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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Interpretação Mística do Natal

Esse livro se refere ao nascimento místico e à morte do grande Espírito Cristo, abordados sob o ponto de vista de um Clarividente.

O mais pronunciado materialista deve se convencer da divindade do ser humano, após ler as revelações do autor sobre o significado profundo do Cristo e os princípios por Ele proclamados.

Esperamos que a leitura cuidadosa e atenta desse volume sobre a vida sagrada de Cristo incentive uma maior veneração pela Religião Cristã, tornando-a mais aceitável à razão por meio da obra inspirada desse autor, cujo principal objetivo, enquanto viveu, foi o de trazer o ideal de Cristo e a vida simples de servir mais próximo dos corações das pessoas.

1. Para fazer download ou imprimir:

Max Heindel – A Interpretação Mística do Natal

2. Para estudar no próprio site:

 

A Interpretação Mística do

Natal

Seis Dissertações Sobre a Questão do Natal do Ponto de Vista Místico, mostrando o Significado Oculto desse Grande Evento

Por

Max Heindel

Fraternidade Rosacruz

 

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Revisado de acordo com:

1ª Edição em Inglês, 1920, The Mystical Interpretation of Christmas, editada por The Rosicrucian Fellowship

10ª Edição em Inglês, 2012, The Mystical Interpretation of Christmas, editada por The Rosicrucian Fellowship

1ª Edição em Português, editada pela Fraternidade Rosacruz São Paulo – SP – Brasil

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

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ÍNDICE

PREFÁCIO.. 5

CAPÍTULO I – A SIGNIFICÂNCIA CÓSMICA DO NATAL

CAPÍTULO II – LUZ ESPIRITUAL – O NOVO ELEMENTO E A NOVA SUBSTÂNCIA

CAPÍTULO III – O SACRIFÍCIO ANUAL DE CRISTO

CAPÍTULO IV – O Místico Sol da Meia-Noite

CAPÍTULO V – A Missão de Cristo e o Festival das Fadas

CAPÍTULO VI – O Cristo Recém-Nascido (incluído na 10ª edição)

 

PREFÁCIO

O conteúdo desse livro foi enviado periodicamente pelo autor, em forma de lições, aos Estudantes. Abrange somente cinco das suas noventa e nove cartas. A principal característica dessas lições é se referir ao nascimento místico e à morte do grande Espírito Cristo, abordados sob o ponto de vista de um Clarividente. O autor recebeu essas preciosidades raras da verdade por meio da iluminação divina. O mais pronunciado materialista deve se convencer da divindade do ser humano, após ler as revelações do autor sobre o significado profundo do Cristo e os princípios por Ele proclamados.

Dezessete das noventa e nove lições foram editadas em forma de livro sob o título: A Teia do Destino, incluindo os temas: O Efeito Oculto das Nossas Emoções, Oração – Uma Invocação Mágica e Métodos Práticos para se Alcançar o Sucesso; nove foram publicadas sob o título: Maçonaria e Catolicismo, como tudo é visto por de trás do cenário. As restantes sessenta e oito lições publicaremos no segundo volume da coletânea, conforme o tempo o permita[1].

Esperamos que a leitura cuidadosa e atenta desse volume sobre a vida sagrada de Cristo incentive uma maior veneração pela Religião Cristã, tornando-a mais aceitável à razão por meio da obra inspirada desse autor, cujo principal objetivo, enquanto viveu, foi o de trazer o ideal de Cristo e a vida simples de servir mais próximo dos corações das pessoas.

28 de outubro de 1920

                                                                          Augusta Foss Heindel

 

 

CAPÍTULO I – A SIGNIFICÂNCIA[1] CÓSMICA DO NATAL

Mais uma vez, no decorrer de um ano, estamos às vésperas de Natal. A visão de cada um de nós sobre essa festividade difere uma da outra. Para o religioso devoto é um período santificado, sagrado e repleto de mistério, não menos sublime por ser incompreendido. Para o ateu é uma tola superstição. Para o puramente intelectual é um enigma, pois está além da razão.

Nas igrejas a história é narrada de como na noite mais santa do ano, Nosso Senhor e Salvador, imaculadamente concebido, nasceu de uma virgem. Nenhuma outra explicação é fornecida; o assunto é deixado a critério do ouvinte que o aceita ou rejeita, de acordo com o seu temperamento. Se a Mente e a razão prevalecem, a fé é excluída; se ele pode acreditar apenas no que pode ser demonstrado aos sentidos, então, é forçado a rejeitar a narrativa como absurda e desarmônica com as várias e imutáveis leis da natureza.

Várias interpretações diferentes foram fornecidas para satisfazerem a Mente, principalmente às de natureza astronômica. Elas estabelecem de como na noite de 24 para 25 de dezembro, o Sol começa sua jornada do sul para o norte. Ele é a “Luz do Mundo”. O frio e a fome inevitavelmente exterminariam a onda de vida humana se o Sol permanecesse sempre no Sul[2]. Por isso, é um motivo de grande regozijo quando ele começa sua jornada em direção ao norte. Ele é, então, aclamado o “Salvador”, pois vem “salvar o mundo”, vem para dar o “pão da vida”, quando amadurece “o grão e a uva”. Assim, “Ele dá a sua vida” na cruz (quando cruza) do equador (no Equinócio de Setembro) e começa sua ascensão no céu (norte). Na noite em que começa sua jornada em direção ao norte, o Signo de Virgem, a Virgem Celestial, a “Rainha do Céu”, está no horizonte oriental à meia-noite e é, então, astrologicamente falando, seu “Signo Ascendente”. Portanto Ele “nasce de uma virgem”, sem intermediários, sendo assim “concebido imaculadamente”.

Essa explicação pode satisfazer a Mente quanto à origem da suposta superstição, mas o dolorido vazio que existe no coração de todo cético, esteja ou não ciente do fato, deve permanecer até que a iluminação espiritual seja alcançada, a qual fornecerá uma explicação aceitável tanto ao Coração como à Mente. Derramar tal luz sobre esse mistério sublime será nosso esforço nas páginas seguintes. A Imaculada Concepção será o assunto de uma lição futura; por hora queremos mostrar como as forças materiais e espirituais fluem e refluem alternadamente no decurso do ano, e porque o Natal é verdadeiramente um “dia santo”.

Digamos que concordamos com a interpretação astronômica como sendo válida, desse ponto de vista, como o que se segue é verdadeiro, quando contemplamos o mistério do nascimento sob outro ângulo. O Sol nasce, ano após ano, na noite mais escura. O Salvador do Mundo Cristo também nasce, quando a escuridão espiritual da humanidade é a maior. Há um terceiro aspecto de suprema importância, isto é, não há nenhuma futilidade nas palavras de São Paulo quando ele fala do Cristo sendo “formado em você”[3]. É um fato sublime que todos somos Cristos-em-formação, de modo que quando compreendemos que temos que cultivar o Cristo interno antes que possamos perceber o Cristo externo, mais apressaremos o dia da nossa iluminação espiritual. Nesse sentido, novamente citamos o nosso aforismo preferido, de Angelus Silesius[4], cuja sublime percepção espiritual fê-lo proferir:

“Ainda que Cristo nasça mil vezes em Belém,

Se não nascer dentro de ti, tua alma segue extraviada.

Olharás em vão a Cruz do Gólgota,

Enquanto ela não se erguer dentro de ti mesmo novamente.”

No Solstício de Junho a Terra está mais distante do Sol, mas o raio solar a atinge quase em ângulo reto, em relação ao seu eixo no Hemisfério Norte, assim resultando no alto grau da atividade física. Nessa ocasião, as radiações espirituais do Sol são oblíquas nessa parte da Terra e são tão fracas como os raios físicos, quando esses são oblíquos.

Por outro lado, no Solstício de Dezembro, a Terra está mais perto do Sol. Os raios espirituais caem em ângulos retos na superfície da Terra no Hemisfério Norte, promovendo a espiritualidade, enquanto as atividades físicas diminuem devido ao ângulo oblíquo em que o raio solar atinge a superfície dessa parte da Terra. Por esse princípio, as atividades físicas estão no seu mais baixo nível e as forças espirituais no seu mais elevado fluxo na noite entre 24 e 25 de dezembro, por isso, ela é chamada a “noite mais santa” do ano. Por outro lado, no meio do verão é a época de divertimento para os duendes e para as entidades semelhantes compromissadas com o desenvolvimento material do nosso Planeta, conforme demonstrado por Shakespeare no seu Sonho de Uma Noite de Verão.

Se nadarmos quando a maré está mais forte, alcançaremos uma distância maior e com menos esforço do que em qualquer outra ocasião. É de grande importância para o Estudante esotérico saber e compreender as condições particularmente favoráveis que prevalecem na época do Natal. Sigamos a exortação de São Paulo, no Capítulo 12 da Epístola aos Hebreus[5], jogando fora toda carga à mais, como fazem as pessoas que participam de corridas. Batamos no ferro enquanto ele está quente; isso significa que devemos, nessa época do ano, concentrar todas as nossas energias nos esforços espirituais e para colher o que não conseguiríamos obter em nenhuma outra ocasião do ano.

Lembremo-nos, também, que o auto-aperfeiçoamento não deve ser a nossa única consideração. Nós somos Discípulos de Cristo. Se aspirarmos a tal distinção, lembremo-nos do que Ele disse: “Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o servo de todos”[6]. Há um sentimento muito grande de tristeza e sofrimento à nossa volta; há muitos corações solitários e doloridos em nosso círculo de conhecidos. Busquemo-los de maneira discreta. Em nenhuma outra época do ano eles serão mais acessíveis aos nossos apelos. Espalhemos a luz do Sol em seus caminhos. Desse modo, ganharemos suas bênçãos e também as dos nossos Irmãos Maiores. Por sua vez, as vibrações resultantes promoverão um crescimento espiritual impossível de ser atingido de qualquer outro modo.

CAPÍTULO II – LUZ ESPIRITUAL – O NOVO ELEMENTO E A NOVA SUBSTÂNCIA

No ano passado, nosso Curso de Cristianismo Místico, por correspondência, começou com uma lição sobre o Natal, do ponto de vista cósmico. Explicamos que os Solstícios de Junho e Dezembro, juntamente com os Equinócios de Março e Setembro, constituem os momentos decisivos na vida do Grande Espírito da Terra, assim como a concepção assinala o começo da descida do espírito humano ao Corpo físico, resultando no nascimento, o qual inaugura o período de crescimento até que a maturidade seja alcançada. Neste ponto se inicia uma época de sobriedade e amadurecimento, juntamente com um declínio das energias físicas que terminam em morte. Este acontecimento liberta o ser humano dos tresmalhos da matéria e o conduz a um período de metabolismo espiritual, por meio do qual nossa colheita de experiências terrenas é transmutada em poderes anímicos, talentos e tendências, a fim de serem multiplicados e utilizados nas vidas futuras e, assim, termos condições para crescer mais rica e abundantemente com tais tesouros e sermos considerados dignos, como “administradores fiéis”, para assumirmos postos cada vez mais elevados entre os servos da Casa do Pai.

Essa ilustração se apoia sobre o firme alicerce da grande Lei de Analogia, tão sucintamente expressa pelo axioma hermético: “Assim como é em cima, é em baixo”. Baseados nisso, que é uma chave-mestra para todos os problemas espirituais, dependemos também de um “abre-te sésamo” para as nossas lições do Natal desse ano, que nós esperemos poder corrigir, confirmar ou completar os pontos de vista dos nossos Estudantes, conforme requeira cada caso.

Os corpos, originalmente cristalizados na terrível temperatura da Lemúria, eram demasiado quentes para conter umidade suficiente que permitisse ao espírito acesso livre e irrestrito a todas as partes da anatomia deles, doe mesmo modo que o espírito consegue, atualmente, por meio do sangue circulante. Mais tarde, no começo da Atlântida, de fato os corpos continham sangue, mas se moviam com dificuldade, e teriam se ressecados rapidamente, em razão da alta temperatura interna, não fora o fato de prevalecer naquela atmosfera aquosa uma farta umidade. A inalação desse solvente atenuava grandemente o calor e abrandava o Corpo, até que uma quantidade suficiente de umidade pudesse ser retida dentro dele, permitindo a respiração na atmosfera comparativamente seca que mais tarde ocorreria.

Os corpos dos primitivos Atlantes eram de uma substância granulosa e fibrosa, não diferentes dos nossos atuais tendões, e também semelhante a madeira; contudo, com o tempo, o hábito adquirido de comer carne, capacitou o ser humano a assimilar a quantidade de albumina suficiente para construir tecidos elásticos necessário à formação dos pulmões e das artérias, assim permitindo a livre circulação do sangue, conforme se verifica agora em todo o sistema humano. Na época em que aconteceram essas mudanças interna e externamente, o grande e glorioso arco de sete cores surgiu no céu carregado de nuvens para assinalar o advento do Reino do Homem, aonde as condições viriam a ser tão variadas como os matizes que colorem a atmosfera ao refratar a luz solar de uma só cor. Então, o primeiro aparecimento do arco-íris nas nuvens marcou o início da era de Noé, com suas estações e períodos alternantes, dos quais o Natal é um deles.

Entretanto, as condições prevalecentes nesse período não são permanentes, como não o eram as dos períodos anteriores. O processo de condensação que transformou o nevoeiro ardente da Lemúria na atmosfera de umidade densa da Atlântida, e mais tarde se liquefez em água, que inundou as cavidades da Terra e impeliu a humanidade para as montanhas e os altiplanos, ainda continua. Ambas, a atmosfera e a nossa condição fisiológica estão mudando, assinalando, aos que sabem ver e compreender, que a aurora de um novo dia no horizonte virá ou acontecerá em breve, uma era de unificação, mencionada na Bíblia como o Reino de Deus.

