O Medo Desnecessário da Morte
É realmente patético ver o sentimento de grande tristeza e de falta de esperança das pessoas enlutadas pela morte de alguém próximo e querido, e ver como, em casos extremos, elas dedicam o resto de suas vidas lamentando por aquele que já faleceu. Vestem-se de roupas pretas e mesmo um sorriso é considerado um sacrilégio à memória do falecido, sem considerar que, com essa atitude mental, prolongam a permanência da pessoa que dizem amar, nas regiões inferiores do Mundo invisível, onde tudo o que é mau vive, movimenta-se e permanece em contato estreito com a parte mais inferior e egoísta da humanidade. Isso não é uma mera fantasia, mas um fato real, e pode ser demonstrado a qualquer pessoa que tenha uma mínima visão espiritual.
Uma das maiores bênçãos conferidas àqueles que estudam e acreditam nos Ensinamentos Rosacruzes é de que, gradualmente, são emancipados do medo da morte e do sentimento de que uma enorme calamidade acontece quando alguém muito próximo e querido passa para os Mundos invisíveis. Uma bênção flui tanto para os chamados “vivos”, como para os chamados “mortos”, quando o Espírito que está partindo recebe a ajuda e os devidos cuidados durante essa transição. Será, então, capaz de assimilar o panorama da vida, o que tornará a sua existência ‘post-mortem’ plena e proveitosa, por não ter sido perturbado por um grande pesar, uma grande tristeza e pelo choro histérico dos que estão ainda encarnados, ao seu redor. Durante os anos seguintes, poderá ser auxiliado por meio das orações deles.
Por outro lado, aqueles a quem chamamos “vivos” e que estudam esses Ensinamentos, estão aprendendo a praticar essa atitude altruísta em relação à morte, tão necessária para o crescimento anímico, porque eles percebem, como um fato real, que a morte do corpo, no momento oportuno, é a maior bênção que pode acontecer com a humanidade. Nenhum de nós possui um Corpo Denso que seja tão perfeito e apropriado para viver eternamente. Na maioria dos casos, os anos marcam os pontos fracos dos nossos veículos em grau crescente, cristalizando-os e endurecendo-os, cada dia mais, até tornarem-se um fardo que ficaremos muito satisfeitos em repousá-los. Temos, então, a esperança e o conhecimento de que a nós deve ser fornecido um novo Corpo e um novo começo numa época futura, e assim poderemos aprender muito mais das lições na escola da vida.
Essa é a época do ano[1] quando a Morte Mística, que todos estamos celebrando naturalmente, leva os nossos pensamentos e os da humanidade em geral para a questão da morte e do renascimento. Não há outro ensinamento que seja tão importante e de valor vital como o do renascimento. Atualmente e mais do que nunca, a humanidade precisa disso devido a carnificina de crueldade e matança que foi posto em prática nos últimos dois anos e meio na Europa[2].
A família humana está tão intimamente interligada que, comparativa e provavelmente, há poucas pessoas no mundo que não tenham perdido algum parente nesse conflito titânico. Ao mesmo tempo, é um dever e um privilégio daqueles que conhecem a verdade sobre a morte disseminar tal verdade ao máximo possível, entre aqueles que ainda estão na escuridão em relação a esse fato.
Portanto, eu fortemente sugerido aos Estudantes da Fraternidade Rosacruz a perceberem que somos todos guardiões de tudo o que possuímos, quer sejam bens físicos ou mentais, e que é nosso dever, na medida do possível, explicar esses importantes fatos da vida e do ser com tato e diplomacia para dar a conhecer àqueles que ainda os ignoram. Nunca sabemos quando teremos a oportunidade de fazer o bem sem olhar a quem. É certo que, mais cedo ou mais tarde, esses Ensinamentos, temporariamente esquecidos, devem retornar ao conhecimento de toda a humanidade, e devemos, sempre que possível, compartilhar com outras pessoas a pérola do conhecimento que encontramos. Se negligenciamos isso, realmente, estaremos cometendo um pecado de omissão, pelo qual, em algum momento, seremos cobrados.
