Aperfeiçoamento: as tarefas que Deus nos dá cada dia como oportunidade
O aperfeiçoamento do ser humano é algo sagrado que se ressente à profanação da palavra, porque deseja ser realizado no silêncio do próprio coração do indivíduo. O aperfeiçoamento não é algo que se possa receber de graça, e tampouco dar a outrem, pois, é uma realidade própria a cada um de nós. O aperfeiçoamento é um acontecimento íntimo que merece ser guardado na reserva das atividades humanas, como base propulsora de um trabalho cada vez maior. O aperfeiçoamento de cada um de nós tem para cada um, também, o seu jogo particular de ação, a sua forma própria de projeção, a sua atividade característica. Assim, o que um descobre no seu caminho, nem sempre será oportuno para seu irmão. Embora o objetivo seja o mesmo numa escola de aperfeiçoamento, cada um só pode seguir a sua linha de orientação interna e os reclamos de sua própria natureza íntima. Por isso o valor real do progresso de cada pessoa, só a ela se expressa com real intensidade, só a ela se expressa com interesse máximo e com o máximo aproveitamento que deve ter.
“Seleções do Readers Digest” publicou há algum tempo, uma frase, que, apesar do seu aspecto humorístico, encerra uma grande lição: “De nada nos adianta falarmos aos outros a respeito de nossos filhos. Ou eles têm filhos ou não têm”. O mesmo ensinamento se ajusta aos nossos defeitos e virtudes, que são os filhos de nossa alma. Os filhos que recebemos pela carne procuramos educar o melhor possível, sentindo-nos consternados quando erram, e regozijando-nos com as suas vitórias. Todos os pais normais sentem o mesmo pelos seus filhos, de sorte que, as gracinhas dos filhos alheios podem distrair-nos por um momento, porém, jamais hão de ter, para nós, o valor que costumam ter para os pais da criança. O mesmo acontece no que se refere aos outros em relação aos nossos filhos. E isso quando não chega a despertar inveja em pobres corações mesquinhos que, dando-se o direito de analisar, veem na alegria de uma mãe ou de um pai “coruja”, apenas sentimentos de vaidade e de orgulho, o que em parte não deixa de ser verdade; embora as apreciações paternais sejam revestidas de sincero amor, não deixa de ser um amor egoísta. Por isso, encarando o fato com toda a franqueza, observamos que, ao revelar fracassos ou virtudes de nossos filhos, podemos estar dando oportunidade aos invejosos de nos condenarem ou até de se regozijarem com as nossas lutas familiares, ou ainda – o que é mais importante – podemos dar oportunidade a nós mesmos de nos tornarmos cega a nossa própria vaidade. Porque, em geral, ninguém – mesmo os menos favorecidos pela visão certa da verdade – ninguém nos joga, no rosto, coisas que de certa maneira não merecemos. O ditado é bem certo.
“Onde há fumaça, há sempre fogo”. Algo muito parecido com esse processo dá-se com o aperfeiçoamento íntimo. Por isso chegamos à conclusão que viveremos melhor e mais certo se procurarmos viver sempre no meio termo da naturalidade, da objetividade. Assim, poderemos ver também nos defeitos dos outros, exemplos de atitudes que será útil evitarem; encarando com naturalidade o fato humano de existir aquele defeito.
O ser humano objetivo não é frio, é ponderado; não é indiferente, é consciencioso. Ele sabe que a naturalidade é uma força que vem de dentro de si mesmo, resultante de seu próprio equilíbrio de ideias, de pensamentos, de aspirações, de seu desejo ativo de compreender a vida, a humanidade e a si mesmo. Ele sabe que já não há razão para perturbar-se com suas próprias deficiências; não encontra mais razão para julgar-se o último dos seres humanos. Ele sabe que suas vitórias não são suas, mas fazem parte da Criação, da Evolução do Todo. Sente-se tornando parte no mundo, fazendo parte da criação, e respira o ozônio da natureza, cada manhã com real prazer.
Pede perdão a Deus pelo que não pode realizar a contento da Evolução, e agradece as oportunidades que teve de poder ser bom. Respira a energia de Deus toda a manhã, e procura viver em Deus, pisando seguramente a terra firme. Tropeça, cai, levanta, prossegue, sabendo que pode cair outra vez, e procurando sempre estar cada vez mais preparado para as quedas.
Sabe que não existe um fim previsto para o seu aperfeiçoamento de cada dia, não existe uma determinação rigorosa previamente estipulada, pois cada coisa se realiza uma após outra, como um eterno fluir, e que somente dele depende aproveitar as suas oportunidades.
Por isso já não faz planos, não promete nada a si mesmo. Apenas põe a sua vontade, cada manhã, na vontade de Deus, procurando restaurar as energias gastas com oportunidades perdidas, no fluxo da harmonia divina que a tudo interpenetra. Observa que viver é um eterno fluir, e que a vigilância de cada dia, em pouco lhe dará como prêmio a conquista permanente, incorporando-se no seu todo como realização. Ele também sofre, mas sofre não por si mesmo, não pelo que os outros lhe possam fazer em ofensas e traições, mas sofre pelo que aquela ofensa encerra em desarmonia no Todo.
