Arquivo de categoria Método e Leis cósmicas que regem a evolução

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Sombra da Cruz: conhece a Sua?

A Sombra da Cruz: conhece a sua?

A cruz é o símbolo da vida humana em sua relação com as correntes vitais. O madeiro vertical superior representa o ser humano, que recebe a energia solar verticalmente e a força crística do interior da Terra. O madeiro horizontal configura o corpo animal, por cuja espinha dorsal perpassa as correntes circulantes pelo nosso planeta. O madeiro vertical inferior simboliza o reino vegetal.

A cruz representa o conflito entre duas naturezas aludidas por São Pedro, quando disse: “Eu vos rogo que vos abstenhais dos desejos carnais que lutam contra a alma” (IPe 2:1). Sob tal ponto de vista, são muito significativas as palavras de Cristo: “Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.

É comum ouvir falar de sofrimentos, de alguma limitação física ou alguma dura experiência, como uma “CRUZ” que se carrega. Em certo sentido a comparação é exata, se a aflição é causada por outrem. Como exemplo podemos citar o de Cristo pela humanidade, seu confinamento a um mundo de baixa vibração como o nosso.

Que comparação podemos estabelecer entre essa situação de limitação onde se encontra o Mestre e os nossos pesares, por grandes que sejam? No entanto, recebemos nossa cruz em proporção às nossas forças. Mas, a cruz que tomamos após Cristo é a mesma vida terrestre que lhe dedicamos no serviço desinteressado aos nossos semelhantes.

A enfermidade pode nos deixar preocupados, porém se constitui uma parte de nossa cruz, chega a converter-se em bênção, até a saúde da alma refletir-se no corpo.

Nestes conturbados dias, quem serão aqueles que tomarão a sua cruz e seguirão o Mestre amado?

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Você tem qualidades para renovar o mundo?

Você tem qualidades para renovar o mundo?

O verdadeiro renovador não é aquele que agride os outros acusando-os de todas as falhas; que descarrega sobre os ombros alheios a responsabilidade de todas as coisas; — que permanece na parte externa dos acontecimentos.

Não. O verdadeiro renovador, se sente – ele mesmo – igreja, fraternidade, sociedade, “os outros”, comprometido com a vida até suas últimas consequências. Não se evade, colocando culpa nas estruturas e obstáculos para uma realização.

O verdadeiro profeta está disposto a dar a vida pela causa comum e sabe que as estruturas por quanto inadequadas e injustas, não o impedem de amar e doar-se totalmente. Conta-se que o Capitão Cortés, ao chegar ao México, queimou os navios, para externar com esse seu gesto que não era possível voltar para trás. O autêntico renovador não foge da situação, mas a enfrenta com espírito de total disponibilidade.

Que se deve, então, fazer? Devemos ser os pioneiros de um mundo novo, de uma sociedade melhor do que aquela em que vivemos. Somos chamados a fazer coisas que vão além da lógica e da psicologia.

Dar aos outros todo o nosso tempo e toda nossa vida, não é lógico, nem psicologicamente possível, e, no entanto, isto não é uma utopia.

O renovador é um ser humano de vitalidade ascendente, isto é, um ser humano que onde se encontra, leva a vida, a alegria, embora muitas vezes tenha que dizer: Não. E o diz com tanto amor, que também nesse caso, comunica um sentido de grandeza e elevação. Seu oposto é o ser humano de vitalidade descendente, isto é, a pessoa que trata as coisas de cima para baixo. Mesmo num ato generoso, deprime.

É muito importante ser consciente da dialética entre vida e morte, abraço e repulsa, alegria e tristeza.

Hoje nós conhecemos por dentro o problema da guerra, da fome, da alienação, do vazio existencial, mas exatamente porque desejamos ser renovadores, julgamos que a vida é mais bela do que a morte, que é melhor construir que destruir, melhor amar que odiar, melhor a alegria do que a tristeza.

Essa é a primeira característica da espiritualidade de um renovador.

Não tenho confiança nas pessoas e nos grupos que vivem a renovação em um clima de agressividade e de amargura, jogando pedra em todo mundo.

Além disso tudo, o verdadeiro renovador deve ser um poeta para criar um mundo novo. Mais do que burocráticos e organizadores, precisamos de poetas. Falando isso não quero dizer que se deva desconhecer a necessidade da ciência, da técnica e da organização. Quero dizer que se o fogo da poesia não aquecer tudo isso, estará condenado à atrofia.

Que risco corre quem se torna autoridade? Uma pessoa planificada, escrava da engrenagem burocrática, sem asas para idealizar e prever o mundo do futuro. Essa doença enfraquece todas as instituições de nossa sociedade.
Daí a necessidade de, em todos os níveis de nosso mundo político, social, econômico, eclesiástico, criarem-se grupos de pessoas que sonhem com novas fronteiras. Erra quem ri dos contemplativos, isto é, daqueles que se deixam atrair pelas estrelas, pelo sol, pelo fio da erva, pelo canto dos passarinhos… daqueles que colhem os sinais dos tempos.

Hoje temos necessidade de artistas, de músicos, de poetas, de pessoas que olhem para mais longe. Os técnicos valorizarão as ideias deles. Por que os jovens de nossos tempos gostam da música? É evidente: existe nela a visão de um mundo completamente novo.

