enviou imediatamente até Natanael camelos carregados com presentes de ouro, prata e pedras preciosas.

Naquela noite, ele apareceu no quarto do rei e perguntou: “Por que você me enviou essas coisas terrenas? Meus desejos não são mais carnais, mas, eles estão centrados nas coisas do céu”.

Após a partida de Natanael, o rei e sua filha se tornaram líderes da comunidade cristã na Etiópia, onde conseguiram muitas coisas boas para seu povo.

Conta-se que Natanael sofreu martírio na Armênia sendo esfolado vivo.

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[1] N.T.: Flávio Josefo, ou apenas Josefo (em latim: Flavius Josephus; 37 ou 38-ca. 100 e, após se tornar um cidadão romano, como Tito Flávio Josefo em latim: Titus Flavius Josephus), foi um historiador e apologista judaico-romano, descendente de uma linhagem de importantes sacerdotes e reis.

[2]N.T.: David e Jonathan foram figuras heroicas do Reino de Israel, que formaram uma aliança de amizade registrada nos livros de Samuel.

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

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Os Três Graus do Discipulado – Parte II – Grau Fraternidade – São Felipe

Estudos Bíblicos da Sabedoria Ocidental

Discipulado
Os Graus da Fraternidade
Parte II – São Filipe

 

Filipe de Betsaida é mencionado sete vezes no Novo Testamento e a cada referência é um indicativo do seu temperamento, que era espiritual e, de fato, era firme, sincero e confiável.

Era alto e esbelto, de aparência dominante, com cabelos escuros e olhos azuis brilhantes.

A lenda relata que sua irmã Marianne também se tornou uma Discípula do novo caminho e acompanhou Filipe e seu amigo Natanael em suas peregrinações missionárias em terras estrangeiras. Filipe foi o primeiro Apóstolo dos samaritanos.

Filipe e Mateus foram convocados por Jesus para alimentar a multidão, mas não conseguiram fazer a demonstração. Assim, o próprio Mestre multiplicou os pães e os peixes para alimentar cinco mil: “Todos comeram e se fartaram. E ainda recolheram doze cestas cheias de pedaços de pão e de peixe. Os que comeram dos pães eram cerca de cinco mil homens” (Mc 6:42-44).

Apesar de seu fracasso nesta ocasião, o simples fato de que o Mestre os convocou para realizar este milagre é indicativo de seus estágios elevados no discipulado.

Após as grandes transformações efetuadas pelo aguaceiro pentecostal, o trabalho particular de Filipe era curar. Em suas viagens pela Ásia, seu ministério de cura era tão notável que grande número de pessoas deixaram a adoração nos templos para segui-lo. Na cidade de Hierápolis, a esposa do procônsul, Nicanora, foi curada e tornou-se seu Discípulo. O procônsul e os sacerdotes do templo juraram vingança contra Filipe e seus companheiros Marianne e Natanael.

O marido de Nicanora, declarando que ela estava cercada por uma luz tão brilhante e estranha que ele não ousou se aproximar dela, atribuindo isto à feitiçaria ordenou que os três fossem presos e arrastados até sua presença.

Eles foram levados à casa de Starchys, um Discípulo. Ao comando dos sacerdotes, eles deveriam ser despidos um a um para encontrar suas ferramentas de encantamento e depois disso seriam penduraram diante do templo.

Multidões provocaram e insultaram a santa donzela Marianne, mas quando tentaram arrancar suas roupas, ela estava envolvida em uma nuvem de luz que obscureceu a multidão. Quando Filipe e Natanael foram amarrados a cruz, o Salvador apareceu. Com Sua mão ele sinalizou uma cruz de luz descendo do céu que tinha a aparência de uma escada. Ao ver isso, as pessoas estavam cheias de admiração e tentaram libertar os prisioneiros.

Filipe sabendo que seu alcance terrestre havia terminado, deu sua benção a Natanael e Marianne e lhes disse para fundar uma igreja naquele lugar para ficar a cargo de Nicanora e ministrada por Starchys. “Onde meu sangue cair sobre a terra, uma videira brotará e produzirá uvas”, continuou ele. Ele estava consciente da presença amparadora de seu amado Mestre durante estas últimas horas. Toda a dor física foi transformada em felicidade espiritual, enquanto ele, por sua vez, confortava os Discípulos reunidos ao seu redor. Ele finalmente passou para os reinos superiores enquanto rezava por seus perseguidores.