Sofre pelo Todo e não por si mesmo, porque sua maneira objetiva de ver as coisas, já não comporta apreciações subjetivas do sofrimento. E, quando seus olhos já podem observar esse panorama da vida e das criaturas, mais fácil se lhe aparece o caminho, e pode sentir, em tudo, a simplicidade do mundo de Deus, porém, não lhe escapa também a responsabilidade, quase dolorosa, de si mesmo para com os outros. Porque então, ele já não pensa só em si mesmo, nas suas coisas materiais ou espirituais, mas sente também necessidade de pensar nas coisas dos outros, de tornar a vida de cada um que com ele priva, melhor, mais fácil e mais digna. E isso tudo ele realiza sem planejamento, objetivamente, pondo mesmo de lado suas próprias lutas, como acontecimentos naturais da própria Vida. Esse ser humano objetivo já vive realmente em cada um de nós, e se mantivermos uma linha de conduta baseada em elevados ideais, se nos esforçamos numa autodisciplina rigorosa em cada dia que passa, perceberemos que esse ser humano objetivo vai se firmando em cada um dos nossos esforços, ajudando-nos a nos tornarmos cada dia mais fortes, até ajustar-se a nós como uma conquista humanizada. E essa conquista, começamos a notar mais viva quando cada esforço realizado vai deixando de ser esforço, transformando-se em até natural, e a vigilância permanente passe a transmutar-se num fluir de vida, num acionar natural do fluxo divino em nossas realizações e empreendimentos.
Por isso, lutemos pela nossa libertação na objetividade, procurando realizar nossas tarefas subjetivas com veneração à verdade e ao conhecimento, tarefas que Deus nos dá cada dia como oportunidade de realizarmos o Serviço na obra da Evolução.
“Que as Rosas Floresçam em vossa cruz”
(Revista Serviço Rosacruz – 03/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)
A vida é inexpressiva e vazia se vivemos somente para nós mesmos: comer, divertir, trabalhar, dormir. A vida perde o seu propósito se vivida introvertidamente: segregar-se, não participar. A vida não tem razão de ser quando usufruída egocêntrica e egoisticamente – eu, meu; só eu, só meu.
Viver para os outros, entretanto, adiciona à existência novo sabor e nova dimensão, dando-lhe, ainda por acréscimo, o mais nobre e sublime significado. Confere-lhe positivamente o seu verdadeiro sentido.
Criar e educar filhos (nossos ou dos outros); alegrar a casa; ajudar os vizinhos; servir a desconhecidos que necessitem de ajuda; colaborar para a harmonia no meio ambiente; revigorar o relacionamento com os amigos; exteriorizar-se, “despejar-se para fora”, ou viver muito mais para os outros do que para si mesmo, este o real significado da existência humana. Por um viver tal o ser humano preenche a sua finalidade na Escola da Vida no que tange a experiências, pois está cumprindo a síntese e essência da Lei dada pelo Grande Espírito Solar: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Por tal viver ele cresce animicamente e progride na senda evolutiva.
Quem não vive para os outros está fora dos planos da Criação. Acha-se excluído da harmonia universal. Quem não colabora com o mundo está alienado dele. Quem não ajuda ao seu semelhante encontra-se afastado do sistema de leis suprafísicas, que rege o progresso humano. Para quem o Pai trabalha até hoje – indagamos nós? O Filho também trabalha até hoje – como todo ocultista sabe permanentemente desde o Sol e parte do ano de dentro da Terra. E por quem trabalha o Filho até hoje? O Espírito Santo igualmente trabalha até hoje na geração das espécies a partir das Luas. Para quem Ele trabalha? E para quem trabalham os Senhores da Forma, Senhores da Mente, Arcanjos, Anjos e outras Hierarquias, até hoje?
O Iniciado de Tarso, Paulo da Cilicia, Saulo para os judeus, aos cristãos da Itália, certa vez escreveu: “Sabemos que todas as coisas colaboram para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8: 28). Observe o leitor amigo: “todas as coisas colaboram para o bem”. Aquele Irmão disse: Todas…colaboram. Quem tem dúvidas acerca da amorosa mecânica da cooperação universal pela qual se desenrola o progresso em nosso Sistema Solar também? Cremos que poucos nos dias atuais.
Ninguém se iluda, pois; no universo só cresce, só se desenvolve, quem ajuda, quem colabora, quem serve aos demais, consciente ou inconsciente, mas sempre amorosa e desinteressadamente. Porque o universo inteiro é colaboração. É colaboração para o Bem; os Astros ajudam-se mutuamente e cada um de si ajuda o Sol; uma estrela ajuda outra estrela; um sistema planetário auxilia outro sistema planetário; uma galáxia auxilia outra galáxia. Tudo dentro da harmonia universal da Unidade Indivisível como se fora um só corpo inteligente e amoroso. Como o nosso corpo repleto de saúde. Cá por baixo no mundo da forma do globo terrestre uma onda de vida ajuda outra onda de vida; e os mais avançados são sempre os que mais ajudaram os que mais ajudam ainda. Exemplos? Os Irmãos Maiores, na onda de vida humana; os animais domésticos, na onda de vida animal; as árvores frutíferas e plantas medicinais e ornamentais, na onda de vida vegetal; os metais nobres e pedras preciosas, na onda de vida mineral.
Temos as mais fortes razões para concluir, portanto, que em todos os mundos e em todas as esferas, o que mais colabora para o bem estar e progresso dos demais – pertença ou não a sua evolução – sempre se acha um ou mais passos a frente dos seus companheiros de jornada em sua própria onda de vida. Assim, os seres (Arcanjos, Anjos, humanos, etc.), que se encontram na vanguarda da evolução são aqueles que mais deram de si aos outros no passado e mais continuam a dar no presente, consoante a Lei de “Dar e Receber”, que funciona em tudo e a todos atinge. A “Lei da Reciprocidade”. “A Lei do Amor”.
