PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Aquário: Cooperação

Aquário: Cooperação

Com olhar fixo e desafiante, mãos na cintura e cabelos em desalinho esvoaçando ao vento, Art discursava para os estudantes reunidos ao seu redor, nos degraus do ginásio.

Sem que ele soubesse, o diretor, Sr. Hodges, estava ouvindo tudo da janela do seu escritório.

– Nós temos regras para isto, regras para aquilo, exclamava pretensiosamente Art. Daqui a pouco, vamos ter que pedir permissão até para respirar. A minha opinião é que se as regras podem ser dispensadas na faculdade, também podem ser dispensadas aqui.

Nesse momento bateu o sinal e os estudantes começaram a se encaminhar para a porta e Art disse:

– Está vendo? Assim que bate o sinal, vocês todos se enfileiram docilmente como um bando de carneiros. Eu declaro, abaixo os sinais – nós não precisamos deles.

Depois da última aula, Art foi chamado a diretoria.

O Sr. Hogdes disse:

– Sente-se Art, eu soube que você não está muito de acordo com as regras daqui. Quais as que você não gosta?

– De nenhuma delas, murmurou Art.

– Bem, cite uma e diga-me o que você não aprova nela, insistiu o Sr. Hodges.

– Eu não gosto de ter de parar o que estou fazendo cada vez que esse sinal dispara e tem que fazer outra coisa. Eu não gosto de não poder ter rádio com fone de ouvido na sala de estudos. Eu não gosto de ter que esperar até ser chamado nas aulas quando quero dizer alguma coisa. Eu não gosto de não podermos enforcar uma aula sem uma nota de autorização de casa – é como se estivéssemos no jardim da infância.

Art parecia não acabar mais, mas o Sr. Hodges o interrompeu.

– Muito bem, Art. Dá para perceber que você esta nervoso com isto. O que você está querendo dizer é que você acha que os alunos não tem a liberdade de agir como tem direito. Não é?

– Sim, disse Art brevemente.

– Muito bem, continuou o Sr. Hodges. Quer você acredite ou não, eu compartilho de seu ressentimento pela repressão. É muito comum nos jovens e eu mesmo já tive essa reação. Contudo, nossas regras foram elaboradas pelo corpo docente com a colaboração – como você bem sabe – dos membros do Conselho dos Alunos, porque nós todos achamos que elas são necessárias para a escola cumprir seu objetivo planejado. Bem, eu vou dar-lhe uma tarefa para executar nos próximos dias e espero que você seja absolutamente honesto – com você mesmo e comigo. Quero que você pegue cada uma dessas regras com as quais você não concorda, analise o mais objetivamente que você puder, porque quem as redigiu as considerou necessárias, e anote essas razões. Depois, exponha por que você acha que elas não são necessárias, e o que você honestamente acha que seria o resultado se elas não fossem aplicadas. Lembre-se, eu confio que você seja objetivo e justo, e eu tentarei igualmente ser objetivo e justo quando ler o seu ponto de vista.

Habitualmente, Art teria dito que não haveria razão válida para nenhuma das regras, sentia-se ressentido e, a despeito de si próprio, percebeu que o pedido do Sr. Hodges para que fosse objetivo e honesto, mexeu com sua consciência. Meditou sobre o assunto por muitos dias e só uma semana depois voltou ao escritório do Sr. Hodges, de papel na mão. Ele examinou-o cuidadosamente, depois levantou os olhos.

– Não foi fácil para você escrever isto, não foi Art? – perguntou com bondade.

Art arrastou seus pés desconfortavelmente.

– Não, senhor, disse baixinho.

Mas você foi honesto e objetivo, e você deixou de lado suas próprias emoções violentas, e eu o admiro por isso. Se eu posso resumir todos os seus excelentes pontos de vista em uma única frase, diria que você chegou a conclusão de que todas as regras são necessárias – não para serem arbitrárias, mas porque não é razoável esperar que sem elas todos os alunos, em todas as ocasiões, comportem-se com responsabilidade. Você concorda?

– Sim, senhor, disse Art.

– Bem, então, Art, qual você acha que deva ser a atitude dos estudantes com respeito às regras?

– Bem – eu acho que antes que eles tomem uma atitude, deveria ser-lhes explicada por que as regras foram feitas. Quero dizer, poderia haver regras que não fossem realmente necessárias – a voz de Art foi diminuindo e ele olhou indeciso para o diretor.

– Com certeza que poderiam – Art concordou o Sr. Hodges. Eu não vou discutir isso com você. Continue.

– Então, eu acho que eles deveriam cooperar e seguir as regras. Mesmo que eles achem que poderiam fazer o mesmo sem regras, a escola não funcionaria direito se todos não cooperassem, e algumas pessoas precisam de mais regras do que outras, por isso é justo que todos as obedeçam para que possam se habituar.

– Bem apresentado, Art. Você usou uma palavra realmente importante duas vezes. Você lembra qual foi?  – perguntou o diretor.

– Ah! Cooperar?

– Sim, Se nós vamos aprender a conviver pacificamente, nós todos temos que cooperar uns com os outros. O Sr. Hodges olhou para Art pensativamente, depois continuou.

– Que tal participar de uma assembleia de estudantes sobre a questão das regras e cooperação em geral ou, e sorriu, você acha que isso mancharia muito a sua imagem?

Art riu.

– Talvez esteja na hora de eu fazer uma nova imagem para mim mesmo, disse.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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Aquário: Amizade

Aquário: Amizade

– Como é que você aguenta passar tanto tempo com aquele sujeito? Perguntou Gary.

– Porque eu gosto de ficar com ele. Estou aprendendo muito com ele e estou interessado nas coisas em que ele trabalha. Acho que é principalmente porque somos amigos, respondeu Kevin, que já estava acostumado aos comentários desdenhosos de seu colega sobre seu relacionamento amigável com o Dr. Patterson.

– Mas não é chato passar todo o tempo com um homem tão velho? continuou Gary.

– Em primeiro lugar, ele não e tão velho assim, replicou Kevin. Quarenta e dois anos não é exatamente senilidade. E eu não me enturmo com ele o tempo todo. Eu também faço muitas coisas com vocês, passo meus dias na escola, como você bem sabe. Acontece que eu gosto de estar com ele e ele gosta de estar comigo – talvez porque ele não tenha filhos – e eu faço coisas com ele que eu faria com qualquer outro amigo.