A Bíblia não nos deixa dúvidas a respeito das mudanças. Cristo disse que, como nos dias de Noé, assim deverá ser nos dias vindouros. Ambos, a Ciência e os descobrimentos, agora encontram condições que não existiam anteriormente. É um fato científico que o oxigênio está sendo consumido em quantidades alarmantes, alimentando os fornos e outros processos que necessitam desse combustível das indústrias; os incêndios nas florestas também sorvem em grande escala o nosso estoque desse elemento importante, além de aumentar o processo secante a que a atmosfera está naturalmente submetida. Eminentes cientistas ressaltam que chegará o dia em que o globo não poderá sustentar a vida que depende da água e do ar para existir. Suas ideias não nos afligem tanto, pois a data que apontam ainda está muito distante; mas, mesmo que seja assim, o destino da Época Ária é tão inevitável quanto o da Atlântida inundada.

Pudesse um Atlante ser transferido para nossa atmosfera ele seria asfixiado, como um peixe fora de seu elemento natural. Quadros vistos na Memória da Natureza provam que os aviadores pioneiros, daquela Época, de fato desmaiavam quando encontravam essas correntes de ar que desciam, gradualmente, sobre a terra que habitavam, e tais experiências suscitavam muitos comentários e especulações. Os aviadores de hoje já estão encontrando o novo elemento e experimentando a sensação de asfixia, do mesmo modo que experimentaram os seus ancestrais Atlantes e, por razões análogas, encontraram um novo elemento descendo do alto, o qual tomará o lugar do oxigênio da nossa atmosfera. Há também uma nova substância se introduzindo na constituição humana e que substituirá a albumina. Ademais, assim como os aviadores da Atlântida desmaiavam e eram impedidos, pela corrente descendente de ar, de penetrar na Época Ária, a terra prometida, dessa maneira prematura, também assim o novo elemento desafia os aviadores de hoje e a humanidade em geral, até que todos tenham aprendido a assimilar seus aspectos materiais. E tal como os Atlantes, cujos pulmões não estavam desenvolvidos e sucumbiram na inundação, assim também a nova Era encontrará alguns sem o “Manto Nupcial”, e, portanto, incapacitados para entrar nela, até que se qualifiquem num período posterior. Por isso, é da maior importância para todos saber a respeito do novo elemento e da nova substância. A Bíblia e a Ciência, unidas, fornecem ampla informação a respeito do assunto.

Como mencionamos anteriormente, na Grécia antiga, a Religião e Ciência eram ensinadas nos templos de mistério, juntamente com a belas-artes e as habilidades manuais, como uma doutrina única de vida e de ser; contudo, essa condição foi temporariamente suspensa para facilitar determinadas fases do desenvolvimento. A união das linguagens religiosa e científica na Grécia antiga facilitava a compreensão dessas matérias; no entanto, hoje em dia, as complicações repousam no fato de que a religião traduziu e a Ciência simplesmente transferiu seus termos do Grego original, o que tem causado muitas divergências e uma perda do elo entre as descobertas da Ciência e os ensinamentos da Religião.

Para chegarmos a uma desejada compreensão das mudanças fisiológicas que continuam agora em nosso sistema, podemos lembrar que, segundo a Ciência, os lóbulos frontais do cérebro estão entre as estruturas humanas de mais recente desenvolvimento e que, proporcionalmente, este órgão é muito maior no ser humano do que em qualquer outra criatura. Agora, a pergunta: existe no cérebro alguma substância peculiar, e se existe, qual pode ser a sua significância?

A primeira parte da pergunta pode ser respondida por qualquer obra científica relativa ao assunto, mas o livro O Conceito Rosacruz do Cosmos fornece mais subsídios, conforme transcrevemos abaixo:

“O cérebro (…) é constituído pelas mesmas substâncias que as demais partes do Corpo, mas, além delas, tem o fósforo, peculiar somente ao cérebro. Conclusão lógica a tirar: o fósforo é o alimento particular mediante o qual o Ego pode expressar pensamentos… A quantidade desta substância é proporcional ao estado de consciência e ao grau de inteligência do indivíduo. Os idiotas têm muito pouco fósforo. Os profundos pensadores têm muito. (…) Portanto, é de suma importância que o Aspirante ansioso de se empregar em trabalhos mentais e espirituais dê ao cérebro esta necessária substância”.

A indiscutível religiosidade dos Católicos é verificável, em parte, na prática de comer peixe, alimento rico em fósforo, às sextas-feiras e durante a Quaresma. Ainda que o peixe pertença a uma ordem de vida inferior, O Conceito Rosacruz do Cosmos não aprova a sua matança, indicando ao Estudante certas verduras por meio das quais pode conseguir, fisicamente, abundância dessa desejável substância. Existem outros e melhores meios para essa obtenção, embora não mencionados em O Conceito Rosacruz do Cosmos.

Não foi por acaso que os instrutores da Escola de Mistério Grega denominaram assim essa substância luminosa que conhecemos por fósforo. Para eles era patente que “Deus é Luz” – a palavra grega designativa de luz é phos. Portanto, muito apropriadamente, eles denominaram a substância do cérebro, que é a avenida de ingresso do impulso divino, phos-phorus, literalmente “portador da luz”. Na medida em que formos capazes de assimilar essa substância, nos tornamos cheios de luz e começamos a brilhar a partir de dentro, nos circundando, então, de um halo como uma marca de santidade. O fósforo, contudo, é apenas um meio físico que possibilita a luz espiritual se expressar por meio do cérebro físico, sendo a luz, em si mesma, um produto do crescimento anímico. Entretanto, o crescimento anímico capacita o cérebro a assimilar quantidades crescentes de fósforo; assim, o método para a aquisição dessa substância, em maiores quantidades, não deve ser pelo metabolismo químico e sim pelo processo alquímico do crescimento anímico, o que foi totalmente esclarecido por Cristo quando Ele disse a Nicodemos:

“Pois Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo… Quem nele crê não é julgado; quem não crê, já está julgado.

… Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram mais trevas à luz…

… Pois quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus

(Jo 3:17-21).

O Natal é a época do ano da luz espiritual mais intensa que há. Durante esta Época de ciclos alternantes há marés altas e baixas de luz espiritual, como acontece com as águas do oceano. A primitiva Igreja Cristã marcou a concepção no mês de setembro, de modo que até hoje o evento é celebrado pela Igreja Católica, quando a grande onda de vida e luz espirituais começa a sua descida na Terra. O ponto máximo de maré é alcançado no Natal, que é verdadeiramente a época santa do ano, a ocasião em que essa luz espiritual é mais facilmente contatada e especializada pelo Aspirante, por meio dos atos de compaixão, gentileza e amor. As oportunidades para praticar esses atos não faltam, nem mesmo para os mais pobres, porque, conforme enfatizam frequentemente os Ensinamentos Rosacruzes, o serviço conta mais que os auxílios financeiros, que pode até ser prejudicial a quem o recebe. Todavia, a quem muito é dado, muito será exigido e, se alguém foi abençoado com abundância de bens do mundo, uma cuidadosa distribuição dos mesmos deveria, necessariamente, ser observada em qualquer oportunidade de servir. Recordemos, ainda ,as palavras de Cristo: “Em verdade vos digo, sempre que fizerdes isto a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fazeis”[7]. Então, nós devemos segui-Lo como luzes ardentes e brilhantes, mostrando o caminho para a Nova Era.

CAPÍTULO III – O SACRIFÍCIO ANUAL DE CRISTO

Você já esteve ao lado do leito de um amigo ou parente que se encontrasse preste a passar desse Mundo para o além? Muitos de nós já tivemos essa experiência, pois qual o lar que não foi visitado pelo Pai Tempo? Nem é incomum a fase que se segue ao ocorrido, à qual devemos prestar atenção especial. A pessoa prestes a passar desse Mundo para o além, muitas vezes fica em estado de estupor[8]; então desperta e vê não apenas esse Mundo, mas também o Mundo em que está preste a entrar; é muito significante que nesses momentos ela vê as pessoas que foram suas amigas ou parentes durante a parte da sua vida – filhos, filhas, esposa (ou marido) ou qualquer pessoa que lhe tenha sido realmente muito próxima ou muito querida – postadas ao redor do seu leito e aguardando o momento da transição. A mãe poderá estender os braços: “Oh! É o João e como ele cresceu! Que rapaz esplêndido e enorme ele está!”. E, desse modo, ela reconhecerá, um após outro, todos os filhos já falecidos. Estes estão reunidos em volta da sua cama à espera que ela vá se unir a eles, animados pela mesma sensação que assalta as pessoas quando uma criança está prestes a nascer nesse Mundo: o regozijo pela chegada de alguém que eles sentem, instintivamente, ser um amigo que está voltando para eles.

Assim, o mesmo se dá com as pessoas que, tendo passado antes ao além, se reúnem para receber um amigo (ou uma amiga) que está prestes a cruzar a fronteira e se juntar a eles do outro lado do véu. Vemos, assim, que o nascimento em um Mundo é morte, sob o ponto de vista do outro Mundo, isto é, a criança que vem a nós morre para o Mundo espiritual, e a pessoa que sai do alcance dos nossos olhos, ao transpor o véu pela morte, nasce em um novo Mundo e se junta a seus amigos lá.

Como é em cima, assim é em baixo; a Lei da Analogia, que é a mesma para o microcosmo e para o macrocosmo, nos diz que aquilo que acontece aos seres humanos sob determinadas condições, também deve se aplicar ao super-humano, em circunstâncias análogas. Estamos nos aproximando do Solstício de Dezembro, os dias mais escuros do ano, a época em que a luz brilha com menos intensidade, quando o Hemisfério Norte se torna frio e melancólico. Porém, na noite mais longa e mais escura do ano, quando o Sol retoma o seu caminho ascendente, a luz de Cristo nasce de novo na Terra e o mundo inteiro se rejubila. Conforme a nossa analogia, quando Cristo nasce na Terra, Ele morre no céu. Assim como o espírito livre está, no momento do nascimento, firme e fortemente enclausurado no véu da carne, que o restringe por toda a vida física, assim também o Espírito de Cristo é agrilhoado e tolhido, toda vez que Ele nasce na Terra. Esse grande Sacrifício Anual começa quando soam os nossos sinos de Natal, quando os alegres sons do nosso louvor e gratidão ascendem aos céus. No mais literal sentido da palavra, Cristo é aprisionado desde o Natal até a Páscoa.

O ser humano pode zombar da ideia de que existe, nessa época do ano, um influxo de vida e luz espirituais, não obstante, isso é um fato, creiamos ou não. Nessa época do ano, no mundo inteiro, todos se sentem mais leves, diferentes, algo como se um fardo fosse tirado dos seus ombros. O espírito de “paz na terra e boa vontade entre os homens” prevalece, e o espírito de que nós também deveríamos dar algo se expressa nos presentes de Natal. Esse espírito não pode ser negado, já que é evidente a qualquer observador; e isso é um reflexo da grande onda de dádiva divina. Deus tanto amou o mundo, que Ele deu Seu Filho único ou unigênito. O Natal é a época das dádivas, mesmo que a consumação do sacrifício aconteça apenas na Páscoa; aqui está o ponto crucial, o momento decisivo, o lugar onde sentimos que alguma coisa aconteceu e que garante a prosperidade e a continuidade do mundo.

Quão diferente é o sentimento do Natal daquele que se manifesta na Páscoa! Nesse último há uma expressão de desejo, uma energia que se expressa em amor sexual, visando à perpetuação de si mesmo como nota-chave; quão diferente disso é do amor que se expressa no espírito de dar ao invés de receber, que sentimos no Natal.

Agora, observe as igrejas; nunca suas velas brilham tanto quanto nesse dia mais curto e mais escuro do ano. Em nenhuma outra ocasião os sinos ressoam tão festivos, do que quando proclamam para o mundo a mensagem para o mundo esperançoso: “O Cristo nasceu!”.

Deus é Luz”[9], diz o inspirado Apóstolo e nenhuma outra descrição é capaz de comunicar ou expressar tanto da natureza de Deus quanto essas três pequenas palavras. A luz invisível, que se encontra envolvida pela chama sobre o altar, é uma representação apropriada de Deus, o Pai. Nos sinos, temos um símbolo muito apropriado de Cristo, a Palavra, pois suas línguas metálicas proclamam a mensagem do Evangelho da paz e boa vontade, enquanto o incenso, simbolizando um maior fervor espiritual, representa o poder do Espírito Santo. Por conseguinte, a Trindade é simbolicamente parte da celebração que faz do Natal a época do ano de maior regozijo espiritual, sob o ponto de vista da onda de vida humana que está envolvida e trabalhando, atualmente, no Mundo Físico.

Todavia, não se deve esquecer, conforme dissemos no terceiro parágrafo desse capítulo, que o nascimento de Cristo na Terra é a Sua morte para a glória dos céus; que, quando nos rejubilamos pelo Seu regresso anual a nós, de fato Ele toma novamente sobre Si o pesado fardo físico que cristalizamos ao nosso redor, e que é agora a nossa habitação – a Terra. Nesse pesado corpo, Ele é incrustado e espera, ansiosamente, pelo dia da libertação final. Podemos compreender, naturalmente, que existem dias e noites, tanto para os maiores espíritos quanto para os seres humanos; que, do mesmo modo que vivemos em nossos Corpos durante o dia, cumprindo o destino que nós mesmos criamos no Mundo Físico e somos liberados à noite para nos recuperarmos nos Mundos superiores, assim também existe essa alternância para o Espírito de Cristo. Parte do ano Ele habita o interior do nosso globo, e depois se retira para os Mundos superiores. Assim, o Natal é para Cristo o começo de um dia de vida física, o início de um período de restrição.