Pensamos finalmente ser esse avanço estímulo bastante a qualquer pessoa para “Entrar na Onda” da colaboração, mas estímulo em especial aos sinceros aspirantes rosacruzes que atualmente se esforçam no Caminho, com a Mente impregnada das inspiradas palavras do iluminado Mensageiro:
“O Serviço amoroso, altruísta e desinteressado é o caminho mais curto, mais alegre e mais agradável que conduz a Deus”.
(Revista Serviço Rosacruz – 04/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O porquê o Coração Tem Razões que a Própria Razão Desconhece
Segundo o dito popular, “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Essa expressão encontra sua origem no fato de algumas pessoas agirem intuitivamente, de maneira até a contrariar as diretrizes do raciocínio lógico. Essa maneira pouco convencional de tomar decisões ou reagir a determinadas circunstâncias, causa perplexidade e estranheza a muitos.
De um modo geral, o ser humano é condicionado, desde tenra idade, a viver consoante regras de um raciocínio linear. Quando alguém foge a esse padrão de conduta, não raro recebe a pecha de excêntrico, quando não de paranormal.
A luz dos ensinamentos rosacruzes encontramos explicações para esse aparente “fenômeno”. Em primeiro lugar é necessário analisar esses chamados “impulsos intuitivos”, verificando qual a sua natureza. Nem tudo é intuição. Muitas vezes trata-se de meros impulsos emocionais ou baixo psiquismo, com resultados até funestos. Porém, todo ato motivado por “intuição pura” raramente deixa de produzir resultados benéficos.
A intuição é uma faculdade latente em todos os seres humanos, entretanto, manifesta em poucos. Sua expressão, em maior escala, será uma das características da Idade Aquariana. Vejamos, agora, qual a relação entre o coração e certas manifestações intuitivas. O sangue, ao passar pelo coração, ciclo após ciclo, durante a vida, grava todas as imagens no Átomo-semente. Elabora um arquivo fidelíssimo, que na existência após a morte se imprimirá indelevelmente na alma. O coração encontra-se em estreito e permanente contato com o Espírito de Vida, o Espírito do Amor, fonte do sentimento de unidade. Dessa forma torna-se o centro do amor altruísta.
Depois das imagens passarem ao Mundo do Espírito de Vida, no qual se encontra a verdadeira Memória da Natureza, não retornam através dos lentos sentidos físicos, mas por meio do quarto éter, o Éter Refletor, contido no oxigênio que respiramos.
O Espírito de Vida percebe muito mais nitidamente no seu Mundo do que nos planos mais densos da natureza. Na elevada região, que lhe é própria, vive em íntima relação com a Sabedoria Cósmica. Isto lhe faculta, em qualquer circunstância, sabendo de imediato o que há de fazer, a enviar mensagens de orientação e iniciativa ao coração. Este logo a retransmite ao cérebro, por meio do nervo pneumogástrico. As chamadas “primeiras impressões” formam-se dessa maneira. Nada mais são que impulsos intuitivos emanados diretamente da fonte da Sabedoria e do Amor Cósmico.
É um processo rapidíssimo. O coração o elabora antes da razão poder considerar a situação. Não sendo assim, predominará o raciocínio lógico, válido até certo ponto, porquanto suas limitações esbarram no transcendente.
Quando a Mente humana esgota seus recursos para resolver determinado problema só restará uma saída: a intuição. E mesmo assim, poucos se tornaram sensíveis ao seu processo.
Embora não se constituindo em regra geral é válido afirmar que nas pessoas mais devotas as mensagens intuitivas se fazem mais presentes. Eis uma das razões porque o Método Rosacruz de Desenvolvimento procura estabelecer um equilíbrio entre o intelecto e o coração.
O que o ser humano pensa em seu coração é certo, porque assim ele é. Não é raro ouvirmos esta expressão: “as pessoas espiritualizadas têm um coração inteligente”. Max Heindel é quem nos diz no Conceito Rosacruz do Cosmos: “Se pudéssemos agir segundo os impulsos do coração, o primeiro pensamento, a Fraternidade Universal, seria realizado agora mesmo”.
(Revista Serviço Rosacruz – 09/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Uma Mensagem Rosacruz: permaneça firme em meio a situações adversas
Nesses conturbados tempos, os Ensinamentos Rosacruzes constituem uma sólida e confiável mensagem de esperança. Notamos até pessoas dotadas de um vasto cabedal de conhecimentos espirituais, com dificuldades para não manterem- intensas as vibrações de desânimo, irritações e cólera circulantes pelo mundo. Há momentos em que a estrutura interna mais equilibrada aparenta vacilar, quando não vacila mesmo.
O estudante Rosacruz tem a seu favor o fato de viverem consoantes conhecimentos profundos das Leis Universais. Procurando aprofundar-se nos mistérios da natureza, extrairá, desse esforço, uma orientação segura diante dos embates da vida. Mas o que o sustém diante de quaisquer circunstâncias é a FÉ. Max Heindel a define como “uma perspectiva otimista acerca do bem final”.
Em realidade, sejam os acontecimentos agradáveis ou desagradáveis, carregam em seu bojo valiosas lições de vida. Não importa quão difícil seja a nossa existência. Se a vislumbrarmos como uma gama de oportunidades de aprendizado e crescimento anímico, por certo ela não nos será um fardo incômodo. Converter-se-á numa aventura fascinante e gratificante, onde os contrastes, as alternâncias, as supostas contradições, nada mais são que etapas a serem queimadas, capacitando-nos a agir melhor, futuramente. Nossa consciência moral nasce em meio às dificuldades, quando nosso caráter é tentado a agir erroneamente. Quantas vezes um indivíduo de boa formação cede aos reclamos insidiosos da natureza inferior, procurando tirar partido de determinadas situações, esquivando-se ao cumprimento de certos deveres, ou pecando por omissão em ocasiões onde deveria manifestar-se.