– Quer dizer que você realmente gostou de ir a essa convenção científica com ele na semana passada, e ouvir aqueles “cabeleiras”, ler papéis, ou o que quer que eles tenham feito?

– Sim, e você ficaria surpreso com o que aprendi com aqueles “cabeleiras”. Dr. Patterson apresentou-me a alguns cientistas famosos, e ouvi-los conversar durante o jantar abriu meus horizontes. Acho que por eu me interessar por física nuclear é uma forte razão para que Dr. Patterson e eu sejamos amigos. Amizade habitualmente significa que você tem qualquer coisa em comum com a outra pessoa, não e?

– É claro, concordou Gary, mas eu ainda não entendo como você pode ter tanto em comum com alguém tão velho quanto seu pai.

– E eu não entendo por que você continua a arrastar idade na conversa, disse Kevin. Você tem dezesseis anos, e você não se liga muito com garotos com apenas dois anos mais novos. Mas há algumas pessoas com mais de dez anos que você, e você olha para eles como ídolos, certo?

– Ah, isso é diferente, resmungou Gary. Eu não acharia ninguém com 42 anos um Ídolo, e com certeza eu não teria um amigo tão velho!

Gary saiu pisando duro e Kevin sacudiu os ombros, resignadamente.

– Você está muito calado hoje, Kevin, disse Dr. Patterson, alguns dias mais tarde, quando Kevin estava encarapitado em um banco no laboratório do doutor, observando sua última pesquisa. Alguma coisa aborrece você?

– Bem – você acha que há algo de errado em ser amigo de alguém muitos anos mais velho, acha?

Kevin levantou os olhos, embaraçado.

– Bem, sorriu gentilmente Dr. Patterson, você conheceu o Dr. Benjamin na convenção. Quantos anos você pensa que ele tem?

– Sessenta anos, eu acho, arriscou Kevin.

– Ele tem quase oitenta e, embora ele tenha praticamente o dobro da minha idade, ele tem sido um dos meus melhores amigos já há muitos anos. E por falar nisso, também não vejo nada de errado em ser amigo de alguém mais jovem do que eu. Dr. Patterson deu uma piscadela e Kevin riu baixinho. E o doutor continuou:

– Acho que alguém andou caçoando de você por causa de seu amigo, o velho esquisito e enrugado que passa todo seu tempo no laboratório e tem um pé na cova.

– Não exatamente caçoando, eu creio, riu Kevin, mas os caras não entendem como eu possa ter algo em comum com uma pessoa da sua geração. Eu continuo tentando fazê-los entender que a idade nada tem haver com isso, mas eles não estão convencidos. Acho que eles consideram-me maluco.

Dr. Patterson sorriu, depois ficou pensativo.

– Kevin, se você acha a nossa amizade embaraçosa, eu entenderei perfeitamente se você decidir não voltar ao laboratório ou deixar de viajar comigo, ele disse.

– Oh, não, exclamou Kevin, realmente alarmado. Eu não me sinto envergonhado. Ser seu amigo é muito importante para mim, e não me importo com o que esses caras pensem. Eu só tenho pena de que nenhum deles tenha uma amizade como a minha com o senhor. Da maneira como eles pensam, mesmo que tivessem oportunidade de fazer alguma coisa com uma pessoa mais velha ou poder conhecê-la melhor, eles não o fariam. Gostaria de conseguir convencê-los de que a verdadeira amizade é apoiada em algo muito mais importante do que a idade.

– Em que você acha que ela se baseia? Perguntou o doutor.

– Oh, em interesses comuns, e suponho que também em respeito e admiração, e em se gostar realmente tanto de uma pessoa que você se sente bem quando essa pessoa está por perto, e quando você pode fazer coisas com ela.

Kevin, que nunca tinha posto isso em palavras, embora sentisse tudo isso com relação ao Dr. Patterson, falou devagar e pensativamente.

– Mas o senhor sabe, falou depois de algum tempo, eu acho que talvez não se possa dizer aos outros o que é uma verdadeira amizade e esperar que eles entendam só por palavras. Amizade é alguma coisa que você sente bem no fundo e se você não experimentou isso, você não pode realmente saber como é.

– E isso mais ou menos o que eu sinto também, disse Dr. Patterson. A amizade é uma das maiores bênçãos que a vida pode oferecer, e se você tiver sorte bastante para encontrar alguém com quem partilhar uma amizade, como a nossa, com certeza a idade ou qualquer outra consideração desse tipo não pode fazer muita diferença. Bem, nós temos muito que fazer. Que tal usar alguns de seus conhecimentos de matemática e tentar resolver esta equação?

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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Capricórnio: Ambição

Capricórnio: Ambição

Os desenhos eram excelentes, principalmente por terem sido feitos por uma estudante do curso colegial e sem habilitação em arquitetura. O Sr. Creighton tinha concordado em vê-los porque teve pena de Diana e admirava sua persistência, mas ficou surpreso pelo talento que os desenhos demonstravam.

Desde pequenina e sempre – mesmo antes de saber o que a palavra significava – Diana se interessava por arquitetura. Desenhar projetos para casas era seu passatempo favorito quando era criança. Quando cresceu e começou a estudar seriamente e por sua conta a matéria, seus desenhos infantis foram gradualmente transformados em plantas sofisticadas e surpreendentemente precisas.

Com uma família numerosa para sustentar e recebendo salários exíguos, o pai de Diana não tinha condições de pagar estudos universitários para seus filhos. Porém, quando Diana percebeu inteiramente a situação, determinou a si mesma que lutaria e frequentaria uma escola de arquitetura. Amigos bem intencionados insistiam em observar que arquitetas eram ainda raras, e sugeriam que, embora frequentar uma universidade fosse muito louvável, ela deveria se especializar em outra matéria que lhe abrisse mais portas, tanto na escola como no mundo. Contudo, Diana resolvera ser arquiteta, e disse que “Nem todos os pessimistas vão conseguir me assustar e me fazer desistir!”.