Uma terceira característica do renovador é ser existencialmente empenhado. Deve ser uma pessoa disposta a perder tudo, sem nenhum compromisso; a dar-se inteiramente e para sempre; uma pessoa com a qual se pode contar, porque não é ligada a ninguém e a nada, porque não procura fazer carreira, nem visa lucro, nem a própria promoção. É toda empenhada em realizar um novo céu e uma nova terra, uma nova sociedade, uma nova igreja. Por isso se empenha em conhecer os outros pelo nome. A sociedade do futuro não será uma sociedade anônima. Sinto-me humilhado quando me encontro com alguém que conheço e não me lembro o nome. Um conhecimento desse tipo não é possível se a sociedade não se estrutura, desde a base, de um modo humano.

Ocorre fazer a experiência de fraternidade com um pequeno grupo para vivê-la em todas as circunstâncias. Não se pode prescindir dessa experiência se se quiser chegar a uma verdadeira renovação.

Não se é renovador se não se decide a esquecer a si mesmo e a procurar o outro, acolhendo-o no mistério de sua interioridade. O verdadeiro renovador se empenha também no diálogo. O que é o diálogo? Dialogar é ver o mundo com os olhos do outro, é dar ao outro os meus olhos para que também o possa olhar. Não é falar um depois do outro, mas é dizer um ao outro: “por favor, você me dê seus olhos”. “Você” vê coisas que ainda não vi, conhece regiões, pessoas que eu não conheço. E você os viu numa perspectiva diferente da minha e participou dos acontecimentos de modo diferente. É maravilhoso ver o mundo com os olhos dos outros. O renovador é aquele que se decide a amar. É fazer um “nós” com os outros. É muito triste encontrar um pseudoprofeta que fala da religião, dos povos subdesenvolvidos como de terceira pessoa. O verdadeiro renovador é aquele que descobriu o “nós” ao nível do ser e do fazer. Cometemos um grave pecado instaurando um desencadear sem fim de racismos: aqui, ricos; lá, pobres. Aqui os brancos, lá, os negros. Aqui os do Norte, lá; os do Sul. Aqui os progressistas, lá; os conservadores.

Quando, nas fronteiras, me pedem o passaporte, sinto todo o ridículo da situação.

Nós que não estamos dispostos a aceitar passaportes, carimbos de nacionalidades, fronteiras e barreiras, nós que estamos dispostos a sermos uma só coisa, a nós está confiada a criação de um novo tipo de sociedade e também, por que não, um novo tipo de religiosidade.

Para esse trabalho, porém, são necessárias duas ações convergentes: uma de baixo e outra de cima. Se do alto impuserem novas estruturas sem que a base esteja preparada para acolhê-las, a troca seria artificial. Por isso ao lado das soluções radicais previstas pelo alto é necessário um trabalho de sensibilização das consciências às novas exigências do tempo.

Por isso são muito necessárias hoje pessoas ricas de carga interior, que traduzam seus pensamentos em ações concretas, que escutem as consciências e as façam mais sensíveis aos problemas da renovação. Quem tem dotes para agir do alto, use-os; quem, ao invés, é chamado a colaborar de baixo, se empenhe nessa linha. Só assim faremos um novo céu e uma nova terra.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de jan/72)

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Liderança ou Emancipação?

Liderança ou Emancipação?

Por ser um movimento aquariano, a Fraternidade Rosacruz dispensa, em seu meio, a figura do líder. Sua renovada mensagem procura estimular o trabalho de equipe, onde as qualidades individuais se completem e os esforços se somem em torno de um ideal comum. Substitui-se a imposição pelo consenso. Delibera-se a partir do livre debate. Opta-se pelo trabalho grupal ao invés da ação unipessoal. Todo esforço comunitário nada mais é do que uma expressão antecipada da próxima Idade.

No entanto, a consecução desse objetivo maior tem sido uma tarefa das mais difíceis, pois apenas uma minoria encontra-se preparada para tal.

Essa elevada aspiração não será concretizada sem prévia transposição de alguns obstáculos. Removê-los consiste em árduo trabalho, porque arraigados estão na própria natureza humana. O ser humano acomodou-se desde vidas passadas a obedecer, transferindo a outrem a responsabilidade de decisão. As comunidades primitivas eram chefiadas pelos mais fortes e corajosos fisicamente. Essa foi à gênese da liderança.

Os modernos líderes reúnem atributos tais como inteligência, visão e, principalmente, uma personalidade forte e arrebatadora. Como raras vezes esses atributos vêm temperados com amor, por via de regra, transformam-se numa tirania, ostensiva ou sub-reptícia.

Tais lideranças, obviamente, acabam por se tornar nocivas ao grupo. Não obstante, a força da inércia é tão grande, a ponto das pessoas acomodarem-se até àquilo que lhes é prejudicial.

É claro que os povos orientais, com algumas exceções, tanto política como religiosamente encontram dificuldades para libertar-se da necessidade de liderança. Basta atentarmos para suas comunidades religiosas, e constatarmos como se obedece fielmente ao chefe ou guru. Não há meio termo. Entretanto, alguns líderes mais avançados, não se atribuem essa condição. Conscientes de sua missão procuram apenas indicar o caminho a seu povo, respeitando-lhe, ao máximo, o livre arbítrio. Mas como a humanidade não resiste ao fascínio de uma personalidade magnética, nem sempre lograram livrar-se de seu carisma.

