Pergunta: Os Rosacruzes ensinam que Cristo foi um Mensageiro Divino, um Salvador do Mundo?
Resposta: Sim, Jesus Cristo foi o ser mais elevado que alguma vez já funcionou em um Corpo Físico. O Grande Arcanjo Cristo é, todavia, o espírito interno da Terra, o Salvador da Humanidade. Depois de um cuidadoso estudo dos Ensinamentos Rosacruzes, Cristo chega a ser um fator vivente na vida destes estudantes, que não só reconhecem a divindade de Cristo, senão que fazem todo esforço para seguir Seus passos.
A Natureza e as Forças que Regem
A Natureza é Deus em manifestação; é a Sua expressão simbólica. Todos os processos da Natureza nada mais são que atividades divinas, por mais simples que possam parecer.
As Leis Divinas e as Leis Naturais são, em última análise, a mesma coisa. Entre ambas há uma perfeita integração e harmonia. As “anomalias”, se é que podemos chamá-las assim, surgem quando o ser humano interfere ignorantemente nos processos naturais. A humanidade sofre e causa sofrimento, porquanto, age em oposição aos desígnios divinos. Dotado de livre-arbítrio, ao ser humano permitiu-se até semear o desequilíbrio na natureza.
Contudo, essa prerrogativa tem um limite e o semeador deverá colher o resultado de seus atos errôneos. Tornam-se cada vez mais evidentes essas consequências danosas.
Na natureza existe um equilíbrio entre todos os seus componentes, resultado de uma evolução de milhões de anos.
Nela não existe o que nós denominamos de “pragas” ou animais daninhos, já que a excessiva proliferação de uma espécie atrairia os seus inimigos naturais, que se encarregariam de controlar seu crescimento numérico. Mas o ser humano abalou essa estrutura perfeita desde que, por pretensa necessidade ou capricho, passou a modificar o ambiente natural. Como exemplo, temos as devastações florestais com a finalidade de extrair madeira para construções ou combustível; a construção de barragens, com o desvio de rios de seu curso natural.
Tudo isso vem sendo feito no sentido de atender a interesses egoístas e imediatistas, com criminosa omissão ou conivência daqueles a quem caberia coibir tais abusos. Hoje sofremos os efeitos da poluição ambiental, de uma agricultura assolada por pragas (problema agravado com o uso irresponsável e em grande escala dos chamados “defensivos agrícolas”) e com uma redução em sua área disponível. Uma das consequências também é o desequilíbrio meteorológicos, com o aumento das enchentes e períodos de seca, e estações de ano menos caracterizadas.
Futuramente, a humanidade logrará emancipar-se das Leis da Natureza. Esse é o plano divino. Mas até lá terá de viver em harmonia com as leis vigentes. A compreensão inteligente dos propósitos divinos só se conquista por meio de uma vida de altruísmo, de estudo e meditação, de um esforço sincero em adequar-se aos parâmetros superiores da existência.
Os processos da natureza baseiam-se em cálculos da Mente Divina. O Universo inteiro foi erigido sobre linhas matemáticas e geométricas. O matemático, cuja formação lhe permite raciocinar de modo impessoal e abstrato, tem uma concepção da Natureza, ou de Deus, mais exata do que aqueles incapazes de transcender o pessoal, sensorial e emocional. Enquanto a consciência do pensador abstrato se amplia e aprofunda, a dos outros permanece circunscrita à esfera material. As chamadas Forças da Natureza (magnetismo, eletricidade, etc.) são seres altamente evoluídos e inteligentes, que guiam elementais conhecidos por Espíritos da Natureza. As Forças da Natureza não só colaboram na evolução da onda de vida humana como também na das outras três em desenvolvimento na Terra. Não é possível obrigar as Forças da Natureza a agir de determinada maneira, mas podem-se realizar verdadeiros “milagres”, desde que aja harmoniosamente com elas. Conhecendo as leis que regem as manifestações das Forças da Natureza, poderemos descobrir a via de menor resistência com a qual obteremos o máximo de energia. Como exemplo, citamos os fios de cobre (metal que oferece uma linha menor de resistência) como melhores condutores de eletricidade do que quaisquer outros. Baseado no mesmo princípio poderá obter variedades saborosíssimas de frutas e legumes atuando de forma inteligente com as Forças da Natureza. O mesmo sucede com todos os que conseguem “maravilhas” botânicas ou científicas, mesmo não reconhecendo a inteligência destes Seres ou não compreendendo sua ligação com eles.
Na mitologia escandinava uma das três raízes de Yggdrasil, a Árvore do Mundo, estava ligada aos chamados Gigantes de Granizo, símbolo das Forças da Natureza tal como as conhecemos hoje. Estes Gigantes eram mais antigos do que a Terra e colaboraram no processo de sua formação.
Tudo o que foi dito acima não chega a dar uma pálida ideia do que são e como agem as Forças da Natureza, mas pelo menos é um convite para um estudo mais acurado deste tema, despertando-nos para uma grande realidade.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A literatura Rosacruz oferece-nos temas fascinantes para estudo e meditação. Max Heindel desvenda, principalmente no Conceito, com sabedoria e encanto as raízes metafisicas da evolução humana. Contém o fruto de profundas investigações ocultistas realizadas nos planos internos da Natureza. Mais do que isso, em cada letra vibra a alma do autor, um autêntico Apóstolo do Cristianismo nos tempos modernos.
Não obstante a diversidade de temas tratados na obra básica, entre eles subsiste a coerência, alinhavando-se numa unidade perfeita. E o que é mais admirável: cada obra aparenta ser uma extensão das outras. Em conjunto englobam as mais ousadas concepções da filosofia oculta.
Ao espírito acadêmico do século XX, sequioso de se elevar sobre as limitações do materialismo, os Ensinamentos Rosacruzes são uma dádiva dos céus. O grandioso plano do sistema filosófico e religioso em que se apoiam, conferem-lhes poder para esclarecer os mais intrincados problemas, atualmente afligindo a humanidade.
Os Ensinamentos Rosacruzes satisfazem plenamente a natureza intelectual dos povos ocidentais, podendo ser submetidos ao mais rigoroso crivo da lógica. Mas não foi essa a única intenção dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, quando autorizaram sua divulgação ao público, no início deste século. Sancionados pelo intelecto há que encontrar ressonância no coração: eis porque foram disseminados.
O próprio Max Heindel revelou sua preocupação em que o Conceito Rosacruz do Cosmos deixasse de cumprir sua finalidade precípua, qual seja: a de tornar o ser humano um ser espiritualmente elevado.