Marianne e Natanael escaparam da morte. Eles cuidaram e enterraram seu corpo com a benção dos Anjos.

Enquanto estavam preparando os últimos ritos, uma voz do céu foi ouvida dizendo: “Filipe, o apóstolo, foi coroado com uma coroa incorruptível por Cristo Jesus”.

Depois de três dias, uma planta brotou do sangue sagrado deste Discípulo. Uma igreja foi fundada, sendo Starchys nomeado bispo. Nicanora e todos os fiéis se reuniram e nunca cessaram de glorificar a Deus, e toda a cidade acreditava no nome de Jesus.
Filipe muitas vezes apareceu para abençoá-los, dizendo: “O Paraíso abriu-me e entrei na glória de Jesus”.

O Livro do Atos dos Apóstolos abre com uma descrição da Ascensão. Os Evangelhos contêm a história da vida de Cristo Jesus. O livro dos Atos dos Apóstolos contém o relato da demonstração de poderes do Cristo como se manifestaram na vida de Seus seguidores ou Discípulos individuais.

O Cristo transmitiu Seus ensinamentos à multidão; Ele se mostrou em glória aos quinhentos. Agora, seu último toque íntimo foi com o grupo interno ou esotérico que se qualificou para um conhecimento espiritual mais profundo.

Este grupo incluiu os onze Discípulos restantes; Maria, a mãe; Maria Madalena; as outras mulheres sagradas; Lázaro e suas irmãs, Marta e Maria: “E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (At 1:4-5).

Esta última aparição do Cristo ocorreu para dar instruções na preparação para a recepção do Espírito Santo.

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

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Os Três Graus do Discipulado – Parte II – Grau Fraternidade – São Mateus

Estudos Bíblicos da Sabedoria Ocidental
Discipulado
Os Graus da Fraternidade
Parte 2
São Mateus

O mestre viu um homem chamado Mateus que estava sentado, coletando impostos e disse-lhe: “Siga-me”. Mateus era um coletor de impostos do governo Romano e fazia coletas de seu próprio povo para tributo estrangeiro; por isso o rejeitaram e lhe deram o nome de “publicano”. Ele deixou uma posição de muita proeminência e de grande riqueza para seguir a Cristo Jesus. Posteriormente, mesmo alcançando um alto poder espiritual, sempre manteve uma profunda humildade de espírito. Ele é citado como Mateus, o publicano, somente em seu próprio Evangelho. O nome Mateus significa “o presente de Deus”. Na Palestina, um cobrador de impostos, ou publicano, empregado do governo Romano era considerado um leproso social. Publicano e pecador eram termos sinônimo nas mentes das pessoas. O “dinheiro contaminado” de homens como Mateus, foi rejeitado no Templo e seu juramento era inválido nos tribunais. Mesmo com tal degradação, Mateus foi chamado para se tornar um dos Doze Discípulos.

Outra lenda do Oriente nos mostra a seguinte repercussão: um grupo de meninos se aglomerou ao redor do corpo de um cão morto em uma sarjeta de Jerusalém. Um deles comentou: “Um dos olhos foi tirado”. Outro disse: “Ele perdeu uma orelha em uma briga”. “Que brutalidade!” – Exclamou um terceiro. “Seus pelos estão sujos e com sangue”.

“Mas observe os seus dentes”, sugeriu um estranho que passava. “Eles são tão brancos e tênues como pérolas”.

“Quem é esse?” – Perguntou um dos meninos; e quem o conhecia respondeu: “É Jesus, o Galileu”.

Um dos principais objetivos do Divino Caminho era ensinar aos seres humanos como manifestarem sua divindade latente. Sim, e a divindade está dentro de nós.

Veja este homem chamado Mateus, sendo um publicano desprezado e depois um dos Doze imortais, aprendeu que esta lição é evidenciada pela proeminência concedida à Regra de Ouro em seu Evangelho. Sabe-se que Mateus escreveu esta Regra em letras de fogo sobre o pergaminho eterno.