Sabendo que só conseguiria bolsa de estudos se mostrasse aptidão especial, Diana, além de trabalhar para ter sempre boas notas na escola, também dedicava grande parte de seu tempo em estudos independentes dos princípios da arquitetura. Ela tinha lido na biblioteca todos os livros que podia entender sobre o assunto e, no ano anterior, seus desenhos deixaram de serem passatempos. Ela se empenhava e aperfeiçoava cada planta de estudos como se tivessem que ser submetido à aprovação. Também tinha tido a sorte de conseguir um emprego de datilógrafa, depois das aulas, na firma de arquitetura do Sr. Creighton, e não perdeu tempo em fazê-lo conhecer suas ambições.

– Muito bem, Diana, ele disse um dia com simpatia e tolerância, eu vou dar uma olhada nas suas plantas.

– Oh, obrigada, Sr. Creighton, elas estão na outra sala. Eu vou buscá-las, ela disse.

Ele sorriu quando ela saiu e franziu suas sobrancelhas e pensou:

– Como poderia dizer, delicadamente, que ela deveria esquecer toda aquela bobagem de querer ser uma arquiteta? Ela era uma garota boa e adorável e com certeza havia muitas coisas mais adequadas para empregar sua vida. Essas “plantas”, seja lá que forem, poderiam ser rabiscos mal acabados que não poderiam, nem remotamente, ser relacionados com realidades estruturais.

Ele tomou as plantas de Diana que estavam enroladas cuidadosamente e recostou-se na cadeira, com a intenção de dar uma olhada superficial. Contudo, sua atenção foi logo presa aos papéis sem acreditar no que via. Os desenhos eram surpreendentemente bons, quase profissionais. Claro que havia falhas e os desenhos não tinham algumas das mais modernas concepções. Mas, era evidente uma noção dos princípios de arquitetura que só se adquirem com bastante estudo, e os projetos básicos eram sólidos.

– Você tem certeza que foi você que fez isto, Diana? Ele perguntou.

– Oh, sim senhor, palavra de honra, ela respondeu nervosamente.

O Sr. Creighton examinou mais um pouco, depois olhou longamente para Diana.

– Eles são bons, Diana. Você realmente tem talento, disse finalmente.

– Obrigada, ela disse simplesmente e suspirou de alívio.

– Você estudou e treinou muito, não foi? Perguntou o Sr. Creighton.

– Eu li sobre arquitetura tudo o que podia entender – e um bocado também do que não entendi, Diana respondeu pesarosa.

– Sim, alguma coisa disto é puramente técnica, riu o Sr. Creighton. Mas logo ficou sério, Você sabe os obstáculos que vai ter que enfrentar, não sabe? Não é tão fácil para uma mulher se formar em arquitetura.

– Eu sei disso, senhor, disse calmamente Diana. Muita gente já me preveniu.

– E mesmo assim você decidiu continuar?

– Certamente.

– Muito bem, continuou o arquiteto. Acho que você também sabe que eu faço parte do conselho da universidade – na verdade aposto que você sempre pensou nisso, não é?

Diana corou e olhou para o chão.

– Sim – sim senhor, pensei, confessou.

– Não tem importância, riu o Sr. Creighton. Gosto do jeito que você tenta conseguir o que quer. Vou recomendar você para uma bolsa de estudos e, com meu apoio, não tenho dúvida de que vai consegui-la. Mas isso vai ser apenas o começo. Você lutou muito para chegar até aqui, mas vai ter que trabalhar muito mais para realizar seus sonhos. Eu posso ajudar você a entrar na faculdade, mas é você que vai ter que conseguir ficar lá.

– Muito obrigada, Sr. Creighton, disse Diana radiante. Pode confiar em mim.

Mais tarde, nesse dia, a Sra. Creighton ficou ligeiramente surpresa ao ouvi-lo dizer, inesperadamente:

– Querida, talvez daqui a cinco anos tenhamos na firma uma jovem arquiteta muito promissora.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).

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Capricórnio: Prudência

Capricórnio: Prudência

Com um guincho de freios o carro deu uma guinada na curva.

– Gente, ele é bom mesmo! Maravilhou-se Tom que, sem ligar para a urgente necessidade de diminuir a velocidade, pisou de novo no acelerador.

– Acho bom que o carro tenha bom controle; você com certeza não o têm! Disse Pamela zangada. Você prometeu ter cuidado se eu deixasse você dirigir.

– O que é que há com você? Perguntou Tom impaciente. Só porque eu tive que diminuir um pouco a velocidade. Não aconteceu nada, não e?

– É um milagre que nada tenha acontecido. Vá mais devagar, está ouvindo?

– Poxa! Eu não sabia que você era tão medrosa. Você nunca foi assim antes.

Aborrecido, Tom aumentou mais ainda a velocidade.

– Quando você dirigir o seu próprio carro, o problema é seu e se isso me der medo, não vou com você.

Mas este é o meu carro – novo em folha – e há uma porção de motivos porque eu gostaria que ele, e nós, chegássemos em casa inteiros. Tom vá devagar. Sabe que você está em zona de velocidade controlada?

– E daí? Zombou Tom. Não vejo nenhum guarda.

– Muito bem, pare o carro. Eu vou dirigir.

Tom nunca ouvira Pam tão decidida.

– Poxa! Tenha dó! Implorou. Estou apenas começando.

– Você vai é parar já! Censurou Pam. Pare aqui AGORA!

Tom ficou tão espantado com a atitude de Pam que encolheu os ombros, parou o carro e deixou que ela tomasse a direção sem replicar. Partiram zangados e em silêncio. Pam obedecendo rigorosamente o limite de velocidade e Tom agitado no seu banco. Logo foram ultrapassados por dois jovens em um conversível vermelho, que acenaram para eles com superioridade.

– Você vai deixar que eles avancem assim? Explodiu Tom. Esta belezinha pode vencê-los quando quiser.

– Tenho certeza que pode, mas eu não estou em nenhuma corrida, respondeu Pam.

– Ufa! Foi tudo que Tom pode dizer.

– Escute Tom – disse Pamela pouco depois, tentando quebrar o silêncio opressivo – Não nego que eu gosto de correr. Na verdade eu adoro correr, e nas pistas de alta velocidade e rodovias tudo bem. Mas você não vê que correr nestas estradinhas estreitas é comprar encrenca?

– Não; se você tiver cuidado, disse Tom.

– Se você estiver correndo em uma estrada como esta, você não pode ser cuidadoso.