Os encômios estampados nos mais famosos jornais da época, muito menos as expressões entusiásticas dos leitores, afastavam Max Heindel da realidade: de pouco valor seriam os Ensinamentos Rosacruzes, se lograssem apenas informar ou enriquecer cabedais de cultura, sem, entretanto, sensibilizar o íntimo de cada leitor. Isto, diante dos mais elevados objetivos da Ordem seria um fracasso lamentável.
Os Ensinamentos Rosacruzes, quando nas mãos de diletantes, constituem pérolas atiradas aos porcos. Infelizmente algumas pessoas são conduzidas às portas da Fraternidade por mero diletantismo intelectual, não lhes sobrando nenhuma motivação de ordem espiritual. Sua curiosidade superficial, entretanto, não lhes ensejará mais que tímidos passos na Senda. Buscam novidades. Mas, não há novidades: há verdades antigas em novas roupagens, em vestimentas desconhecidas do grande público. As novidades não se encontram em inusitadas formas de apresentação, exigidas pela época. A novidade está na constante descoberta interna daquilo que o estudante vai vivenciando. Isto, porém, requer “penetração”, além do estudo superficial. Os Ensinamentos da Rosacruz são práticos por excelência. Podem e devem ser empregados no cotidiano, transformando-se, mesmo, num estilo de vida. Mas, reconhecemos, não é uma tarefa das mais fáceis. Exige sacrifício, persistência e idealismo. Quantos estão dispostos a empreender tais esforços?
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Determinismo e Livre Arbítrio
Hoje vou lhes expor as grandes linhas de Ensinamentos Rosacruzes, pois a ciência espiritual é uma ciência muito vasta e não é em alguns dias, em alguns meses, e nem mesmo em alguns anos, que nós podemos apresentar o conjunto destes ensinamentos. A procura pela Verdade é eterna: ela se modifica, entretanto, na medida em que nós evoluímos, porque nós fazemos recuar sem cessar as fronteiras do conhecimento adquirido; também a Verdade não pode ser definida de uma vez por todas. Uma das primeiras perguntas que nós podemos fazer no começo de um estudo semelhante é esta do livre arbítrio e do determinismo; em quais proporções cada um destes elementos entra no destino do ser humano?
A fé determina os graus de influência desses fatores do destino. A definição mais simples é dada pelas religiões que admitem que Deus criou uma alma virginal à cada nascimento; a partir do momento em que ela é criada, esta alma é livre para escolher entre o bem e o mau; essa escolha determina a vida da alma por toda a eternidade.
Aquele que raciocina constata, imediatamente, que os seres humanos não são iguais desde o nascimento; o meio onde a criança nasceu age profundamente sobre o destino da mesma. Como consequência, todas as crianças não partem do mesmo ponto; a fortuna dos pais, o ambiente no qual aquela criança cresceu, e outras considerações ainda fazem com que o meio tenha uma influência considerável; a luta pela vida não é a mesma para todos; alguns parecem favorecidos e outros parecem sacrificados.
Nós estimamos que haja uma causa para tal diferença, dado que a ciência materialista admite que isso esteja ligado à evolução da vida nas formas, que é um efeito biológico dado ao acaso.
O sexto princípio da Filosofia Hermética, o Princípio da Causa e Efeito, indica que a sorte (logo, o acaso) não é nada além de um nome dado à uma lei pouco conhecida. O acaso não pode existir devido a apenas uma causa. Além disso, nós nos perguntamos como alguns estudiosos, como Jean Rostand, por exemplo, ainda admitem o acaso.
Assim que nós observamos o ciclo regular dos Astros, quando sabemos que podemos predizer com precisão um eclipse, como nós podemos ainda pensar no acaso? É evidente que se deve admitir a existência de uma inteligência superior por trás do movimento dos Astros. Fora isso, Lecomte du Noüy declara abertamente que nós devemos substituir a palavra “acaso” por aquela dita “Deus”.
Certos estudiosos, há mais de um século, acreditam no fenômeno da cristalização; eles se baseiam nas verdades parciais, como, como se eles tivessem viseiras, ao invés de procurarem ir além do que descobriram. Eles se tornam atrasados na evolução em geral, pois os espíritos científicos avançados admitem a possibilidade de um determinismo nos fenômenos da natureza. O ensinamento Rosacruz admite a noção de determinismo no nascimento das crianças. Com relação às Religiões que não atingiram certa cristalização, há uma evolução da vida por meio de diversas formas, numerosas e cada vez mais evoluídas e isso ao longo de existências sucessivas; é o caso das Religiões da Índia.
Para as Religiões limitadas, como o Islamismo, tudo é escrito; é um fatalismo absoluto. Para uma religião mais evoluída, como a Religião Católica, é a Providência Divina que nos dirige, é dela que devemos esperar tudo. Mas o que é essa Providência se não os Anjos do Destino presentes na Filosofia Rosacruz?
A Lei de Causa e Efeito é absoluta; ela é aplicada em tudo. É necessário refletir frequentemente, meditá-la por bastante tempo e admiti-la completamente. Nada escapa a essa Lei. Aplicando o princípio de tal Lei, nós consideramos o nascimento como um Efeito; nós concluímos que deve haver uma Causa pré-existente e que o acaso – inexistente por si só – não pode ser levado em conta.
Os estudiosos mais avançados declaram que, em outra galáxia, existe um centro de vida formado por átomos de hidrogênio: “um gigantesco núcleo giratório de hidrogênio foi descoberto no coração da Via Láctea”, acaba de anunciar o Dr Woort, do observatório de Leiden, na Holanda. Estes átomos de hidrogênio são a fonte de toda vida. A galáxia seria formada por acaso? O Sistema Solar seria obra do acaso? Os Astros e seus movimentos regulares seriam uma fantasia do acaso? As outras formas de vida seriam originadas ao acaso? Se nós estudamos as leis que regem os Astros e seus movimentos e se nós sigamos o processo de evolução dos seres, nós somos obrigados a constatar que tal acaso não faz muito sentido.
Da mesma maneira, é uma forma de orgulho crer que, isolada, a Terra é habitada e que é por acaso que o ser humano foi originado, para ser o rei e o mestre do universo! Não apenas no nosso Sistema Solar, mas devem existir formas de vida relativamente semelhante à nossa, ainda mais na galáxia da qual nós fazemos parte, e muito mais em outras galáxias, existem seres que possuem sua evolução, não apenas neste plano físico, mas também em outros planos; devemos admitir que estes possíveis seres tenham atingido um nível evolutivo que pode ser superior ao nosso, enquanto que outros ainda não atingiram nossa espiral de evolução.
As emoções que nós sentimos nos permitem supor que há um Mundo feito de emoções; assim sendo, os pensamentos que venham se refletir em nosso intelecto clamam pela existência de um Mundo feito de pensamentos; nesses Mundos vivem entidades que possuem certa emotividade correspondente ao modo de vida dessas regiões; logo, nós devemos admitir que nos Mundos superiores (Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Espírito Divino, Mundos do Espíritos Virginais e Mundo de Deus) há também formas de vida em vias de evolução, mas nós podemos dificilmente visualizar e compreender tais Seres superiores.
