Para Onde foi a Bebê?

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Para Onde foi a Bebê?

Não há problema mais difícil do que ensinar às crianças os mistérios da vida de uma maneira inteligível para elas. Suas Mentes nascentes encontram os fatos da vida com um interrogatório ansioso quanto ao seu significado, e elas ficam perplexas diante das tragédias da existência com uma agudeza de sentimento que pouco percebemos, porque aprendemos a aceitar a tristeza, o sofrimento e a morte como parte da vida e paramos de buscar uma solução.

Ou, se fomos suficientemente exercitados no assunto para tentar resolver o enigma da vida, as explicações que satisfazem nossas almas são muito abstrusas para resolver a questão nas Mentes de nossos filhos; então, recuamos do trabalho e da responsabilidade de ensiná-los. Além disso, a maioria de nós não tem a capacidade de fazer a criança entender. Estudemos a história abaixo, pois ela é como uma dádiva de Deus para nos capacitar naquela direção, pois não há campo mais frutífero na “Vinha do Cristo” do que o canto das crianças:

“Mamãe querida, o que você fez com o nosso bebê?”, foi meu filho Billy que se dirigiu a mim dessa forma, e quando ele estava se aproximando do quinto ano, ele começou a sentir o direito de proteger as crianças mais fracas e mais novas. Eu estava sentada na cadeira de balanço no meu quarto costurando algumas roupinhas para ele e seu irmão John e meus joelhos serviram de apoio para seus cotovelos enquanto ele falava, procurando meu rosto ao mesmo tempo com seus olhos.

Nesse momento, John entrou de repente e, com seu jeito magistral, informou: “Mãe, nós espiamos o quarto da bebê quando a porta estava aberta e não vimos a irmãzinha no berço”.

“Sim”, continuou Billy, retomando a narrativa, “nós fomos até a varanda para ver se ela estava no carrinho, mas ela também não está lá”. “Onde ela está, mãe?” interpôs John.

“Nós vimos a enfermeira no corredor e contamos a ela e ela disse para perguntar à mamãe”. “E”, continuou Billy, cujo coração era tão terno quanto grande, “querida mãe, tenho certeza de que a enfermeira tinha lágrimas nos olhos! Por que, mamãe?”.

Havia lágrimas na borda de seus olhos naquele momento, mas como eu poderia contar aos meus preciosos meninos onde estava o nosso bebê? Como eu poderia entristecer duas vidas jovens com o pensamento da morte? A irmãzinha tinha ficado conosco apenas dois meses, mas aqueles meses tinham sido cheios de sofrimento. Ela esteve sob os cuidados da nossa própria enfermeira, pois eu ficara doente recentemente e não pude cuidar dela; as crianças tinham o hábito de ir, na ponta dos pés, até a porta do berçário muitas vezes ao dia para perguntar sobre ela.

“Mãe, onde está a nossa bebê?”, persistiu Billy. A empregada entrou no quarto nesse momento e anunciou que a Sra. Jones queria me ver. “Por favor, peça para ela vir aqui”, respondi.

A Sra. Jones era professora na escola dominical que nossos pequenos frequentavam. Essa escola em particular não era denominacional, mas atraía membros de todas as fontes. Eu a saudei com alegria, acreditando que ela pudesse me ajudar nesta situação desconcertante. Ambos os meninos a amavam e, enquanto corriam para encontrá-la, contaram seus problemas, gritando em uníssono: “Sra. Jones, nossa bebê está perdida! Não conseguimos encontrá-la em qualquer lugar”.

“Alguém me disse isso”, respondeu a Sra. Jones, “e é por isso que eu vim”.

“A Sra. Jones vai encontrá-la”, anunciou John, seu rosto estava radiante de confiança.

“Mas você sabe onde ela está?”, perguntou o mais pensativo Billy.

“Sim, certamente sei”, veio a resposta, e pensei que vocês, meninos, e a mãe gostariam de saber”.

Enviei uma prece de gratidão por esse alívio, pois sabia agora que só precisasse esperar e ouvir.

“Oh, diga-nos rápido, vamos!”, insistiu John.

“Bem, venha e sente-se calmamente, pois é uma longa história. Você quer saber para onde ela foi, não é, queridos? Para onde você vai todas as noites quando vai dormir, só isso”. “Eu nunca vou a lugar algum quando estou dormindo”, afirmou John.

Mas Billy acrescentou suavemente: “Ah, eu costumo ir a jardins tão lindos quando estou dormindo… E brinco com muitas outras crianças. A babá uma vez me disse que deve ser o Paraíso”.