Se não ignorarmos essa faceta do ser humano, observando-o como um diamante bruto em processo de lapidação, mais fácil nos será cultivar a tolerância e o entendimento de uma verdade fundamental: embora filhos do mesmo Pai, emanados da mesma Fonte Divina, vivemos experiências diferentes. Dessa forma cada um se encontra num determinado estágio evolutivo. A maneira como reagimos a essas experiências é determinante de nosso atraso ou adiantamento.
Hoje mais do que nunca, o estudante Rosacruz deve cultivar a delicada flor da esperança, na expectativa de uma venturosa fluência para um bem final. Portanto, a coragem deve acompanhá-lo em todos os momentos e em todas as suas atividades, sejam de caráter material, sejam de natureza espiritual.
Em primeiro lugar, deve permanecer firme em meio a situações adversas.
Devem manter-se equilibrados pela conscientização de suas potencialidades anímicas, fatores capazes de modificar quaisquer situações. Deve imbuir-se da inabalável fé de que Cristo, nele, é mais poderoso do que as aparências antagônicas.
Os Ensinamentos Rosacruzes ensejam a podermos constatar em nosso íntimo, a existência de algo superior às circunstâncias. Assim, não nos abalemos com os acontecimentos, mas procuremos descobrir o seu significado.
A cada manhã quando acordarmos e dedicarmo-nos às práticas espirituais, façamo-lo seriamente, convictos de que aquele dia recém-iniciado será o mais importante de nossas vidas, com Deus manifestando-se a cada instante, através de nossos atos amorosos.
(Revista Rosacruz – 08/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Unicidade: vencendo todo o sentimento de oposição entre o mundo – ou “os outros” – e você próprio
O ser humano não seria um indivíduo se, em determinada altura de sua jornada evolucional, ele não sentisse ser ele próprio, um indivíduo separado dos outros indivíduos. Porém, ele não será um ser humano, no mais alto sentido da palavra, até que aprenda a transformar esta sensação de isolamento numa nova sensação de unicidade com o Universo como um Todo.
Ângelus Silésius, um místico cujos comentários sobre o nascimento de Cristo dentro de nós devem ser familiares a todos os estudantes dos escritos de Max Heindel e sendo um ser dotado de percepção sensorial, ensinou ao longo destas concepções que o ser humano é uma entidade no meio de outras entidades e seus órgãos sensoriais trazem-lhe informações de que existem, no tempo e no espaço, coisas que parecem estar fora dele. Todavia, quando o Espírito fala no ser humano não existem mais “dentro” ou “fora” e “antes” ou “depois”. Espaço, tempo e separatividade dissipam-se na contemplação do que Silésius chamava de “O Todo Espiritual”.
É neste ponto, disse Silésius, que “o mundo não te restringe; tu próprio és o mundo que te limita… tão fortemente em fronteiras de cativeiro. O ser humano não atinge a perfeita bem aventurança até que a Unidade tenha absorvido a diversidade ou o não eu”.
O pináculo do ser é atingido quando uma pessoa aprende a considerar-se mais do que o seu individual “Eu” e vence todo o sentimento de oposição entre o mundo – ou “os outros” – e ele próprio. Então uma vida superior começa para ele. Ele aniquilou tudo que dentro dele é arbitrário, individualista e que procura o interesse próprio. Ele sente, desde então, a irresistível obrigação de atuar duma forma que seja necessária para o todo. O seu senso de responsabilidade moral cresce muito além do que tinha sido no seu estado de separatividade. O ser humano integral, agora uno com Deus e o Cosmos, faz tudo para o bem do Todo, porque ele sabe que fazer de outro modo, seria retirar a sua contribuição do bem estar universal.
(Revista Serviço Rosacruz – 05/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Autoconhecimento: a única maneira de compreendemos o mundo que nos rodeia
O princípio do autoconhecimento anuncia a chegada do princípio do auto despertar. Místicos como Meister Eckart (N.R.: frade dominicano, reconhecido por sua obra como teólogo e filósofo e por seu misticismo. Ele é considerado como um dos grandes símbolos do espírito intelectual da idade média) e Angelus Silesius (N.R.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667), poeta, Místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista Germânico) e filósofos como Platão e Goethe examinaram com todo o cuidado o problema do autoconhecimento. De forma geral concluíram que um aumento de cuidados e autoconhecimento é paralelo com um aumento da compreensão da unicidade da vida e da unidade de tudo. Quanto mais claramente nos conhecemos a nos próprios, mais claramente compreendemos o mundo que nos rodeia e vice- versa.
O mundo exterior existe para nós, na medida em que se comunica com a nossa consciência ou, mais exatamente, na medida em que nossa consciência esteja preparada para compreendê-lo. Exatamente como o acesso a todos os livros do mundo, não será de nenhuma valia, se não soubermos lê-los, assim, também, não poderemos compreender a mensagem de algo externo a nós, a menos que tenhamos desenvolvido dentro de nós a habilidade para compreender a sua “linguagem”.
Uma vez que tenhamos aprendido a “linguagem” de qualquer coisa ou faceta externa que desejamos compreender, estaremos aptos a recebê-la e absorvê-la dentro de nós. Então, se realmente estamos “vigilantes e sensíveis”, ela pode tornar-se, literalmente, uma parte de nós. O conhecimento, então, não provém tanto das coisas observadas, como do observador. As cores existem em tudo que vemos, mas não podem transmitir ao olho nada que nele não exista. Ao contrário, o olho é que deve reconhecer qual a cor observada.
