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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Para Assimilar Bem as Vitaminas

Foram os trabalhos de Eijkmann (em 1884), de Grijns (em 1901) e de Funk, sobretudo, (desde 1911) que culminaram no descobrimento das vitaminas das quais se pode dizer que revolucionaram os dados da dietética. Conhece-se atualmente uma vintena de vitaminas, mas o público em geral não se interessa senão por uma dezena delas, pertencentes aos dois grupos: lipossolúveis (solúveis em gorduras; A, D, E, K) e hidrossolúveis (solúveis em água: B1, B2, B6, C, F, H, P, PP).

Como se sabe, as vitaminas não figuram entre os alimentos energéticos, não constituindo, assim, fonte de calorias. Tampouco são elementos reconstituintes. São, porém, por excelência, “alimentos funcionais” que acompanham a ação dos protídeos (alimentos azotados), dos lipídios (matérias graxas) e dos glicídios (feculentos e açúcares), aos quais servem de “ativadores”; isto é, promovem e ativam a combustão. Têm sido comparadas à faísca produzida pelo magneto, em um motor de explosão.

As necessidades de vitaminas do organismo variam de um para outro indivíduo, bem como no mesmo indivíduo, na proporção do esforço que efetua. O estado de saúde, bem como a idade e o sexo, tem também a sua influência (em caso de febre intensa, por exemplo, as necessidades de vitamina C são nitidamente mais elevadas).

A quantidade de vitaminas necessárias ao organismo não é muito elevada: de 0 mg a l mg para a vitamina A; de l,5 mg a 8,5 mg para a vitamina B1; de 2 mg a 3 mg para a vitamina B2; de 5 mg a 15 milésimos de miligrama para a vitamina D; etc.

Apenas a vitamina C é uma exceção. São precisos aproximadamente 60 mg para uma criança de 8 anos, 100 mg para o adolescente, 75 mg para o adulto, 100 mg para a gestante, 150 mg para a lactante e pelo menos outro tanto para o doente com febre. Esses números não dizem tudo. Pode ser perigoso ater-se a eles de maneira absoluta, sobretudo se conhecemos ou pensamos conhecer o teor das vitaminas nos alimentos, porque o teor varia de um espécime para outro, do mesmo alimento.

A vitamina B12 é também conhecida como cobalamina e é uma vitamina do complexo B que tem um papel determinante no desenvolvimento, mielinização e função do sistema nervoso central, formação de glóbulos vermelhos, e síntese de ADN.

As manifestações do déficit de Vitamina B12 incluem sinais e sintomas hematológicos, gastrointestinais, neurológicos e psiquiátricos. Entre as consequências hematológicas, a anemia macrocítica pode ter como sintomas a fadiga, falta de ar (dispneia), e palpitações. Em relação às alterações do sistema nervoso, o défice de B12 poderá resultar na desmielinização de neurónios periféricos e centrais, que se pode apresentar clinicamente na forma de: parestesias das mãos e dos pés (sensações de formigueiro, picadas, dormência…), perda de sensibilidade periférica, fraqueza, e instabilidade a caminhar.

Mas, o esgotamento das reservas corporais de vitamina B12 pode tornar-se evidente apenas alguns anos após o início de uma alimentação pobre nesta vitamina, devido às necessidades diárias baixas, assim como devido ao facto do nosso organismo conseguir uma recaptação eficiente da vitamina B12 através da circulação enterohepática (uma pequena fração das reservas de vitamina B12 é excretada na bile, e prontamente reabsorvida, representado um mecanismo pelo qual a vitamina B12 é conservada no organismo).

As únicas fontes alimentares de vitamina B12 adequadas a vegetarianos incluem os alimentos que são fortificados com esta vitamina, tais como algumas bebidas vegetais, levedo ou levedura de cerveja ou nutricional, alternativas vegetais à carne animal, e alguns cereais.

As atuais recomendações nutricionais para a ingestão de vitamina B12 para as diferentes faixas etárias podem ser encontradas nessa tabela:

IdadePRI (µg/dia)
7–12 meses1,5
1–6 anos1,5
7–10 anos2,5
11–14 anos3,5
15–17 anos4
≥ 18 anos4
Gravidez4,5
Lactação5

E a quantidade de vitamina B12 (microgramas, µg) de algumas fontes alimentares por porção de consumo, e respetiva contribuição relativa face aos valores de referência para indivíduos adultos estão na tabela abaixo. Os valores dos produtos fortificados podem variar consoante a marca, devendo confirmar a quantidade na declaração nutricional do produto:

Alimentos e PorçõesQuantidade de vitamina B12 (µg)
LÁCTEOS E OVOS
Leite de vaca meio-gordo (1 copo, 200g)0,24
Queijo com 30 % matéria gorda (1 fatia, 18 g)0,32
Ovo (1 unidade, 59 g)0,59
ALIMENTOS FORTIFICADOS
Bebida vegetal fortificada (1 copo, 200 g)0,76
Alternativa ao iogurte, de soja (1 unidade, 125 g)0,481
Levedo de cerveja (1 col. sopa, 5 g)2,2
Cereais fortificados (6 colheres de sopa, 40 g)0,2 – 0,92

No que tange à eficácia das vitaminas e, por conseguinte, ao seu grau de utilização para o organismo, convém saber que as vitaminas naturais de origem vegetal possuem sérias vantagens tanto sobre as vitaminas de origem animal (com exceção da manteiga) quanto, sobretudo, as vitaminas sintéticas. As vitaminas naturais são sempre administradas em combinação com outros elementos que facilitam a sua assimilação. Além disso, parecem atuar em doses mínimas. O escorbuto, por exemplo, desaparece muitas vezes mais rápida e totalmente, depois da ingestão de suco de limão (ou de laranja), do que pela administração de doses altas de ácido ascórbico (vitamina C sintética). Não convém, assim, recorrer às vitaminas sintéticas, senão quando a isso impuser uma absoluta força maior.

Convém também lembrar que deve haver equilíbrio entre as diferentes vitaminas e que um bom equilíbrio vital não pode ser mantido sem a absorção de todas as vitaminas. A administração de uma vitamina em excesso interfere no teor de absorção de outras vitaminas. Podem resultar disso as manifestações de carência de uma ou várias vitaminas, fenômeno que o Dr. V. Bisceglie qualificou de “carência sem carência”. Com efeito, é uma carência não devida à ausência de uma vitamina, mas à sua destruição ou eliminação pelo excesso, no organismo, de outra vitamina.

As vitaminas desempenham papel útil e benéfico, com o máximo de proveito, quando se encontram em seu meio natural, em equilíbrio estável com os elementos minerais e todas as outras substâncias que, em geral, acompanham-nas. Sua ação é tanto mais eficaz quando absorvidas em intervalos bastante aproximados e em quantidades razoáveis, de preferência uma única vez, em dose elevada.

As vitaminas estão mais particularmente nas hortaliças e nas frutas cruas; mas exercemos sobre elas ação destrutiva com o cozimento, associado à ação do oxigênio, (sobretudo a vitamina C). Mas, para nos beneficiarmos, tornam-se necessárias duas condições.

  1. Consumi-las cruas, de forma natural e com a pele, sem preparar (cortá-las ou raspá-las) com muita antecedência.
  2. Mastigá-las e insalivá-las o mais amplamente possível. Esse último procedimento é ainda mais importante que o precedente, pois equivale à assimilação de todos os alimentos, sobretudo dos feculentos.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1965 – Fraternidade Rosacruz – São Paulo – SP)

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