A criança que começa a ir à escola aprende as lições que lhe são dadas para estudar, sem que ela pergunte se elas são exatas; isso cabe a seu mestre. Então, de sala em sala, de escola em escola, ela aumenta seus conhecimentos e começa a raciocinar sobre o ensino que recebe. Mais tarde, ela poderá verificar a veracidade de tal ensino e poderá colocar em prática as noções recebidas. O mesmo se passa com o ser humano que quer seguir o Caminho da Iniciação. É necessário ainda que ele tenha, no início, fé em seu instrutor, que ele se deixe ser guiado por ele, que ele escute seus conselhos e seus avisos contra os erros e eventuais perigos, pois a partir do momento em que não há mais a base de um dogma ou de um regulamento, há de fato perigos a temer. Da mesma maneira que a energia guardada dentro da célula pode, se se tornar dinâmica, servir muito bem às obras de paz e às obras de guerra e de destruição, assim também aquele que começa a descobrir o oculto pode se dirigir para uma via perigosa. Frequentemente se não controlamos mais as energias que liberamos, perdemos o controle sobre nós mesmos, nos deixamos exercitar práticas nocivas; assim sendo, ademais, o “aprendiz de feiticeiro” que começou a exercitar a cadeia de reações nucleares não pode parar o movimento iniciado. Os mesmos perigos existem nestes dois planos de conhecimento científico experimental e de conhecimento espiritual.
É necessário que se admita, desde o início, o plano geral do Cosmos e a noção dos 7 Planos Cósmicos diferentes. Precisamos saber que nós pertencemos ao sétimo Plano, o mais baixo, e que esse é igualmente formado por 7 Mundos diferentes. Nós temos um Corpo Físico pertencente ao Mundo Físico; o animal também possui um Corpo Físico, mas ele não se dá conta disso, ele não conhece nem a si mesmo e não sabe quem ele é. Nós possuímos emoções, sentimentos; eles pertencem ao Mundo do Desejo ou mundo das emoções, desejos e sentimentos; nós temos uma consciência relativa desse Mundo no sonho que representa as imagens pertencentes a ele.
Nós pensamos; o pensamento é transmitido de um ser a outro graças aos veículos feitos de pensamento-forma. Logo, há um Mundo do Pensamento que é, ele mesmo, dividido em duas partes. Estes 3 Mundos inferiores são facilmente concebidos; mas nós precisamos admitir também a existência do Mundo do Espírito de Vida, o Mundo do Espírito Divino, o Mundo dos Espíritos Virginais e o Mundo de Deus. É somente por meio do aprendizado e graças a numerosas meditações que nós podemos compreender a existência destes Mundos superiores; nós pensaremos na escala de Jacó, verdadeiro símbolo dessa Hierarquia de Planos e de Entidades.
Esse número “7” é um número iniciante que nós encontramos em todas as Religiões; ele se encontra no Antigo e no Novo Testamento, e em especial no Apocalipse. Citemos apenas alguns exemplos dentre muitos: o Candelabro de 7 braços ilumina o neófito penetrando a Câmara Leste do Templo, o Livro dos 7 Selos de São João. O hindu distingue, nele, o seu Eu superior, o seu não-eu e a Personalidade. De fato o “Eu interior” e o “Eu exterior” são diferentes. Um é permanente e segue uma evolução ao longo de existências sucessivas; o outro é transitório.
Para poder tomar consciência de si mesmo, o ser humano deve considerar seu “Eu interior” como uma entidade superior, um tipo de “Deus”; tal comentário remete à afirmação do Cristo:
“Não está escrito na Lei: “Eu disse: ‘Vocês são deuses'”” (Jo 10:34-35 e Sm 82:6).
E tal consideração é concebida se nós nos lembramos que o Espírito Virginal foi emanado em Deus e possui, como consequência, todos os poderes e todas as possibilidades da natureza divina, em potencial.
As células do nosso corpo vibram de uma maneira diferente segundo o degrau de evolução: a taxa de vibração vai acelerando partindo do ser humano primitivo passando pelo ser humano comum e atingindo o sábio e o santo. O progresso adquirido ao longo de uma existência não é perdido: as células – ou pelo menos sua existência e sua taxa de vibração – são retomadas por outra vida mais evoluída; essas células formam o centro de um núcleo de vida em torno do qual se constrói um novo ser. Essa evolução não é limitada à humanidade; as entidades superiores evoluem igualmente, mas em outros planos; acontece que mesmo que apenas uma delas, tenha desenvolvido sua consciência o suficiente e tenha adquirido novos poderes, escolha um ponto no espaço e crie um Sistema Solar. As células que animam o Corpo Físico não têm consciência da vida que há nelas; elas são dirigidas por um Espírito-Grupo que é nós mesmos atualmente. Mas, antigamente nós fomos guiados também do exterior, como por “Espíritos-Grupo”; logo não éramos mestres de nossas causas, éramos semelhantes aos animais atuais. A Mente foi nos dada apenas na metade da Época Atlante; a partir desse momento, nós começamos a adquirir uma certa responsabilidade de nossos atos e nós podíamos criar causas, cujos efeitos nós sentíamos e conhecíamos.
Os animais são todos dirigidos por Espíritos-Grupo, todavia alguns dentre eles, como o cachorro, o gato e o cavalo, estão adquirindo um grau de evolução mais elevado na medida em que eles vivem em nosso ambiente, recebem eflúvios de amor. Eles começam a raciocinar de uma maneira rudimentar, estão no ponto de obter a individualização que os fará adquirir uma Mente que os permita raciocinar de maneira efetiva. Também é importante não confundir memória com inteligência; são duas noções absolutamente diferentes. Assim sendo, antes de o ser humano receber a Mente, ele possuía uma memória muito desenvolvida que o permitira agir instintivamente no seu melhor, usando automaticamente as experiências passadas. É o caso do cachorro comum atual que sabe que ele não deve tocar no fogo com receio de se queimar, não porque ele tem a noção de fogo, mas porque, na sua memória, ele guardou a lembrança de ter tido células destruídas pelo fogo; se ele evita o fogo, não é por algo racional, mas unicamente graças à sua memória. O castor constrói sua casa usando sua memória e aquela do Espírito-Grupo.