Qual deveria ser, portanto, a aspiração do místico devotado e iluminado, que percebe a grandeza do Seu sacrifício, a grandeza desse dom que está sendo concedido à humanidade por Deus nessa época do ano; que percebe esse grande sacrifício de Cristo por nossa causa; essa dádiva de Si mesmo Se sujeitando a uma morte virtual para que possamos viver esse maravilhoso amor que está sendo derramado sobre a Terra nessa época? Unicamente a de imitar, mesmo que em pequena escala, as maravilhosas obras de Deus! Ele deveria aspirar fazer de si mesmo um servo da Cruz como jamais o fora antes; mais disposto a seguir o Cristo em todas as coisas, se sacrificando pelos seus irmãos e irmãs; colaborando, dentro de sua esfera imediata de trabalho, para a elevação da humanidade, de modo a apressar o dia da libertação pela qual o Espírito de Cristo está esperando, gemendo e trabalhando penosamente. Estamos aqui falando de uma libertação permanente, do dia e do advento de Cristo.

Para alcançarmos essa aspiração na medida mais ampla, avancemos pelo ano que está a nossa frente plenos de autoconfiança e fé. Se até aqui temos sentido que não há esperanças sobre a nossa capacidade de trabalhar para Cristo, ponhamos de lado esse sentimento, pois afinal Ele não disse: “Maiores obras que estas vós o fareis!”[10]. Ele, que era a Palavra da Verdade, teria dito tais coisas, se elas não fossem possíveis de serem alcançadas? Todas as coisas são possíveis àqueles que amam a Deus. Se realmente trabalharmos em nossa própria pequena esfera, não buscando coisas maiores até havermos feito aquelas que estão à mão, então descobriremos que um maravilhoso crescimento anímico pode ser atingido, de forma que as pessoas que nos rodeiam possam ver em nós algo que não saberão definir, mas que, não obstante, lhes será evidente – elas verão a luz do Natal, a luz do Cristo recém-nascido brilhando dentro da nossa esfera de ação. Isso pode ser conseguido; depende apenas de nós mesmos aceitá-Lo por meio da Sua palavra, cumprindo o que Ele ordenou: “Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está nos céus”[11]. A perfeição pode parecer uma longa caminhada; nós podemos perceber mais agudamente quando olhamos para Ele quão longe estamos de viver de acordo com nossos ideais. Mesmo assim, é pelo esforço diária, hora após hora, que finalmente chegaremos lá, e a cada dia algum progresso pode ser feito, algo pode ser realizado; de um modo ou de outro podemos deixar a nossa luz brilhar para que os seres humanos possam vê-la como faróis na escuridão do Mundo. Possa Deus nos ajudar durante o próximo ano a alcançar uma semelhança com Cristo maior do que jamais conseguimos antes. Possamos viver a vida de tal modo que, quando outro ano tiver passado, quando contemplarmos novamente as luzes do Natal e ouvirmos os sinos chamando para as cerimônias da Noite Santa, possamos sentir que não temos vivido em vão.

Cada vez que nos damos ao serviço em benefício dos outros, acrescentamos brilho aos nossos Corpos-Alma, que são feitos de Éter. É o Éter de Cristo que permite esse nosso globo flutuar, e recordemos que, se quisermos trabalhar por Sua libertação, devemos, juntos com uma quantidade suficiente de pessoas, desenvolver nossos Corpos-Alma até ao ponto em essa quantidade de pessoas possa fazer flutuar a Terra. Desse modo poderemos tomar o Seu fardo e O livrar da dor da existência física.

CAPÍTULO IV – O Místico Sol da Meia-Noite

Exotericamente, e desde tempos imemoriais, o Sol é venerado como o dador de vida, porque a multidão era incapaz de ver, além do símbolo material, uma grande verdade espiritual. Contudo, além daqueles que adoravam a órbita celeste, que é vista com os olhos físicos, sempre houve e continua a haver uma pequena, mas crescente minoria, um sacerdócio consagrado mais pela retidão do que pelos rituais, que viu e vê as eternas verdades espirituais, por trás das formas temporais e evanescentes que revestem essas verdades, nas mudanças das vestes cerimoniais, conforme o momento, e às pessoas a que foram, originalmente, destinadas. Para eles, a lendária Estrela de Belém brilha todos os anos como o Místico Sol da Meia-Noite, quando os três atributos divinos: Vida, Luz e Amor penetram em nosso Planeta no Solstício de Dezembro e começam a irradiar do centro do nosso globo. Esses raios de esplendor e poder espirituais inundam o nosso globo com uma luz sobrenatural que envolve todos sobre a Terra, do mais insignificante ao mais importante, sem distinção alguma. Todavia, nem todos podem participar desse maravilhoso dom na mesma medida; alguns conseguem mais, outros menos e alguns nem participam da grande oferta de amor que o Pai preparou para nós em Seu Filho Unigênito, porque ainda não desenvolveram o imã espiritual, o Cristo menino interno, que sozinho pode nos guiar ao Caminho, à Verdade e à Vida.

“Que adianta o Sol brilhar,

Se eu não tiver olhos para ver?

Como saberei que o Cristo é meu,

a não ser através do Cristo em mim?

Essa voz silenciosa dentro do meu coração

é o penhor do pacto

entre Cristo e eu – ela transmite

para a fé a força do Feito”

Essa é, sem dúvida, uma experiência mística que soa verdadeira para muitos de nossos Estudantes, tão verdadeira como a noite segue ao dia e ao inverno segue o verão. A menos que tenhamos Cristo dentro de nós, a menos que um maravilhoso pacto fraternal de sangue tenha sido consumado, não podemos ter parte no Salvador, embora os sinos de Natal nunca parem de soar. Contudo, quando Cristo se formar em nós, quando a Imaculada Concepção se tornar uma realidade em nossos próprios corações, quando nós nos prostrarmos aos pés do Cristo recém-nascido, para Lhe oferecer os nossos presentes, dedicando a natureza inferior ao serviço do Eu Superior, então, e só então, as festividades natalinas serão compartilhadas por nós, ano após ano. E, quanto mais arduamente tenhamos trabalhado arduamente na “vinha do Mestre”, mais clara e distintamente poderemos ouvir a voz silenciosa dentro dos nossos corações, sussurrando o convite: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo… porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve”[12]. Então, ouviremos uma nova nota nos sinos de Natal como nunca ouvimos antes, pois em todo ano não há dia mais feliz do que o do Nascimento de Cristo, quando Ele renasce na Terra, trazendo com Ele presentes para os filhos dos seres humanos – presentes que significam a continuação da vida física; porque sem essa vitalizante e energizante influência do Espírito de Cristo, a Terra permaneceria fria e árida; não haveria uma nova canção da primavera, nem os pequeninos coristas da floresta para alegrar os nossos corações à chegada do verão; a pressão gélida dos polos Boreais manteria a Terra agrilhoada e muda para sempre, nos impossibilitando de prosseguir em nossa evolução material, tão necessária para aprendermos a usar o poder do pensamento por meio de apropriados canais criativos.

O espírito de Natal é, pois, uma realidade viva para todo aquele que já desenvolveu o Cristo interno. O homem e a mulher comum sentem esse espírito somente nas proximidades das festas natalinas, mas o místico iluminado pode vê-lo e senti-lo meses antes e meses depois do seu ponto culminante na Noite Santa. Em setembro ocorre uma mudança na atmosfera terrestre; uma luz começa a reluzir nos céus; essa luz parece permear todo o universo solar; gradualmente, vai crescendo em intensidade, parecendo envolver o nosso globo; então, ela penetra na superfície do Planeta e, pouco a pouco, se concentra no centro da Terra, onde os Espíritos-grupo das plantas residem. Na Noite Santa ela alcança o mínimo de seu tamanho e o máximo de seu esplendor. Então, começa a irradiar a luz concentrada, fornecendo nova vida a Terra para que essa prossiga com as atividades da Natureza no ano entrante.

Isso é o começo do grande drama cósmico “do Berço à Cruz”, que acontece anualmente durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro.

Cosmicamente, o Sol nasce na mais longa e escura noite do ano, quando o Signo zodiacal Virgem, a Virgem Celestial, está no horizonte oriental à meia-noite, para dar à luz o filho Imaculado. Durante os meses que se seguem, o Sol transita pelo violento Signo de Capricórnio onde, miticamente, todos os poderes das trevas se concentram em frenético esforço para matar o Portador-da-Luz, uma fase do drama solar que é apresentado, misticamente, no episódio da perseguição movida pelo Rei Herodes, e da fuga para o Egito, a fim de escapar da morte.

Quando o Sol entra no Signo de Aquário – o Portador-da-Água –, em fevereiro, temos a época das chuvas e tempestades; e do mesmo modo que o batismo misticamente consagra o Salvador à sua obra de serviço, assim também a abundância de umidade, que desce sobre a Terra, a torna amaciada e pronta para que possa produzir frutos que preservam a vida de todos os que nela habitam.

A seguir, o Sol transita pelo Signo de Peixes – os peixes. Nessa altura, os estoques de alimentos do ano anterior já foram quase totalmente consumidos, de forma que as provisões dos seres humanos ficam escassas. Temos, por conseguinte, o longo jejum da Quaresma, que misticamente representa para o Aspirante o mesmo ideal mostrado cosmicamente pelo Sol. Nesse momento do ano ocorre o carne-vale, o adeus à carne, pois todo aquele que aspira a vida superior precisa, algum dia, se despedir da natureza inferior com todos os seus desejos e se preparar para a Páscoa que, então, se aproxima.

Em abril, quando o Sol cruza o equador celestial e entra no Signo de Áries – o Cordeiro – a cruz se ergue como um símbolo místico que o candidato à vida superior precisa aprender e, em seguida, aprender a abandonar o veículo mortal e começar a escalada para o Gólgota, o lugar na caveira; e daí cruzar o limiar do Mundo invisível. Finalmente, imitando a subida do Sol para os céus do norte, ele precisa aprender que o seu lugar é com o Pai e, com todo fervor, deve se elevar até aquele exaltado lugar. Assim como o Sol não permanece naquele elevado grau de declinação, mas ciclicamente desce para o Equinócio de Setembro e Solstício de Dezembro a fim de completar novamente o círculo para benefício da humanidade, do mesmo modo todo aquele que aspira se tornar um Caráter Cósmico, um salvador da humanidade, precisa ser preparado para se oferecer, muitas vezes, como um sacrifício em benefício de seus semelhantes.

Esse é o grande destino colocado diante de nós; cada um é um Cristo-em-formação, se o quiser ser, porque como disse Cristo aos Seus Discípulos: “Aquele que crer em Mim fará também as obras que faço, e maiores ainda”[13]. Além disso, e de acordo com a máxima: “A necessidade do homem é a oportunidade de Deus”, nunca houve tão grande oportunidade de imitar o Cristo, de fazer as obras que Ele fez, como nos dias atuais, quando todo o continente europeu vive sob o paroxismo de uma guerra mundial[14] e quando o maior de todos os cânticos de Natal: “Paz na Terra e boa vontade entre os homens”[15] parece mais longe de se concretizar do que nunca. Temos em nós o poder de apressar o dia da paz ao falar, pensar e viver em PAZ, pois a ação conjunta de milhares de pessoas transmite uma impressão ao Espírito de Raça, quando a ele é direcionada, especialmente quando a Lua está em Câncer, Escorpião ou Peixes, que são os três grandes Signos psíquicos mais apropriados para trabalhos ocultos dessa natureza. Usemos os dois dias e meio que a Lua transita por cada um desses Signos para propósito de meditar sobre a paz – “paz na Terra e boa vontade entre os homens”. Todavia, ao fazê-lo, estejamos certos de não tomar partido, a favor ou contra, por quaisquer das nações conflitantes; lembremos a todo instante que cada um dos seus membros é nosso irmão. Cada um merece o nosso amor tanto quanto o outro. Vamos manter o foco do pensamento de que nós queremos é ver a Fraternidade Universal ser realizada sobre a Terra, ou seja, “a paz na Terra e boa vontade entre os homens”, a despeito de terem os combatentes nascidos de um lado ou de outro das linhas imaginárias traçadas nos mapas, ou como eles se expressam nesse, naquele ou em qualquer outro idioma. Oremos para que a paz possa reinar sobre a Terra; uma paz duradoura e uma boa vontade entre todos os seres humanos, não importando quaisquer diferenças de raça, cor ou religião. Na medida em que tenhamos êxito em formular com os nossos corações, e não apenas com os nossos lábios, essa prece impessoal a favor da paz, estaremos antecipando a chegada do Reinado de Cristo para recordar que é a Ele que estamos todos destinados na época oportuna – o Reino dos Céus, onde Cristo é “Rei dos reis e Senhor dos senhores”.

CAPÍTULO V – A Missão de Cristo e o Festival das Fadas

Sempre que nos defrontamos com um dos mistérios da natureza que não conseguimos explicar, simplesmente acrescentamos um novo termo ao nosso vocabulário, uma espécie de truque para ocultar a nossa ignorância a respeito do assunto. Tal ocorre com a palavra ampère que utilizamos para medir o volume da corrente elétrica, o volt que usamos para medir que empregamos para medir a força da corrente, e o ohm que empregamos para demonstrar o grau de resistência que um dado condutor oferece à passagem da corrente. Dessa maneira, depois de muito estudar a respeito de palavras e figuras, as Mentes mestras da Ciência elétrica tentam se persuadir e persuadir aos demais que compreenderam o que significa tais coisas após pensarem muito sobre tal penetrando no mistério dessa força difícil de descrever e que desempenha um papel tão importante no trabalho do mundo; mas, depois de tudo dito e eles entrarem em consenso, esses seres humanos iminentes admitem que as mais brilhantes luzes da Ciência elétrica não conhecem senão um pouquinho mais do que uma criança da escola primária, quando começa a experiência com pilhas e baterias.

