A sua Paciência

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A sua Paciência

A sua Paciência

“…tende por motivo de grande alegria o serdes submetidos a múltiplas provações, pois sabeis que a vossa fé, bem provada, leva à perseverança.” (ITg 1:2-3).

Passamos dificuldades, provações, tentações, porque estamos em contínuo treinamento, em ininterrupto aprendizado. Se enfrentamos essa dificuldade, essa provação de frente e com vontade, logo a resolveremos, logo descobrimos o seu mistério: a solução, pois um mistério depois de ser desvendado deixa de ser mistério.

E assim é, pois o objetivo da nossa existência aqui não é a busca da felicidade, como muitos pensam, mas sim a aquisição de experiências nessa vida. Ou seja, como, sozinhos, podemos suportar e resolver todas as dificuldades.

E quantas vezes nos pegamos numa situação onde a paciência basta para resolver! Então, o que é a paciência, senão a “prova da nossa fé”? Sim, porque se temos paciência, é porque acreditamos que alguma coisa acontecerá para nos ajudar a resolver tal dificuldade.

Muitas vezes a paciência nos falta porque nos deixamos envolver pelo amor desordenado e pelo vão temor. Esses, por sua vez, trazem o desassossego do coração e a distração dos sentidos. Já que, se a paz, necessária para a paciência, depender da boca dos outros, do que dizem ou deixam de dizer de nós, então não teremos a paciência. Pois a verdadeira paciência está em Cristo, na prática da vida espiritual, que é interior, e nada tem a haver com o seu exterior, o seu entorno.

E é, principalmente, nas horas de dificuldades que devemos nos calar, nos voltar interiormente para Cristo, e não se deixar perturbar com os sussuros humanos. Nessa constante luta, durante a nossa peregrinação aqui nessa vida, devemos sempre considerar que: “sem trabalho não se consegue o descanso e sem combate não se alcança a vitória.”.

Agora, devemos ter  claro para nós mesmos que é a paciência e não a indiferença que temos que cultivar. Sim, porque, como diz São Tiago em sua Primeira Epístola, também no Capítulo 1, versículo 4: “…mas é preciso que a perseverança produza uma obra perfeita, a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência.”. A indiferença induz ao egoísmo de não se importar com as pessoas ao nosso redor. Ao contrário, a paciência é aceitá-las, ajudando-as aonde necessitarem. A tentação aqui está presente por meio da indiferença ou, ainda, da falta de paciência. É muito mais cômodo!

Esse comportamento de indiferença está ligado, muitas vezes, a essa eterna mania de achar que podemos ficar onde estamos, estáticos, “no se cantinho, sem ninguém a importunar”. Como ficar nessa posição em um universo dinâmico, onde tudo evolui? Portanto, se insistirmos em ficar onde estamos, retrocedemos ou cristalizamos. Essa é uma pobre e perigosa ilusão do nosso “Eu inferior”. Aqui entra a tentação para não nos deixar ficar parados. Mas, como também diz São Tiago em sua Primeira Epístola, também no Capítulo 1, versículos 13 a 14: “Ninguém, ao ser tentado, deve dizer: ‘É Deus que me está tentando’, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Antes, cada qual é tentado pela própria concupiscência, que o arrasta e seduz.”. Deus não tenta ninguém. Cada um é tentado pelos seus próprios defeitos, teimosia, dívidas a pagar, ignorância e desejos de bens materiais.

A partir do momento em que deixemos de viver na esfera do nosso “Eu inferior”, que esqueçamos por completo a Personalidade e a viver na nossa Individualidade,  começamos a suplantar à tentação, a resistir à tentação, a “não cair em tentação”, a ficar acima dela. Amando e servindo a divina essência oculta em cada pessoa ao seu redor, nos unificamos por amor de Deus, respondendo ao nosso “Eu superior”, dando ênfase a nossa Individualidade. Sim, porque para “amar o bem, é preciso ser bom”.

É esse nosso próprio desejo por focar nossa vida em aquisição de bens materiais (direta ou indiretamente) que “…dá à luz o pecado, e o pecado, atingindo a maturidade, gera a morte.” (ITg 1:15). E entendamos que a indiferença, que na realidade nada mais é do que o medo de alguém nos perturbar e nos tirar da situação em que gostamos, também é pecado.

Assim, vemos que a paciência requer sabedoria: o conhecimento temperado com amor. E “…Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos, sem recriminações, e ela ser-lhe-á dada, contanto que peça com fé, sem duvidar, porque aquele que duvida é semelhante às ondas do mar, impelidas e agitadas pelo vento.” (ITg 1:5-6). E é por meio dessa sabedoria que conhecemos a causa de todo o bem. Então, é por meio dessa prática que conhecemos a Deus. Mas, o que é o conhecimento de Deus, senão o conhecimento do bem e do mal? E se conhecermos realmente o bem e o mal, as provações não serão mais “problemas”. A paciência, advinda desse conhecimento, nos dará a explicação do porque ocorre dessa e não de outra maneira. Afinal, é fato que “todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto e desce do Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação.” (ITg 1:17).

De que adianta sofrer só quando “queremos”? Lá vem falso conhecimento dizendo que é a “vontade de Deus” que soframos tudo isso. Acomodamo-nos em tal “sofrimento” e criamos uma falsa paciência, ou melhor, um comodismo. E quantas são as pessoas que conhecemos nessa situação! E quantas vezes nos pegamos nessa situação!

O verdadeiro paciente, aquele que possui a virtude da paciência, não “escolhe” a ocasião para sofrer, para suportar uma provação. Mas, sempre que lhe sucede qualquer adversidade, qualquer provação, aceita-a e agradece, pois sabe que se trata de uma grande oportunidade para o seu crescimento espiritual. Nunca devemos nos desanimar com quaisquer contrariedades. Mas, ver nela sempre aquela oportunidade de aprendizagem que tanto precisamos.

Se tomarmos a consciência lógica de que tal contrariedade, tal provação, fomos nós mesmos que escolhemos no Terceiro Céu, quando estávamos no nosso processo para iniciar essa vida aqui, veremos já que estávamos preparados para enfrentá-la; já sabíamos que tínhamos condições de sobrepassá-la.

Cabe, então, a cada um de nós arregaçar as mangas  e, com paciência, achar a solução para resolvê-la. Para isso,  São Tiago em sua Primeira Epístola, também no Capítulo 1, versículos 19 a 20 nos ensina: “Isso podeis saber com certeza, meus amados irmãos. Que seja cada um de vós pronto para ouvir, mas tardio para falar e tardio para encolerizar-se; pois a cólera do homem não é capaz de cumprir a justiça de Deus.”. Ou seja: nunca devemos perder a paciência. Pois, além disso não nos ajudar animicamente, ainda produz desordens físicas, mentais, doenças e enfermidades.

Por fim, tentações, provações, dificuldades, adversidades, contrariedades e tribulações teremos na nossa vida aqui inteira. E a virtude da paciência é a chave para suportá-la e, só assim, aprenderemos com elas.

Se você não possui a virtude da paciência ainda, cultive-a repetindo-a cada vez mais nas situações que a necessite. Com certeza, um dia virará mais um dos seus bons hábitos e a persistência em repetir esse seu bom hábito, um dia se tornará a virtude da paciência.

Que as rosas floresçam em vossa cruz

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