O ser humano, dada sua Mente, pode escolher entre o bem e o mau; ele possui, então, um certo livre-arbítrio, ele provou da Árvore do Conhecimento que é o símbolo da Lei do Bem e do Mal. Do resto, o Bem e o Mal possuem um valor relativo; no absoluto, não há nem o bem nem o mal; a natureza de ambos é idêntica, mas há graus diferentes (quarto Princípio hermético, aquele da polaridade). A Árvore do Conhecimento sugere também o Princípio da Causa e Efeito, com a noção de responsabilidade, também aquela de retribuição e de sofrimento. Em Gênesis (Capítulo III), a humanidade é punida e censurada, ela deveria sofrer e penar; é a consequência do privilégio de ter obtido o intelecto, o conhecimento.
O sofrimento faz compreender que há um erro; cada vez que o mesmo erro for cometido, o mesmo sofrimento virá para indicar que a pessoa deve mudar sua vida; é uma lança que tende a nos fazer escolher um outro caminho. Pouco a pouco, a Sabedoria nascerá e, com ela, a felicidade, pois a Sabedoria é o resultado do temor do Senhor (Ecl 21:11) e esse temor é, no fundo, a Consciência do Bem e do Mal e é o desejo de sempre se conformar à Lei santa de Deus. No Livro da Sabedoria 23:11 há um trecho misterioso: “porque o medo não é outra coisa senão o desamparo dos auxílios da reflexão”. O que isso significa é que a Sabedoria ultrapassou o estado no qual ele deve ainda escolher entre o bem e o mal, tendo atingido o nível no qual ele se conforma sempre seguindo o conselho da voz interior, que é o eco da Sabedoria não criada, um dos dons que o Espírito Virginal recebeu se diferenciando em Deus.
Se, antes de recebermos a Mente, nós éramos dirigidos exclusivamente pelo exterior, é bom assinalar que, ainda atualmente, nós sempre tivemos Anjos guardiões que nos incitaram a seguir a via correta; essa ação se deu graças às inspirações sugeridas por tais Anjos guardiões. É um socorro ou resgate que vem ser um paliativo para uma consciência, momentaneamente, em falta; mas, notemos bem que essas inspirações não implicam nada de negativo ao nosso livre-arbítrio, porque nós podemos sempre ou responder de maneira afirmativa à inspiração ou bem repreendê-la e recusá-la. Nós somos todos acorrentados por uma gama de causas que nós acumulamos desde que nossa evolução começou. Tais causas são tamanhas que elas teriam conduzido a humanidade à uma cristalização perigosa. A Missão do Cristo foi justamente a de nos ajudar a nos permitir liquidar uma parte de tais causas, ele também tomou para si uma parte dos débitos da humanidade. Nós podemos se perguntar como acontecem, em um destino, as consequências de tais causas passadas. O funcionamento é automático.
Vejam aqui dois exemplos :
a) Com uma câmera, nós imprimimos as imagens sobre um filme; elas são reproduzidas automaticamente em uma tela com a ajuda de um aparelho de projeção.
b) Atualmente, os sons e as imagens são gravados em bandas. Eles podem ser reproduzidos fielmente e são conservados por tanto tempo quanto quisermos e podem ser emitidos quando quisermos. É o mesmo com nossas ações, nosso sentimentos. Tudo está registrado e conservado integralmente.
Nós possuímos três tipos de memória. Uma Memória Consciente, que é uma memória cerebral, ela registra as imagens e os sons. As células que registram estas sensações restituem aquelas na medida exata em que elas estavam bem registradas e também seguindo mais ou menos a grande sensibilidade destas células.
Possui uma boa memória aquele que sabe se concentrar, que fixa com atenção e que sabe fazer surgir as memórias, no momento desejado; além disso, as associações de imagens e de ideias facilitam o aprendizado. A segunda Memória é inconsciente ou Subconsciente, ela é a consequência do ar que nós respiramos; as partículas de ar inspiradas são impregnadas pelo ambiente do momento, até mesmo as imagens e as impressões que a consciência não se deu conta; tais clichês penetram nos pulmões e no sangue; as imagens são gravadas sobre os átomos negativos do Corpo Vital; elas estarão em seguida sobre o Átomo-semente que nós conservamos a cada encarnação (esta é a Memória Supra Consciente). É interessante notar que aquele que é privado acidentalmente de ar (estrangulamento, afogamento), vê desenrolar rapidamente o filme de sua vida, o que demonstra a existência de tais arquivos.
Depois da morte, nós trazemos este Átomo-semente sobre o qual está gravada tal memória inconsciente ou Subconsciente; é criado um elemento sobre o qual nosso livre-arbítrio não mais age, e isso acontece até o cessar da vibração impregnada no Átomo-semente quando ele assimilou o bem e expurgou o mal. Há assim uma memória inconsciente da Natureza; há uma camada de células de átomos sobre os quais são gravadas as fases evolutivas da Terra e de outros Astros onde são gravados também os clichês de todos os eventos. É o Grande Livro de Deus, o Livro dos Sete Sinais do Apocalipse de São João (Ap 5-1). Nada do que já pensado, sentido, provado, feito não desaparece totalmente; tudo deixa um traço indelével da parte do ser humano, das raças ou da própria Terra. Tudo deve produzir um efeito um dia, porque se criaram também inúmeras causas que não ficarão inativas; um dia ou outro, o efeito surgirá da causa escondida.
Assim, por exemplo, o fato do ser humano comer carne remete à evolução dos animais; nós devemos pagar um dia tal débito de uma maneira ou de outra; sendo seus guias, como os Anjos são nossos guias atualmente. O cavalo nos ajuda desde que ele foi domesticado e que ele carrega cargas: ele nos serve. Nós pagaremos tal dívida a ele um dia, é necessário e inelutável. O pai e a mãe pagam uma dívida às crianças que eles criam e tal criança, numa existência futura, pagará ela mesma sua dívida de reconhecimento a seus pais. Nada fica impune, nada fica estéril, o que nós semeamos, nós necessariamente colheremos (Gl 6:7).
Atualmente nós nos submetemos a causas muito antigas, mesmo aquelas que remontam ao momento no qual nós recebemos nosso livre-arbítrio pela primeira vez. Nossos diferentes destinos são explicados em razão de tal resultante de ações e de reações de nossas vidas. A criança nasce com o peso de seu pecado original, de seus pecados acumulados; ele deve, então, passar pelas provas geradas por seus erros passados tão antigos quanto eles possam o ser, e não o erro ou os erros de Adão e de Eva. É o Destino Maduro, essa resultante de nossas vidas passadas que nos faz nascer em tal ou tal meio, a fim de que possamos obter as oportunidades que nos permitam agir convenientemente e pagar as dívidas de nosso passado, de apagar os erros cometidos anteriormente. Nós estamos, assim, exatamente no lugar onde merecemos estar, as provas que nos afligem são bem aquelas que nos sãos necessárias, não existe acaso, fantasia, favoritismo.