– Tolice, explodiu Tom.

– Bem, acho que você só vai aprender quando sofrer um acidente – suspirou Pam.

– Bonita coisa para se dizer – disse Tom sarcasticamente. Você esta desejando um para mim?

– Claro que não, mas você parece estar pedindo um.

Pam começou a brecar e Tom olhou para a placa de velocidade que estavam passando.

– Agora você vai baixar para 32 km. Só porque a placa indica? Ele perguntou ainda com sarcasmo.

– É isso mesmo. Tenho certeza que você não faria, mas se não está gostando pode descer e ir a pé.

Pam estava outra vez zangada e Tom ficou carrancudo e não disse nada.

Daí a um momento aconteceu várias coisas ao mesmo tempo. Entraram em uma curva fechada, Pam pisou no breque rápido e, mesmo estando em baixa velocidade, por um triz não apanhou um garoto que estava curvado sobre sua bicicleta no meio da estrada.

Pam encostou-se ao banco, respirou fundo e olhou para Tom, que estava branco como papel!

– Felizmente não estávamos a 96 ou mesmo 40, conseguiu murmurar, e saiu lentamente do carro seguida por Tom.

O garoto, que parecia não se dar conta do risco que correra, disse simplesmente:

– A corrente escapou e a bicicleta não anda.

– Como é que você estava pedalando essa coisa bem no meio da estrada? Você não sabe que é perigoso? Perguntou Tom asperamente e Pam, com o coração ainda disparado, conseguiu olhar para ele intencionalmente.

– Não sei, gaguejou o garoto.

– Bem, eu vou consertar a corrente para você, mas você vai prestar atenção a algumas regras de segurança enquanto eu conserto, e vai prometer que vai obedecer a todas. A voz de Tom ainda estava áspera.

Enquanto Tom consertava a corrente e severamente instruía o garoto, Pam colocou o carro em lugar seguro e sentou-se, subitamente exausta. Tom ainda pálido mandou o garoto embora e entrou no carro.

– Espero que ele tenha aprendido a lição, murmurou.

– Tenho certeza que sim, disse Pam, que poderia ter dito algo mais, mas decidiu que não era necessário.

Não falaram muito indo para casa, mas quando saiu do carro, Tom disse:

– Será que você – será que você quer ir ao show comigo sábado à noite? – perguntou. Prometo dirigir com muito cuidado.

– Claro, vou gostar de ir, sorriu Pam, que estava bem certa que desta vez Tom cumpriria sua promessa. ·.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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Sagitário: Aspiração

Sagitário: Aspiração

Mark andava devagar pela trilha do bosque, perdido em seus pensamentos. As palavras que seu pai dissera na véspera ainda predominavam em seus pensamentos, embora admitisse relutantemente, perturbavam-no de forma estranha.

– Há coisas mais importantes do que concertos de rock, motos, ou mesmo suas notas e sua carreira – o pai tinha dito – tudo isso são considerações materiais e, embora escola e carreira certamente sejam importantes, considerações espirituais o são ainda mais. Claro que você sabe que não pode levar com você os bens materiais, quando sua vida se acabar, mas há outros bens internos que você precisa ter e deve obter por si mesmo se sua vida tiver que ter um significado real. Eu sei que você já conhece as expressões “trabalho desinteressado” e “compaixão”, enfatizadas cada vez mais na Escola Dominical, mas gostaria de saber se você realmente compreende a sua importância ou se interessa. Você aprendeu que você é uma divina centelha de Deus, destinado a se tornar um Ser Criador por virtude de seu próprio esforço e conquista, e que trabalho desinteressado é o “mais curto, mais seguro e o mais agradável caminho que nos conduz a Deus.” Eu não estou pedindo, Mark, que você renuncie a se divertir, ou que você deixe de economizar para comprar um carro, ou acabar com a sua coleção de discos. O que estou pedindo e que você ponha essas coisas em seus devidos lugares, e que também você reconheça e pense sobre essa parte de sua vida que deveria ser devotada a assuntos espirituais. Espero que, eventualmente, você eleve sua visão mais alto do que parece fazer agora.

Irritado e perturbado, Mark passou uma noite agitada. Na manhã seguinte, como era sábado, saiu de casa cedo, e esteve andando no bosque por um tempo. Depois de tentar, sem sucesso, tirar da mente as palavras de seu pai, finalmente se conformou a enfrentá-las com honestidade.

Claro que o pai tinha razão em ficar preocupado, pensou Mark. Seus principais interesses eram sua moto e sua coleção de discos e, embora conseguisse ir bem na escola, ele o fazia não por causa de aprender, mas para não ter os pais “pegando no seu pé” e para que pudesse entrar na faculdade e, em consequência, arranjar um bom emprego. Embora estivesse familiarizado com os preceitos espirituais e os Ensinamentos enfatizados na Escola Dominical Rosacruz, a que assistia porque seus pais queriam, nunca chegou a pensar sobre eles ou relacioná-los consigo.

Sabia que havia na vida alguma coisa a mais do que sua estreita esfera de interesses, e agora que estava ficando mais velho, ele deveria começar a prestar mais atenção a coisas além do imediato prazer material. Seu pai disse que ele devia elevar sua visão e, à medida que Mark começou a considerar este pensamento sob uma luz mais positiva, gradualmente sentiu uma sensação de leveza e antecipação. Começou a pensar seriamente sobre o que havia aprendido na Escola Dominical, e quanto mais pensava nos Ensinamentos com relação a sua própria vida e potencial, mais curioso e entusiasmado ficava.

Que valor permanente tinham os discos, motos, carros e todas as outras coisas, as quais ele e seus amigos davam tanta importância? Qual o resultado permanente que viria de todo o tempo perdido em atividades de lazer? Mark estava surpreso por estar fazendo essas perguntas a si próprio, mas tentou responder a elas analisando-as com todo cuidado. Ele sentou-se, ainda pensando intensamente, para comer o sanduiche que havia trazido e depois continuou seu passeio.