O estudo do carisma constitui um interessante exercício para os modernos psicólogos. O que torna um indivíduo um líder? Grosso modo, uma personalidade forte, atraente, destemida, oratória fluente, somadas a outras qualidades pessoais devidamente inseridas num contexto todo especial – condições vigentes são importantes – são os ingredientes básicos do espírito de liderança. Certos fenômenos conjunturais servem de campo fértil ao surgimento dessa postura.

Não é justo, entretanto, omitir um ponto importante: alguns indivíduos converteram-se em líderes face à sua elevada formação espiritual. Mahatma Gandhi serve de exemplo. Fisicamente frágil e pouco atraente, voz desagradável, lembrando muito mais um mendigo do que um líder, o Mahatma soube impor-se ao respeito dos seus e do mundo, graças a sua bondade natural. Estudou Direito na Inglaterra, onde teve a oportunidade de acrescentar a sua formação orientalista as mais belas joias da cultura ocidental. Concluído o curso, passou a exercer sua profissão na África do Sul. Lá, a colônia indiana, por sinal relativamente grande, sofria as mais cruéis discriminações. Mais tarde, regressando a sua pátria, ainda jovem, porém, culto e tarimbado, renunciou às glórias que eventualmente o esperariam nos grandes centros, como Nova Délhi, Calcutá e outros. Dedicou-se a percorrer as miseráveis aldeias indianas para ensinar os mais comezinhos princípios de higiene – como usar latrinas, por exemplo – àquelas populações incrivelmente marginalizadas. Esse sentimento humanitário é que lhe conferiu a posição de líder.

Seja qual for a sua origem, a liderança tende a dar lugar a algo mais elevado. Aos poucos o ser humano vai aprendendo a libertar-se de tutelas, assumindo responsabilidades na sociedade em que vive. Quanto maior seu avanço espiritual, tanto mais acentuada sua emancipação em relação às pessoas e sua participação na vida comunitária.

As decisões tomadas em conjunto são, comprovadamente, mais sensatas. Havendo consenso, as responsabilidades pelos erros e acertos serão divididas, evitando-se, ou pelo menos minimizando cisões ou traumatismos na coletividade.

Para muitos, esse ideal avançado é considerado como utópico. Nós, todavia, não pensamos assim. Utopia é a verdade que não foi levada a prática. A distância não torna uma meta inatingível. Tanto estamos convencidos disso, que a Fraternidade Rosacruz tem sido uma das vanguardeiras do desenvolvimento espiritual sem lideranças. Líder é o Cristo, nosso paradigma e Luz do Mundo. Mas, se alguém entre nós deseja destacar-se, que comece sendo o “servo de todos”. Que procure, sinceramente, identificar-se com nosso ideário. Tornar-se-á, então, o “maior”, no bom sentido.

Pode ocorrer de estudantes novos ou menos avisados, impressionarem-se com as qualidades de algum membro mais antigo. Elegendo como modelo, acabam não raro, por decepcionarem-se, tão logo lhe contatem falhas de caráter. Esquecem-se de que ele é um ser humano lutando por aprimorar-se, sujeito a quedas. Se assim não fosse, ele não seria membro da Fraternidade, mas sim da Ordem Rosacruz. E mesmo os membros da Ordem, embora se encontrem acima do ser humano comum, também evoluem e queimam etapas.

Alguns estudantes empolgam-se com os conferencistas, deixando-se fascinar por um carisma de que, às vezes, eles nem se dão conta. Quando, num momento de maior intimidade descobrem-lhes o lado humano, chegam a desiludir e a abandonar o ideal, como se a Fraternidade fosse os seus membros. É uma pena que isso às vezes aconteça.

Os conferencistas, ao subirem a tribuna para expor nossa amada filosofia, carregam uma grande responsabilidade sobre seus ombros. Fazem-nos desprendidamente, conscientes de suas possibilidades e limitações. Procuram apenas colaborar no esforço de divulgação. Não são líderes, não se arvoram em “mestres”, nem se julgam “donos da verdade”. Apenas aspiram a que os estudantes entendam este posicionamento: numa conferência o importante não é o conferencista, mas a mensagem por ele transmitida. Não se conceda destaque ou louvar a “quem fala”, mas ao “que fala”. Como disse Descartes: “É preciso tornar as pessoas discípulas da verdade e não sectárias obstinadas do que o expositor ensina”.

Esperamos, assim, que todos os estudantes rosacruzes procurem emancipar de quaisquer influências externas, consolidando, dessa forma, a Fraternidade Rosacruz como a precursora da Idade Aquariana.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Organização da Fraternidade Rosacruz

Organização da Fraternidade Rosacruz

A Comunidade Mundial Rosacruz não tem líderes. Todos são estudantes, que se esclarecem uns aos outros segundo o poder de seu entendimento.

O “Conceito Rosacruz do Cosmos” é explícito quando frisa que o Estudante deve tornar-se árbitro de seu próprio destino e realizar o aperfeiçoamento por si mesmo, à luz do método Rosacruz de desenvolvimento. O próprio Max Heindel foi um exemplo de desinteresse por qualquer espécie de liderança: nunca se furtou a qualquer gênero de labor dentro da Fraternidade; nunca se alteou ou se sobrepôs a ninguém em suas relações com os estudantes e companheiros; jamais concentrou nas mãos poderes mundanos relativos à obra. Enfim, sempre disposto a ocupar o último lugar à mesa do Senhor, foi o primeiro na prestação do serviço. Ele deixou as normas de funcionamento dos núcleos sem nenhuma espécie de vinculação material a quem quer que seja e nem cargos vitalícios.