“Esse é um nome muito bom”, respondeu a Sra. Jones, calorosamente, “toda noite sua mãe lhe dá um beijo de boa noite e você está tão aconchegado e aquecido que simplesmente deixa seu corpinho tão confortável e voa para brincar com outras crianças, que também deixaram seus corpos na cama. E se você tem uma dor de cabeça, de garganta ou qualquer coisa que o machuque muito antes de ir para a cama, a parte adorável disso é que, assim que você sai do seu corpo, você deixa tudo isso com ele na cama e fica tão bem e forte brincando no Céu que, quando volta para cama de manhã e entra em seu corpinho, você percebe que sua dor de cabeça desapareceu ou sua dor de garganta está mais fraca”.

Os meninos ouviam e olhavam com muita atenção, pois para eles isso era melhor do que um conto de fadas.

“Eu me lembro”, disse Billy, “de uma vez que eu tive dor de garganta por dois ou três dias e não conseguia dormir; então o médico me deu uma coisa horrível para tomar”.

“Sim”, concordou John, “eu lembro que você estava quase tão doente quanto a irmãzinha”.

“Ah, não!”, respondeu a Sra. Jones, gravemente, “sua irmãzinha estava muito mais doente do que você. Ela estava tão doente que mal conseguia ficar em seu corpinho e um dia ela não retornou a ele porque não tinha forças para entrar”.

“Ah, ela não vai voltar? Não a veremos de novo?”, ambos interromperam em uma só voz que ameaçava se quebrar pelas lágrimas que brotavam em seus olhos. “Claro que vão”, continuou a Sra. Jones.

“Eu não disse que ela foi para o lugar aonde você vai toda noite? Talvez você brinque com ela e não a conheça, pois ela não é um bebê doentinho e magrinho que chora muito, mas uma garotinha alegre, capaz de se movimentar e brincar. Você sabe quais são os brinquedos dela? Eu sei que você nunca vai adivinhar, então eu vou contar. Brinquedos com as cores mais lindas, iguais ao arco-íris que a mamãe lhe mostrou no céu esta manhã. Todas as suas flores e seus livros são pintados com aqueles lindos tons e o tempo todo uma doce música é ouvida para ensiná-la a fazer as coisas muito mais rápido do que aprenderia em livros ou salas de aula; eu acredito que nem mesmo sua mãe saiba dizer quem está ensinando tudo isso para ela”.

A Sra. Jones olhou para mim de modo interrogativo, mas eu só consegui balançar a cabeça.

“É sua mãe”, ela disse, olhando gentilmente para mim. “É sua avó, meninos, que foi embora uma noite no inverno passado quando a geada chegou. Lembro que o médico disse que ela estava com pneumonia — seu corpo ficou tão cansado e desgastado que ela não conseguiu voltar. Todos nós gostaríamos que ela ficasse conosco por mais tempo, mas não pôde permanecer. Então, quando a irmãzinha também foi para lá, ela cuidou dela e está ensinando todas aquelas belas lições”.

“E a irmãzinha voltará algum dia?”, perguntou Billy, gentilmente.

“Sim, com certeza; mas ela precisa aprender algumas lições primeiro. Aprender como construir um corpo melhor — um que ela possa usar por muitos anos para não ter que deixá-lo depois de alguns meses como este. E a vovó vai voltar depois de um tempo também, sem reumatismo e sem tosse”.

“Não será ótimo?”, interrompeu John, entusiasmado, “os dois voltarão como bebês e terão que procurar um pai e uma mãe que cuidem deles”.

“Que engraçado”, acrescentou o pensativo Billy, “tivemos que procurar uma mamãe e um papai quando éramos bebês?”.

“Sim, de fato. Um dos Anjos gentis lhe mostrou alguns pais e mães e você escolheu seu próprio papai e mamãe”.

“Estou feliz por ter escolhido essa mamãe”, disse Billy, escondendo o rosto no meu colo, “não é, John?”.

“Sim”, respondeu seu irmãozinho, “e estou feliz também por você ter escolhido a mesma mamãe que eu. Imagine, Bill, se você tivesse escolhido outra mamãe e que fosse longe daqui”.

Então, quando eles saíram correndo para brincar e a Sra. Jones se despediu; eu a incentivei a voltar e nos contar mais sobre aqueles Mundos Celestiais.

E naquela noite, quando dei um beijo e um desejo de “boa noite” afetuosos aos meus filhos, eles me disseram que veriam a irmãzinha e vovó.

“E eu vou tentar me lembrar disso quando acordar”, disse John.

(de Max Heindel, publicado na Revista Rays from the Rose Cross de julho/1916 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)

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