O mesmo se passa com as outras Ciências; os anatomistas não podem distinguir o embrião de um cão do de um ser humano durante um longo período, e enquanto o fisiologista discorre com autoridade sobre o metabolismo, não pode deixar de admitir que as experiências de laboratório, pelas quais se esforça para imitar nosso processo digestivo, devem ser e são muito diferentes das transmutações que se operam no laboratório químico do corpo, pela alimentação que ingerimos. Isso não é dito para desacreditar ou menosprezar as maravilhosas descobertas da Ciência, mas para demonstrar que existem fatores por detrás de todas as manifestações da natureza – inteligências de diversos graus de consciência, construtivas e destrutivas, que desempenham parte importante na economia da natureza – e até que esses agentes sejam reconhecidos e suas atividades estudadas, nós não podemos ter um conceito adequado do modo como atuam essas forças da natureza, as quais chamamos: calor, eletricidade, gravidade, ação química, etc.. Para os que cultivam a visão espiritual, é evidente que os chamados mortos empregam parte de seu tempo em aprender a construir corpos sob a direção de certas Hierarquias espirituais. Eles são os agentes metabólicos e anabólicos; eles são os fatores invisíveis na assimilação e é, portanto, literalmente exato que seríamos incapazes de viver sem a importante ajuda daqueles que nós chamamos mortos.

Para conceber a ideia de como esses agentes trabalham e da sua relação conosco, podemos citar um exemplo mencionado no Livro Mistérios Rosacruzes: “suponhamos que um carpinteiro está construindo uma mesa, e um cachorro, que é um espírito em evolução pertencente à outra onda de vida, está observando-o. Ele vê o processo de cortar tábuas; gradualmente a mesa é formada desse material e finalmente fica pronta. No entanto, ainda que o cachorro esteja atento ao trabalho do carpinteiro, ele não tem um conceito claro de como esse trabalho foi feito, nem do uso final da mesa. Suponhamos, ainda mais, que o cachorro estivesse dotado somente de uma limitada visão e incapaz de perceber o carpinteiro e suas ferramentas; veria somente as tábuas de madeira, gradualmente, sendo divididas em partes, depois se juntarem e ficarem dispostas de outra maneira até a mesa tomar forma e ficar pronta. Ele veria o processo da formação e o objeto terminado, mas não teria ideia que a ação ativa do carpinteiro foi necessária para transformar a madeira em mesa”. Se o cachorro pudesse falar, explicaria a origem da mesa como Topsy[16] se referiu a si mesma dizendo: “simplesmente cresceu”.

Nossa relação com as forças da natureza é semelhante àquela do cachorro com o invisível carpinteiro, e também nós somos tão capazes de explicar os mistérios da natureza, como Topsy o fez. Nós, cultamente, narramos às crianças como o calor do Sol evapora a água dos rios e oceanos, fazendo que esse vapor ascenda às regiões mais frias do ar onde se condensa em nuvens, que se tornam, finalmente, tão saturadas de umidade que elas gravitam em direção à terra em forma de chuva para encher os rios e oceanos, e novamente a água é evaporada. É tudo perfeitamente simples: um belo processo automático de movimento contínuo. Contudo, é só isso? Não há, nessa teoria, um número de omissões? Sabemos que sim, embora não possamos nos desviar muito do nosso assunto para discuti-lo. Uma coisa que está faltando explicar completamente é a ação das, nomeadamente, semi-inteligente Sílfides[17] que levantam as delicadas partículas da água volatilizada em vapor de água preparadas pelas Ondinas, e que as levam o mais alto possível antes que aconteça a condensação parcial e as nuvens são formadas. Essas partículas de água são guardadas pelas Sílfides, até que as Ondinas as forcem a libertá-las. Quando dizemos que há tempestades, na verdade, batalhas estão sendo travadas na superfície do mar e no ar, algumas vezes com a ajuda das Salamandras, para acender a tocha do relâmpago da separação entre hidrogênio e oxigênio, e enviar seu aterrorizante zigue-zague através da negra escuridão, seguida do poderoso troar do trovão na atmosfera clareada, enquanto as Ondinas, triunfalmente, lançam as resgatadas gotas de água sobre a terra, para que elas possam novamente se unir ao seu elemento materno.

Os pequenos Gnomos são necessários para construir as plantas e as flores. Seu trabalho é pintá-las com matizes inumeráveis de cor, que deleitam os nossos olhos. Eles, também, cortam os cristais em todos os minerais e elaboram as gemas valiosas que cintilam nos diademas preciosos. Sem eles não haveria ferro para nossas máquinas e nem ouro com que pagá-las. Eles estão em todas as partes e a proverbial abelha não é tão atarefada como eles. Enquanto para a abelha é dado todo o crédito pelo trabalho que ela faz, os pequenos espíritos da natureza, que desempenham uma parte imensamente importante no trabalho do mundo, são desconhecidos, salvo por alguns que são chamados de sonhadores ou loucos.

No Solstício de Junho, as atividades físicas da natureza estão no apogeu ou zênite, portanto, é na “Noite do meio do Verão” que se realiza o grande festival das Fadas, que trabalharam para construir o universo material;  nutriram o gado, cultivaram o grão e estão saudando com alegria e dando graças à onda de força, que é a sua ferramenta, para colorir as flores, na assombrosa variedade de delicados matizes requeridos por seus arquétipos, pintando-as em inúmeras tonalidades que são o prazer e o desespero do artista.

Na maior de todas as noites da alegre estação do verão, as Fadas se reúnem vindas dos pântanos e das florestas, dos estreitos e pequenos vales para o Festival das Fadas. Elas realmente cozem e preparam seus alimentos etéricos e, mais tarde, dançam em êxtases de alegria – a alegria de terem realizado o seu trabalho e desempenhado importante papel na economia da natureza.

É um axioma científico que a natureza não tolera o que é inútil; os parasitas e os zangões são uma abominação; o órgão que se torna supérfluo se atrofia, assim também acontece com o membro ou o olho que não é usado. A natureza tem um trabalho a fazer e necessita da colaboração de todos que se propuseram a justificar suas existências, pois todos são partes desse trabalho. Isso se aplica à planta, ao Planeta, ao ser humano, ao animal e também às Fadas. Elas têm seu trabalho a cumprir; elas são hostes ativas e suas atividades são a solução para muitos mistérios da natureza, como já foi explicado.

Nós estamos agora no outro polo do ciclo anual, quando os dias são curtos e as noites mais longas[18]; fisicamente falando, a escuridão cai sobre o Hemisfério Norte, mas a onda espiritual de luz e vida, que será à base do crescimento e progresso do próximo ano, agora está na maior altura e força. Na Noite de Natal, no Solstício de Dezembro, quando o celestial Signo da Virgem Imaculada está no horizonte oriental à meia noite, o Sol do novo ano nasce para salvar a humanidade do frio e da fome, que continuariam se a manifestação dessa luz fosse suprimida. Nessa ocasião, o Espírito Cristo nasce na Terra e começa a fermentar e fertilizar os milhões de sementes que as Fadas prepararam e regaram para que possamos ter alimento físico. No entanto, “o homem não vive somente de pão”. Importante como é o trabalho das Fadas, se torna insignificante comparado com a missão de Cristo, que nos traz, a cada ano, o alimento espiritual necessário para que avancemos no caminho do progresso, para que possamos alcançar a perfeição no amor com tudo o que ele implica.

É o advento dessa maravilhosa luz de amor que nós simbolizamos pelas lamparinas acesas no altar e pelo soar dos sinos do Natal que, a cada ano, anunciam as boas novas do nascimento do Salvador, pois no sentido espiritual, luz e som são inseparáveis; a luz é colorida e o som é modificado de acordo com o tom vibratório. A luz do Natal que brilha sobre a Terra é dourada, induzindo os sentimentos de altruísmo, alegria e paz, os quais nem mesmo a grande guerra consegue obscurecer.

A guerra passou e como normalmente damos mais valor ao que perdemos, esperemos que toda a humanidade se una nesse Natal para o canto dos cantos: “Paz na Terra e Boa Vontade entre os homens”.

CAPÍTULO VI – O Cristo Recém-Nascido (incluído na 10ª edição)

Temos repetido com frequência em nossa literatura, que o sacrifício de Cristo não foi um acontecimento que teve lugar no Gólgota, nem foi consumado de uma vez por todas em poucas horas, mas que os nascimentos e mortes místicas do Redentor são contínuas ocorrências cósmicas. Concluímos que esse sacrifício é necessário à nossa evolução física e espiritual durante a presente fase do nosso desenvolvimento. Como se aproxima a época do nascimento anual de Cristo, mais uma vez é-nos apresentado um tema para meditação, um tema que nunca envelhece e é sempre novo. Podemos tirar muito proveito refletindo sobre ele e dedicando-lhe uma oração, para que faça nascer em nossos corações uma nova luz que nos guie no caminho da regeneração.

O Apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse: “Deus é Luz”, pelo que a “Luz” tem sido usada para ilustrar a natureza do Divino nos Ensinamentos Rosacruzes, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. As Sagradas Escrituras de todos os tempos ensinam claramente que Deus é uno e indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que, do mesmo modo que a luz branca una se refrata nas três cores primárias – vermelho, amarelo e azul – Deus também se revela em papel tríplice durante a manifestação pelo exercício de três funções divinas: criação, preservação e dissolução.

Quando Ele exercita o atributo criação, Deus se revela como Jeová, o Espírito Santo; Ele é o Senhor da lei e da geração, projetando a fertilidade solar indiretamente através dos satélites lunares de todos os Planetas em que seja necessário fornecer Corpos para seus seres evoluintes.

Quando Ele exercita o atributo preservação, com o propósito de sustentar os Corpos gerados por Jeová sob as leis da Natureza, Deus se revela como Redentor, Cristo, e irradia os princípios de amor e regeneração diretamente a qualquer Planeta onde as criaturas de Jeová requeiram essa ajuda para se libertarem das malhas da morte e do egoísmo, e alcançarem o altruísmo e a vida sem fim.

Quando do exercício do divino atributo dissolução, Deus aparece como o Pai; quem nos chama de volta ao lar celestial, para assimilarmos os frutos das experiências e do crescimento anímico que acumulamos durante o dia de manifestação. Esse Solvente Universal, o raio do Pai, emana então do invisível Sol Espiritual.

Esses processos divinos de criação e nascimento, preservação e vida, dissolução, morte e retorno ao Autor de nosso ser, nós os vemos em toda parte, em tudo o que nos cerca. Então, reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Trino em manifestação. Porventura já nos demos conta de que no Mundo espiritual não existem acontecimentos definidos, nem condições estáticas; que o começo e o fim de todas as aventuras, de todas as eras estão presentes no eterno “aqui” e “agora”? Do seio do Pai há um fluxo eterno de semeadura de coisas e eventos que incorporam o reino do “tempo” e do “espaço”. Lá gradualmente cristaliza-se e torna-se inerte, necessitando dissolução para que haja espaço para outras coisas e outros eventos.

Não há como escapar dessa lei cósmica, que se aplica a tudo no reino do “tempo” e do “espaço”, inclusive ao raio Crístico. Como o lago que se derrama no oceano volta a se encher quando a água que o abandonou se evapora e a ele retorna em forma de chuva, para tornar novamente a correr incessantemente em direção ao oceano, assim o Espírito do Amor que nasce eternamente do Pai se derrama incessantemente, dia após dia, hora após hora, no universo solar para nos libertar do Mundo material que nos prende em seus grilhões mortais. Portanto, onda após onda parte do Sol em direção a todos os Planetas, o que proporciona um impulso rítmico às criaturas que neles evoluem.

No sentido mais verdadeiro e literal, é um Cristo recém-nascido que saudamos em cada festa natalina, e o Natal é o mais importante acontecimento anual para a humanidade, quer tenhamos consciência disso ou não. Não se trata meramente de comemorar o aniversário de nascimento do nosso amado Irmão Maior, Jesus, mas sim da chegada da rejuvenescente vida-amor do nosso Pai Celestial, por Ele enviada para libertar o mundo do glacial abraço da morte. Sem essa nova infusão de vida e energia divinas, logo pereceríamos fisicamente, frustrando o nosso progresso no que tange às atuais linhas de desenvolvimento. Precisamos nos esforçar por compreender muito bem esse ponto, a fim de que possamos aprender a apreciar o Natal, da maneira mais profunda possível; a esse respeito, como em muitos outros, podemos aprender uma lição observando nossos filhos ou recordando a nossa própria infância. Como eram fortes nossas expectativas quando da aproximação dos festejos natalinos! Como ansiosamente esperávamos pela hora de receber os presentes que pensávamos serem deixados pelo Papai Noel, o misterioso benfeitor universal que distribuía os brinquedos! Como nos sentiremos se nossos pais nos dessem apenas as bonecas estragadas e os tamborzinhos já gastos do ano passado? A sensação seria certamente de infelicidade total, além de uma profunda quebra de confiança em tudo, sentimentos que os pais achariam cada vez mais difícil restaurar. Isso nada seria comparado à calamidade cósmica que se abateria sobre a humanidade, se o nosso Pai Celestial deixasse de enviar como Presente Cósmico de Natal, o Cristo recém-nascido.

O Cristo do ano anterior não nos pode livrar da fome física, como as chuvas daquele ano não podem agora encharcar o solo e desenvolver os milhões de sementes que dormitam na terra, à espera que as atividades germinadoras da vida do Pai as façam crescer. Assim como o calor do último verão já não nos pode aquecer, o Cristo do ano passado não pode acender de novo em nossos corações as aspirações espirituais que nos impelem para cima em busca de algo mais. O Cristo do ano passado nos deu seu amor e sua vida sem restrições ou medidas. Quando Ele renasceu na Terra no Natal anterior, Ele impregnou de vida as sementes adormecidas, que cresceram e muito gratamente encheram os nossos celeiros com o pão da vida física. O amor que o Pai Lhe deu, Ele o derramou profusamente sobre nós, e do mesmo modo que a água do rio volta para o céu pela evaporação, assim também Ele se eleva outra vez ao seio do Pai, após esgotar toda a sua vida e morrer na Páscoa.