Pelo meio da tarde, cansado, mas com o começo de um sentimento de bem-estar que nunca havia experimentado, Mark estava pronto para voltar para casa – uma pessoa diferente do garoto que havia entrado no bosque nessa manhã. Ele não estava preparado para renunciar aos seus interesses do momento, mas seu pai não tinha pedido, ou esperado que ele fizesse isso. No entanto era a primeira vez em sua vida que estava preparado a considerá-los secundários e dedicar a eles apenas parte do seu tempo, e de si mesmo. Estava preparado para ampliar seus horizontes, para incluir neles assuntos espirituais, e a perspectiva o atraia como nenhum objetivo puramente material o havia atraído até então.

De repente, Mark sentiu-se muito agradecido por ter “enfrentado'” os Ensinamentos na Escola Dominical ainda que o impacto inicial tenha sido suave. Agora que estava interessado, sabia, sem ter que procurar mais o que significava “viver a vida”; podia tentar imediatamente viver de conformidade com os preceitos, e concentrar-se, pelo menos de vez em quando, em “coisas mais elevadas”.

Mark sabia que não iria se tornar da noite para o dia um exemplo de espiritualidade – nem queria. Ainda iria andar de moto, ouvir discos, continuaria com suas ocupações habituais. Mas, também sabia que a semente de alguma coisa nova e muito mais significativa tinha sido agora plantada dentro dele, alguma coisa que iria amadurecer cada vez mais, e ajudaria a colocar todos os acontecimentos e detalhes de sua vida, no caminho da verdadeira perspectiva. As palavras de seu pai tinham aberto seus olhos e o tinham colocado no caminho certo: o resto dependia dele. Reconheceu o desafio – e a oportunidade – e agora estava ansioso por enfrentar a ambos.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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Sagitário: Generosidade

Sagitário: Generosidade

– Eu adoraria, Laura – disse a mãe de Karen com entusiasmo – ir para Nova York por alguns dias, principalmente para ir ao teatro. Seria como ir ao céu, mas eu não posso fazer isto com Karen. Ela vem sonhando com este fim de semana a tanto tempo, eu não posso pedir a ela para ficar com as meninas. E você sabe que eu não posso pagar uma acompanhante por 72 horas.

– Você não acha que já é tempo de você pensar em si mesmo? – perguntou a Sra. Reese impacientemente. Você não tem ido à parte alguma desde que Ralph… – ela parou e ficou vermelha.

– Desde que Ralph morreu – completou a mãe de Karen suavemente – Não, não tenho mesmo, mas vai chegar a hora. No momento, minha obrigação é com as crianças.

– Seu dever é com você também! Você trabalha o dia todo, depois chega em casa e vai para a cozinha, costura, faz faxina, tudo para as meninas. Até quando você acha que isto pode continuar? Nós já temos as passagens, o Harry tem que ir de qualquer jeito; pense como a gente vai se divertir!

– Eu sei, Laura, e eu adoro você por ter me convidado, mas está fora de cogitação agora. Divirta-se, eu vou ficar pensando em você.

As senhoras se levantaram, a Sra. Reese ainda insistindo e Karen, que tinha ficado parada do lado de fora da porta, foi na ponta dos pés para o seu quarto. Que bela oportunidade para sua mãe tirar umas férias, pensou.

Por que tinha que aparecer logo neste fim de semana?

Ela vinha esperando com grande ansiedade e há tempo por este baile de sábado à noite. Olhou para o lindo vestido novo pendurado na porta e lembrou-se, com tristeza, que a mãe tinha ficado costurando até quase 2 horas da madrugada para acabá-lo.

– Oooh! – resmungou zangada consigo mesma. Por que a Sra. Reese não podia ir na próxima semana?

Mas a Sra. Reese ia nesta semana, e talvez esta fosse a única oportunidade, por muitos meses, de sua mãe ter umas férias. Karen sentou-se pensativa e, aos poucos, desfranziu as sobrancelhas e sua expressão tornou-se calma e decidida.

Foi até o guarda-roupa de sua mãe, pegou um tailleur e um vestido bonito, e estava passando-os a ferro, quando sua mãe a surpreendeu.

– O que e que você esta fazendo? – ela perguntou.

– Você vai para Nova York com a Sra. Reese e eu pensei que podia ajudar você a se aprontar.

Karen desligou o ferro e pegou uma mala do armário.

– Para três dias esta pequena dá, não acha?

A mãe de Karen estava olhando boquiaberta.

– Meu bem, eu não vou para Nova York – conseguiu dizer por fim.

– Vai, sim – respondeu Karen com firmeza – Olhe esta é uma chance única e se eu conheço a Sra. Reese, ela vai ver tudo o que houver para ver. Eu ficarei com as meninas. Afinal, este fim de semana não é tão importante; outros bailes vão aparecer e eu vou ter muito tempo para usar meu vestido novo. Já era hora de você também se divertir um pouco!

Karen pegou o telefone e ligou para a Sra. Reese.

– Sra. Reese, aqui é Karen. Afinal a mamãe vai para Nova York com a senhora. Diga a que horas a senhora pretende sair e ela estará pronta.

Parece que a mãe de Karen não conseguia dizer ou fazer qualquer coisa. Ela protestou, fracamente, que Karen não devia estragar seu fim de semana, mas Karen ignorou os protestos, arrumou a mala, conferiu a cozinha para ficar certa de ter de tudo para o fim de semana, telefonou para Jack para dizer que não podia ir com ele ao jogo, nem ao baile. Foi a parte mais difícil, e Karen não ficou sabendo que sua mãe a tinha visto assuar o nariz e enxugar os olhos depois de conversar no telefone. Depois que Karen saiu da sala, a mãe deu um telefonema e quando desligou seu sorriso era um misto de alívio e contentamento. Depois disso, ela se entregou feliz as sugestões de Karen sobre que roupas levar e falaram sobre espetáculos que iam ver em Nova York. Karen ficou encantada com a súbita animação de sua mãe, e conseguiu esconder sua própria decepção. Acabou de arrumar a mala e a colocou no hall de entrada.

Quando o carro dos Reese chegou, a mãe saiu, só para voltar correndo, muito animada.

– Karen, a irmã da Sra. Reese disse que está disposta a passar a noite de sábado aqui com as meninas, assim você vai poder ir ao baile. Sabe, se o Jack não se importar com a companhia de duas estudantes de curso primário, por que você não as leva ao jogo de tarde? Elas vão adorar!

Karen gritou de alegria, abraçou sua mãe e dançou com ela pela sala.