Sua transformação da antiga para a nova vida estava completa e detalhada. Todas as parábolas do Evangelho de Mateus mostram o jogo limpo, a distribuição equitativa e a reciprocidade altruísta. Sob o feitiço divino do mestre, ele deixou de ser “Mateus, o publicano”, e tornou-se “Mateus, o santo”. Seu evangelho enfatiza o fato de que o ser humano não pode servir a dois mestres, e ele provou isso em sua própria vida.

Seu ministério centrou-se em grande parte na expulsão de entidades demoníacas (obsessões). Na cidade de Hierápolis, Mateus curou a esposa do rei Fulvanus; seu filho e também a sua esposa que estavam igualmente afligidos.

Por gratidão, todos abraçaram o cristianismo e, depois que Mateus os deixou, continuaram a servir o Cristo.

O seguinte é um antigo registro do martírio de Mateus. “Ele, tendo curado a esposa do rei obsidiada, o demônio apareceu no rei disfarçado de soldado para obter ajuda para conseguir matar Mateus. Toda vez que o (demônio) soldado aparecia, Mateus tornava-se invisível. O rei entrou na igreja dizendo que desejava tornar-se um discípulo de Mateus, mas quando se aproximou do santo, ele ficou cego. Mateus, então, o curou tocando seus olhos. Quando ele tentou discutir com o rei devido as suas maneiras maldosas, o rei o prendeu e pregou na cruz. Seu corpo estava coberto de óleo e uma fogueira se acendeu sobre ele. Mas o fogo se transformou em orvalho e Mateus ficou ileso como se estivesse dormindo. Muitos vieram e tocaram seu corpo e foram curados de enfermidades e obsessões. O rei então colocou o corpo em um caixão de ferro e atirou ao mar. Os discípulos de Mateus levaram pão e vinho à beira do mar e, assim que o Sol nasceu, viram Mateus andando sobre o mar ao lado de dois homens com roupas brilhantes”.
Essa lenda mística refere-se aos ritos iniciáticos de Fogo e Água, em que o discípulo descobre que ele possui a habilidade de passar por meio desses dois elementos e permanecer ileso. A lenda atribui a informação adicional de que o rei juntamente com sua esposa e filho se tornaram cristãos. Mateus os abençoou e o nome do rei mudou de Fulvan para Mateus; o nome da esposa de Ziphazia para Sophia (sabedoria); o nome da esposa de seu filho de Erva para Sinésia (entendimento).
Ao se tornar um Iniciado, o aspirante recebe um novo nome, simbólico devido a certas características espirituais que ele já desenvolveu ou está prestes a adquirir. Um Iniciado, ao conhecer novo nome de outro, é imediatamente informado sobre o seu nível de desenvolvimento espiritual.
Mateus viveu uma vida de extrema austeridade, sobrevivendo de nozes, raízes e uvas. Ele permaneceu em Jerusalém por vários anos após a Crucificação e depois foi para o Egito e Etiópia para ensinar e curar. Seu Evangelho contém o relato de dois milagres, dez parábolas, nove discursos e catorze incidentes que estão relacionados a certas fases de realização iniciática não encontradas nos outros Evangelhos.
O que os primeiros pais da Igreja escrevem sobre Mateus:
“Ele esteve durante quarenta dias rezando e jejuando nas montanhas, quando Cristo Jesus apareceu a ele, dizendo: ‘Pegue essa minha vara, desça e planta-a no portão da igreja fundada por você e André; assim que for plantada, ela se tornará uma árvore, com ramos de trinta côvados de comprimento e cada ramo com um fruto diferente. Do topo deve fluir mel e da raiz surgirá uma grande fonte em que todas as criaturas da Terra se banharão e serão purificadas, se envergonharão de sua nudez e vestirão roupas de ovelhas’. Mateus fez o que lhe pedia e todos os que se banharam ali viram-se mudados à imagem de Mateus. A árvore era linda e florescente como as plantas do paraíso e um rio prosseguia dela que regava toda a terra”.
Tais lendas como estas são interessantes para o cristão esotérico, pois estão repletas de verdades ocultas. Elas produzem sinais familiares a todos que passaram pela mesma situação mística e que, tendo vislumbrado a visão, estão se esforçando para trilhar o caminho da realização.

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

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