Entretanto, o amor divino jorra infinitamente. Como um pai se apieda de seus filhos, assim também nosso Pai Celeste se compadece de nós, pois Ele conhece a nossa fragilidade e dependências física e espiritual. Por conseguinte, esperamos mais uma vez, confiantemente, o nascimento místico do Cristo que virá com renovada vida e renovado amor. O Pai O envia à nós acudindo a fome física e espiritual que sofreríamos, se não tivéssemos d’Ele essa amorosa oferenda anual.

As almas jovens, via de regra, acham difícil separar em suas Mentes as personalidades de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, de modo que algumas podem amar apenas a Jesus, o homem. Esquecem Cristo, o Grande Espírito, que introduziu uma Nova Era na qual as nações estabelecidas sob o regime de Jeová serão destroçadas, a fim de que a sublime estrutura da Fraternidade Universal possa ser edificada sobre as suas ruínas. No devido tempo, o mundo inteiro saberá que “Deus” é espírito, para ser adorado em “espírito e em verdade”. É bom que amemos Jesus e O imitemos; desconhecemos ideal mais nobre e alguém mais digno. Se pudesse ter sido encontrado alguém mais nobre, não teria sido Ele o escolhido para ser o veículo do Grande Unigênito, Cristo, em que reside a Divindade. Fazemos bem em seguir “Seus passos”.

Ao mesmo tempo devemos exaltar Deus em nossas próprias consciências, aceitando a afirmação bíblica de que Ele é espírito e que não podemos tentar representar a Sua imagem, nem retratá-Lo, pois Ele a nada se assemelha, quer nos céus quer na Terra. Podemos ver os veículos de Jeová circulando como satélites em volta de diversos Planetas. Também podemos ver o Sol, que é o veículo visível de Cristo. Contudo, o Sol invisível, que é o veículo do Pai e fonte de tudo, esse só pode ser visto pelos maiores Clarividentes e apenas como a oitava superior da fotosfera do Sol, revelando-se como um anel de luminosidade azul-violeta por trás do Sol. Contudo, nós não precisamos vê-Lo. Podemos sentir Seu amor e essa sensação nunca é tão grande como na época do Natal, quando Ele nos está dando o maior de todos os presentes: o Cristo do novo ano.

F I M

[1] N.T.: a riqueza da experiência.

[2] N.T.: para o Hemisfério Norte e para os extremos do Hemisfério Sul isso é um fato inquestionável. Para o restante do Hemisfério Sul, também, só que aqui seria pelo fortíssimo calor e pela fome, por sua resultante escassez.

[3] N.R.: Gl 4:4

[4] N.R.: Pseudônimo de Johannes Scheffler (1624-1667) – Místico cristão, filósofo, médico, poeta, jurista alemão.

[5] N.T.: Hb 12:1-2 – “também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador da fé, Cristo Jesus”.

[6] N.R.: Mt 20:27; Lc 22:26; Mc 9:15

[7] N.T.: Mt 25:40

[8] N.T.: estado de inconsciência profunda, com desaparecimento da sensibilidade ao meio ambiente e da faculdade de exibir reações motoras. A pessoa não consegue pensar, falar, ver ou ouvir com clareza.

[9] N.R.: IJo 1:5

[10] N.R.: Jo 14:12

[11] N.R.: Mt 5:8

[12] N.R.: Mt 11:29-30

[13] N.T.: Jo 14:12

[14] N.T.: Refere-se à Primeira Grande Guerra

[15] N.T.: Lc 2:14

[16] N.R.: Personagem do romance A Cabana do Pai Tomás, (em inglês: Uncle Tom’s Cabin; or, Life Among the Lowly), livro da escritora estadunidense Harriet Beecher Stowe.

[17] N.R.: ou Silfos

[18] N.R.: Para o Hemisfério Norte

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Mensagem das Fadas

A Mensagem das Fadas

Amélia C. Ellioti

Sob as árvores em um dia de verão ensolarado,

Uma criança estava a brincar alegremente

Por entre as flores, e então arrancou rapidamente

Um lírio de cálice dourado.

 

Nesse cálice uma fada estava sentada.

O que é isto? Diz a criança espantada.

Uma fada! Uma fada! Com alegria gritou,

Quando vindo de outra árvore, um outro vulto pulou.

O que veio da árvore era verde e marrom:

Não teria sido visto se não houvesse escorregado.

Tão pequenino era que se colocado em uma taça,

Uma folha da árvore tê-lo-ia ocultado.

 

Suas calças eram verdes e sua jaqueta marrom,

Suas asas coloridas; minúscula coroa usava.

Sua voz muito fininha, mas era clara como um sino,

Sua mensagem rapidamente ele a pronunciava.

 

“Menininha, menininha não fuja de nós, por favor,

Fique conosco e ouça o que lhe vamos dizer:

Nós chegamos de um vale, cheio de paz e de amor,

E uma mensagem de fadas e duendes nós viemos lhe trazer.

 

“Um dia, em um vale distante, você brincava,

E do fundo de um poço, ouviu uma voz que chamava;

Você correu, com o coração batendo apressado,

E salvou um gatinho que os cães haviam caçado.

 

“Viemos recompensá-la por sua tão boa ação,

Ao proteger um ser de Deus e todos os que são mudos, como esta criaturinha.

Vamos coroá-la com flores, que jamais perecerão;

Sempre a protegeremos, querida e bondosa amiguinha”.

 

“Vá dizer as criancinhas, onde quer que elas estejam,

Para serem sempre boas com os gatos e os cães que vejam.

Pois Deus manda minúsculas fadas para com elas brincarem

Para ouvirem suas vozes e assim as entenderem.

 

“Esta mensagem deixamos e nosso caminho seguimos:

O amor deve ser o lema, quando brincando estiverem,

Nunca, por palavras e ações, seus companheiros ofendam

E as fadas ajudarão vocês, quando delas precisarem”.

 

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. IV – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

No Jardim do Tapete Florido

No Jardim do Tapete Florido

No Jardim do Tapete Florido há uma árvore. Todos os dias meninos e meninas do Reino das Fadas se reúnem em volta dela para estudar, trabalhar e brincar, pois ela é, para eles, a Árvore do Exemplo. É a sua escola. É onde aprendem a diferença entre o certo e o errado, a melhorar seus modos e a prepararem-se para a época em que estarão prontos para a Árvore da Vida.

À Árvore da Vida também está no meio do Jardim do Tapete Florido. Mas ninguém a vê. Está escondida da vista das Fadas crianças, até um certo dia em que elas completem 7 anos do seu crescimento, quando então estarão aptas para a Grande Aventura de aprender o significado das coisas.

A Árvore da Vida é uma árvore etérea, que não pode ser vista à luz do dia, e não pode ser conhecida até que a criança atinja o sétimo ano de sua vida. Somente neste tempo certo, é que ela brilha para as Fadas e a luz é tão brilhante no início, que os meninos e meninas são tomados de surpresa. A luz brilhante e etérea apareceu de repente no Jardim do Tapete Florido em uma noite de junho.

Naquela noite maravilhosa de junho, duas dúzias de meninos e duas dúzias de meninas estavam reunidos sob sua Árvore do Exemplo, estudando suas lições, como fazem todas as boas crianças. Cada uma tinha aprendido a ter bons pensamentos e bons sentimentos extraídos das cores, dos companheiros e dos amigos da Natureza. Cada uma tinha aprendido a deixar de lado todos os maus pensamentos e todos os maus sentimentos que, de alguma forma, cresciam em seus corações e em suas Mentes. Às fadas aprenderam tão bem essa lição que, elas mesmas, se tornaram pequenas luzes brilhantes. E, porque cada menino e cada menina estava brilhando com bons sentimentos e bons pensamentos, certa noite em junho, a luz grande e brilhante da Árvore da Vida chegou direto em suas Mentes e seus Corações. Resplandeceu numa torrente de radiante esplendor.

– O-o-o-o, exclamou um coro de minúsculas vozes, e as Fadas meninas arremessaram-se para o céu carregando a fragrância das flores, enquanto se afastaram assustadas.

Os meninos eram mais destemidos, mas, lá no fundo, eles também estavam um pouco assustados. Eles fingiram que não. Não queriam que as meninas soubessem que estavam tão assustados quanto elas diante daquela luz repentina e brilhante. Então, permaneceram no Jardim, alguns atirando-se ao chão para tirar força da sua Mãe-Terra. Outros seguravam seus joelhos, fechavam suas mãos e apoiavam-se na Árvore do Exemplo para disfarçar seu espanto.

Por um momento, a própria luz das pequenas Fadas tornou-se opaca. O medo fez com que ela se escurecesse. Mas, bem depressa elas perceberam que a Luz radiante, vinha de cima, era amiga e gentil e todos os seus medos se dissiparam e sua luz começou a brilhar novamente.

As fadas meninas saíram das nuvens. Elas flutuavam acima da Árvore do Exemplo, expressando cada uma seu espanto e surpresa. Cinco delas, mais aventureiras do que as outras, deixaram de lado suas asas e desceram para o arco de luz na base da maravilhosa Árvore da Vida que não podiam ver.

Doze dos meninos, ainda mais ousados do que suas cinco irmãs, corajosamente mudaram seus sentimentos e avançaram para se apoderar de doze raios de luz. Com uma velocidade assustadora, eles foram impulsionados para cima, para os galhos etéreos que giravam rapidamente acima do chão. Os outros olhavam, aplaudiam e se perguntavam se ousariam segurar um raio da Resplandecente Árvore da Vida.

Lá em cima nos galhos, alguns dos meninos pareciam estar deliciados com sua nova experiência, enquanto outros sentiam-se assustados, outros riam e alguns apenas fechavam os seus olhos para pensar o que iriam fazer. Apenas um dos meninos foi capaz de flutuar no mesmo instante ao ritmo da extraordinária Árvore. Ele chamou seus irmãos para tentar ajudá-los.

— Veja, ele ria. É fácil. É como se você fosse um pássaro voando, um cardo flutuando no ar ou mesmo um dos nossos bons pensamentos soprando pelos ares.

Os outros meninos lançaram-se na experiência, confusos a princípio, até que, finalmente, todos eles movimentaram-se facilmente no ritmo da vida, como pássaros livres, como semente carregada pelo vento ou como o voo límpido de um bom pensamento.

Um por um, os doze meninos armaram-se de coragem, pesaram os raios de Luz e foram levantados rapidamente no círculo brilhante sobre o Jardim. Uma a uma, as fadas meninas retiraram suas asas e desceram para juntar-se às suas irmãs no arco de Luz que inundava o Tapete Florido, na base da Árvore.

As garotas cresciam parecendo borboletas e pétalas de flores e matizes do arco-íris do orvalho da manhã, à medida que dançavam e brincavam à Luz da Vida. Os meninos cresciam parecendo as mais ativas criaturas do ar, do mar e da terra. E, do sétimo ano de seu crescimento até que se passassem outros sete anos, todas as Fadas meninos e meninas estudaram o significado das coisas na maravilhosa Luz da Árvore da Vida.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. III – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Que o Mundo todo se Rejubile!

Que o Mundo todo se Rejubile!

Música sempre encantou as Fadas e, por muito tempo, cinco delas permaneciam quietinhas, ajoelhadas próximas a uma janela aberta, ouvindo as crianças cantarem. Nenhum dos meninos e das meninas, que juntos ensaiavam sua canção para o Serviço da Páscoa, sabiam que elas estavam ali.

As vozes claras e jovens fundiam-se no ar, e as Fadas ali permaneciam reverentemente e ouviam cada palavra de louvor enquanto as crianças cantavam:

“Ele ascendeu, Ele ascendeu resplandecente,

Vamos proclamar isto alegremente;

De sua prisão de três dias, Ele se libertou,

E o mundo todo se rejubilou”.

As Fadas pularam para o peitoril da janela, impelidas pela beleza e encantamento da música. Elas permaneciam em fila na borda estreita da janela, suas faces erguidas, em adoração, por encontrar o amoroso poder do Cristo Nascido e, mesmo assim, as crianças não perceberam sua presença. Mesmo quando a música parou e as crianças se prepararam para voltar às suas casas, nenhuma delas notou que as fadinhas as olhavam.

Enquanto as Fadas olhavam, elas também escutavam o que a professora de música dizia às crianças.

— Quando vocês desfilarem amanhã de manhã, ela disse, cada uma de vocês carregará um vasinho com o Lírio da Páscoa.

As crianças bateram palmas de alegria.

— E, continuou a professora, quando vocês chegarem ao tablado, por favor, coloquem ali os seus vasinhos.

Ela dirigiu-se ao tablado e as crianças a seguiram para aprender o que deveriam fazer.

Mas, as Fadas não esperaram para ver ou ouvir mais nada. Elas flutuaram graciosamente para o chão e correram a fim de reunir alguns equipamentos que certamente ajudariam na grande ocasião. Não havia tempo a perder, porque o dia seguinte era Domingo de Páscoa.

Sem qualquer embaraço, as Fadas dirigiram-se a uma árvore e voltaram em um minuto. Uma delas carregava uma vassoura. Era feita de penas, tão suave como a chuva recém caída.

— Eu vou varrer as folhas dos lírios e fazê-las brilhar, ela cantarolou.

A segunda Fada segurava um pano de pó. Era grande e inteiramente tecido de teia de aranha.

— Tirarei o pó das pétalas, uma por uma, ela disse, e elas estarão radiantemente brancas para a manhã da Páscoa.

A líder das Fadas quase caiu do tronco da árvore, tão grande era sua carga. Ela carregava um enorme sabão de aroma de eucalipto, uma escova de cerdas de raios lunares torcidos e uma toalha que se arrastava no chão, debaixo de seus pés, de tão grande que era.

As outras duas Fadas tinham mãos com o poder de cura. Assim, usavam-nas para restaurar as plantas machucadas e descoloridas, devolvendo-lhes a beleza. Elas tinham um coração amoroso e, com o sussurro de suas doces vozes, convidavam os insetos a se retirarem dos botões e das flores onde frequentemente dormiam. Todas as fadas tinham um alegre senso de sua própria responsabilidade para tornar os lírios muito bonitos para o Domingo de Páscoa.