– Oh! Que maravilha! E Jack não vai se importar de levá-las por uma vez. Ele gosta mesmo das meninas e elas o adoram. E eu adoro você. Agora, vamos embora, eles estão esperando.

Karen, brincando, empurrou a mãe para o carro e ficou acenando enquanto eles saiam. Sorriu até as orelhas correndo para casa, pensando no maravilhoso fim de semana que todos iam ter.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

 

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Pergunta: Como podemos compreender o que seja o Mundo do Desejo?

Pergunta: Como podemos compreender o que seja o Mundo do Desejo? Resposta: Para chegar a compreensão exata do Mundo do Desejo – que contém sete regiões, como qualquer outro Mundo em que se divide o Universo – é preciso compreender que é esse o Mundo dos sentimentos, desejos e emoções. Estes estão sob o domínio de duas grandes forças: REPULSAO e ATRAÇÃO. A primeira atua nas três regiões mais densas ou inferiores. A segunda, embora existente nas regiões inferiores, também governa suprema, as três regiões superiores. A região central e um campo neutro. Essa região é a do sentimento. Nela o interesse ou indiferença em relação a um objeto ou uma ideia faz pender a balança do sentimento a favor de uma das regiões mencionadas, ou a inferior ou a superior, sendo ele envolvido pela repulsão ou atração. A força de atração, em parte existente nas regiões inferiores do Mundo do Desejo, atrai o pensamento-forma, enquanto a força de repulsão procura destruí-lo. Não fosse contrabalançada pela forca de atração, a de repulsão acabaria destruindo tudo o que surgisse nas três regiões inferiores. Contudo, não se trata de uma força vandálica, pois nada é vandálico na natureza. Em última análise, tudo age para o bem. A natureza das formas que habitam a mais inferior das regiões são formas demoníacas, engendradas pelas paixões inferiores do ser humano e dos animais. A tendência de qualquer forma no Mundo do Desejo é a de atrair para si todas as formas de natureza semelhante. Se essa tendência para atrair predominasse nas regiões mais inferiores, o mal cresceria incomensuravelmente. Haveria anarquia do Cosmos. Isso é evitado através da forca de repulsão, que impede o desenvolvimento de tendências maléficas. Quando uma forma produzida por um desejo inferior está sendo atraída para outra da mesma natureza, há uma desarmonia em suas vibrações e isso faz com que se produza um mútuo efeito desintegrante. Desse modo o mal existente no mundo é contrabalanceado. Conhecendo o trabalho dessas duas forças, estaremos em condições de compreender a máxima oculta: “a mentira, no Mundo do Desejo, é, ao mesmo tempo, assassina e suicida. Quando alguém cria um pensamento-forma mentiroso, ou seja, desvirtuado, diferente do original e verdadeiro, as duas formas se atraem por afinidade, mas como estão dessintonizadas em virtude desses desvirtuamentos, ambas se atacam e se destroem. Assim, as mentiras são prejudiciais à evolução e elevação do caráter, porque enfraquecem o bem e se repetidas podem até destruí-lo!”. (P&R da Revista Serviço Rosacruz jan/68 – Fraternidade Rosacruz SP)

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Pergunta: O Ego sobrevive à morte da Personalidade, porém, ele é imortal?

Pergunta: Sei que o Ego sobrevive à morte da Personalidade, porém, ele é imortal? No Conceito Rosacruz do Cosmos consta o seguinte: “Na sétima Revolução do Período Lunar, os Senhores da Chama surgiram, novamente, cooperando com os Senhores da Individualidade no sentido de relacionar o Espírito Humano com o Espírito Divino. Dessa forma, o Ego separado, o Tríplice Espírito, veio à existência”. Se o Ego veio à existência tão recentemente, ele teve um começo, e como tudo aquilo que teve um princípio deve ter um fim, então ele não é imortal. Se o Ego é um Tríplice Espírito, o que vem a ser então o Espírito Virginal que o absorverá no fim do Período de Vulcano?

Resposta: Cremos que a dúvida reside na primeira pergunta, onde nos cumpre esclarecer o significado da palavra Ego. No Conceito Rosacruz do Cosmos lemos o seguinte: “Antes do início do Período de Saturno, os Espíritos Virginais, constituintes da Onda de Vida Humana, encontravam-se no Mundo dos Espíritos Virginais. Possuíam uma consciência global como Deus, em Quem (não de Quem) foram diferenciados. Não possuíam autoconsciência, pois a aquisição dessa faculdade constitui um dos objetivos da evolução. A descida dos Espíritos Virginais a planos de maior densidade, foi dissipando essa consciência global”.

“No Período de Saturno, os Espíritos Virginais, em sua descida, alcançaram o Mundo do Espírito Divino, penetrando nesse primeiro véu com a ajuda dos Senhores da Chama. No Período Solar alcançaram o Mundo do Espírito de Vida, onde se insensibilizaram mais ainda à consciência global, por meio do segundo véu, formado de substância desse Mundo. Nesse particular, receberam a ajuda dos Querubins. Não obstante, o sentimento de unidade não estava totalmente perdido, porquanto o Mundo do Espírito de Vida é um mundo universal, interpenetrando todos os Astros de um sistema solar. No Período Lunar, entretanto, os Espíritos Virginais imergiram-se na substância mais densa da Região do Pensamento Abstrato, onde lhes foi adicionado o mais opaco dos véus. Daí em diante perderam o sentido de consciência global”.

Assim, cada Espírito Virginal ficou encerrado num tríplice véu, insensibilizando- se à unidade da vida, tornando-se um Ego, preso à ilusão da separatividade contraída durante a involução. A evolução dissolverá gradualmente essa ilusão.

Ante o exposto, concluímos que o termo Ego designa certa fase do desenvolvimento do Espírito Virginal, indicando a fase de despertamento dos seus três aspectos e dos véus de substância dos Mundos do Espírito Divino, do Espírito de Vida e da Região do Pensamento Abstrato. A última substância mencionada é de natureza separativista, obscurecendo a visão do Espírito Virginal, embora isso não altere sua condição de imortalidade. Com o tempo essa ilusão de separatividade desaparecerá, e o Tríplice Espírito readquirirá a consciência global, acrescendo-se ainda a autoconsciência. Por conseguinte, o Ego é imortal. Não podemos adotar o termo Ego corretamente, sem incluir nele o Espírito Virginal como causa essencial interna. Usamos o mencionado termo para indicar o Tríplice Espírito mais o resultado da involução.

