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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Astrologia ao Longo do nosso Tempo aqui – Parte 8: A Astrologia no Século XVIII

Podemos dizer, em tom de brincadeira, que no século XVIII, o Iluminismo, “as estrelas já não brilham”.

Esse é o título de um parágrafo do interessante livro: “Astrology: Proof by two” dedicado às estatísticas sobre gêmeos escrito, em 1992, por Suzel Fuzeau-Braesh, pesquisadora em biologia do CNRS.

A partir de 1710, não há mais edições de efemérides astrológicas. Para construir um gráfico, você terá que usar diretórios astronômicos.

No entanto, esse último dá as posições dos Planetas em um sistema de rastreamento vinculado ao equador celeste (ascensão reta e declinação) e não em relação à eclíptica (longitude e latitude celeste) como é necessário na Astrologia. A conversão de um sistema para outro requer conhecimento de trigonometria esférica. E, justamente, a maioria das pessoas que tem esse conhecimento não acredita mais na Astrologia.

Restará então uma vaga astrologia de almanaques que contribui para desacreditar ainda mais a Astrologia.

Diderot (1713-1784) escreve em sua Encyclopédie: “Hoje o nome de astrólogo tornou-se tão ridículo que as pessoas comuns dificilmente acrescentam qualquer fé às previsões dos almanaques”.

Henri de Boulainvilliers (1656-1722), historiador e filósofo, pratica a Astrologia e tenta defendê-la. Infelizmente permite-se prever que Voltaire (1694-1778) morreria aos 33 anos, o que lhe permitiu escrever, em 1757, com o seu humor habitual: “Tive a malícia de o enganar já há trinta anos, pelo que humildemente imploro perdão”.

Citemos os nomes de Cagliostro (1743-1795) e do misterioso Conde de Saint-Germain, considerados aventureiros pelos historiadores, mas que eram Iniciados e conheciam Astrologia.

Max Heindel nos diz em sua resposta à pergunta nº 69 (em “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Volume 2”): “Quando um Adepto cria um corpo é sempre com o objetivo de deixar o lugar onde ele está e iniciar uma nova missão em outro lugar. É por isso que a história nos fala de homens como Cagliostro, Saint-Germain e outros, que um dia aparecem em um determinado meio, fazem um trabalho importante e depois desaparecem”.

Na Pergunta nº 76, do citado livro, ele diz ainda mais claramente: “Eles eram Adeptos…”.

O Iniciado não deve ser confundido com o Conde Claude Louis De Saint-Germain (1707-1778), que foi Ministro da Guerra de Luís XVI entre 1774 e 1777.

Diz-se que o Iniciado “surpreendeu a corte de Luís XV com sua prodigiosa memória”; assim foi antes de 1774, ano da morte de Luís XV.

Max Heindel escreve, no capítulo XVII do livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”: “Também podemos citar como exemplo histórico moderno o fato de que o Conde de Saint-Germain (que foi uma das recentes encarnações de Christian Rosenkreuz, fundador de nossa Sagrada Ordem) falou todas as línguas, de modo que todos com quem falava pensavam que ele era um de seus compatriotas. Ele também alcançou a união com o Espírito Santo”.

No final da sua resposta à Pergunta n°69, do citado livro, Max Heindel acrescenta, a propósito de Christian Rosenkreuz: “Diz-se que ele assumiu o corpo de uma dama da Corte de França antes da Revolução e que fez todo o possível para evitar essa catástrofe iminente, embora sem sucesso. Embora acreditemos que isso seja possível, só sabemos disso por boatos”.

Se for esse o caso, deve-se admitir que o conde de Saint-Germain, falecido em 1784, teria continuado sua missão na Corte em um veículo feminino apenas cinco anos antes da Revolução.

Na mesma resposta, Max Heindel diz que um Adepto sai do lugar onde se encontra quando constitui um novo corpo físico, o que pode parecer contraditório, porém, deve-se reconhecer que no caso do Conde de Saint-Germain, foi um caso de emergência, pelo que, excepcionalmente, foi feita uma segunda tentativa, por Christian Rosenkreuz, com o objetivo de evitar esse banho de sangue…

LEI DE BODE

Não se pode deixar o século XVIII sem abordar a lei de Bode, mencionada, por Max Heindel, no primeiro capítulo do livro “Astrologia Científica Simplificada” e no final do segundo capítulo do livro “Mensagem das Estrelas”.

Esse é um capítulo bastante longo porque teremos que considerar as descobertas de diferentes corpos celestes entre o século XVIII e o início do século XXI.

Em 1741, o filósofo alemão Christian Wolff (1679-1754) descobriu que as distâncias dos Planetas ao Sol seguem aproximadamente uma lei geométrica. Mas, essa aproximação é bastante grosseira.