(Revista Serviço Rosacruz 05/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)
No Templo de Apollo em Delfos estão gravadas as seguintes palavras: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses”.
“Homem, conhece-te a ti mesmo” é um conselho transmitido através das idades para todos os que procuram, seriamente, a iluminação espiritual.
As verdades mais elevadas da iluminação espiritual só serão nossa posse quando nos conhecermos a nos próprios, muito mais profundamente do que possamos imaginar agora. Tal como lemos no Conceito: “Quando o ser humano na sua involução progrediu até ao ponto de precisar dum parceiro para propósitos de geração, ele perdeu o conhecimento de si próprio; por conseguinte a sua consciência tornou-se cada vez mais voltada para as coisas exteriores e ele perdeu sua percepção interna. Isto não poderá ser completamente recuperado até que ele tenha passado ao estágio onde não haverá mais necessidade de um parceiro para propósito de geração e tenha atingido um grau de desenvolvimento em que possa, novamente, utilizar toda a sua força criadora à vontade. Então, ele novamente conhecer-se-á a si próprio como quando estava no estágio idêntico ao reino vegetal que conhecemos, mas com a importante diferença de que usará sua faculdade criadora conscientemente e não será restringido a usá-la para fins de procriação, mas poderá criar tudo que quiser”.
Conhece-te a ti mesmo, então, significa muito mais do que meramente conhecermo-nos em termos de Mundo Físico. Na verdade, até mesmo esta forma de autoconhecimento não é fácil de obter. Quando iniciamos a prática do exercício de Retrospecção e, frequentemente, mesmo depois de estar executando-o por algum tempo, é dolorosamente óbvio quão pouco realmente nos conhecemos, mesmo em termos puramente materiais.
O autoconhecimento completo significa algo mais do que conhecer como vivemos nossa vida terrena e do que mostrar-nos nossas reações no contato com as outras pessoas e no cumprimento de nossos deveres. Significa, também, compreender nossas naturezas espirituais, nossas origens, nosso destino e as potencialidades divinas que a maioria da humanidade nem sonha que estejam latentes dentro de nós.
A familiaridade com os sete princípios herméticos que constituem a base dos ensinamentos da ciência oculta, desde o antigo Egito até aos nossos dias, é uma ajuda inestimável na obtenção do autoconhecimento.
O primeiro princípio hermético define a natureza própria do Universo, assim como de todas as coisas nele contidas; é o princípio do mentalismo: “O Todo (o Absoluto) é Espírito; o Universo é mental”. O Todo pode ser considerado como uma Mente vivente, infinita e universal, e nós, assim como os outros fenômenos do Universo, somos criações mentais do Todo. Assim é verdadeiro que no Todo “nós vivemos e nos movemos e temos o nosso ser”.
O segundo princípio é o da correspondência: “Assim como é em cima é em baixo; assim como é em baixo é em cima”. Sabendo isto, o ser humano pode raciocinar inteligentemente do conhecido para o desconhecido, incluindo, particularmente, as profundidades desconhecidas de si próprio.
O terceiro princípio há o princípio de vibração: “Nada repousa; tudo se move; tudo vibra”. Este princípio pode ser aplicado na obtenção do domínio dos fenômenos naturais de várias maneiras, nas palavras de um antigo escritor: “Aquele que entende o princípio da vibração, empunhou o cetro do poder”.
O quarto princípio, da polaridade, mantém que “Tudo é dual; tudo tem polos; em tudo existe o par de opostos que são idênticos em sua natureza, mas diferentes em grau; nos extremos encontram-se, portanto, todos os paradoxos podem ser reconciliados”. Neste princípio é baseada a faculdade da transmutação; e, o que é mais importante, a transmutação do mal em bem. A compreensão deste princípio tornará, também, a pessoa apta a mudar sua própria polaridade, se para isso quiser devotar tempo e esforço.
O quinto princípio, do ritmo, enuncia que “Tudo flui para fora e para dentro; o movimento pendular manifesta-se em todas as coisas; a medida da oscilação para a direita e a medida da oscilação para a esquerda”.
Todas as pessoas que se elevam a qualquer grau de domínio de si mesmo estão, pelo menos intuitivamente, a par deste princípio. Usando sua força de vontade para, em todas as coisas, ficarem em equilíbrio são capazes de neutralizar os efeitos do princípio do ritmo dentro deles próprios e, desse modo, desenvolver um grau de equilíbrio, essencial para o autocontrole.
O sexto princípio, o de Causa e Efeito, é um com o qual se tornam familiares todos os que fazem o retrospecto de suas atividades diárias.
“Toda a causa tem o seu efeito; todo o efeito tem a sua causa; há muitos planos de causação; nada escapa à Lei”.
A maioria das pessoas são arrastadas de dia para dia, obedecendo aos caprichos das circunstâncias, meio ambiente, desejos, lassidão ou as vontades mais fortes dos outros. Porém, à medida que nós vamos nos conhecendo melhor aprendemos até que grau nos deixamos manobrar por fatores externos. Então, podemos tomar providências para usar os princípios de Causa e Efeito, em nosso benefício, em vez de sermos simples joguetes ou peões no xadrez dos afazeres mundanos.