Com referência à ultima pergunta, afirmamos ser o Espírito Virginal inerentemente Tríplice. Foi criado à imagem e semelhança de Deus, possuindo implicitamente os princípios da Vontade, Amor-Sabedoria e Atividade, para os quais correspondem as designações Espírito Divino, Espírito de Vida e Espírito Humano. Esses princípios ou aspectos do Espírito foram despertados em determinados Períodos durante a jornada involutiva, dando origem aos respectivos veículos ou Corpos, por meio das experiências adquiridas através desses veículos, desenvolve-se a tríplice alma que será absorvida pelo Tríplice Espírito. Além disso, o Espírito Divino absorverá o Espírito Humano ao final do Período de Júpiter; o Espírito de Vida ao final do Período de Vênus e a Mente ao final do Período de Vulcano. Afirmar-se que o Espírito Virginal será absorvido pelos Espíritos Divino, de Vida e Humano não é de todo correto. O Espírito Divino, um dos aspectos do Tríplice Espírito, absorverá os outros dois aspectos, porém os três estarão em íntima relação, uns com os outros. Não poderíamos afirmar que o Espírito Virginal absorveria os Espíritos Divino, de Vida e Humano, porque nesse caso ele absorveria a si mesmo.

Assim, o Espírito Virginal que deverá absorver a Tríplice Alma e a Mente ao final do Período de Vulcano, e essencialmente o mesmo que iniciou a peregrinação no Período de Saturno, adquirirá PODER ANÍMICO e MENTE CRIADORA como fruto de sua peregrinação através da matéria. Avançará da IMPOTÊNCIA à ONIPOTÊNCI A, DA INCONSCIÊNCIA à OMNISCIÊNCIA.

(P&R da Revista Serviço Rosacruz janeiro/1968 – Fraternidade Rosacruz-São Paulo-SP)

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Pergunta: Qual o significado de nossa dívida ou dos nossos débitos do destino?

Pergunta: Qual o significado de nossa dívida ou dos nossos débitos do destino tão mencionados na literatura oculta?

Resposta: Nas encarnações todas pelas quais o ser humano já passou, na Terra, ele violou as leis do Universo, que são as Leis de Deus. Na maior parte das vezes, tais transgressões foram praticadas por ignorância, voluntariamente ou pelo desejo de autogratificação de qualquer natureza. Todas as violações das leis cósmicas devem ser liquidadas ou transmutadas por pensamentos e ações boas, bem como pela transformação do caráter, a fim de que se torne impossível à continuação de tais atos (N.T.: afinal, caráter é destino).

A liquidação dos pensamentos e atos maus constitui o débito do destino, imposto como consequência por todo o indivíduo, a si mesmo, segundo as causas geradas em vidas anteriores. Se as causas são boas, as consequências sê-lo-ão também, e vice-versa. Isso é que os ocultistas chamam de efeitos de causas postas em atividades no passado. Esses efeitos podem ser bons (qualidades) ou maus (dívidas ou débitos do destino), se bem que no fundo é sempre bom, mesmo quando doloroso. Dizemos que os atos e pensamentos bons produzem bom destino e, ao contrário, os atos e pensamentos errados produzem mal destino. Porém, o propósito das divinas leis, por suas relações, é incentivar-nos a virtude ou “endireitar-nos as veredas nos casos de desvios”. Dessa forma o conjunto de uma vida é um misto de ambos, porque estamos aprendendo, pelas aquiescências ou negativas do Pai celestial, a conhecer-lhe os altos desígnios para a raça humana, para extrair da escola deste Planeta as lições programadas. Ora, o conhecimento dessas coisas leva o Aspirante a compreender e aceitar sem revolta a responsabilidade de seu destino e empreender esforços no sentido de assimilar a mensagem de cada experiência e avançar mais rapidamente que os demais.

No passado (vidas anteriores) éramos demasiadamente egoístas, cruéis, sem escrúpulos, e, por isso, cometíamos toda sorte de atrocidades. Veja-se a história antiga. Fomos nós quem as escrevemos. Comparemo-la com os tempos atuais. A história dos Persas, dos Gregos e Romanos antigos, bem como das tribos Teutônicas, é uma narrativa de crimes, derramamento de sangue, infelicidades e assassínios. Antes da vinda de Cristo à Terra, para tornar-se o Espírito Interno do nosso Planeta e mesmo até algumas centenas de anos depois, o egoísmo e o regime de crimes foi coisa comum. Todos esses atos e pensamentos correspondentes produziram volumoso e doloroso destino, que não nos é possível pagar rapidamente porque não suportaríamos; ele vai sendo resgatado em parcelas, segundo a misericórdia e orientação dos Senhores do Destino, que “dão o fardo conforme as forças” e a fim de que aprendamos melhor, já que sua finalidade não é castigar, senão levar-nos a resgatar as dívidas, sempre com o propósito de avanço da pessoa.

Meditemos nisso muito bem, caros Irmãos e Irmãs. Os Evangelhos figuram-nos como administradores das coisas de Deus. Realmente o somos. Não somos o corpo. Ele é composto de sólidos, líquidos e fases, emprestados ao reino mineral. Não somos os éteres, embora os utilizemos em nossa oficina. Não somos as emoções, nem os pensamentos; eles são formas de expressão que vão sendo modificadas para melhor, matérias mais sutis, experimentais, do Pensador, do Ego, do Eu verdadeiro e superior.

E pensando nos erros que, posteriormente àquelas épocas, cometemos também, será conveniente pormos mais atenção à nossa contabilidade individual, deixando de incorrer em novos débitos e trabalhando bastante na realização do bem, a fim de chegarmos a desfrutar melhor situação interior e exterior. Isso depende do reto uso que fizermos do que temos ao nosso dispor: tempo, dinheiro, energia, inteligência, etc.

(P&R da Revista Serviço Rosacruz jan/68 – Fraternidade Rosacruz SP)

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Pergunta: Como pode ser conquistada a Clarividência Voluntária?

Pergunta: Como pode ser conquistada a Clarividência Voluntária?