Trinta e um anos depois, outro astrônomo alemão, Johann Daniel Tietz (1729-1796), que latinizou seu nome como era comum na época chamando-se Titius, melhorou essa lei da seguinte maneira: se multiplicarmos por 10, a unidade astronômica (distância média entre a Terra e o Sol), obtemos uma boa aproximação das distâncias médias dos Planetas ao Sol tomando para Mercúrio o número 4, para Vênus o número 7 = 4+3, para a Terra o número 10 = 4+6, para Marte: 16 = 4+12, para Júpiter: 52 = 4+48, para Saturno: 100 = 4+96.

Para quem não é alérgico à matemática, essa lei pode ser expressa da seguinte forma: 10di / d3 = 4+3(2^(i-2))

onde d3 designa a distância média Terra-Sol e di designa a distância média do i-ésimo Planeta do Sistema Solar ao Sol, sendo: “1” Mercúrio, “2” Vênus, “3” Terra, “4” Marte, “6” Júpiter, “7” Saturno.

Recorde-se que só conhecíamos seis Planetas naquele tempo e assinalamos que era necessário ir diretamente de 12 para Marte para 48 para Júpiter, em vez de 24.

Poderia haver um Planeta invisível entre Marte e Júpiter? Os astrônomos logo descobririam.

Em 1778, o diretor do observatório de Berlim, Jean Elert Bode (1747-1826) mencionou essa lei em uma de suas publicações. Acontece que três anos depois, Sir William Herschel (1738-1822) descobriu o Planeta Urano “por acaso”.

Ele estava engajado na Guarda Real Britânica como oboísta e só começou a estudar astronomia aos 28 anos.

Não tendo como comprar um telescópio, ele construiu um, muito mais eficiente, com as próprias mãos (a ampliação era de 200).

Em 13 de março de 1781, por volta das 23 horas, ele apontou seu telescópio na direção “certa” e inicialmente pensou que era um cometa embora não tivesse “aparência peluda” (ele anunciou como um “cometa careca” …).

Vários estudiosos (Brochart de Saron, Laplace, Lexell, …) provaram que era um Planeta. Bode notou que a distância média de Urano ao Sol correspondia bem à mesma lei e é por isso que essa lei tomou o nome de lei de Bode, apesar dos protestos desse último, a quem a lei foi indevidamente atribuída. Posteriormente, esse erro de nomenclatura foi parcialmente corrigido, pois foi acrescentado o nome Titius.

É usando a lei de Titius-Bode que se comprometeu a preencher a lacuna observada entre Marte e Júpiter. Já em 1786, o astrônomo francês Jérôme Lalande (1732-1807), empreendeu essa pesquisa, mas sem sucesso.

Você tem que cruzar o limiar do século 19 e ir para a Itália.

Essa lacuna entre Marte e Júpiter destacada pela lei de Titius-Bode foi preenchida em 1º de janeiro de 1801, no observatório de Palermo, na Sicília, por um astrônomo e monge beneditino chamado Giuseppe Piazzi (1746-1826).

Ele descobriu o maior dos asteroides, Ceres, cuja distância média do Sol corresponde à quinta posição na lei de Bode.

Em 1802, Pallas foi descoberto. Isso intrigou os astrônomos porque era surpreendente que dois Planetas orbitassem tão próximos um do outro.

O espanto aumentou ainda mais quando Juno foi descoberto em 1804 e depois Vesta em 1807. Não se tratava, portanto, de um único Planeta, mas de um conjunto de corpos, que chamamos de “asteroides”, localizados em torno da famosa “distância de Bode”.

Será necessário esperar até 1845 para descobrir um quinto asteroide chamado Astrée.

(de: Introduction: L’Astrologie Selon Les Enseignements Rosicruciens : L’Astrologie Rosicrucien, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix – Traduzido pelos irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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Os Espíritos Esclarecidos e o Vegetarianismo

Os Espíritos Esclarecidos e o Vegetarianismo

O vegetarianismo, tão velho como o mundo, foi sustentado pelos grandes espíritos; não nasceu da imaginação de um cérebro doentio, mas corresponde a uma realidade científica.

Desde os tempos mais remotos, os moralistas, legisladores, chefes de escolas científicas, filosóficas ou religiosas condenaram os excessos alimentares, pregando a seus concidadãos, discípulos ou adeptos a abstinência de toda carne (mamífero, aves, peixes, répteis, anfíbios, “frutos do mar” e qualquer outro do reino animal). Sem remontar à época dos magos, dos sábios da Índia, da China primitiva e do Egito, momento em que o vegetarianismo desfrutava grande prestígio, lembremos que entre os hebreus, os nazarenos praticavam a completa abstinência de carne.