Quando, no Terceiro Céu, o Ego prova do desejo de voltar à Terra, ele tem a sensação de uma “fome” de experiências. Quando assimilamos a comida material necessária à nossa vida física, nós provamos mais uma vez da sensação de fome de desejo de comer; analogamente, quando o Ego assimila as experiências da vida passada, ele experimenta uma fome de novas experiências; é uma fome que o incita a reencarnar.
Mesmo que isso tudo pareça uma ideia muito difícil de ser concebida a uma primeira vista, o esquema da evolução do Cosmos (galáxias, Sistemas Solares, etc.) é traçado por milhões de anos à frente; não nos esqueçamos que para o Deus solar 26.000 anos (ano sideral) são como um dia de nossos dias solares; quanto mais nós atingimos as Hierarquias superiores, mais o espaço aumenta e mais o tempo se retrai, para atingir um tipo de presente eterno. Os Anjos do Destino veem as lições que o Ego deve aprender em sua próxima existência, eles o ajudam a traçar as grandes linhas de seu destino contendo, em particular, a data e o local de seu nascimento, o eventual casamento, os possíveis filhos, a morte, as pessoas encontradas que comporão todas as oportunidades de pagamento das dívidas ou as tentações, para afirmar as resoluções de melhorar seu comportamento.
Assim, a vocação é o chamado de uma voz interior que nos incita a seguir um tal caminho mais do que um outro. Feliz daquele que soube colocar sua vida em harmonia com o arquétipo previsto; ao contrário e infeliz é aquele que não soube responder à sua vocação. O exercício de Retrospecção da noite nos permite, por fim, comparar o que nós fizemos com nossa aspiração interior, a esperança íntima do que gostaríamos de ter realizado; o resultado de tal exame permite criar a partir desta vida um cliché que nós utilizaremos mais tarde, na vida pós-morte, no momento justo de voltar à Terra; é interessante para esta evolução de uma vida que está por vir se criar um cliché bem claro resumindo o fruto de nossas meditações e refletindo com força o que nós sentimos intensamente: o que nós fizemos de mal ou decididamente não dizemos. Frequentemente nós não podemos nessa vida voltar atrás e refazer o que nós não fizemos direito; só podemos, então, mudar a direção em uma existência futura.
Os profetas são seres que “veem” as formas arquetípicas; suas visões não são fruto de sua imaginação, mas sim da revelação de formas reais em vias de realização. Sem entrar em detalhes do processo da reencarnação, o átomo-semente do Ego desce dos diversos planos do Cosmos e atraem até ele as células cuja taxa de vibração correspondente à sua; ele escolhe, assim, seu pai e sua mãe e, dentro de nove meses de gestação, ele faz seu primeiro choro, ele inspira sua primeira bufada de ar e é colocado no caminho que deve obrigatoriamente seguir.
Dado que a mão tem um revólver, o atirador pode direcionador o canhão em uma direção que ele escolhe deliberadamente, mas, depois que ele apertou o gatilho, a bala é disparada e ninguém pode fazer algo para desviar sua trajetória, exceto pela ação de causas exteriores importantes e suficientemente raras como, por exemplo, uma violenta ventania. O mesmo acontece com relação à criança que nasce: sua linha do universo foi traçada, traçada automaticamente, como nós acabamos de ver.
O esquema de tal existência é revelado no tema astrológico, que condensa as oportunidades, as tendências, as provas, os auxílios e os obstáculos. Nós sabemos que o Sol e a Lua agem de uma maneira eficaz sobre nossa existência; sua ação é sobretudo física. O Sol, fonte de vida, é um fator de saúde; a Lua comanda as marés, age sobre o comportamento sexual da mulher, a Lua é o Astro comandante dos nascimentos, pois eles se dão no momento no qual a Lua apresenta uma posição em harmonia com o destino da criança. Os outros Astros, mais distantes e mais fracos que o Sol, não influenciam diretamente o Corpo Físico, mas agem em outros corpos do ser humano; o Corpo de Desejos está sob a influência de Marte e de Vênus, a Mente é influenciada por Mercúrio. Júpiter favorece a expansão, o desabrochar e o crescimento do ser humano, enquanto que Saturno possui uma ação limitante, de restrição e de concentração.
Nós nascemos no momento preciso no qual nosso arquétipo pré-estabelecido necessita de uma influência das configurações astrais indispensáveis. Da mesma maneira que a máquina eletrônica escolhe a ficha perfurada no momento exato no qual o buraco passa na frente do detector determinado por uma operação bem definida, também a criança nasce automaticamente quando é o momento para ele de encontrar as condições necessárias à sua evolução pessoal.
Ao primeiro grito da criança, a taxa de vibrações existente deve ser semelhante à aquela do arquétipo traçado; isto se faz de maneira automática; a hora é determinada considerando-se que no Mundo do Pensamento, 4 minutos correspondem a um ano e que no Mundo do Desejo, 1 dia corresponde a 1 ano.
A medida do tempo não é a mesma em todos os planos e Deus não mede da mesma maneira que nós; o que nos parecem ser impossíveis é possível para os Anjos do Destino, assim como um cálculo impossível de ser resolvido ao longo de uma vida humana pode ser desvendado em alguns segundos pelo computador que possui uma memória excepcional.
A criança obtém, assim, no bem e no mal, as possibilidades que ele mesmo causou em suas vidas passadas. É determinado e é mesmo autodeterminado, pois, é ele que definitivamente é o elaborador de seu destino. Ao longo de sua vida, ele poderá se libertar desta taxa de vibração em função de sua vontade (livre-arbítrio). Sob a Lei Antiga, nós suportamos integral e passivamente os efeitos das causas criadas; não houve vontade para resistir, e também nós havíamos acumulado inúmeras causas que criavam tantas formas-elementais, constituindo o que nós chamamos de o “Guardião do Umbral”. É o simbolismo expresso no Antigo Testamento por Davi saindo da tenda para combater Golias, o Filisteu (1Sm 17).
Uma das missões do Cristo foi justamente a de nos ajudar a resistir às tentações. Por meio da oração, nós nos colocamos em contato com o Cristo; a oração é, por assim dizer, a tomada (elétrica) que nos permite receber as correntes superiores, o fluxo espiritual vivificante. Aquele que sabe se colocar em contato com o Cristo sente essa fome de oração, de prece. O ser humano estando impregnado desta vida superior, pouco a pouco, tem as tentações inferiores desaparecendo e o caminho para o alto iluminado e facilitado. A concentração permitirá por outro lado atingir o mesmo objetivo; mas a concentração efetiva é difícil, ela constitui um esforço individual, enquanto que o caminho da oração permite receber as vibrações espirituais cristãs que aumentam a taxa de vibração.
