O Cristianismo também usa vários mantras. “Amém” ou “Amén” é um deles. Se essa palavra é traduzida perde todo o valor. Foi por isso que os tradutores a mantiveram inalterada, sendo essa a primeira regra para as utilizar com êxito. É o mais importante mantra Cristão.
Na palavra “amém” ou “amén” há duas vogais orais: “a” e “e”. A passagem de “a” a “e” é uma consoante nasal, “m”. A terminação é também uma nasal, “n” ou “m”. A técnica consiste em concluir a ressonância da letra “a” com o zumbido murmurante final da letra “n” ou “m”. Essa letra “empurra” o som para cima, até ao nariz, produzindo efetivamente uma ressonância no interior das narinas, nas cavidades nasais superiores e na região limítrofe. É a região indicada como o “assento do Espírito interno” ou “centro de energia da testa”. Está diretamente ligada ao Corpo Vital, que é sensibilizado pela oração e o ponto de partida do desenvolvimento espiritual. A ressonância física da letra “n” ou “m” é o prenúncio do despertar desse centro de energia, porque ajuda os veículos internos a organizarem-se.
O efeito físico dos mantras “aum” (oriental) e “amén” é bem diferente. O primeiro faz vibrar a região do ventre e do púbis. O segundo, pelo contrário, faz vibrar a cabeça, a garganta e o tórax. Segundo a maneira de pensar e sentir dos nossos irmãos e nossas irmãs do oriente, o centro da vida humana está no ventre. Bem pelo contrário, no ocidente, nós aqui vivemos “graças a nossa cabeça”. Esse exemplo alerta claramente para a inconveniência de os ocidentais usarem métodos desenvolvidos no oriente.
Cabe ainda referir a segunda condição para a eficácia do mantra: a maneira correta de o dizer, em estado de “consciência mântrica”. Händel (famoso compositor alemão, radicado na Inglaterra) nos fornece uma lição sobre a arte de pronunciar tão importante mantra como é o “amén”, na sua oratória “O Messias” (trecho do “Worthy is the Lamb and Amen[1]):
É onde encontramos uma das suas expressões mais poderosas. E se quisermos outro exemplo poderemos recorrer ao Rosacruciano Johann Sebastian Bach e à sua “Missa em Si menor” para ouvirmos (e sentirmos) o tremendo efeito do “Hosana” (Bach – Messe in h-moll BWV 232 – Osanna in excelsis[2]) (outro mantra Cristão):
Muito mais do que uma vulgar palavra, sinal de pontuação ou fórmula de conclusão o “amén” ou “amém” é, na concepção esotérica, uma palavra de poder equilibrado, um mantra que ajuda a despertar o fogo interior e a abrir os centros de força que nos colocam em sintonia com mundos mais elevados.
Que as rosas floresçam em vossa cruz
[1] N.R.: CHORUS: Worthy is the Lamb… Amen (MESSIAH)
Escute nesse vídeo o grande “Amén”: https://youtu.be/jS2osOLEe0U após os 3:42 minutos (é só mover o cursor até esse tempo na barra de tempo no You Tube onde começa o canto do grande “Amén”)
Worthy is the Lamb that was slain,
and hath redeemed us to God by His blood,
to receive power, and riches, and wisdom, and strength,
and honor, and glory, and blessing.
Worthy is the Lamb that was slain,
and hath redeemed us to God, to God by His blood,
to receive power, and riches, and wisdom, and strength,
and honor, and glory, and blessing.
Blessing and honor, glory and power, be unto Him, be unto him
that sitteth upon the throne, and unto the Lamb,
Blessing and honor, glory and power, be unto Him, be unto him
that sitteth upon the throne, and unto the Lamb,
For ever and ever and ever and ever. Amen.
Blessing and honor, glory and power, be unto Him, be unto him
that sitteth upon the throne, that sittenth upon the throne, and unto the Lamb,
Blessing and honor, glory and power, be unto Him, be unto him
that sitteth upon the throne, that sittenth upon the throne, that sittenth upon the throne, forever
Blessing and honor, glory and power, be unto Him, forever
Blessing and honor, glory and power, be unto Him, be unto him
Blessing and honor, glory and power, be unto Him, be unto him
Blessing! Honor! Glory! And power, be unto Him!
that sitteth upon the throne, that sitteth upon the throne
Forever and ever, Forever and ever.