Sua finalidade foi a de iluminar aqueles que não encontrando Cristo pela fé procuram-no pela razão. Esses sentem o “chamado” interno da tônica Rosacruz, que os levam a algo além das suas limitadas faculdades sensoriais, revelando os mistérios de nossa origem, a finalidade de nossa estada presente na Terra e desenvolvimento futuro, mas tudo isso para que, satisfeita a parte mental, possa falar o coração numa vivência superior de serviço amoroso ao próximo.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 01/79 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Superar a Lei

Superar a Lei

“Ouvistes que foi dito: ‘Olho por olho, e dente por dente’. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: ‘amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós, pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus'” (Mt 5:38-48).

Nessa passagem da Bíblia está indicada claramente a diferença essencial entre religião Cristã e religião de Raça que a precedeu.

Somente poucos eram capazes de aceitar uma conduta tão sublime, inegoísta do tempo da vinda de Cristo e agora, quase 2.000 anos depois, ainda são poucos os que chegaram a tão alta consciência. Tem havido progresso, e haverá progresso nos anos vindouros porque Sua radiação benevolente interpenetrará a terra e seus habitantes.

Somente aquele que alcançou uma elevada espiritualidade pode “não resistir ao mau” e somente aquele que pode virar a “outra face”, em amor e humildade, é capaz de emanar de si mesmo o alto valor da força espiritual, que será sentida pelo seu antagonista. Essa sutil, mas extremamente poderosa força atinge e, muitas vezes, transforma o “pecador”, dando reforço ao seu Ser Superior, o Espírito que habita nele, capacitando-o a se afirmar e agir de acordo com seu ideal.

Aqui está o magnífico potencial de capacidade que temos de abençoar, sem reservas, aquele que nos amaldiçoou, amar aquele que nos odiou e rezar pelos que nos prejudicaram.

Estudantes espirituais percebem e sentem a eficiência desse procedimento sabendo que é, na realidade, uma fórmula exata baseada em lei imutável. O elevado ideal de “sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celestial” não é fácil de atingir. Sem dúvida, desde que digamos que somos capazes de alcançar a altura dos nossos ideais, convém abraçar o ideal mais alto. Atualmente somos deuses em formação e os ensinamentos de Cristo para a humanidade, neste período de evolução, são a fórmula científica para desenvolver nossos poderes divinos que nos conduzem, pela senda elevada, à divindade.

Quando alcançamos o estado de consciência pura, quando pudermos espontaneamente seguir os mandamentos de Cristo, não estaremos mais sujeitos à lei. Teremos a lei escrita nos nossos corações e teremos a força de estar acima dos mandamentos.

(Traduzido da “Rays from the Rose Cross” e publicado na revista Rosacruz de 07/85)

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O poder interno que está destinado a abrir-lhe um lugar de relevo no mundo

O poder interno que está destinado a abrir-lhe um lugar de relevo no mundo

“Os Ensinamentos da Fraternidade têm um poder interno que está destinado a abrir-lhes um lugar de relevo no mundo, mas devemos fazer por merecê-lo, de acordo com a maneira pela qual ajudamos a trazer esses Ensinamentos dos Irmãos Maiores à atenção da humanidade em geral” (Cartas aos Estudantes).
“Bem-Aventurados sãos os mansos, porque herdarão a terra” (Mt 5:4).

As Bem-aventuranças têm sido objeto de muitas e variadas interpretações. Alguns dizem que elas não devem ser encaradas como uma norma de vida, mas antes como uma cápsula de tempo, contendo leis espirituais, e que só será operativa num futuro muito distante. Outros argumentam que Cristo Jesus estava mostrando um padrão de vida que não podemos seguir, a menos que nos retiremos do mundo – que os afazeres do mundo, negócios, comércio e especialmente política, são atividades competitivas, nas quais, certamente, os mansos não conseguirão singrar. A página 321 do Conceito (edição em Inglês) ajuda a compreender as passagens confusas das Escrituras por meio de um ponto de vista mais amplo e claro: “A verdade é múltipla e com diferentes facetas. Cada verdade oculta requer um exame de diferentes pontos de vista; cada ponto apresenta uma certa fase da verdade e todos eles são necessários para adquirir uma concepção definitiva e completa do que quer que seja que esteja sendo estudado”. Assim se passa também com as Bem-aventuranças, especialmente “Bem-aventurados são os mansos, porque eles herdarão a terra”. Por vezes, encontramos pessoas que se deixam espezinhar pelos outros. São, habitualmente, ridicularizadas e muitas vezes alvo de pena e críticas. Há algum tempo, eram publicados quadrinhos na sessão cômica dum jornal sobre Casper Milquetoast, um homenzinho amável, manso, insosso e patético. Uma vez, Casper era mostrado em pé, numa esquina, durante um aguaceiro torrencial. A água transbordava das abas de seu chapéu e ele tiritava miseravelmente, enquanto dizia: “Se aquele moço não aparecer dentro de mais 45 minutos, ele pode ir embora e pedir a outra pessoa que lhe empreste o dinheiro”. Essa caricatura parece exagerada e ridícula – mas será realmente? Manso é definido como “sofredor, paciente, de maneiras suaves, suportando injúrias”. A definição desfavorável é “mole”, “sem fibra”, “fraco”. Todos nós gostaríamos de expressar as qualidades positivas e verdadeiras identificadas com a palavra “manso” e fazemos esforços nesse sentido; mas todos, frequentemente, usamos a expressão desfavorável “fraco”, quando o nosso semelhante não se mostra à altura de nossas expectativas. A definição negativa de mansidão parece estar frequentemente associada com o Cristianismo e com o nosso Salvador em particular. Ouvimos muitas vezes a frase: “o manso e suave Jesus”. O poeta Swinburne chamava-o de “o Galileu pálido, mortiço”.

