Novembro de 1913
Frequentemente, recebemos solicitações de auxílio de pessoas que, infelizmente, pertenciam a sociedades onde elas se submetiam ao domínio dos espíritos de controle que, no momento, os assombram e os perseguem chegando ao ponto de se tornarem um fardo na vida delas. Também recebemos solicitações de auxílio de pessoas que frequentaram sociedades onde ensinavam exercícios de respiração hindus. A impaciência de ingressar nos Mundos invisíveis leva muitas pessoas a praticar estes exercícios, cuja natureza perigosa desconhecem, quando percebem é tarde demais e aí experimentam problemas tano na saúde física como na espiritual. Então, vem até nós a procura de alívio que, felizmente, conseguimos fornecer a todos que se aplicaram, até mesmo aqueles que estavam à beira da insanidade.
E é por isso que a literatura da Fraternidade Rosacruz está repleta de advertências sobre o evitar todos os exercícios respiratórios tais como preconizados pelas escolas orientais, os quais são impróprios às pessoas que vivem no lado ocidental do Planeta. É com muita e profunda tristeza que ouvimos falar de um Estudante que está, agora, doente como consequência desses tipos de exercícios respiratórios. Portanto, cremos que será conveniente afirmarmos, mais uma vez, a diferença entre os métodos oriental e ocidental, para que fique bem claro o por que é sensato evitar tais exercícios.
Em primeiro lugar, é necessário ter a percepção clara de que a evolução do espírito e a evolução da matéria andam de mãos dadas. O espírito evolui renascido em veículos densos de matéria e trabalhando com o material encontrado no Mundo Físico. Assim, o espírito progride e, também, a matéria está sendo aprimorada porque o espírito trabalha sobre ela. Naturalmente, os espíritos mais avançados atraem para si material mais refinado do que aqueles que estão atrasados no caminho da evolução, e os átomos nos corpos de pessoas mais altamente evoluídas são mais sensíveis do que as daquelas que existentes em povos primitivos.
Entretanto, os átomos das pessoas que vivem no ocidente respondem às ondas vibratórias que ainda não foram contatadas por aquelas pessoas que habitam em corpos orientais. Os exercícios respiratórios são usados para despertar os átomos adormecidos do aspirante oriental, e o trajeto enérgico desse tratamento se faz necessário para aumentar o tom de vibração. O índio americano ou o bosquímano[1] podem executar esses exercícios impunemente durante vários anos, contudo, é uma questão totalmente diferente quando uma pessoa, com um corpo altamente sensibilizado como o ocidental, segue tal tratamento. Os átomos de seu corpo já foram sensibilizados pela evolução natural; e quando esta pessoa recebe um ímpeto adicionado de exercícios respiratórios, os átomos simplesmente se rebelam, e se torna extremamente difícil trazê-los ao devido repouso novamente.
Aqui pode ser útil mencionar que o autor teve uma experiência pessoal nesse assunto. Anos atrás, quando ele começou a trilhar o Caminho espiritual e estava imbuído da impaciência que é a característica comum a todos os buscadores sedentos pelo conhecimento, ele leu sobre os exercícios respiratórios publicados por Swami Vivekananda[2] e começou a seguir as suas instruções, na esperança de que, após dois dias, o Corpo Vital se separaria do Corpo Denso. Isso produziu uma sensação como deslizar no ar, não sendo possível manter os pés em terreno sólido e todo o Corpo parecia vibrar num tom altíssimo. O bom senso o resgatou. Os exercícios foram interrompidos, porém, foram duas semanas para que recuperasse a condição normal de andar firmemente no chão e cessassem as vibrações anormais.
Na parábola, foi dito que alguns foram rejeitados porque não tinham o traje nupcial. A menos que nós desenvolvamos, primeiramente, o Corpo-Alma, qualquer outra tentativa de entrar nos Mundos invisíveis resultará em um desastre; e qualquer instrutor que diz ter a capacidade para conduzir as pessoas aos reinos invisíveis não é confiável. Existe apenas um caminho – paciente persistência em fazer o bem.
(Cartas aos Estudantes – nº 36 – do Livro Cartas aos Estudantes – Max Heindel)
[1] N.T.: Khoisan ou Khoi-San é a designação unificadora de dois grupos étnicos do sudoeste de África que partilham algumas características físicas e linguísticas distintas da maioria Bantu da África. Esses dois grupos são os san, também conhecidos por bosquímanos ou boximanes e que são caçadores-coletores, e os khoikhoi, que são pastores e que foram chamados hotentotes pelos colonizadores europeus. Aparentemente, estes povos têm uma longa história, estimada em vários milhares (talvez dezenas de milhares) de anos, mas agora estão reduzidos a pequenas populações, localizadas principalmente no deserto do Kalahari, na Namíbia, mas também no Botsuana e em Angola.
[2] N.T.: Swami Vivekananda (1863-1902), nascido Narendranath Dutta foi o principal discípulo do místico do século XIX Sri Ramakrishna Paramahamsa e fundador da Ordem Ramakrishna. É considerado uma figura chave na introdução do Vedanta e do Yoga no Ocidente, sobretudo na Europa e América.