Os pelasgos viviam de frutas; os pitagoristas alimentavam-se de frutas, queijo, legumes variados, pão e mel. Pitágoras, ele próprio, que morreu centenário, dizia, falando da carne: “Temei, ó, mortais, poluir vosso corpo com uma alimentação abominável”.

Platão não tolerava o uso da carne, senão para os soldados. Ele a proibia aos cidadãos de sua República ideal: “Sua alimentação”, preconizava ele, “será de farinha de trigo e de cevada, sob a forma de pão e pastéis. Usarão também sal, azeitonas, queijo, cebola, hortaliças cruas, figo, ervilha e fava. Assim, tranquilos e cheios de saúde, chegarão até à velhice e deixarão a seus filhos a herança de uma vida feliz”. Muito frugal, Platão nutria-se, sobretudo, de figos.

Os neoplatônicos da Escola de Alexandria, Longin, Jamblique e Porfírio, mantiveram a doutrina do mestre e condenaram a carne.

Tais ideias foram professadas por outros sábios. Crísipo, Socion e Sextus sugeriram-nas a Sêneca, que foi partidário do regime vegetariano.

Plutarco afirmava o seguinte.

  1. Nada há de mais natural que a repugnância que se experimenta ao comermos a carne dos animais.
  2. Só os homens primitivos a puderam suportar, por uma cruel necessidade.
  3. O uso de carne induz à ingratidão, barbárie e sensualidade desordenada.
  4. O homem não tem a constituição dos animais onívoros. Ele então acrescenta: Falais de dragões selvagens, panteras e leões, mas vós mesmos nada deveis a esses animais em crueldade, pois o morticínio é para eles uma necessidade, visando à nutrição, ao passo que para vós é um regalo, além do que tendes de usar os artifícios dos temperos para dissimular a repugnância.

Ovídio fez uma profissão de fé vegetariana que pôs na boca de Pitágoras. Depois de ter condenado a morte dos animais, ele diz: “Não era assim naquele tempo que denominamos a idade de ouro, em que o homem se contentava com as hortaliças e as frutas que abundavam na Terra, não maculando a boca com o sangue dos animais”.

Ninguém ignora com que força os Pais da Igreja se têm levantado contra o uso da carne. “Seguimos o exemplo dos lobos e dos tigres!”, exclamava São João Crisóstomo. “Ou, antes, somos piores do que eles, pois Deus nos honrou com o senso da equidade”.

Recomendava Clemente de Alexandria: “Guardai-vos desses alimentos. Não vos basta uma tão grande variedade de frutas, leite e toda sorte de alimentos secos? Aqueles que se reúnem em torno de mesas intemperantes cevam suas doenças e desenvolvem uma que considero vergonhosa, a que denominaria de demônio do ventre”.

Sem dúvida poderão objetar que tais ensinamentos, oriundos da antiguidade, não se poderiam aplicar aos nossos climas nem à nossa existência, devido à agitação dos tempos modernos. Dirijamo-nos, então, aos modernos.

Voltaire, nas Cartas de um indiano, comprazia-se em desvendar as baixezas da cozinha europeia, insistindo prazerosamente nos sabores nauseabundos da carne e da gordura dos animais.

Diderot e J. J. Rousseau defenderam resolutamente o vegetarianismo. O autor de Emile observava que os camponeses comiam menos carne e mais verduras do que as mulheres das cidades. Esse regime parecia mais favorável a elas e a seus filhos. Aos “necrófagos” eu aconselharia meditar sobre a seguinte página do poeta inglês Schelley.

“A anatomia comparada nos mostra que o homem se assemelha aos animais frugívoros e nada tem dos carnívoros; nem as garras para se apoderar da presa nem os dentes cortantes para a despedaçar viva. Somente pelo preparo, à custa de inteligentes manobras da arte culinária, é que se consegue tornar a carne mastigável e digestível.”

“Concito aqueles que aspiram a uma vida saudável e feliz que façam uma experiência imparcial do vegetarianismo. Não obstante a excelência desse regime, é somente entre os seres humanos esclarecidos que se pode esperar que sacrifiquem seu apetite e seus preconceitos… pois as pessoas de vistas curtas, vítimas de doenças, preferem acalmar seus tormentos com drogas a preveni-los com um regime atóxico, equilibrado e saudável.”

Schelley insiste, em seguida, nas enormes vantagens econômicas e sociais de uma reforma alimentar.

Lamartine, o mavioso poeta francês, criado por sua mãe nos princípios do vegetarianismo, conta que aos doze anos viveu só de pão, laticínios, verduras e frutas. “Minha saúde”, disse ele, “não foi menos perfeita por isso nem meu desenvolvimento menos rápido e é provavelmente a esse regime que eu devo esta pureza de estilo, esta sensibilidade requintada de impressões, esta doçura serena de humor e de caráter que conservei até esta época”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de dezembro/1965)

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