— Alguém sabe onde estão os vasinhos de lírio? – Perguntou a fada com a vassoura. Ninguém sabia!

— O que devemos fazer? – Gritavam as outras, em desespero.

A líder estendeu a toalha no chão e sentou-se nela, cruzando suas pernas enquanto pensava.

— Rápido! Ela gritou finalmente. Vamos voltar para o peitoril da janela antes que seja tarde demais. Talvez devêssemos escutar mais do que a professora de música tem a dizer às crianças.

Numa nuvem de esperança e felicidade, as fadas voltaram à janela para espiar de novo, mas era muito tarde. Não havia ninguém à volta. Mais uma vez, sua líder sentou-se de pernas cruzadas para pensar.

— Há mais janelas!

E lá se foram as Fadas espiar em todas as outras salas. Em frente a uma delas havia uma mesa, um telefone e lá estava a professora de música. As Fadas ouviram atentamente o que ela dizia:

— É da Floricultura Tempo-Feliz? Ela perguntou ao telefone.

E as pequeninas Fadas quase caíram do peitoril da janela de tão excitadas que estavam. E estavam tão excitadas que nem a ouviram perguntar sobre os lírios. Mas, uma outra voz bem longínqua, saiu do aparelho e desta vez as Fadas conseguiram ouvir.

— Os vinte e cinco vasinhos de lírios estarão prontos para as crianças no Domingo pela manhã, disse a voz distante.

As quatro fadinhas não esperaram para ouvir mais nada. Elas pularam para o chão e se aproximaram de sua líder, dizendo-lhe o que tinham ouvido.

— Continuem com seu trabalho normalmente, ela disse, até ao pôr-do-sol. Quando o último raio desaparecer no céu, ao anoitecer, encontremo-nos aqui. Enquanto isso localizarei a Floricultura e voltarei para levar vocês até lá na quietude da noite.

Todas concordaram e quatro Fadas voltaram a seu trabalho costumeiro de formar as folhas e as flores das plantas e das árvores. A fada líder flutuou sobre sua toalha por todo o local, como se estivesse sobre um tapete mágico. Enquanto ela estava fora, as outras não podiam pensar em nada além dos vasinhos de lírios e nas crianças que cantavam. Elas cantarolavam ao ouvido de cada planta sobre a qual trabalhavam, instilando em cada uma delas amor pela vida ressuscitada. Muitas formas lindas surgiam, enquanto elas cantavam suavemente:

“Abençoado Senhor, vamos todos adorar-Te,

Os Santos na Terra e os Santos nos céus juntamente;

Todas as criaturas vão reverenciar-Te,

Por Tua vida ter-lhes dado, amorosamente”.

Os pássaros ouviam e as borboletas ouviam e também ouviam as abelhas e os insetos. Uma por uma, elas elevavam no ar o alegre refrão, enchendo o mundo com sua música. Assim, toda a Terra rejubilava.

Enquanto isso, a Fada líder localizara a Floricultura Tempo-Feliz. Lá dentro, numa fileira suntuosa, estavam vinte e cinco vasinhos de flores. Em cada um deles havia um lírio branco. O Elfo ergueu seus olhos para dizer, “Obrigado” e, quando olhou para o céu, o Sol derramava seu último raio na tarde calma. Rapidamente a Fada líder juntou-se às outras.

— Tudo está pronto, anunciou. Iremos imediatamente à Floricultura.

Durante toda a noite elas trabalharam na Floricultura, escovando, tirando a poeira, limpando, até que todos os vasinhos de lírios brilhassem. Elas abriram os botões para enchê-los de luz e muitos dos insetos, ali alojados, saíram. Suas mãos curadoras, gentilmente, tratavam dos botões que estavam feridos e descoloridos e sussurravam uma prece de bênção para cada um. Quando o primeiro raio de Sol despontou para iluminar a Floricultura na Manhã de Páscoa, cada lírio estava limpo, inteiro e radiantemente branco.

A líder das Fadas sentou-se de pernas cruzadas sobre uma folha para avaliar o trabalho que tinham feito. A vassoura e o pano de pó continuaram a polir, mesmo onde não havia mais necessidade. Outros insetos saíram dos botões: um par de mãos curadoras transformaram o último botão ferido num botão saudável, e as Fadas declararam que seu trabalho estava terminado.

— Está bem, elas disseram, pois agora até os lírios cantarão ao Cristo ressuscitado.

Elas voltaram às suas casas nas árvores e esperaram o soar dos sinos que chamavam as pessoas para o Serviço da Páscoa. Vestidas com seus melhores trajes de festa, as Fadas sentaram-se em silêncio no peitoril da janela para tomar parte na cerimônia. Nenhum dos participantes suspeitou que elas estivessem lá. Todos olhavam para uma coroa de rosas vermelhas colocadas numa cruz branca.

Uma estrela dourada, luminosa, num fundo azul, brilhava como um halo de luz e amor atrás da cruz florida, e as Fadas, com suas bocas minúsculas, sussurravam eloquentes “o-o-o-s”. A música do órgão vibrava pela sala e ressoava em cada coração enquanto as crianças entravam. Os meninos e as meninas, cada qual carregando um brilhante Lírio de Páscoa, cantavam mais triunfalmente do que nunca:

“Aleluia! Aleluia!

Cristo ressuscitou”.

E as Fadas ouviram os lírios cantarem também.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. III – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Por favor digam-me alguma coisa a respeito dos Espíritos da Natureza. Já foram eles vistos por alguém?

Pergunta: Por favor digam-me alguma coisa a respeito dos Espíritos da Natureza. Já foram eles vistos por alguém?

Resposta: Existem diferentes classes de Espíritos da Natureza com estados de consciência correspondentes. Aqueles que nos são mais familiares são os Gnomos, as Ondinas, os Silfos e as Salamandras. Os Gnomos são espíritos da terra, chamados folcloricamente de duendes, anões, fadas, etc.

Seus corpos são compostos principalmente de Éter Químico combinado com pequena quantidade de Éter de Vida.

Não voam, são terrestres. Podem ser queimados. Envelhecem como acontece com os seres humanos, vivendo somente umas poucas centenas de anos. Os Gnomos trabalham com o Reino Vegetal, dando-lhe o verdor e as estonteantes variedades e coloridos das flores. Talham os cristais e fazem as pedras preciosas, ordenando ainda as partículas minerais na formação do ferro, prata, ouro etc. Seus próprios alimentos etéricos, eles os assam e cozinham.

As Ondinas são espíritos da água. Habitam os córregos, os rios e todo corpo aquoso. Seus corpos compõem-se dos Éteres de Vida e Luminoso.

Sua longevidade é maior do que a dos Gnomos, chegando a viver milhares de anos.

Os Silfos são os espíritos do ar. Seus corpos compõem-se também dos Éteres de Vida e Luminoso, estando sujeitos também a mortalidade. Sua vida têm a duração de milhares de anos.

As Ondinas separam as águas na superfície do mar nas pequeníssimas partículas de vapor que os Silfos levam para o ar, tão alto quanto seja necessário para a condensação em nuvens. Os Silfos mantêm as nuvens reunidas, até que forçados pelas Ondinas, libertem-nas. As batalhas travadas no ar entre essas duas classes de Espíritos da Natureza chamamos de tempestades.

Os espíritos do fogo ou Salamandras, também participam dessas batalhas aéreas. Suas atividades produzem o fogo, estando assim presentes nas descargas elétricas as quais chamamos relâmpagos. O contato desse vapor d’água com o frio do ar, dá origem às partículas que as Ondinas juntam com outras e arrojam triunfalmente sobre a terra na forma de chuva.

Os corpos das Salamandras também duram milhares de anos e são compostos de Éter Refletor.

Esses Espíritos da Natureza são sub-humanos, entretanto em circunstâncias diferentes, atingirão o estágio evolutivo correspondente ao humano.

As quatro classes trabalham com nossa própria onda de Vida, prestando serviço inestimável.

Os Espíritos da Natureza já tem sido visto por muitas pessoas dotadas de visão etérica. Câmaras fotográficas munidas de filmes sensíveis estão em condições de fotografá-los.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1971)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Ritual do Serviço do Solstício de Junho

FRATERNIDADE ROSACRUZ

Ritual do Serviço do Solstício de Junho

1) Preparar o ambiente com músicas elevadas

2) Um membro, de preferência de sexo oposto ao do orador, convida os presentes a cantarem, de pé, o Hino Rosacruz de Abertura

3) O Leitor ilumina e descobre o Símbolo Rosacruz e apaga as luzes, exceto a que o ilumina e auxilia na leitura:

4) Em seguida dirige aos presentes a saudação Rosacruz:

    Queridas irmãs e irmãos: (Fixa o Símbolo)

Que as rosas floresçam em vossa cruz

(Todos respondem: “E na vossa também

    (Todos sentam, menos o oficiante)

5) Leitura do Ritual do Solstício de Junho:

Estamos agora no Solstício de Junho, estação durante a qual a manifestação física sobre a Terra atinge o seu máximo.

Todos os anos uma onda espiritual de vitalidade penetra na Terra por ocasião do Solstício de Dezembro para impregnar as sementes adormecidas na Terra e para dar nova vida ao mundo em que vivemos. Este serviço é feito durante os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, enquanto o Sol transita pelos Signos zodiacais de Capricórnio, Aquário e Peixes, respectivamente.

Do ponto de vista cósmico, o Sol nasce quando Virgem, a Virgem Celestial, desponta no horizonte à meia-noite de 24 de dezembro, trazendo consigo a Imaculada Criança. Durante os meses que se seguem, o Sol passa pelo violento Signo de Capricórnio onde, segundo o mito, todos os poderes das trevas se concentram numa frenética tentativa de matar o portador da Luz, o que é uma fase do drama solar, que é representado misticamente na história do rei Herodes e na fuga do Menino para o Egito, para escapar à morte.

Quando o Sol entra no Signo de Aquário, o aguador, em Fevereiro, temos o tempo das chuvas e das tempestades; e assim como o Batismo consagra misticamente o Salvador à sua obra de Serviço, assim também as correntes de humildade que descem sobre a Terra amaciam-na, para que possa produzir os frutos que preservarão as vidas dos que vivem sobre ela.

Vem depois a passagem do Sol pelo Signo de Peixes, os peixes. Nessa ocasião, as reservas do ano precedente estão quase consumidas e o alimento do ser humano é escasso. Temos então o longo jejum da Quaresma que representa misticamente, para o aspirante, o mesmo ideal mostrado cosmicamente pelo Sol. Há, nessa ocasião, o Carnaval, o “carne-vale” dos latinos, que significa o adeus à carne, pois todo aquele que aspira à vida superior, deve, em alguma ocasião, dizer adeus à natureza inferior com todos os seus desejos e preparar- se para a Páscoa que então se aproxima.

Em Abril, depois de o Sol cruzar o Equador Celeste e entrar no Signo de Áries, o cordeiro, a Cruz se ergue como o símbolo místico do fato que o candidato à vida superior deve aprender a renunciar ao envoltório mortal e começar a subida ao Gólgota, “o lugar do crânio” e daí atravessar o limiar do mundo invisível. Finalmente, imitando a ascensão do Sol aos Signos do céu setentrional, para permitir com os seus raios quentes o crescimento das sementes no solo que foi revitalizando pela onda Crística durante os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, o candidato deve aprender que o seu lugar é com o Pai e que por fim, deverá subir até esse exaltado lugar.

Assim é que, presentemente, durante a estação que culmina a 21 de junho, o Grande Espírito de Cristo atinge o Mundo do Espírito Divino, o Trono do Pai. Durante os meses de Julho e Agosto, enquanto o Sol está em Câncer e Leão, o Cristo está reconstruindo Seu Espírito de Vida, veículo que Ele trará ao mundo e com ele rejuvenescerá a Terra e os reinos de vida que evoluem sobre ela.

Sem esta onda mística anual de energia vital do Cristo Cósmico, a vida física seria uma impossibilidade. Não haveria pão nem vinho físicos, nem a essência espiritual transubstanciada preparada alquimicamente com o sangue do coração do discípulo. A existência física é a escola ou laboratório no qual aprendemos a transmutar o metal básico das nossas naturezas inferiores no brilho esplendoroso da Pedra Filosofal, tornando assim possível a nossa libertação para esferas mais elevadas, onde o nosso exaltado Ideal, o Cristo, está presentemente.
Existem agentes por trás de todas as manifestações da Natureza – inteligências de diferentes graus de consciência, construtores e destruidores, que desempenham importantes papéis na economia da Natureza. O Solstício de Junho é o tempo de atividade dos duendes da terra e das entidades similares, no que se refere ao desenvolvimento material no nosso planeta, como muito bem o mostrou Shakespeare no seu imortal “Sonho de uma Noite de Verão”.

Pela ação semi-inteligente dos Silfos, são elevadas da superfície do mar, as partículas extremamente divididas de água evaporada, preparadas pelas Ondinas. Os Silfos transportam-nas tão alto quanto podem antes que sobrevenha a condensação parcial e sejam formadas as nuvens. Eles conservam consigo essas partículas de água até serem forçados pelas Ondinas a soltá-las.

Quando falamos que está havendo um temporal, estão sendo travadas batalhas na superfície do mar e no ar, algumas vezes com a ajuda das Salamandras que acendem as centelhas que unirão o hidrogênio e o oxigênio separados, e enviam suas setas inspiradoras de medo, em ziguezague, pelos céus escuros acompanhadas dos enormes estrondos de trovão que reboam na atmosfera, enquanto que as Ondinas triunfalmente, arremessam as gotas de água recuperadas à terra, para serem novamente devolvidas ao seu elemento materno.