Mas, “Servir”, de maneira desinteressada, no espírito de caridade, é “o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus”. Servindo nós esquecemos de nós mesmos, é uma maneira de concentração particular; criamos, logo, novas causas que nos permitirão renascer em um outro meio mais favorável à nossa evolução, que nos oferecerá as oportunidades sempre mais belas para atingir, progressivamente, o cume luminoso onde nós poderemos desenvolver nossa consciência, até o ponto de se tornar “Um” com o Cristo Cósmico.
(Traduzido do: Determinisme et libre arbitre, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix)
Pergunta: Quem são os Rosacruzes e o que significa esse nome?
Resposta: A antiga Fraternidade ou Irmandade Rosacruz consistia em seres altamente espirituais que haviam avançado muito além do ser humano ordinário em pureza e sabedoria espiritual. Eram eruditos alquimistas, médicos e matemáticos – Doze Super-homens do século catorze, que foram guiados por um Décimo Terceiro chamado Christian Rosenkreuz (Cristão Rosacruz) e trabalharam com ele. Estes treze homens augustos trabalharam em segredo.
Formaram entre eles mesmos uma Fraternidade conhecida como os Rosacruzes. O ensinamento desta ordem foi dado unicamente a muito poucos sábios; nada foi impresso até o ano de 1614, em que um pequeno panfleto escrito em língua alemã circulou entre aqueles poucos que estavam preparados para receber estes ensinamentos.
Todavia, esta Fraternidade Secreta existe e ainda trabalha para a elevação da humanidade. Somente os que estejam altamente evoluídos são admitidos neste ramo do Movimento Rosacruz e estes médicos da alma podem encontrar-se entre aqueles que estão à frente de algum grande movimento ou país, e estão diretamente interessados no progresso do mundo e sua obra. Estes Irmãos nunca se dão a conhecer e trabalham altruisticamente pelo bem da humanidade.
Em 1908 Max Heindel, que era de origem dinamarquesa, foi escolhido como mensageiro destes Irmãos Maiores para revelar os Ensinamentos Rosacruzes ao mundo ocidental, e depois de passar algum tempo sob a tutela direta deles, foi instruído para voltar à América e dar ao mundo, publicamente, o que previamente havia sido conservado em segredo. Nesse tempo particular do trabalho no mundo, a humanidade havia chegado a um estado em que se podia ser-lhe dada uma fase mais elevada da Religião Cristã, época na qual os mistérios (dos quais falou Cristo em Mt 13:11 e em Lc 8:10) podiam ser dados a muitos e não só à poucos. Uma vez chegado Max Heindel à América, ele imprimiu estes elevados ensinamentos no livro dos Rosacruzes, “O Conceito Rosacruz do Cosmos”. Estes ensinamentos estão agora disseminados pelo mundo inteiro e foram impressos em vários idiomas; existem vários cursos e os conferencistas pregando estas verdades nas tribunas.
(Revista ‘Serviço Rosacruz – 04/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Amor e Colaboração
A vida é inexpressiva e vazia se vivemos apenas para nós mesmos. Ela perde seu sentido maior se vivida introvertidamente. Segregar-se, não participar, é excluir-se da harmonia universal. Quem não colabora com o mundo aliena-se dele. Quem não ajuda a seu semelhante encontra-se afastado do sistema de leis suprafísicas que regem o progresso humano. No Universo só cresce, só se desenvolve quem ajuda, quem colabora, quem serve aos demais, consciente ou inconscientemente, mas sempre amorosa e desinteressadamente.
Dentro deste espírito, vez por outra esta revista dirige apelos aos estudantes, exortando-os a cooperar com a Fraternidade Rosacruz. Não o faz pela simples necessidade de ajuda na tarefa de disseminar os ensinamentos Rosacruzes. Não! É verdade que a Obra carece de um número maior de trabalhadores para alcançar maior expressão na comunidade. Ainda há muita coisa por ser feita. A consecução de seus elevados objetivos exige, a cada dia, maiores recursos materiais e humanos. A seara é imensa.
Não importa o grau de cultura: toda pessoa de boa-vontade encontra, na Fraternidade Rosacruz, setores onde possa empregar suas aptidões. Todos podem dar alguma coisa.
No transcurso de diversos renascimentos vimos aumentando nosso cabedal de conhecimentos, além de desenvolver qualidades. Temos acumulado, por meio de experiências as mais variadas, uma dose considerável de energia e capacidades. Cabe-nos, agindo de conformidade com as Leis Cósmicas dirigi-las a finalidades construtivas.
Somos, inerentemente, seres ativos, face ao princípio divino de MOÇÃO-ATIVIDADE – característica do Espírito Santo – palpitando em cada espírito. A inércia e inutilidade não existem na Natureza. Ao órgão que não se emprega não resta outro caminho senão o da atrofia.
Diariamente nossa capacidade de ação é testada nos mais variados desafios. São estímulos necessários. Quanto a isso não pode haver meio termo nem omissão: ou agimos construtivamente e progredimos ou paramos e retrocedemos. Eis aí o verdadeiro conceito de mocidade e velhice: no sentido interno quem desiste e para, morre para a existência, cuja finalidade é o desenvolvimento a graus ainda inconcebíveis para o entendimento humano, das faculdades herdadas do Criador.
O indivíduo consciente e sincero esforça-se ao máximo por harmonizar e aperfeiçoar tudo o que esteja ao seu alcance. Sabe muito bem que ao retardar o cumprimento de seu dever ou negligenciar suas tarefas, negligencia a si mesmo. Isto é válido para os indivíduos, como para as empresas e agrupamentos sociais.
Quanto mais produzem, construtiva e legitimamente, tanto mais crescem em todos os sentidos.
A Fraternidade Rosacruz constitui uma oportunidade de cooperação no sentido de erigir um mundo melhor. Sua tônica é servir. Todavia, requer-se uma corajosa disposição para trilhar o caminho do serviço. Os desafios surgem em momentos inesperados; caso o estudante não esteja alerta, poderá sentir abalado o seu idealismo. Trilhar essa vereda íngreme não é empresa das mais fáceis, mas espiritualmente é edificante. O estudante não raro poderá até perguntar-se se vale a pena tanto sacrifício. Fernando Pessoa, o grande poeta místico, responde:
“Valeu a pena?
Vale sempre a pena.
Se a alma não for pequena”.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: A consciência é a voz de Deus ou a do nosso Anjo Guardião?
Resposta: Quando o Espírito sai do corpo na hora da morte, o panorama da sua vida passada desenrola-se diante dele durante os primeiros três dias e meio após a sua libertação do corpo. Estas imagens são gravadas no Corpo de Desejos, e formam a base da vida no Purgatório e no Primeiro Céu, localizados no Mundo do Desejo. A vida passada é reproduzida em imagens, que se apresentam em sentido inverso, de modo que as cenas ocorridas exatamente antes da morte são as primeiras a passar, seguindo-se a vida na fase da adolescência e da infância.