Espero que você faça isso de coração e se dedique a difundir esse conhecimento, não somente quando o momento se oferecer, mas aproveitando todas as oportunidades propícias – porém, com toda a diplomacia e tato apropriado, para que o nosso objetivo não seja frustrado pela utilização de um método inadequado. Além disso, não é necessário rotular esse conhecimento. A Bíblia está cheia de exemplos que podem ser mostrados que essa doutrina era aceita pelos Mestres de Israel, que acreditavam nessa doutrina os quais enviaram mensageiros a João Batista perguntando se ele era Elias. Também especulando se Cristo era Moisés, Jeremias ou outro profeta demonstram evidências de sua crença. Cristo acreditava no renascimento, pois afirmou definitivamente que João Batista era Elias. Essa doutrina foi enunciada por São Paulo no capítulo 15 da 1ª Epístola aos Coríntios e também em outros trechos.
Você não pode prestar um serviço maior à humanidade do que lhes ensinando essas verdades.
(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 77)
[1] N.T.: próximo à Páscoa.
[2] N.T.: refere-se à Primeira Grande Guerra Mundial.
Março 1914
Depois da passagem da Transfiguração, quando Cristo e Seus Discípulos estavam prontos para descer o Monte, os últimos sugeriram que permanecessem aí, onde, com imenso prazer, fariam sua morada.
Isto não lhes foi permitido porque havia no mundo muito trabalho a fazer, e Sua missão não seria executada se aí permanecessem.
O Monte da Transfiguração é a “Rocha da Verdade”, onde o Espírito libertado pode contemplar as realidades eternas. Ali, no GRANDE AGORA (o passado simbolizado por Moisés e Elias), os profetas da velha Dispensação encontraram Cristo, o regente do Reinado que estava para vir. Todo Espírito a quem é permitido contemplar os esplendores supremos deste plano celestial, ouvir os acordes sublimes da harmonia das esferas e ver o colorido maravilhoso que acompanha a música, realmente reluta em abandonar tal lugar. Se não fosse por parecer que perdemos nossa forma e personalidade encerrando todo esse Reino de nós mesmos, provavelmente não teríamos força para voltar a Terra. Mas, esta sensação de que “temos o céu dentro de nós” nos fortifica quando chega o momento de contemplar o lado de fora e atender o trabalho do mundo.
Os objetos no Mundo Físico ocultam sempre sua construção ou natureza interna; vemos apenas a superfície. No Mundo do Desejo vemos os objetos fora e dentro de nós, mas nada nos dizem deles mesmos, nem da vida que os anima. Na Região Arquetípica, situada na Região Concreta do Mundo do Pensamento, parece não haver nenhuma circunferência, mas, para onde quer que dirijamos nossa atenção, ali está o centro de tudo, e a nossa consciência, instantaneamente, enche-se do conhecimento em relação ao ser ou à coisa que estivermos olhando. É mais fácil gravar num fonógrafo o som que nos chega do céu, do que mencionar as experiências que tivemos naquele reino, pois não há palavras adequadas para expressá-las; tudo o que podemos fazer é tentar vivê-las. E, conforme a nossa decisão e diligência ao plantarmos, adubarmos e regarmos tal campo, assim será a nossa colheita.
Este é um assunto que deve ser considerado muito atentamente por cada um de nós: “Que uso estou fazendo dos Ensinamentos Rosacruzes que recebo? Posso estar imaginando uma montanha no país dos sonhos, embora vivendo numa cidade, tão surdos aos apelos que me cercam e que me soam aos ouvidos, como se estivesse distante milhares de quilômetros”. A menos que repartamos, por nosso modo de viver (que deve soar mais alto que as palavras), a verdade que encontramos, incorreremos numa grande responsabilidade, pois: “a quem muito é dado muito será exigido”.
Lembremo-nos que o “conhecimento ensoberbece, mas o amor edifica” e que o serviço é o reflexo da verdadeira grandeza.
(Carta nº 40 do Livro “Cartas aos Estudantes” – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)