Inofensivo, fraco, invertebrado, de maneiras suaves, gentil – era isso que Ele queria dizer, quando dizia a Seus Discípulos: “Vós herdareis a terra se fordes mansos – inofensivos”?

Pois se esse era o sentido de suas palavras, elas certamente caíram em ouvidos surdos. Provavelmente, nunca houve outro grupo de homens que tenha de tal maneira desafiado a proverbial definição de manso. Eles argumentaram e combateram, enfrentando, corajosamente aqueles que desafiavam os Ensinamentos de Cristo; um deles apoderou-se duma espada e decepou a orelha de Malchus. Eles desafiaram a autoridade de Roma, “nós devemos obedecer a Deus e não aos homens” bramavam. Foram atirados na prisão, não porque eram mansos e suaves, mas porque eram homens de caráter e convicção.

Se nós rejeitamos os conceitos correntes e uso da palavra manso, o que, então, está a Bem-Aventurança nos dizendo?

A palavra-chave para essa Bem-Aventurança é: “Mansidão ou impessoalidade; a renúncia completa do eu”. A correlação astral é a Lua. A Lua atrai e aumenta à medida que toca cada ponto sensível na sua viagem de 30 dias em torno do círculo mágico, o horóscopo. A correlação bíblica é: “Aquele que perde a sua vida por amor de Mim, salvá-la-á”. Isso dá uma conotação completamente nova a essa Bem-Aventurança, no que concerne à versão popular. “Mansidão” aqui equipara-se com “impessoalidade”. A palavra “manso ” não é usada muito frequentemente na Bíblia, e é usada para descrever só duas pessoas: Moisés e Jesus.

No Livro dos Números, diz-se de Moisés: “Agora o ser humano Moisés era muito manso, mais do que todos os homens que havia na face da terra”. Suave? Sofredor? Essas denominações não se enquadram na personalidade dinâmica do herói do Velho Testamento. Duas imagens de Moisés acodem-nos à lembrança. A primeira, é de Moisés como um jovem, criado na corte do Faraó. Um dia, viu um egípcio bater num escravo. Era demais para esse jovem judeu, que matou o egípcio. Chamem-lhe um acesso de cólera ou um raro momento de paixão, mas não pode ser chamado um ato de mansidão, no sentido popular da palavra. A segunda imagem é o episódio dos 10 mandamentos. Quando Moisés vinha descendo a montanha com as Tábuas de Pedra, viu seu povo dançando em torno dum vitelo dourado: “E Moisés, muito irado, atirou de suas mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte. E, pegando no bezerro que tinham feito, queimou-o e esmagou-o até o reduzir a pó, que espalhou na água, e deu a beber dele aos filhos de Israel” (Ex 32:19-20). Isso novamente, não pode ser chamado um ato de mansidão. É necessário falar da ira de Nosso Senhor Jesus Cristo? Pode ser necessário para alguns que nunca podem imaginar Nosso Senhor ficando encolerizado. Mas ficou. O que precisamos dizer, e isto ajuda-nos a atingir a compreensão do significado esotérico da palavra “manso”, é que Sua ira foi dirigida contra os erros e as injustiças cometidos contra os outros. Nunca foi uma reação defensiva de sua parte àquilo que estava acontecendo com Ele. Foi espancado, escarnecido, ameaçado, mas nunca respondeu uma palavra, nem retribuiu. Sua cólera era dirigida contra os líderes religiosos e o pesado fardo que colocavam sobre o povo, e contra aqueles que enganavam no troco os frequentadores do Templo. Mesas viradas, pombas soltas de suas gaiolas, os vendilhões correndo apressadamente para fugir à dor aguda do chicote: (Mt 21 :13) “Minha casa deve ser chamada a casa da oração; mas vocês transformaram-na num antro de ladrões”. Uma vez mais, isso não foi um ato de mansidão.

Esses dramáticos incidentes coincidem com a vida na Terra tal como se nos apresenta hoje.

Estamos deixando a Idade de Peixes e entrando na Idade de Aquário. Somos como os filhos de Israel, mantendo-nos fiéis e adorando os dias dourados da indecisão, em vez de olhar para o futuro, onde o vitelo dourado desta dispensação está sendo moído e derramado sobre as águas da espiritualidade? Estamos abrigando dentro de nós os vendilhões, os desejos materialistas, que tem poluído o Templo de Deus, a nossa personalidade? Sim, na verdade, há uma interpretação interna e uma externa de todas essas Escrituras.