No Purgatório, somente as cenas onde a alma errou são revividas, e ela vê-se no lugar daquele que prejudicou, e sofre como sofreram aqueles que ela lesou na vida terrena. O registro destes sofrimentos é gravado indelevelmente no Átomo-semente, única parte do Corpo Denso que a alma leva consigo, e conserva permanentemente de uma vida para outra. Este é, de certo modo, o “livro” dos “Anjos do Destino” e, como o sofrimento causado por certo ato foi gravado neste Átomo-semente no Purgatório, é evidente que, numa nova vida, quando circunstâncias similares e antigas tentações surgirem à nossa frente, o sofrimento que experimentamos em decorrência daquelas ações, já está inserido no Átomo-semente para prevenir-nos que tal linha de conduta está errada. Esta é a voz da consciência e, se o sofrimento acarretado no Purgatório foi suficientemente intenso, teremos o poder de resistir a qualquer tentação que surgir à nossa frente. Por outro lado, devido a diversas causas, se a dor não foi bastante intensa, poderemos sucumbir numa outra vida, permanente ou temporariamente, às mesmas tentações que foram motivos de sofrimento nas vidas anteriores, apesar dos murmúrios e avisos da consciência. Mas, quando nos libertamos dos nossos corpos, e entramos novamente no Purgatório, teremos ali um sofrimento adicional causado pela nossa condescendência à tentação. Os efeitos cumulativos deste sofrimento serão, finalmente, suficientes para impedir que continuemos a trilhar o caminho que nos causou tanta dor.
Quando uma tentação surgir à nossa frente numa vida terrena, e for afastada conscientemente, teremos aprendido a lição, e a consciência terá cumprido o seu propósito. Respondendo definitivamente à pergunta, podemos dizer que a consciência é a memória do espírito em relação aos sofrimentos passados, em consequência dos erros cometidos em vidas anteriores.
(Livro: Perguntas e Respostas – Vol. I – pergunta 12 – Max Heindel)
As Duas Faces do Conhecimento
O conhecimento pode ser uma faca de dois gumes. Imprescindível ao nosso avanço em qualquer campo de atividade, se, todavia, for mal empregado atravancará nosso desenvolvimento. Pouco ou superficial, mesmo quando aplicado com a melhor das intenções, torna-se perigoso. Muito conhecimento, por outro lado, é conveniente apenas àqueles espíritos preparados para recebê-lo, caso contrário, dará à pessoa uma noção exagerada de sua importância e capacidade de influenciar os acontecimentos. Em si mesmo, não é bom nem mau.
O conhecimento é acessível a todos aqueles que, sinceramente, se devotam a sua busca. Em toda Natureza nota-se uma realização lenta e persistente precedendo o desenvolvimento superior. Isto se aplica ao conhecimento estritamente físico como ao dos mundos superiores. A pessoa que admite sua ignorância já deu o primeiro passo no caminho do conhecimento. Só podemos conhecer o superior quando compreendermos o inferior.
“Homem, conhece-te a ti mesmo”. Estas palavras estavam gravadas no frontispício do templo de Delfos na Grécia antiga, como uma lição e advertência. Para compreender o mundo que nos cerca temos de fazê-lo, primeiramente, com nós mesmos. Em assim agindo, conscientizar-nos-emos da verdade prática subjacente na chamada “regra de Ouro”: “Não fazer a outrem o que não desejamos que nos façam”.
O conhecimento total de qualquer assunto requer um estudo intensivo. Renascemos inúmeras vezes no Mundo Físico, entretanto, quem o conhece em toda a sua complexidade? Que dizer, então, dos mundos suprafísicos?
Obter conhecimento direto dos mundos superiores é particularmente difícil para a humanidade atual. É necessário querê-lo tão ardorosamente como uma pessoa que se afoga deseja respirar. Mas, não basta apenas querê-lo. Há outros requisitos necessários a sua obtenção.
O primeiro passo no caminho do conhecimento direto é a purificação dos veículos do espírito, tornando-os cada vez mais sensíveis. Os exercícios de Retrospecção e Concentração ministrados pela Fraternidade Rosacruz são importantes nesse processo, por abrirem vias de aperfeiçoamento de caráter e sensibilização.
O desenvolvimento do sexto sentido ou clarividência coloca-nos no umbral do conhecimento direto. São as primícias do trabalho realizado pelo Aspirante, ao longo de muitos anos ou, quiçá, de muitas vidas.
A aquisição do conhecimento encontra-se estreitamente relacionada com o Corpo Vital e tem, necessariamente, que se alimentar da vida fundamentalmente derivada de produtos do veículo etérico, ou seja, a força criadora e o sangue. Por esta razão, os ensinamentos rosacruzes sempre reiteram que todo desenvolvimento oculto principia pelo Corpo Vital.
Há muito que dizer a respeito do conhecimento. Mas, se queremos evidenciar uma lição moral a respeito do mesmo, podemos fazê-lo nestes termos: o conhecimento implica em grande responsabilidade, e a quem muito é dado, muito será exigido.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/82 – fraternidade Rosacruz – SP)
Transplante de Coração
Tendo em vista a frequência com que são realizados os transplantes de coração e o interesse despertado por este assunto, cremos ser importante considerar o fenômeno do panorama do doador e sua imediata experiência após a morte.
Porque os transplantes cardíacos devem ser efetuados imediatamente ao desenlace do doador toma-se impossível evitar a interferência no processo de revisão panorâmica, que ocorre logo após a morte. É possível o prosseguimento do processo panorâmico do doador (embora imperfeitamente, devido à dor provocada pela cirurgia), enquanto se realiza o transplante, o rompimento do Cordão Prateado e a liberação dos veículos superiores do Corpo Físico, incluindo o coração.
Entretanto, o que acontece com o Átomo-semente de quem recebe a doação?
Encontram-se, assim nos parece, na contraparte etérica de seu coração, ainda em seu corpo. Nos casos de amputação, de alguma parte do Corpo Denso, somente o Éter planetário acompanha a parte separada.
A contraparte etérica do membro extraído decompõe-se gradualmente, à medida que o mesmo ocorre com a parte física. Sabe-se que pessoas submetidas à cirurgia de amputação queixaram-se de dor no membro amputado. Isto acontece porque a contraparte etérica ainda não se desfez, demorando, às vezes, anos para decompor-se.
O Cordão Prateado do recebedor deve permanecer intacto, ainda quando o órgão físico tenha sido removido. Pois, se o Cordão romper, o recebedor não sobrevive.