Os pequenos Gnomos se ocupam com as plantas e com as flores. É seu serviço tingi-las com os inúmeros matizes de cores que deleitam nossos olhos. Eles também talham os cristais em todos os minerais e modelam as preciosas gemas que brilham nos diademas de ouro. Sem eles não haveria ferro para nossas máquinas, nem ouro para comprá-las; estão presentes em toda parte e a proverbial abelha não é mais operosa do que eles; à abelha, no entanto, é dado crédito pelo trabalho que faz, enquanto que os pequenos Espíritos da Natureza que representam tão importante papel no serviço do mundo, são desconhecidos, menos para uns poucos que são chamados de loucos ou sonhadores.

No Solstício de Junho as atividades físicas da Natureza estão no seu máximo, e por isso a “Noite de São João” é o grande Festival das Fadas que trabalham na construção do universo material, que alimentam o gado, que amadurecem o grão e que saúdam com alegria e agradecem a crista da onda de força, que é a ferramenta que usam para modelar as flores, então estonteante variedade de delicadas formas conforme seus arquétipos e para tingi-las de inúmeras matizes que fazem a delícia e o desespero dos artistas!

Nessa grandiosa noite, todos esses pequenos servidores se reúnem para o Festival das Fadas, vindos dos pântanos e das florestas, dos vales e das clareiras. Realmente eles cozinham e fazem os seus alimentos etéricos e posteriormente dançam em êxtases de alegria – a alegria de terem cumprido suas importantes tarefas na economia da Natureza.

É um axioma científico que a natureza não tolera nada que não tenha seu uso; os parasitas e os zangões são uma abominação; o órgão que se tornou inútil, atrofia-se: assim acontece com a perna ou com o olho que não são mais usados. A Natureza tem serviço a fazer e exige o trabalho de todos para que justifiquem sua existência e para que continuem fazendo parte dela. Isto se aplica tanto à planta e ao planeta como ao homem, aos animais e também às fadas. Todos têm seu serviço a cumprir; todos são trabalhadores e suas atividades são a solução para muitos dos múltiplos mistérios da Natureza.

Devemos tentar compreender perfeitamente estes ensinamentos a fim de que possamos aprender a apreciar esta estação do ano com exatidão.

Que calamidade cósmica seria se nosso Pai Celestial deixasse de prover os meios para o nosso sustento e existência física, todos os anos! O Cristo do ano passado não nos poderá salvar da fome física assim como a chuva que caiu no último ano não poderá molhar o solo para inchar as milhões de sementes que agora repousam na terra à espera das atividades germinais da Vida do Pai, para começarem a crescer; o Cristo do ano passado não poderá novamente acender em nossos corações as aspirações espirituais que nos incitam a avançar no caminho como também o calor do último verão não nos poderá aquecer agora. O Cristo do ano passado deu-nos o Seu Amor e a Sua Vida até ao último alento, sem medida nem limite; quando Ele nasceu na Terra, no último Natal, Ele dotou de vida as sementes adormecidas que cresceram e gratuitamente encheram os nossos celeiros com o pão da vida física; Ele prodigalizou sobre nós o amor que o Pai Lhe deu e quando esgotou totalmente Sua Vida, Ele morreu na Páscoa para novamente subir ao Pai, como um rio, por evaporação, sobe ao céu. Mas o Amor Divino circula interminavelmente; assim o nosso Pai Celeste nos ama como um pai ama seus filhos, pois Ele conhece a nossa dependência e a nossa fraqueza física e espiritual.

Devemos, portanto, aproveitar vantajosamente as oportunidades que são oferecidas a nós nesta estação que hoje se inicia para que a próxima vinda do Espírito de Cristo nos encontre mais bem adaptados para responder com maior facilidade às poderosas vibrações espirituais com as quais seremos então banhados.

Concentremo-nos agora sobre Amor Divino e Serviço.

6) O período de concentração deve se prolongar por uns 5 minutos

7) Após o que recobre o Símbolo e acende as luzes

8) Todos cantam o Hino Rosacruz de Encerramento

9) Proferir a seguinte exortação de despedida:

“E agora, queridas irmãos, que vamos partir, de volta ao mundo material, levemos a firme resolução de expressar, em nossas vidas diárias, os elevados ideais de espiritualidade que aqui recebemos, para que, dia a dia, nos tornemos melhores homens e mulheres, e mais dignos de sermos utilizados como colaboradores conscientes, na obra benfeitora dos irmãos Maiores, a Serviço da Humanidade”.

QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Jornada com as Fadas

Uma Jornada com as Fadas

O pequeno Tiago parou atrás do alpendre da linda casinha branca onde ele, sua mãe, papai e seu cachorro Jobi estavam passando os belos e quentes dias de verão.

E, à propósito, não podemos deixar de mencionar Anabela.

No entanto, no momento Tiago não estava pensando em guloseimas ou pastéis, estava pensando em algo mais.

Ele tinha ouvido uma amiga de Anabela falar sobre um eco que poderia ser ouvido na praia, perto de casa. Tiago, que gostava de saber sobre tudo, desejava conhecer o que um eco podia ser. Então, aquela noite, quando sua mãe o mandou para cama, ele disse:

– Por favor, mamãe, diga-me o que é um eco?

– Um eco, filhinho, repetiu mamãe. Onde você ouviu falar sobre o eco?

Ouvi alguém falar a Anabela sobre um eco que pode ser ouvido da praia, respondeu Tiago.

– Oh, sim, sorriu sua mãe. Bem, Tiago, um eco é uma fada, e uma fada normalmente vive em uma grande caverna ou numa casa vazia.

– Uma fada. Oh! mamãe, você já viu uma? Como elas são? E o que elas fazem? exclamou Tiago.

– Resposta à primeira pergunta, respondeu mamãe com um sorriso. Não, eu nunca vi um eco. Ninguém pode ver, nós só o ouvimos. O que eles fazem? Quando alguém grita próximo de sua casa, eles sempre respondem,

repetindo o que foi dito.

– Mas isso é falta de educação, observou Tiago.

– Oh, não, respondeu Mamãe seriamente, eles fazem isso de uma maneira gentil e amigável.

– Eu gostaria de saber, Tiago replicou, seus olhos quase fechando. Eu gostaria de saber se eu fosse à praia e me sentasse muito quietinho, se apareceria para mim uma fada do eco.

– Talvez não, querido, disse sua mãe, enquanto apagava a luz do quarto. Agora, durma bem e tenha sonhos agradáveis.

Na manhã seguinte, Tiago e Jobi permaneceram fora de casa.

– Eu acho, Jobi, disse Tiago, que nós devemos ir lá embaixo e procurar uma das fadas do eco. Você não acha? perguntou gravemente.

Jobi respondeu de forma afirmativa abanando seu rabo. Jobi era uma companhia tão agradável que sempre concordava, independente do que lhe fosse proposto. Assim, ambos saíram, quase esquecendo de mencionar seu destino. Logo chegaram à praia, mas não sabiam bem onde poderiam encontrar a fada. Eles andaram sem destino. Finalmente, foi Jobi que a encontrou. Ele parou para latir a um atrevido esquilo vermelho, que imediatamente começou a repreendê-lo com muito barulho. Tiago não percebeu isso, pois à medida que Jobi latia, de algum lugar atrás deles vinha o som de mais latidos.

– É a fada do eco, Jobi, exclamou Tiago. Você a encontrou. Você a encontrou.

Depois, Tiago gritou o mais alto que pôde, e imediatamente o som voltou para ele, doce e claro, como só uma fada seria capaz de o fazer. Tiago continuou gritando, mas a fada, mesmo assim, não parecia ficar cansada ou impaciente.

– Oh! Jobi, disse Tiago, como eu gostaria que ela aparecesse para que pudéssemos vê-la. Talvez se ficarmos bem quietinhos, ela pense que fomos embora e resolva aparecer. Vamos experimentar.

O garotinho e o cachorro esconderam-se sob um salgueiro e esperaram. Eles ficaram muito quietos. Pareceu-lhes um longo tempo; estava muito quente e logo a cabeça do garotinho começou a inclinar-se. Ele não conseguia mais ficar acordado.

Então, algo aconteceu, pois, embaixo das árvores; dirigindo-se a ele estava a mais linda criaturinha que qualquer pessoa gostaria de contemplar. Ela era tão pequenina, não maior do que um dos soldadinhos de brinquedo de Tiago, e estava toda vestida de marrom avermelhado.

Em cada ombro havia asas de um tom delicado de verde, sua cabeça coberta com cachos dourados e em seus pés ela calçava minúsculos chinelinhos dourados.

Tiago estava tão certo de que esta era a fada do eco,que ele não ousou mexer-se de medo que ela pudesse desaparecer. Então, ela chegou mais perto, abanou sua varinha e disse alegremente:

– Bem, Tiago, você e Jobi estavam esperando para me ver. Eu sou a fada do eco.

– Oh! Eu sabia, tinha certeza disso, exclamou Tiago, e nós sabíamos que você viria se nós a esperássemos. Você não se importa, não é? ele perguntou.

– Porque me importaria? Sorriu a fada, quando viu o olhar ansioso no rostinho de Tiago. Eu sabia que você estava aqui; se não quisesse que você me visse, você não me veria.

– Mas, diga-me, disse Tiago, há muitas fadas do eco e todas são tão lindas como você?

Novamente a fada sorriu, e seu sorriso parecia o tilintar de sinos de prata.

– Sim, há muitas de nós, ela respondeu, e somos todas iguais. Se você encontrar qualquer uma das outras, não nos distinguiria.

– Como se chamam as outras fadas? Tiago queria saber.

– Chamam-se Eco; todos nós temos o mesmo nome. Agora vou dar um passeio. Vocês gostariam de vir comigo? Se quiserem podem vir.

– E onde é que você vai? Tiago perguntou.

Em resposta, Eco colocou uma flauta dourada em seus lábios e emitiu uma nota clara, suave.

Os olhos de Tiago estavam grandes e brilhantes de admiração. Como ele estava se divertindo! Então, ele viu uma grande tartaruga nadando em direção a eles através das ondas.

– Oh! Que tartaruga grande, exclamou ele. Nunca vi uma tartaruga tão grande como essa.

A fada sorriu:

– Será o nosso cavalo, disse a ele. Que bonito passeio faremos.

Tiago olhou-a atônito.

– Oh! Eu não posso ir com você. Sou muito grande.

Então, ela tocou suavemente em Jobi e em Tiago com sua varinha, e imediatamente eles começaram a diminuir até que ficaram do tamanho da fada. Como tudo parecia fantástico e a tartaruga, que todo esse tempo ficou quietinha, esperando, parecia maior que nunca. Ela era tão grande que Tiago sentiu um pouco de medo dela, até que viu um alegre brilho em seus olhos.

Eco pegou Tiago pela mão e foi para a água, mas Tiago voltou.

– Ficarei molhado, ele exclamou, eu e Jobi poderemos nos afogar.

Mas a fada sorriu e disse novamente:

– Você deve confiar em mim. Cuidarei para que você e Jobi voltem a salvo.

Então, os três subiram nas costas da tartaruga que vagarosamente saiu nadando para o mar. De repente, a tartaruga mergulhou e Tiago descobriu, para sua surpresa, que tanto Jobi como ele podiam respirar tão facilmente sob as águas, como em cima delas.

Que coisas maravilhosas Tiago viu! Eles passaram por enormes peixes que os olhavam curiosamente, e muitos deles se aproximaram bastante; viram enormes cavernas, todas cobertas com lindas algas marinhas. O chão dessas cavernas estava forrado com pedras de todas as cores e, em volta delas, havia inúmeros peixinhos brincando felizes, como fazem as criancinhas.

Uma vez, passaram por algo que parecia grande e escuro.

-Isso, disse a fada, é um navio naufragado.

Tiago sabia tudo sobre naufrágios, pois o irmão de Anabela era marinheiro e, quando ele vinha visitá-la, frequentemente contava a Tiago maravilhosos contos sobre naufrágios e terras estrangeiras.

Durante todo esse tempo a tartaruga continuou nadando, guiada pela fada que a tocava levemente com sua varinha, quando queria que ela se virasse.

– Seria melhor voltarmos agora, a fada disse a Tiago. Viemos longe demais.

Ela virou a tartaruga e eles começaram a voltar, mas, aí, algo aconteceu. A tartaruga parou e recusou-se a ir mais longe.

– Devo comer algo antes de voltar, disse ela firmemente e, a despeito de tudo o que Eco podia dizer e disse, ela recusou-se a levá-los de volta antes de jantar.

– Oh! Meu Deus, o que poderei fazer? Disse a fada.

Devo chegar à casa cedo e devolver você e Jobi, sãos e salvos. Quanto egoísmo da tartaruga! Nunca mais confiarei nela para trazer-me às águas. Vamos andar e ver se podemos encontrar alguém que nos ajude.

Enquanto andavam pelo fundo do oceano, Tiago disse:

– Por favor, Eco, diga-me como eu e Jobi podemos respirar debaixo d’água? E por que não ficamos molhados?

Eco levantou sua varinha:

– É isto, respondeu. Quando eu os toquei com isto, vocês se tornaram iguais a mim. Assim que retornarmos, farei vocês voltarem a ser o que eram.

Nesse momento, eles estavam andando em volta de uma grande rocha e viram diante deles um enorme castelo.

– Oh! aqui é onde vivem as fadas das ondas, exclamou Eco com alívio. Tenho quase certeza que elas nos ajudarão.

– Quem são as fadas das ondas? perguntou Tiago. Eo que fazem?

– Elas são as que, nos dias calmos, fazem as ondas que você vê na superfície das águas, disse Eco. Vamos ver se tem alguém em casa. Já é tempo de voltarmos.

Ela bateu na porta enquanto falava. Esta foi aberta por uma fada do tamanho de Eco, só que estava vestida toda de verde, e Tiago não sabia qual das duas era a mais linda.

– Oh! Onda, gritou Eco. Estou feliz que você esteja em casa, pois estamos em apuros. Espero que você nos ajude.