Na Bíblia, encontramos alegorias, simbolismos e mitos que foram usados para velar verdades sagradas e que só podem ser interpretadas pelos Espíritos avançados a quem foi dada a chave. Max Heindel era um deles e por seu intermédio os Irmãos Maiores puderam revelar muitas das verdadeiras interpretações dos Ensinamentos Sagrados.
Um mito é um estojo que contém, às vezes, as mais profundas e preciosas joias da verdade espiritual, pérolas de beleza tão raras e etéreas que não podem ficar expostas ao intelecto material. Com a intenção de as proteger e ao mesmo tempo permitir-lhes trabalhar pela humanidade, no sentido da ascensão espiritual dela, os Grandes Mestres que guiam nossa evolução, invisíveis, mas poderosos, deram essas verdades espirituais para o ser humano nascente, encerradas no simbolismo pitoresco dos mitos, para que assim possam trabalhar sobre os seus sentimentos, até chegar o tempo em que o seu nascente intelecto tenha se tornado suficientemente desenvolvido e espiritualizado para que possam senti-las e conhecê-las (do Livro: Cristianismo Rosacruz).

Os poderes espirituais existem adormecidos dentro de cada ser humano, mas só são desenvolvidos por assiduidade paciente e continuidade no fazer o bem, através dos anos. Somente uns poucos têm fé para iniciar na senda até a sua consecução, ou perseverança para prosseguir nessa prova difícil. Se nossas vidas não são impulsionadas pelos motivos mais puros e altruístas, poderemos ser um tormento para a humanidade, pois qualquer poder usado fora da direção dos princípios Crísticos, é destrutivo e suas reações trazem sofrimento.

Portanto, o exercício de qualquer poder implica em responsabilidade perante a Lei Divina.

Um parágrafo no livro “O Desejo das Idades”, de Ellen G. White, explicou isto lindamente: “o Governo sob o qual Jesus viveu era corrupto e opressivo; com todas as pessoas ocorriam abusos gritantes – extorsão, intolerância e dolorosa crueldade. Entretanto, o Salvador não intentava reformas civis. Ele não atacava os abusos nacionais, nem condenava os inimigos da nação. Ele não interferia com a autoridade ou com a Administração dos que estavam no poder. Ele foi o nosso exemplo, mantendo-se afastado dos governos terrenos. Não porque fosse indiferente aos infortúnios dos seres humanos, mas porque o remédio não repousava em medidas meramente humanas e externas. Para ser eficiente, a cura deve atingir o ser humano individualmente e deve regenerar o seu coração.

Atentem bem – Cristo Jesus preocupava-se com as pessoas. Curava suas doenças, alimentava-os quando estavam famintos. Ninguém poderia dizer que era indiferente aos anseios das pessoas.

Ele foi o exemplo personificado do Manso Bem-Aventurado. Há grandes esperanças para aqueles que desejam segui-lo. A história completa da humanidade pode ser resumida nas palavras: “profundo conhecimento” ou “mestria”; ser capaz de submeter aqueles desejos, paixões e instintos que fazem a pessoa censurar, eliminar ou tentar destruir os outros. Os mansos abençoados são os seres humanos de Deus que usam aquela índole e disposição para atingir um propósito e um objetivo. Manso abençoado foi um Gandhi, que conseguiu levar o ex-poderoso Império Britânico a ajustar um acordo, não pela força ou “choques ruidosos da espada”, mas mediante seu próprio poder disciplinado e energia moral. Manso abençoado é um Lincoln, anunciando durante uma eleição: “Sei que existe um Deus a quem repugna a injustiça e a escravidão. Eu vejo a tempestade se aproximando e sei que Sua mão está nela. Se Ele tem um lugar e um trabalho para mim e acredito que tem, eu estou pronto. Não sou nada, mas a Verdade é tudo”. Mansa abençoada é uma Florence Nightingale, lutando como um tigre para a cura de seus doentes. Todos eles eram mansos no sentido cristão da palavra, pois sua cólera era voltada contra as injustiças e maus tratos causados a outros e não a eles próprios.

O ser humano desenvolveu o seu poder sobre o seu meio ambiente. Transformou em desertos, jardins florescentes. Recuperou os desertos, dirigindo as águas para a fertilidade. Usou o fogo e os metais para criar segundo suas necessidades. Usa o ar como via expressa de transportes. O ser humano é um criador. Desenvolveu muitos poderes, mas ainda não é senhor de si próprio. Nos dias de auto maestria, o ser humano dirigirá todos os seus poderes com sabedoria e amor e o reino dos céus manifestar-se-á na terra. É a lei de sua condição divina. O tempo destrói as criações de suas mãos, mas a alma do ser humano progride sempre com as riquezas de suas experiências. Novamente repetimos: “Bem-Aventurados sejam os mansos”. É impossível domá-los, desalojá-los ou destruí-los. Eles herdarão a terra.

(Pulicado na Revista Serviço Rosacruz de mai/78, traduzido da Revista “Rays from the Rose Cross”).

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Espírito e Matéria

Espírito e Matéria

Não há efeito sem causa, nada procede do nada. Em cada um de nós existem forças e potências que não podem ser consideradas materiais, e devem ter suas causas explicadas retomando outra origem que não seja matéria.
A esse princípio chamamos Espírito.

