Às vezes a união de um casal lhe oferece um filho não desejável ou então um filho malformado. Nestes casos surge uma questão: “Deve o casal aceitar o filho nessas condições, uma verdadeira carga?” Para responder a isso é preciso considerar o ponto de vista oculto.
Do ponto de vista puramente materialista a ideia da morte é que a vida termina simplesmente porque o Corpo Denso se torna incapaz para sua função. Trata-se de um erro. A vida é eterna como ensinam ambas, a Bíblia e a Ciência oculta. O Espírito individual que habita o Corpo Denso, ainda que no início, não pode ser destruído. Infelizmente, porém, a forma física que teria que evoluir, ganhando experiência nessa Terra, é destruída.
Proceder assim é tão repreensível quanto quebrar qualquer outra Lei de Deus que governa nosso Universo.
“Não matarás“, uma lei básica da Humanidade, embora se refira somente à forma, aquele que desafiá-la, praticando o abortamento ou de outra maneira, assume imensas dívidas que chamamos de Destino Maduro.
Outro ponto importante a considerar refere-se à força criadora do ser humano, cujo uso abusivo para a gratificação dos sentidos constitui-se na “grande transgressão” de que fala o Salmo 19:12.
Esse é o “pecado” (ação contrária à lei espiritual) que deverá ser expiado através da Lei de Consequência em Corpos e Mentes sãos ou doentes e incapacitados.
Quando se considera a grande dificuldade envolvendo a atividade dos Senhores do Destino para trazer de volta ao Mundo Físico um Ego, e ainda todas as causas e efeitos que participam desse evento, no mínimo deve-se pensar bem antes de realizar um abortamento ou aborto. Vejamos resumidamente como a ciência oculta descreve esse processo.
Após ter se fortalecido na inefável harmonia do Mundo superior chamado de Terceiro Céu (mencionado por São Paulo em ICor 12:2), o Ego sente o desejo de novas experiências no Mundo Físico e começa a contemplar um novo renascimento. Os Anjos do Destino, então, reveem o desenvolvimento do Ego, seus débitos, e determinam quais experiências esse Ego deve encontrar na Escola da Vida a fim de continuar sua evolução. Determinam também onde e quando essas experiências podem ser obtidas na Terra. Ajudam ainda a construir um arquétipo apropriado para a vida que se aproxima. Este arquétipo influenciará a estrutura do Corpo Denso que está para ser formado.
Com isto, uma série de cenas começa a se tornar visível ao Espírito. O panorama da nova vida destinada a ele, conhecendo os principais eventos, iniciando no berço e terminando no túmulo.
Em alguns casos vários panoramas podem ser mostrados. De tal modo que um Ego avançado pode escolher entre eles.
Uma vez escolhida a vida que irá viver o Espírito, o Ego, possuindo somente as forças dos 4 Átomos-sementes (do Corpo Denso, do Corpo Vital, do Corpo de Desejos e da Mente) inicia sua descida no Mundo Físico. Às forças da Mente da última vida são despertadas de sua latência no Átomo-semente e começam a atrair da Região do Pensamento Concreto materiais pelos quais tem afinidade. O mesmo acontece com os Corpos de Desejos, Corpo Vital e o Corpo Denso.
Este material reunido adquire a forma de um grande sino, aberto em cima, no topo onde estão localizados os átomos semente.
Na época conveniente a construção do novo Corpo e sua localização no ambiente apropriado são efetuados pelos quatro grandes Seres conhecidos como Senhores do Destino ou Anjos do Destino. O Corpo Vital é construído pelos habitantes dos Mundos invisíveis e pelos Espíritos da Natureza de tal modo a formar um tipo especial de cérebro. Entretanto o próprio Ego, que retorna, incorpora a quintessência de seus Corpos Vitais anteriores e, além disso, realiza um pequeno trabalho original.
O Corpo Vital, tendo sido moldado pelos Senhores do Destino, dará forma ao Corpo Denso. Órgão por órgão. Essa matriz ou molde é então colocada no útero da futura mãe. O Átomo-semente para o Corpo Denso localiza-se na cabeça de um dos espermatozóides do sêmen paterno.