Forever and ever, Forever and ever.
Forever and ever, Forever and ever.
Forever and ever, Forever and ever.
Forever and ever.
Forever and ever.
Amen…
[2] N.R: Mass in B Minor, BWV 232, Symbolum Nicenum No 25, Osanna in excelsi de Johann Sebastian Bach.
Escute nesse vídeo o grande “Hosana”: https://youtu.be/C80eYsl6SZk
“Desde o dia em que se reconheceu a grandeza de J. S. Bach, tudo o que era grande em sua época converteu-se em menos de nada”- Romain Rolland.
Nasceu no dia 21 de março de 1685 em Eisenach, na Província da Turíngia (Alemanha) e faleceu no dia 29 de julho de 1750, em Leipzig, vivendo 65 anos.
Exemplo singular de herança musical em muitas gerações, tornando-se a palavra Bach sinônimo de músico, em diferentes regiões onde residiram esses efeitos de Deus nascidos para glorificar a mais bela e encantadora de todas as Artes.
A produção deste gênio ímpar da História da Música ocupa sessenta volumes da famosa sociedade Bach (Bach Gesellschaft), sem contar as inúmeras partituras que se perderam ou que foram utilizadas como papel de embrulho pelos tarados mentais daquela época remota, que nem perceberam a imensa grandeza desse homem que viveu paupérrimo, terminando cego e olvidado, na simplicidade de seu lar abençoado, cercado de seus vinte filhos e da esposa talentosa que posteriormente escreveu a Vida de Bach, livro capaz de despertar a admiração dos menos curiosos, repleto de ensinamentos morais que dignificam o ser humano estimulando as gerações futuras para admiração dos grandes vultos da Humanidade. Essa mulher que se chamou Anna Magdalena Bach, cheia de talento e possuidora de raros predicados morais, também deveria ter um triste fim, pois, acabou na miséria, falecendo num hospital de indigentes, dez anos após a morte de seu marido, em 27 de fevereiro de 1760.
Quase todos os gênios tem uma trajetória semelhante neste mundo, destacando-se como a mais impressionante, a de não serem reconhecidos pelas gerações de sua época. O grande Johann Sebastian Bach não escaparia a ela, pois, logo depois de sua morte, num concurso popular a fim de saberem-se quais os mais destacados músicos da Alemanha daquele tempo, Bach ocupou o sétimo lugar entre os seguintes, na ordem de classificação: Hassel, Haendel, Teleman, J. Gottlieb, Graun, Stolzel e J. S. Bach. Desse grupo só dois nomes apenas resistiram e resistirão como figuras singulares: J. S. Bach e George Frederik Haendel. Também na Música o Tempo é o melhor Juiz das obras dos autênticos valores e a prova desta grande verdade está na “Volta aos tempos de Bach” que as gerações manifestam depois de saturadas de música escrita com “m” microscópico que inunda os países diariamente, não resistindo à ação do tempo, senão efemeramente.
J. S. Bach viveu numa época ainda imersa em profundo atraso, cheia de lutas religiosas, onde os Governantes dirigiam seus tronos como intolerantes déspotas, geralmente impiedosos, além de perseguidores dos autênticos valores intelectuais de seus vassalos.
Além de escrever música em “estilo impróprio”, foi recriminado por ter composto as suas divinas Paixões que “se prestavam mais para concerto de salão do que para o recinto sagrado das igrejas”! O que deu margem a não insistir mais nesse estilo musical, cheio de imensa espiritualidade, capaz de comover até os ateus.
Filho de Johann Ambrosius Bach e de Maria Elisabetha Lämmerhirt Bach ficou órfão de pai em 1694 quando tinha apenas 9 anos; com 10 anos perdeu sua mãe, sendo educado então, por seu irmão Johann Christoph, 14 anos mais velho que J. Sebastian. Esse irmão não foi, entretanto, um bom amigo, pois, revelou verdadeira inveja de J. Sebastian impedindo-lhe copiar as partituras indispensáveis à aprendizagem do futuro gênio.