Finalmente o princípio do gênero enuncia que “Tudo tem seu princípio masculino e princípio feminino; o gênero manifesta-se em todos os níveis de desenvolvimento”. Nenhuma criação física, mental ou espiritual é possível sem este princípio. O princípio feminino encarrega-se do trabalho de gerar novos pensamentos, imaginação e conceitos. O principio masculino faz o trabalho da vontade, que ativa os pensamentos e imaginação. Idealmente, os princípios masculino e feminino agem de forma coordenada e harmoniosa um com o outro. Em muitas pessoas, todavia, a força de vontade é muito débil – ou, pelo contrário, age irrefletidamente, sem a preparação de pensamento apropriado – e a completa cooperação e coordenação entre os dois elementos é ainda uma coisa do futuro. Novamente, devemos recordar-nos que o autoconhecimento total e completo poderá ser atingido somente quando o Ego se desenvolver ao ponto de não mais precisar de parceiro para a geração e possa utilizar a totalidade de suas forças criadoras harmoniosamente coordenadas, segundo sua vontade.
(Revista Serviço Rosacruz – 05/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O mais importante é o Exemplo para você que está sempre sendo observado
Segundo um velho ditado, “só árvore que dá frutos é que leva pedrada”. Isso nos faz lembrar o estudante esoterista, cuja aspiração a ideais superiores coloca-o em posição singular junto à sociedade.
E, não poderia ser de outra maneira. Seu esforço em viver a vida conforme com as Leis Divinas produz frutos a seu devido tempo. Sua conduta difere do ser humano comum, porque a aquisição de conhecimentos implica numa séria responsabilidade em vivenciar esses ensinamentos. Não se exige que o estudante se converta num santarrão fanatizado, figura, às vezes, antipática, às vezes, motivo até de zombaria. Não, não é assim. Tudo deve obedecer a um processo natural, cujo cerne é uma transformação gradativa do íntimo da pessoa. Não deve, por isso, o Aspirante fugir do convívio social, valiosa fonte de experiências. No relacionamento diário encontra meios de testar seu progresso teórico, além de oportunidades de ajudar seus semelhantes.
Mas, nesse convívio, o esoterista deve manter-se coerente com os princípios que, consciente ou voluntariamente adotou. Se exigida sua presença num evento social, não lhe cabe omitir-se. Nada, entretanto, o obrigará a comportar-se mundanamente. Não lhe é necessário ingerir bebidas alcoólicas, nem saborear alimentos cárneos. Nada pode compeli-lo a fumar, muito menos a manter conversações frívolas ou maliciosas. Deve, isso sim, marcar sua presença positivamente por meio de diálogos edificantes, alegres – mas não ruidosos – estimulando sempre o bem, toda vez que necessário.
De uma coisa pode estar certo o Aspirante: com o decorrer do tempo ele passará a ser mais e mais observado. Sua vida será examinada constantemente. Seu posicionamento filosófico-espiritualista poderá ser veementemente questionado, quando sua conduta se mostrar incoerente com suas ideias. Aquelas pessoas mundanas, incapazes de um esforço maior de autorregenerarão, não perdoam a vivência de um espiritualista, porque ela ressalta demais suas falhas de caráter. E se convivem no lar, no trabalho ou em outro setor qualquer da comunidade, o contraste entre os dois estilos de vida envergonha e irrita o ser humano não espiritualizado. Daí estar sempre pronto a agredir ou caluniar quem optou pela vida superior.
O espiritualista, no afã de servir e colaborar na elevação do próximo, estará sempre propenso a divulgar os ensinamentos que abraçou. E o fará sempre com a melhor das intenções. Seguramente prestará uma valiosa ajuda à humanidade. Acautele-se, porém. Cuide de que sua vida seja um exemplo prático de suas ideias, porque, se resvalar, não faltará quem lhe atire pedras.
Max Heindel sempre reiterava: “Não se nos julga pela filosofia que difundimos, mas sim pela vida que levamos. Observa-se o tratamento que dispensamos ao nosso conjugue e filhos, nossa conduta nos negócios, nossa conversação, seja ela de natureza espiritual, divertida ou frívola. Atenta-se para nossas companhias, para o ambiente que frequentamos, para o bem que fizemos ou deixamos de fazer”.
Nossas falhas não são desculpadas, e, o que é pior, julgam nossa religião ou filosofia pelos efeitos produzidos em nossa vida.
Portanto, caro leitor espiritualista, tenha certeza de uma coisa: você está sendo diuturnamente observado. Se você quer divulgar os Ensinamentos Rosacruzes, faça-o. Mas não se esqueça: um exemplo vale mais que mil palavras.
(Revista Serviço Rosacruz – 10/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Qualidades: o Exercício Esotérico de ver o bem em tudo
Quando Cristo-Jesus e seus Discípulos passaram por um cão morto, em estado de putrefação, houve quem preocupasse com o mau cheiro, e, não se contendo, comentou-o. Prontamente Cristo-Jesus chamou a atenção dos Discípulos para a alvura dos dentes daquele animalzinho fazendo com que vissem apenas o que nele havia de bom.
No fato que acabamos de descrever percebe-se, com clareza, a profunda lição que o Mestre dera aos Discípulos de todos os tempos e à humanidade.
Feliz, portanto, de quem procura se compenetrar da sublime lição dada por Cristo-Jesus. Vão, gradativamente, enxergando em seu próximo tão somente as qualidades. Com isto, a sua felicidade avulta, tendo em vista a possibilidade que alcança de fazer, em maior proporção, a felicidade dos outros. Esta realidade é, sem dúvida, o que há de mais importante, não apenas no Mundo Físico.