Quando nos interrogamos querendo conhecer e analisar nossas faculdades, quando afastamos da superfície da nossa alma a espuma que a vida nela acumula; quando atravessamos o espesso envoltório com que é revestida nossa inteligência; quando, libertos das preocupações, dos sofismas e da má educação penetramos no mais íntimo do nosso ser é que nos encontramos, frente a frente, com os augustos princípios sem os quais não há grandeza para a humanidade, isto é, o amor ao bem, o sentimento de justiça e o progresso. Esses princípios que encontramos em diversos graus, tanto no ignorante como no gênio, não podem ser originados na matéria que está desprovida de tais atributos. E, se a matéria carece dessas qualidades, como pode ser formada nos seres que as possuem? Nossa memória, nossa ciência, o sentimento do belo e verdadeiro, a admiração que experimentamos pelas obras grandes e generosas não podem ter a mesma origem que a carne dos nossos membros e o sangue das nossas veias. São como reflexos de uma luz pura e elevada, que brilha em cada um de nós, assim como o Sol se reflete nas águas, não importando que sejam turvas ou cristalinas.

Em vão pretendem os cépticos dizer que tudo é matéria. Como sentimos arrebatamentos de amor e bondade, como a virtude nos encanta, como a abnegação, o heroísmo e a beleza moral, então gravadas em nós, como a harmonia das coisas nos enfeitiça. Sendo assim, nada disso nos distinguiria da matéria?

Sentimos, amamos, temos consciência, vontade e razão; será que tudo isso procede de uma causa que nada sente, ama ou conhece uma causa surda e muda?

Tal pensar não resiste ao mais ligeiro exame. O ser humano tem duas naturezas. Seu corpo e seus órgãos derivam da matéria, suas faculdades intelectuais e morais procedem do Espírito.

Podemos ainda dizer qual o propósito do corpo humano, pois os órgãos que compõem tão admirável máquina são as rodas que, incapazes de funcionar sem um motor, possuem uma vontade que as põe em ação. Esse motor é o Espírito.

O Espírito está encerrado na matéria como um prisioneiro em sua cela e os sentidos são as aberturas pelas quais pode comunicar-se com o mundo exterior. Mas a matéria, mais cedo ou mais tarde, decai e se desagrega, enquanto o Ego aumenta em poder, fortificando-se com a educação e a experiência. Suas esperanças crescem e se estendem para além da tumba, suas necessidades de saber, conhecer e viver não têm limites. Tudo demonstra que o ser humano só, temporariamente, pertence à matéria. O corpo não é mais do que uma vestimenta emprestada, uma forma passageira, um instrumento com cujo auxílio o ser humano prossegue neste mundo em uma obra de purificação e progresso.

A vida Espiritual é a vida normal, verdadeira e imortal.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 12/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Bem que podemos Fazer

O Bem que podemos Fazer

Os males que não podes remediar são infinitos. Porém, os que podes remediar são tantos que, balanceando o que tens feito em um ano, por exemplo, verás que o bem praticado exigiu um labor enorme para tuas forças, parecendo-te um sonho que realizaste.

Também um grão produz uma espiga.

A capacidade de fazer o bem, de que cada alma humana dispõe é extraordinária pela sua grandeza.

O poder de fazer o bem, que nos foi concedido, é uma enormidade admirável.

Vemos seres humanos desprovido de todos os recursos realizarem milagres de caridade; seres humanos que alteram a organização das sociedades; seres humanos que arrancam o mundo de seu estado natural e o renovam.

Causa assombro pensar no que seria nosso Planeta, se todos os seres humanos fossem educados para o amor, em vez de para o egoísmo e até para o ódio. O eixo moral do mundo seria como que perpendicular ao plano da elítica do Dever e uma divina primavera reinaria na morada dos seres humanos.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz, jan/73)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Ser Pai ou Mãe: desafio intrincado da vida

Ser Pai ou Mãe: desafio intrincado da vida

Um dos desafios mais intrincados da vida é aquele de ser pai ou mãe. Esses são, ao mesmo tempo, aqueles que sustentam professores, guias, protetores e ditadores. A ligação com nossos filhos pode ser a fonte de muita compreensão pessoal e de crescimento anímico. Considerações cuidadosas sobre esses muitos papéis e relações aumentarão a visão interior e a perspectiva na educação das crianças, assim, como nos ajudarão em nossa batalha, a sermos mais amorosos e mais cuidadosos.

O relacionamento entre pais e filhos é, muitas vezes, a relação isolada mais importante na vida de um indivíduo. Muito frequentemente lemos sobre abusos e ofensas feitas a uma criança por seus pais, porém, quando ela é tirada deles geralmente chora e quer esses mesmos pais que a maltrataram. Um exemplo típico é o do jovem que se culpa a si mesmo e não aos pais, por ele se sentir “mau”. Acontece, muitas vezes, que adultos saudáveis e normais são “incompletos” ou estão “insatisfeitos” com suas vidas devido a falta de aprovação dos pais. Muito embora a pessoa seja um sucesso, sobre os padrões geralmente aceitos, ela se sente perturbada porque seus pais não reconhecem suas realizações. Um exemplo extremo é a explicação de que o atentado ao presidente Reagan foi parcialmente motivado pela necessidade do pretenso assassino de ser notado pelo pai. Precisamos nos conscientizar da enorme influência e responsabilidade que temos para com aqueles que cuidamos.