Resposta: Tudo o que podemos dizer aqui é indicar os primeiros passos conducentes à aquisição dessa faculdade. O primeiro exercício desenvolve a concentração mental e a ocasião mais indicada para iniciar e desenvolver essa prática é pela manhã logo ao despertar. Antes que os cuidados do dia nos assoberbem, pomo-nos relaxados e cômodos, apenas a Mente vigilante é enfocada no exercício. Nessa ocasião, recém-chegados dos mundos internos, mais facilmente poderemos trazer à Mente as impressões e imagens que lá tivemos.

A técnica é a seguinte: não se movimente. Relaxado e cômodo focalize mentalmente o exercício. O estado relaxado do Corpo não apenas objetiva a confortável posição, mas principalmente a permitir a cada músculo do corpo não ficar em estado de tensa expectativa. A tensão muscular frustra os objetivos do exercício. Ao se por tenso, o estudante desperta e dá ênfase ao Corpo de Desejos, que se expressa pelos músculos estriados (ou voluntários) e tendões do corpo, o qual impede a calma necessária à concentração mental. Primeiramente, devemos fixar nosso pensamento firmemente num ideal ou em algo elevado, sem desviar-se. Alguns exemplos são o Símbolo Rosacruz, uma rosa, os cinco primeiros versículos do Evangelho de São João, entre outros. É tarefa difícil, mas devemos persistir com entusiasmo, sem esmorecimentos, até que a possamos realizar bem, o esforço compensa, pois leva seguramente a resultados maravilhosos.  Veja: qualquer objeto poderá ser utilizado, de acordo com o temperamento e a capacidade mental do Aspirante, contanto que puro e edificante. A lembrança do Cristo poderá ser um motivo de concentração. As flores, particularmente, poderão servir a este propósito. Se é a figura de Cristo-Jesus devemos imaginá-lo como um Cristo real, dotado de expressão. Assim, deve tudo ser construído como ideal vivente e não estático e morto. Se escolhermos uma flor devemos, em imaginação, tomar a semente, enterrá-la no solo e fixarmo-nos neste quadro. No momento veremos a semente brotar, estendendo suas raízes que penetram na terra em forma espiralada. Dos seus principais ramos percebemos inúmeras radículas projetarem-se em todas as direções. Depois vemos a haste se projetar para cima rompendo a superfície da terra, surgindo como um diminuto pedúnculo. Um diminuto raminho surge da haste principal. Depois outro raminho. E mais outros, até o despontar de alguns botões. Presentemente, o que desperta mais a atenção são inúmeras folhas. Surge depois um botão no topo. Este botão cresce até que as pétalas de uma rosa vermelha surjam ao lado das folhas verdes, impregnando o ar com perfume dulcíssimo.

Veja: a concentração é um processo gradual. O primeiro quadro que o Aspirante constrói será, naturalmente, obscuro e pobre. A pouco e pouco, através do exercitamento, poderá sobrepujar essas limitações, construindo, então, uma imagem real e viva.

Quando o Aspirante tornar-se apto a formar tais quadros e sobre eles mantiver a Mente enfocada, poderá retirá-los rapidamente do campo mental, conservando-se alheio a qualquer pensamento, na expectativa do que surgirá em lugar da imagem. Durante algum tempo, talvez, nada venha a ocorrer. Contudo, exercitando-se fiel e pacientemente todas as manhãs, tempo virá em que, ao afastar o quadro que tenha imaginado, o Mundo do Desejo abrir-se-á a seus olhos internos. A princípio poderá ser uma rápida visão, porém será uma mensagem daquilo que virá oportunamente.

Afinal o pensamento foi conquistado pelo emprego de metade de nossa força criadora. Portanto, é também criador. Ele representa o poder de formar imagens, quadros, formas, mentais, segundo as ideias que internamente suscitamos. O pensamento é nosso principal poder. Nosso destino de seres racionais e de obter sobre ele absoluto domínio. Qualquer um, devidamente orientado, pode antecipar essa meta gloriosa e descortinar possibilidades inacreditáveis. O controle sobre a Mente permite a manifestação de imaginações reais, geradas por nosso espírito e não simples ilusões induzidas inconscientemente por condições exteriores.

O pensamento é o mais poderoso meio de obtenção do conhecimento. Se o concentrarmos sobre um assunto, ele abrirá caminho através dos obstáculos e resolverá o problema.

Nada está além da humana compreensão, quando chegamos a controlar e utilizar a força do pensamento. Geralmente dissipamos, dispersamos e enfraquecemos o pensamento-forma e em tal caso será de pouca utilidade por que não atrai nem suscita no plano mental os dados necessários à global compreensão do assunto em foco. Todavia, uma vez estejamos devidamente preparados para o reto uso do poder mental, todo o conhecimento estará a nossa disposição. A importância disso só o avaliará devidamente o que tenha vislumbrado os resultados da Concentração. O Aspirante à Vida Superior não pode furtar-se a essa meta. A princípio ficará aborrecido porque, ao tentar concentrar, a Mente foge e notará que pensa em tudo a que se encontra sob o Sol, em vez de fixar no ideal ou objeto proposto. Mas não deve desanimar. Com o tempo e perseverança o domínio se tornará menos difícil e os seus sentidos vão se disciplinando, até conseguir relativa concentração do foco mental.

O principal fator de êxito para lograrmos concentrar bem é a persistência; seguido de perto pela perseverança, obstinação, repetição, até vencer a luta. O que é mais difícil traz frutos mais valiosos. Sem persistência resultado algum poderá ser obtido. É inútil fazermos o exercício em uma, duas ou três manhãs ou mesmo semanas, para, depois negligenciá-los, falhando, interrompendo, reiniciando. Para ser efetivo, o exercício deverá ser feito fielmente todas as manhãs, sem nenhuma falha. Melhor ainda se for à mesma hora e lugar porque se irá formando uma força vital que auxiliará e abreviará a meta. E uma vez conquistado um bom resultado, devemos continuar o exercício, pois a natureza não admite inação. “O exercício assegura o resultado, como a função faz o órgão”. Toda função que só interrompe, vai retrocedendo e se atrofiando. O exercício metódico e constante mantém em ascensão e evolução todas as coisas.

(P&R da Revista Serviço Rosacruz mai/68 – Fraternidade Rosacruz SP)

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