Max Heindel, nosso Amigo, em perfeita consonância com Cristo-Jesus, ensina-nos no “Conceito Rosacruz do Cosmos” que devemos ver o BEM em TUDO. Aliás, entre os Estudantes da Fraternidade Rosacruz, felizmente, alguns já se compenetraram bem da lição conscientemente. Outros atingiram certo ponto e continuam se esforçando. E, há, ainda, aqueles que estão iniciando a maravilhosa jornada.
Caminhando, pois, como ensinara o Mestre verificaremos, no correr dos dias, que EIe tinha e tem toda razão desaparecendo por completo, o “mau cheiro” que antes sentia, por ventura, nos fatos e pessoas.
Lembremo-nos, finalmente, de que a Bíblia Sagrada diz o seguinte: “Deus Criou tudo e viu que tudo era bom”. É conveniente, portanto, meditar diariamente sobre isto.
(Revista Serviço Rosacruz – 07/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)
As manifestações da Luz de Cristo, toda vibrante, linda e cheia de mistério, são tão numerosas que seria impossível apresentar mais que um resumo deste vasto assunto em um simples artigo.
À medida que oramos em nossa Sede Central, dia após dia, a Luz de Cristo, vibrando em cada um de nós, juntam-se e irradiam um raio luminoso que forma uma deslumbrante luz dentro e em volta de todo o edifício da Sede. Pela mesma razão, a Luz de Cristo emana do nosso Templo de Cura, mas num grau muito maior.
Se analisarmos um pouco o assunto, verificaremos que a maioria das coisas verdadeiramente belas da vida são criadas por intermédio da Luz de Cristo. Por outro lado, a Luz de Cristo é acionada pelo amor que manifestamos – amor a toda a Criação, que é uma manifestação de Deus.
A Luz de Cristo pertence a todo indivíduo, tanto os seres humanos livres como os escravos. É difícil para nós que somos livres, conceber que há neste mundo homens e mulheres que são escravos. Estes seres não são donos de seus corpos físicos, mas possuem a centelha da Luz de Cristo dentro de seus corações. É essa centelha que, eventualmente, os libertará de toda escravidão.
Os Raios de Cristo constituem o princípio ativo da nutrição e do crescimento em todas as obras da Natureza. O lavrador experiente leva em consideração estes Raios quando são refletidos pela Lua, na ocasião do plantio. O ser humano que faz curas leva em conta os Raios de Cristo que vêm diretamente do Sol. Cristo é a concretização do Princípio da Sabedoria, e à medida que Cristo se forma dentro de nós, alcançamos o estado de saúde. A cura espiritual deriva do emprego das diversas categorias de vibrações dos Raios de Cristo. A Força curativa empregada por Cristo sempre esteve ao alcance da humanidade, de acordo com o preparo do indivíduo para tornar-se um canal receptor e transmissor da força curativa.
À medida que damos, assim também recebemos. Por isso se quisermos receber esta grande força curativa precisamos por nossa vez, distribuí-la à humanidade sofredora; tornando-nos assim um canal adequado para a passagem desta força.
Antigamente o caminho da Iniciação não estava aberto a todos. Mas somente aos poucos escolhidos. Os Discípulos que estivessem preparados para a Iniciação, antes do nascimento de Cristo, elevavam-se a um estado de exaltação no qual eles transcendiam as condições físicas. Para a sua visão espiritual, a Terra sólida tornava-se transparente e eles viam o Sol à meia-noite: “a Estrela”. Esta é a Estrela que brilhou para o místico na escuridão da noite. A Estrela Fulgurante está sempre presente para guiá-lo, e sua alma ouve o cântico profético: “Paz e Boa Vontade a todos”. Isto se aplica a todos, sem exceção. Não há lugar para um único inimigo ou rejeitado! É de admirar que seja difícil educar a humanidade para conceber um nível tão elevado? Existe melhor caminho para demonstrar a beleza, a necessidade da paz, da boa vontade e do amor do que se contrastando com o estado atual de guerras, egoísmo e ódio?
Diz-se que a Estrela de Belém surgiu na ocasião do nascimento de Jesus e guiou os três Reis Magos (que representam o povo da Terra) até o Salvador. A natureza da Estrela tem sido motivo de muita especulação. A maioria dos cientistas materialistas consideram-na um mito, mas todo místico conhece a Estrela bem como a Cruz – não somente como símbolos ligados a vida de Jesus e de Cristo-Jesus como nas suas próprias experiências devida.
No momento em que o Grande Espírito do Cristo Solar livrou-Se do veículo físico de Jesus na Crucificação, uma enorme onda de luz espiritual inundou a Terra. Naquele momento o caminho da Iniciação foi aberto a todos que o buscassem. Esta onda de luz espiritual tinha um brilho tão ofuscante que as massas disseram que o Sol se tinha obscurecido. O Sol não se obscureceu. Foram as fortíssimas vibrações causadas pela luz excessiva que cegaram o povo. Este foi o espetáculo mais vibrante dos Raios de Cristo até hoje registrado.
Os raios do Sol Espiritual e invisível possibilitam o crescimento anímico sobre diferentes partes da Terra sucessivamente, assim como os raios do Sol físico possibilitam o crescimento da forma. Este impulso espiritual também se dirige na mesma direção que o Sol físico – do Leste para o Oeste. Isto explica a onda de espiritualidade que se disseminou sobre a Terra, dirigindo-se do Oriente para o Ocidente, compreendendo numerosas religiões até que finalmente vem atingir o Mundo Ocidental, onde assume a forma elevada da Religião Cristã. E assim como o brilho do Sol ultrapassa a estrela mais brilhante dos céus, assim também num futuro muito remoto a verdadeira Religião de Cristo substituirá e obscurecerá todas as outras religiões. Todas as religiões foram dadas à humanidade pelos Anjos do Destino, os quais conhecem as necessidades espirituais de cada classe, nação e raça, mas agora essas religiões já serviram o fim a que se destinava, qual seja, servir de ponto de partida para a compreensão do Cristianismo Esotérico que ainda não foi ensinado publicamente, nem o será enquanto a humanidade não atravessar a fase materialista e estiver preparada para recebê-la. No decorrer da Sexta Época vindoura, ou Nova Galileia, a Luz de Cristo unificadora, sob a forma de Religião Cristã, abrirá os corações da humanidade, assim como seu entendimento espiritual está aumentando agora.