Alojado o coração físico do doador (sem o Átomo-semente) no coração etérico do recebedor, surge esta pergunta: Os Anjos e seus Auxiliares, sábios controladores dessas situações, transferem o Átomo-semente denso do recebedor ao ápice do coração do doador, neste momento, executando sua função de bombear sangue? Pode ocorrer, sem dúvida alguma.
É importante considerar, também, a relação existente entre o doador e o recebedor nesta vida, e nas anteriores. Atente-se, igualmente, para o arquétipo do recebedor, por este elaborado, quando de sua permanência na Região do Pensamento Concreto, e que somente pode durar um tempo específico, correspondente à duração de sua existência física. Devemos recordar sempre, com respeito aos transplantes de coração ou qualquer outro órgão, que o átomo de cada corpo e seus órgãos, nervos, tecidos, etc, constitui a soma total da forma com que o espírito interno viveu suas existências passadas e a maneira como construiu a contraparte de seu corpo físico, nos períodos intermediários entre um renascimento e outro.
Qualquer enfermidade, incluindo a do coração, é uma manifestação de ignorância ou transgressão das leis superiores; somente pode ser eliminada por uma modificação na natureza interna do ser humano. Transplantar um órgão não curará a causa fundamental da enfermidade do paciente. Este, se não promover transformações espirituais em seu íntimo, acabará por defrontar-se de novo com o problema, seja nesta vida ou em outra. De uma forma ou de outra acabará por aprender a lição.
Pode-se dizer que o coração é um órgão já principiando a demonstrar seu glorioso potencial como o instrumento pelo qual o verdadeiro AMOR de Cristo tornar-se-á uma realidade universal. Ele encerra a essência individualizada de cada Ego, ampliada a cada vida física. Tratar de transferir esse órgão de um ser humano a outro pode criar situações conflitantes com os objetivos idealizados pelos arquitetos de nossa evolução. E, talvez, o resultado seja pior para o recebedor do que o destino que lhe estava determinado sem o transplante.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10\81 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Um Significado para: “Buscai Primeiro o Reino do Céus”
Nunca é demais ressaltar a importância de estarmos em Deus a cada instante. Só Ele pode resolver os nossos problemas, da forma como devem ser resolvidos. Só Ele nos poderá orientar para o certo, iluminar-nos em nossas atividades, para acertarmos o maior número de vezes possível.
Porém, é preciso que não se confunda esta entrega com inércia, supondo que, ao colocarmos nas mãos de Deus os nossos problemas possamos descansar na cômoda impressão de termos transferido, também, a Ele as nossas tarefas. Longe disto. Nossos deveres nós não os podemos negligenciar, até pelo contrário, quanto mais ativos nos mantivermos procurando dar de nós a cada momento do dia, tanto mais estaremos nos tornando merecedores da Sua confiança e do Seu merecimento. Sim, porque para estar em Deus, é preciso merecer Deus.
Diz o Ritual de Cura da Fraternidade Rosacruz que: “num vaso sujo não pode haver água pura e saudável, nem uma lente manchada transmitir uma imagem clara”. Da mesma maneira, se não nos tornarmos merecedores de Deus, cumprindo bem todas as nossas tarefas, com sinceridade e pureza, procurando ajudar sempre com isenção de ânimo, tornando-nos um elemento útil e de boa vontade no contexto geral, nossas portas internas manter-se-ão fechadas ao ingresso d’Ele.
É claro que: “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. E esta asserção não invalida o que foi dito acima. O caso é que nem todas as pessoas são sensíveis à presença de Deus nelas. E é a essa sensibilidade, a esse contato que deve ser empreendido constantemente, que nos referimos antes. Estar em Deus é, pois, ter consciência da presença de Deus em nós. E só abriremos a nossa consciência para senti-Lo cada vez mais próximo, sempre que estivermos atentos para não perder nenhuma oportunidade de realizar o Bem. Porque o Bem é o reflexo de Deus, e realizando o Bem estaremos realizando Deus, atraindo mais força d’Ele, maior contato, mais luz e, consequentemente, maior ajuda d’Ele.
Na verdade, o ser humano quanto mais se eleva e mais puro se torna, menos necessidade terá de preocupar-se em pedir auxílio à Deus. Porque o fato de realizar-se n’Ele já o coloca em condições de não precisar pedir, pois, tendo a Ele em si e consigo nada mais necessitará; já terá tudo.
Daí o que disse Cristo Jesus aos apóstolos: “Buscai primeiro o Reino do Céu e todas as outras coisas vos serão acrescentadas”. É isso. O Reino do Céu está em nós, dentro de nós, e é só preciso tomar consciência disto. Eis porque a Filosofia Rosacruz nos orienta a procurarmos aumentar a nossa consciência pelo serviço, que é a prática dos ensinamentos cristãos que Cristo Jesus deixou e que os lrmãos Maiores nos transmitiram por meio de Max Heindel. Sabemos que, para isto, não nos serão necessários grandes exercícios, como outras religiões ocultistas preconizam. Bastam-nos os dois exercícios: de retrospecção à noite e o de concentração logo ao acordar – que, com a continuidade vai passando para a meditação e, depois, para a elevação – e mais a realização na prática das coisas boas, que vamos descobrindo por meio dos referidos exercícios e de nosso Serviço no mundo.
Assim, o que é exigido de nós estará sempre dentro das nossas possibilidades, pois seremos nós mesmos, com o nosso esforço no bem viver, que delinearemos as bases do nosso progresso e, consequentemente, do nosso merecimento. Quanto mais trabalharmos para acertar o pé no mundo em que vivemos, tanto mais despertaremos nossa consciência crística, crescendo internamente, construindo nosso céu interior, colocando-nos, assim, em posição de atrair para nós tudo àquilo que deverá ser nosso, tanto espiritual como material.
Por isso, nosso cuidado maior não deveria ser com as coisas materiais, mas com o nosso preparo interno, porque só esse preparo, esse céu interno que buscamos e realizamos em nós coloca-nos em condições de receber tudo o mais que Deus sabe que necessitamos.
Tomemos nota: quanto mais nos elevarmos, tanto menos falta vamos sentindo das coisas materiais e tanto mais nos vamos aproximando da nossa herança divina.
Não vá agora, alguém, por outro lado, sentir-se inibido pensando que, se por fazer algum pedido a Deus, estará com isso provando a sua incapacidade de estar n’Ele. Pensar assim seria fruto de nosso orgulho, porque é preciso uma boa dose de humildade para admitir as nossas limitações. O que deve servir-nos de escopo é o fato de sabermos que agindo sempre no bem, estaremos em progressivo desenvolvimento para aquele estado de graça, que nos coloca em posição de conquistar cada vez mais o Céu dentro de nós.
(Revista ‘Serviço Rosacruz” – 10\81 – Fraternidade Rosacruz – SP)