– Naturalmente que sim, sorriu Onda, isto é, se puder. Mas, quem são esses que estão com você? ela perguntou, dando a Jobi e a Tiago um sorriso de boas-vindas.

– São dois amiguinhos meus, respondeu Eco. Eu os trouxe para um passeio.

E aí contou como a tartaruga os tratara mal.

– Foi muito perverso da parte dela, respondeu Onda. Contarei às minhas irmãs sobre isso e teremos que a punir.

Mas entre, e eu tentarei encontrar uma forma de ajudá-los.

Tiago, Jobi e Eco entraram e Tiago olhou tudo com admiração; eles estavam numa sala grande e aqui havia mais daquelas pedras coloridas que ele tinha visto nas cavernas. Eles se sentaram numa grande pilha de musgos macios, e olharam com muito interesse o minúsculo peixe dourado que nadava para lá e para cá, pulando de um canto para o outro, espiando curiosamente por detrás das cortinas de algas marinhas, os estranhos visitantes.
Nesse momento, entrou na sala a fada das ondas.

– Nossa carruagem estará pronta em um momento,ela disse. Mas eu gostaria que vocês pudessem ficar mais tempo, pois há muitos lugares maravilhosos aqui que, tenho a certeza, Tiago e Jobi gostariam de ver.

– Sei que há, replicou Eco, mas devo voltar tão logo possível, pois devo devolver Tiago e Jobi antes que notem a falta deles.

Tiago se perguntava como seria a carruagem, quando ela apareceu diante da porta de entrada. Era uma pérola imensa, na forma de um barco, e ligados a ela, por cordas de algas marinhas, estavam seis lindos peixes dourados guiados por uma fada minúscula, da metade do tamanho de Onda. Ela os saudou amigavelmente e desapareceu em seguida.

– Logo você estará em casa, disse Onda.

Ela tinha subido na carruagem com eles e carregava uma varinha com a qual guiava os peixes, que estavam inquietos e ansiosos para iniciar a jornada.

Como esta jornada pareceu curta para Tiago! Ele pensou que apenas tinham começado, quando Onda parou a carruagem em águas rasas, no exato lugar onde tinham embarcado nas costas da tartaruga.

– Bem, Tiago, você e Jobi se divertiram?” a fada do Eco queria saber.

– Sim, replicou Tiago, e tenho certeza que Jobi também se divertiu, não é Jobi?

Jobi pulava para cima e para baixo e latia de um modo muito engraçado; ele estava tão pequenino!

A fada do Eco sorriu, e estendendo sua varinha tocou a ambos e desapareceu rapidamente na direção da caverna onde morava.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Lúcia encontra as Fadas do Pensamento

Lúcia encontra as Fadas do Pensamento

Lúcia e Ana eram primas. Lúcia estava visitando Ana e como elas estavam se divertindo! Ana era dois anos mais velha que Lúcia, mais alta e mais forte. Mas ela era muito boa para sua priminha menor. A maior maçã, o pêssego mais suculento e o doce mais confeitado sempre iam para Lúcia. Lúcia cavalgava no pônei de Ana e brincava com suas bonecas e pratinhos. Mesmo quando ela quebrava um dos minúsculos pratos de porcelana de Ana, esta não ficava brava.

Mas, finalmente Lúcia e Ana brigaram. Elas queriam brincar de escola, mas cada uma queria ser a professora. Ana achava que devia ser a professora porque era mais velha e Lúcia achava que devia ser a professora porque – bem, porque…

Então, elas brigaram. E Ana deitou-se na grama macia, debaixo da macieira e chorou até que adormeceu. E Lúcia deitou-se na grama macia debaixo do pessegueiro e teve pensamentos de raiva, maus pensamentos sobre Ana.

De repente, ela admirou-se de ver uma multidão de criaturas minúsculas, feias, anãs deformadas, paradas todas em volta dela. Todas estavam mostrando os dentes para ela e Lúcia escondeu sua face, aterrorizada. A mais horrenda criatura de todas, que parecia ser a líder, falou-lhe numa voz dura, ríspida:

– Nós somos as Fadas do Ódio, Lúcia, ela disse. É nosso trabalho levar pensamentos de ódio, ira e maldade de uma pessoa para outra. Nós tivemos que trabalhar muito esta tarde levando esse tipo de pensamentos de você para Ana e de Ana para você. Agora, você irá para a Terra das Fadas do Ódio e lá você deverá viver até encontrar o caminho da saída.

Lúcia tentou gritar e correr, mas não pôde e sentiu-se carregada pela multidão de criaturas hostis que lhe mostravam os dentes. Entraram numa caverna escura que parecia estar no centro da terra. O ar dentro da caverna era frio e úmido, e Lúcia tremia e desejava ver um pequeno raio de sol. Não havia absolutamente luz em toda a caverna, mas Lúcia podia ver as faces brancas das pessoas doentes brilhando na escuridão.

– Pessoas que habitam a terra do ódio e ira geralmente são doentes, disse a líder que estava parada perto de Lúcia. E choram como você vê, pois nunca são felizes.

– Eu ficarei doente e infeliz como essas pessoas? Perguntou Lúcia, com muito medo.

-Se você permanecer aqui por muito tempo, ficará, respondeu a líder. E quanta mais tempo ficar, mais difícil será encontrar uma maneira de sair daqui. Esta caverna fica cada vez mais profunda, escura e mais distante do brilho do sol, da saúde e da felicidade.

– Oh! meu Deus! gritou Lúcia, quando uma fada muito má e horrível parou perto dela, pois ela estava pensando:
– Bern, talvez Ana venha para cá e, então, ficará doente, infeliz e eu me alegrarei.

Antes que ela tivesse terminado esse pensamento mal e pouco caridoso, a fada tomou seu braço, e dirigiu-a para um lugar mais distante ainda na negra caverna.

Agora Lúcia estava muito assustada. Como ela poderia sair desse lugar? Ela não podia, não queria ficar ali.

– Por que essas outras pessoas não saem? ela perguntou.

Virou-se para a líder e batendo seu pé no chão com raiva, exigiu que ela a tirasse da caverna imediatamente.

– Você mesma tem que encontrar a saída, ela disse calmamente. Essas outras pessoas infelizes poderiam ter saído se realmente quisessem, mas preferiram ficar aqui.

Não querem fazer a única coisa que poderia libertá-las.

– O que é? Indagou Lúcia. Eu o farei.

Mas as fadas somente arreganharam os dentes de uma maneira repulsiva. Ai, Lúcia viu Ana, que estava muito triste e chorava. De repente, Lúcia sentiu pena de Ana. Correu para a sua prima e colocou seus braços ao redor dela. E um pequeno raio de luz pareceu brilhar por um momento na caverna escura.

– Oh, Ana, Lúcia também estava chorando, oh, Ana, você está doente, infeliz e eu sinto tanto! Você foi tão boa para mim. Eu amo você, Ana.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Cornélia e as Fadas das Cores

Cornélia e as Fadas das Cores

Num agradável dia de verão, a pequena Cornélia brincava com suas bonecas no seu cantinho predileto, debaixo dos frondosos ramos de uma enorme ameixeira que ficava numa extremidade do longo e ajardinado quintal de sua casa. Muitas e espessas moitas de certa planta de cores bastante variadas, assim como as mais diversas flores, tornavam aquele recanto convidativo, e Cornélia gostava de imaginar que as pétalas daquelas flores eram asas de fadas. E cantarolava alegremente enquanto arranjava suas bonecas em torno do robusto tronco da ameixeira amiga. Alguém, contudo, havia abandonado um espelho ali, sobre a grama. Tomando-o entre os dedos Cornélia notou ao longo de seus convexos ou recurvados bordos algo assim como as cintilações das várias cores de um arco-íris.

“Oh!” – exclamou admirada – “O que aconteceu?”.

Movendo, então, o espelho de um para outro lado, para frente e para trás, descobriu que a luz do Sol é que causava aquele efeito multicolorido em seus bordos. Cornélia sentou-se e pôs-se a examinar o seu achado, atônita ainda pela descoberta do pequenino arco-íris, que aparecia e desaparecia ao menor movimento. Nisto uma risada miúda e cristalina flutuou e escorregou pelo ar, e do meio do riso uma vozinha musical falou:

“Diremos tudo se você aceitar uma brincadeira nossa!”.

Cornélia não coube mais em si de espanto ao ouvir aquela vozinha. Sua boca assemelhava-se a um “O”, e seus olhos castanhos a dois “Os”. E olhava e fitava insistentemente a minúscula figura que se postava frente a ela. Sabia tratar-se de uma criaturinha do mundo das fadas, mas dificilmente podia acreditar naquilo que seus olhos viam. Finalmente decidiu falar:

“Quem e você?”

“Eu” – respondeu o pequeno ser – “sou a Rainha das Fadas das Cores”.

E de fato era, pois uma graciosa e elegante coroa podia ser vista sobre a sua cabecinha, e em uma de suas mãos uma varinha de condão dourada.

“Eu não sabia que existiam Fadas para as cores” – disse a menina, sentindo-se agora mais à vontade.

Ah! “sim?” – sorriu a Rainha das Fadas – “Nós somos em grande número, ainda que as pessoas raramente nos vejam. Mas veem o trabalho que fazemos em toda parte e no mundo inteiro”.

“Que tipo de trabalho?” – indagou Cornélia com ansiedade.

A esta altura um invisível coro de argênteas vozes cantou em resposta:

“Nosso afã é divertido,

nosso afã é divertido,

pois nós fazemos o mundo

mais alegre e colorido!”

“Veja” – explicou a Rainha das Fadas – “nós combinamos e distribuímos as cores que existem nas flores, nos frutos, nas folhas, e em tudo o que existe em volta de você. Vamos a toda parte e estamos sempre pensando na melhor maneira de tornar o mundo o lugar mais belo e colorido em que se possa viver. Gostaria de ver alguma coisa desse trabalho?”.

“Oh! adoraria” – respondeu Cornélia, batendo palmas de alegria.

“Ótimo!” – disse a Rainha das Fadas – “Então vamos começar a brincadeira. Mas deixe-me, primeiro explicar-lhe como se forma um arco-íris: a luz do Sol é branca, ou é o branco mais puro que existe em nosso universo, ainda que na realidade ela apareça aos olhos em sete diferentes cores. Quando a luz branca é dividida, conforme aconteceu no seu espelho ou conforme aconteceu nos céus após uma chuva, então você pode ver cada cor separadamente, formando uma faixa de sete cores. Nós combinamos essas sete cores de maneiras as mais diversas para formar uma grande variedade que você pode ver em volta de si, na Natureza”. Aí, então, a Rainha ergueu a sua varinha e ordenou: “Vermelho e Azul, venham. Vamos começar a brincadeira”.

Imediatamente duas pequeninas fadas – uma toda vestida de azul, a outra toda de vermelho – apareceram, inclinando-se gentil e elegantemente para a Rainha e para Cornélia. Então a Vermelho adiantou-se e se postou em frente à Azul, surgindo da união das duas a cor violeta.

“O que você já viu com essa cor?” – indagou a Rainha dirigindo-se à menina.

“Oh! eu sei: uvas, ameixas, uma flor chamada violeta e algumas outras flores”, respondeu a garota prontamente.

“Certo” – confirmou a Rainha das Cores.

“Agora chamarei o Amarelo. Sr. Amarelo! Sr. Amarelo! Esse é um camarada muito engraçado”.

“Eis-me aqui, aqui estou!” respondeu uma alegre voz, enquanto uma figurazinha toda vestida de amarelo aparecia.

“Oh!” – exclamou Cornélia – “você tem ao mesmo tempo a cor da luz do Sol, dos limões maduros e dos botões-de-ouro!”.

“Que combinação engraçada! Mas você tem razão, senhorita Cornélia. Você tem razão” – concluiu com uma sonora risada.

“Ué! como soube meu nome?” – indagou a menina mostrando surpresa.

“Ah! Nós somos sábias, nós somos sábias, ainda que não sejamos grandes em estatura” – respondeu o Sr. Amarelo, rodopiando velozmente na ponta do dedão do seu pezinho direito.

A seguir o gaiato Espirito da Natureza pôs-se em frente ao Vermelho, e dessa junção surgiu a cor: “Laranja!” – gritou Cornélia.

“Você está, agora, da cor de uma laranja!”.

“A cor das cenouras e das morangas também. Agora vou me colocar em frente ao Azul”.

“Agora você ficou verde como a grama!” – disse a menina.

“E as árvores, e as plantas, e muitas verduras que comem os seres humanos são também verdes, conforme você sabe”, acrescentou a Rainha das Fadas. “Espero que você tenha gostado desta brincadeira e ao mesmo tempo aprendido algo a respeito das cores”.

“Sim, sim, gostei e aprendi. Muito obrigado!” – disse Cornélia.

“Vocês poderiam voltar e ensinar-me mais sobre cores?”.

“Voltamos” – respondeu graciosamente a Rainha das Fadas. “Mas por enquanto precisamos dizer “Adeus”, porque temos muitos lugares a visitar e muita coisa a fazer. Preciso ver se todos os meus auxiliares estão trabalhando de acordo. Assim cumpro minha tarefa, a qual, como você já sabe, é fazer do mundo o mais belo e colorido lugar em que as pessoas possam viver e alegrar-se”.

Cornélia ia começar a falar, mas antes que pudesse dizer alguma coisa já as minúsculas criaturinhas haviam desaparecido.

Teria sido aquilo um sonho? Não. Ela estava convencida de não ter dormido. Além disso a Rainha das Fadas havia prometido voltar para ensinar-lhe mais acerca do maravilhoso mundo das cores.

Cornélia, então, olhou em volta, e viu outra vez o espelhinho. E tomando-o mais uma vez entre as mãos pensou:

“Agora sei de onde vêm essas tão lindas cores!”.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para as Crianças – Vol. I – Grace Evelyn Brown – Fraternidade Rosacruz)

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