Quando ocorre a fecundação o Corpo de Desejos da mãe trabalha sobre o óvulo fecundado durante um período que varia de 18 a 21 dias. Durante esse período o Ego permanece fora em seu Corpo de Desejos e na bainha mental, sempre em contato muito próximo com a mãe. Após o término desse período o Ego entra no corpo da mãe. Os veículos em forma de sino dirigem-se para baixo sobre a cabeça do Corpo Vital e o sino fecha embaixo. O Ego então toma consciência do seu instrumento, impõe sua individualidade e se opõe à formação de células sanguíneas nucleadas pela mãe.
As células velhas gradualmente desaparecem, de tal forma que quando o Cordão Prateado é atado aos tecidos vivos, todos os núcleos desaparecem; e o Ego assume controle absoluto de seu veículo, uma herança preciosa.
Como podemos ver, ao redor da terceira semana o feto já é um ser vivo, um Ego retornando para o Mundo Físico para mais um dia na escola da vida. O pequeno desenvolvimento do feto não permite a comunicação no plano físico, mas o Ego lá está e com muito esforço. Temos então o direito de removê-lo à força, negando-lhe a oportunidade para a qual esperou tanto tempo?
Vemos que o abortamento não mata o Espírito que é eterno, mas destrói o Corpo Denso, essencial para seu desenvolvimento e para a aquisição de experiências na Terra. Não importa o estágio em que o feto é destruído, as conseqüências são mesmas.
Para aprender suas lições, certos Egos necessitam, por algum tempo o habitar um Corpo Denso defeituoso. Se ocorre um abortamento de um feto defeituoso, seu Ego terá bloqueado seu processo evolucionário.
Além de influenciar o Corpo Denso, um arquétipo tem a função de energizar a estrutura desse Corpo pelo período de tempo durante o qual o Corpo Denso esteja programado para permanecer na Terra.
Assim, um abortamento realizado mesmo em um Corpo defeituoso faz com que o Ego permaneça com a consciência em estado comatoso até o término do período de tempo planejado para sua existência na Terra, isto é, até a época em que ocorreria a morte natural do Corpo Denso.
Conclui-se então que, do ponto de vista oculto, o abortamento é crime; trata se de um claro exemplo do mau uso do livre-arbítrio.
Nestes casos, o abortamento só serve para aumentar as dívidas contraídas pelos responsáveis, que certamente terão que pagar um preço terrível nas vidas futuras pelas ações presentes.
Toda vida iniciada pela concepção deve ser respeitada. A época da morte deve ser decidida pelos Senhores do Destino, em sua sabedoria, e não pelo ser humano, em sua ignorância.
Qual seria a solução para essa prática imoral? A solução está no autocontrole. Os seres humanos precisam aprender a não permitir que o poder da luxúria dirija suas vidas. A mera supressão da atração sexual não constitui uma virtude em si própria. A força criadora deve ser usada, sempre que possível, dirigida a canais mais elevados.
Em vez de buscar gratificação física quando surgem os impulsos de natureza inferior, o ser humano deve tentar focalizar seus pensamentos e imaginação em algo que ele deseja criar: um poema, uma invenção, um quadro, uma composição musical ou outra coisa qualquer. Verificará então que atingiu duplo propósito, pois o processo de transmutação ou regeneração será claramente estimulado.
O exercício físico isolado é de grande ajuda, porém torna-se muito mais efetivo quando acompanhado de pensamentos criativos.
A meditação sobre elevados e inspirados assuntos tem o poder de transformar as forças impregnadas de fluidos sexuais. Estes fluidos são realmente os condutores da força etérica, o verdadeiro agente criador.
Uma passagem das escrituras ou um poema inspirado pode ser o canal para o direcionamento dos pensamentos e da força criadora às correntes elevadas.
Pelo direcionamento consciente das correntes de puro amor do coração para os centros criadores do cérebro, a atividade sexual tem possibilidade de ser transmutada em atividade da Mente e do Espírito com o nascimento correspondente nos planos mentais e espirituais.
(Publicado no Ecos da Fraternidade Rosacruz em São Paulo-SP em setembro e outubro/1993)
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