O Cristianismo como conhecemos teve início há mais de 2.000 anos, mas o verdadeiro Cristianismo sempre existiu e sempre existirá, simplesmente porque há um só Filho de Deus, o Cristo Cósmico. Todas as outras religiões, encerrando somente uma parte daquilo que o Cristianismo possui em proporções maiores, têm apenas conduzido a humanidade para a religião Cristã. Quando Cristo apareceu em estado físico e uniu-Se a esta Terra, a verdadeira religião em existência recebeu o nome de Cristã. Somente por intermédio da percepção consciente do Cristo interior pode a verdadeira compreensão espiritual do Cristianismo raiar sobre o mundo.
Toda a humanidade está se tornando sensível a mais uma oitava de visão, porque o Éter que circunda a Terra está ficando mais denso e o ar mais rarefeito. Isto é verdade especialmente em certas partes do mundo, no Sul da Califórnia entre outras, e a nossa Sede é particularmente favorecida neste ponto. A este respeito, é digno de nota o fato de que a magnificência da Aurora Boreal do Norte congelado, está se tornando mais frequente e mais potente nos seus efeitos sobre a Terra. Nos dias primordiais da Era Cristã este fenômeno era desconhecido, mas com o correr do tempo, à medida que a Onda de Cristo, que penetra na Terra durante parte do ano, transmite uma quantidade cada vez maior de sua própria vida, a massa terrestre inerte, os Raios Etéricos Vitais, tornam-se visíveis de intervalos a intervalos. Depois se tornam cada vez mais numerosos, e agora estão começando a perturbar as nossas atividades elétricas, cujas funções são, às vezes, completamente alteradas pela irradiação destes raios.
As correntes relativamente fracas e invisíveis produzidas pelos Espíritos-Grupo das plantas e os fortíssimos raios de força produzidos pelo Espírito de Cristo, ora visíveis sob a forma da Aurora Boreal, tiveram até agora mais ou menos a mesma natureza que a eletricidade estática, ao passo que as correntes produzidas pelos Espíritos-Grupo dos animais e que circundam a Terra podem ser comparadas a eletricidade dinâmica, a qual deu a Terra a sua força de movimento em eras passadas. Agora, porém, as correntes de Cristo estão se tornando cada vez mais poderosas e sua eletricidade estática vai sendo libertada, transformando-se, assim, em dinâmica. O impulso etérico que elas produzem iniciará uma nova Era e os órgãos sensoriais que a humanidade possui atualmente, precisam acomodar-se a esta transformação.
Com o correr do tempo, e à medida que Cristo, através de Sua intervenção benéfica, atrai uma quantidade cada vez maior do éter interplanetário para a Terra, tornará o globo mais luminoso e estaremos caminhando num mar de luz, devido ao constante contato com estas vibrações benéficas de Cristo. E também nos tornaremos luminosos. Então a vista humana, tal como ela se constitui, não teria utilidade para nós; por isso ela está começando a modificar-se e nós estamos passando pelo incômodo que acompanha qualquer reconstrução. Ainda com referência a Aurora Boreal (os poderosos raios de força produzidos pelo Espírito de Cristo), e seus efeitos sobre nós, , irradia através de todas as partes da Terra, que é o Corpo de Cristo, partindo do centro para a periferia, mas não são visíveis nas regiões habitadas do mundo, porque estes raios são absorvidos pela humanidade, assim como os raios do Espírito-Grupo das plantas são absorvidos pela flor. Estes raios constituem o “impulso interior” que lenta, mas seguramente, vai impelindo a humanidade a adotar uma atitude de altruísmo.
Quando olhamos para os dias anteriores ao nascimento do Salvador verificamos que o altruísmo, em qualquer sentido da palavra, era desconhecido. Cada criatura humana pensava em si mesma, gananciosa, indiferente e licenciosa. Mas com a presença do Salvador na Terra, os raios benéficos foram atraídos e lentamente, muito lentamente, mas com segurança, todas as vibrações começaram a manifestar-se, e no decorrer dos milênios que se passaram o amor e a generosidade para com nossos semelhantes positivaram-se.
À medida que o ser humano progride espiritualmente, ele absorve uma quantidade cada vez maior da Luz de Cristo e, consequentemente, aumenta cada vez mais a presença dessa Luz na Terra. Isto explica todas as nossas grandes instituições de ensino e de caridade, bem como a enorme generosidade que existe em toda parte.
Certamente é grande o mérito da humanidade pela prática de tanto altruísmo e de sua constante intensificação. Tudo isto é a manifestação da inesgotável Luz de Cristo; a Luz que impregna e que torna a alma produtiva, eventualmente, realizará a Imaculada Concepção e o Cristo nascerá dentro de cada um de nós. Então, caminharemos na luz, porque Ele está sempre na luz, e nós amaremos uns aos outros.
(Revista Serviço Rosacruz – 09/65 – Fraternidade Rosacruz – SP)