Graças a sua magnífica voz de soprano conseguiu um lugar de cantor no Colégio São Miguel, em Luneburg, onde recebeu regular ensinamento musical. Depois da mudança de sua voz, tornou-se violinista da Orquestra Eclesiástica dessa cidade.
Viajava a pé distâncias incríveis (mais de 200 quilômetros) por estradas primitivas só para ouvir os grandes organistas da época, como aconteceu em 1705, visitando Lubeck para conhecer o famosíssimo organista sueco Dietrich Buxtehude, Mestre de Capela naquela cidade e o mais célebre de toda a Europa. Foi tal a impressão que Bach teve deste artista que permaneceu ao seu lado cerca de um ano, em vez de quatro semanas. Essa desobediência custou-lhe severa repreensão, tendo estado na iminência de perder seu lugar de organista.
Em 1707 casou-se com sua prima Maria Bárbara que viveu poucos anos, falecendo em 1720. Foi nomeado organista da igreja de Blasiuskirche em Muhlhausen, em 1707. Foi luterano-ortodoxo, tendo-se dedicado quase que exclusivamente à música sacra.
Na época em que viveu o grande gênio, os músicos tinham uma posição social incrível, pois, eram igualados aos criados, sendo obrigados a vestir libré, de colorido espalhafatoso. Só tinham acesso aos palácios e castelos pela porta de serviço destinada aos criados!
Essa miséria moral só acabou muito mais tarde, graças às tremendas reações de Ludwig van Beethoven que obrigou inúmeros nobres e até soberanos, a dobrarem seus joelhos diante do incomparável reformador da música orquestral. W. A. Mozart também deveria pagar com sua própria vida pela sua altivez diante do arcebispo de Salsburg, um dos seus maiores algozes!
Em 1747, recebeu o honroso convite de Frederico, o Grande, que o acolheu com homenagens excepcionais no seu famoso Palácio. J. S. Bach foi acompanhado pelos seus filhos Wilhelm Freidmann e Karl Philipp Emanuel Bach. De um tema dado pelo Rei Frederico, o Grande, J. S. Bach, em espetacular improvisação, transformou-o na famosa Musilalische Opfer (Oferenda Musical) que dedicou àquele celebre soberano, ardoroso protetor dos músicos e virtuosos de grande mérito.
Em 1749, J. S. Bach achava-se virtualmente cego. No ano seguinte, em 1750, ditou sua última composição e faleceu aos 65 anos de idade no dia 29 de julho de 1750, sendo seu leito de morte cercado pelos filhos e esposa que cantaram sua derradeira composição ao som da qual entregou sua grandiosa alma a Deus, que tanto amou durante sua preciosíssima vida, cheia de amarguras entre os seres humanos, porém, repleta de alegria num lar humilde a serviço dos que se destinam a santidade e a admiração sem limites dos grandes vultos da Humanidade.
Seus últimos momentos são dignos de registro e passamos a descrevê-los pelas palavras de sua esposa: “Depois de adormecer no leito de morte, exclamou para seu genro: Christoph vai buscar papel; tenho música na cabeça e desejava que a escrevesses para mim! “.
“Estou diante de Teu trono. É a última música que farei neste mundo. Fazei-me um pouco de música, cantai-me alguma coisa de bela sobre a morte, porque à minha hora chegou”.
Foi então, que sua adorada esposa entoou o coral “Todos os homens têm de morrer” sobre o qual J. S. Bach havia composto um comovente prelúdio. E enquanto cantavam, uma grande paz surgiu no rosto de Johann Sebastian Bach. Estava para além das misérias deste mundo.
O coral que compôs nos últimos instantes de sua vida dizia assim:
“Estou diante de Teu trono, meu Deus,
Inteiramente em tuas mãos.
Volta para mim a Tua face cheia de piedade
E não me recuses a Tua graça”.
E assim terminou neste mundo a História da Vida de Johann Sebastian Bach… às oito horas e quinze minutos de uma terça-feira, dia 29 de julho de 1750, na cidade de Leipzig, na Alemanha.
(Trechos tirados de ‘Divina Música’ e publicado na revista ‘Serviço Rosacruz’ – maio/1981 – Fraternidade Rosacruz – SP)