Como professores de bebês e crianças, devemos também reconhecer que o ser humano aprende mais pelo exemplo do que pelo estudo. Fique em uma sala ao lado daquela onde seus filhos estejam brincando entre eles ou com seus amigos. Observe a maneira deles falarem as palavras, as expressões, as entonações. Ficará surpresa como eles se parecem com você. Depois do choque inicial e talvez da vergonha, examine seu próprio comportamento. Como você fala das pessoas, dos vizinhos ou de grupos étnicos? É fácil dizer aos jovens para se amarem, mas o que estamos ensinando a eles, quando reclamamos de nosso chefe, chamando-o de tirano? As crianças são como gravadores, repetindo exatamente o que falamos. Quando a gravação não nos agradar deveríamos responsabilizar-nos por ela. Dessa maneira, as crianças são realmente nossos professores. Com amor e interesse, podemos juntos aprender lições necessárias.

Como pais amorosos devemos lembrar também que cada um de nossos filhos é um indivíduo, com sua própria personalidade, destino e lições para aprender. Somos apenas guias para ajudá-los a encontrar o caminho quando eles se perdem. Não podemos viver a vida por eles ou mudar nossas vidas através deles. Parece existir uma tendência entre os pais, especialmente se a criança for do mesmo sexo e parecida fisicamente, de ver na criança um novo começo de vida, como uma segunda oportunidade tentar e até forçar aprimorá-la, erradicando os traços pessoais, nesta nova e jovem miniatura. Frequentemente, porém, os problemas que os pais enfrentaram e que não conseguiram superar não serão tolerados pelos filhos. Não é sempre em nível consciente, mas os pais castigam muitas vezes os filhos motivados por suas próprias imperfeições. Eles vêm a nós para que os ajudemos, não para serem nossos dependentes, portanto, vamos deixar que cada um seja um indivíduo pleno.

Muitos de nós sonhamos em ser santo ou grandes luzes espirituais, ou autor daquele livro que irá transformar o mundo para melhor; mas como estamos encarando a responsabilidade em nossa própria casa? Estamos sendo úteis, bondosos e carinhosos, ou estamos sendo tiranos? Por mais desapontador que possa parecer, devemos servir primeiro no lugar onde fomos chamados. Do mesmo modo que a viúva descrita na Bíblia deu suas duas moedas. Nós devemos dar o que temos dentro e à volta de nós e ajudando nossas crianças a crescerem, estamos nos ajudando também.

Criar filhos é um desafio. Algumas vezes pode parecer opressivo e até mesmo árduo. Precisamos guiar, encorajar e mostrar por meio do exemplo. Precisamos aprender a não forçar demais e, por mais difícil que seja, a relaxar e a saber esperar. As recompensas virão se trabalharmos amorosamente para isso. Com muita oração sincera, esse relacionamento tão importante irá dar os frutos de um considerável crescimento anímico para todos os envolvidos.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Unidade na Diversidade

A Unidade na Diversidade

Toda vida emana de uma única fonte: Deus. A vida é a mais significativa expressão da Divindade. É o “sopro” que agita toda essa variedade de formas. A vida se expressa e cresce em consciência através da forma. Esta, quando esgotadas suas possibilidades de ensejar crescimento vem a decompor-se. Retorna às suas condições originais, sendo reaproveitada posteriormente em um novo ciclo.

Quanto mais evoluída é a vida, mais refinada deve ser a forma para expressar-se. Portanto, todas as aparentes diferenças observadas aqui no Mundo Físico espelham níveis de evolução. Essas diferenças não são reais em si mesmas.

Quando a Fraternidade Rosacruz faz a apologia da Fraternidade Universal, isto não significa que as pessoas de grupos étnicos e culturas distintas devam pensar, sentir e agir conforme um só e definido padrão. Não se almeja a uniformidade, mas a harmonia na diversidade. A diversidade não deve encerrar um conflito em potencial, porquanto a essência, o espírito de tudo o que tem existência neste plano é da mesma natureza.

A diversidade existente na família humana é o fator capaz de gerar uma gama muito rica de relacionamentos. Cada grupo “diferenciado”, contribui valiosamente com seus traços peculiares para o progresso da humanidade. Aliás, a raça humana como um todo, é a síntese das conquistas realizadas por todos os povos em todas as épocas.
Observemos um quebra-cabeça. A justa posição de suas peças acaba formando uma figura bem definida. As peças, em quase toda a sua totalidade diferem umas das outras, mas harmonizam-se e encaixam-se perfeitamente.
A unidade se fragmenta numa multiplicidade de formas, mas não perde sua identidade, sua possibilidade de coesão. As partes tendem a agrupar-se para formar conjuntos harmônicos. Por exemplo, os átomos, os elementos constitutivos do Cosmos formam-se conforme este, principalmente tal como as moléculas, células, órgãos, organismo e sociedades.

Partindo do princípio da unidade – não da uniformidade – na diversidade, a ideia de um mundo fraternal não deve situar-se no plano das utopias. Ela é factível, é viável, pois se trata de uma lei através da qual o Cosmos é ordenado.

O grande progresso ocorrido nos campos dos transportes e comunicações nas últimas décadas tornou bem evidente a inter-relação e interdependência nos negócios humanos. O isolamento é uma impossibilidade, pois não se pode fugir ao envolvimento na totalidade das coisas.

Existe uma unidade essencial. Essa visão de mundo ressalta a unidade transcendendo todas as diferenças e nela, a humanidade deve estruturar as bases de uma convivência pacifica.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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