Fé, Esperança e Amor: a espera na porta do nosso coração, onde está o templo
Disse o Mestre: “No caminho para o Santo Castelo do Graal, onde se oferecem às almas o Elixir da Paz de Deus, leve sem demora, filho do meu coração, o bastão da Esperança, a Luz da Fé e o néctar do verdadeiro Amor.
O bastão da Esperança te guardará contra as feras do medo e do desalento, que espreitam o caminho.
A Luz da Fé te ilumina o caminho na noite do desespero e tornará visível a imagem magnífica diante de teus olhos espirituais.
O néctar do Amor Puro dar-te-á a força necessária para escalar o penhasco íngreme da melancolia!
Ele fortificará teu coração, conservará tua esperança e tua Fé vivas!
Embora a tempestade do infortúnio seja tão forte que te ameace arrancar os pés do chão firme, não deixes cair das tuas mãos o bastão da Esperança!
Se as ondas do sofrimento e o tormento da tua alma ameaçam-te subjugar, mesmo assim, não percas a esperança, reanima-te e desafia com a força renovadora os obstáculos das ondas revoltadas!
Reconhece, porém, que no desespero mais alto existe ainda uma faísca de nova esperança!
Saibas que, mesmo que o céu esteja coberto de escuras nuvens, o sol, a lua e as estrelas estão escondidas além e em breve reaparecerão novamente!
Percebe que nenhuma tormenta jamais durou eternamente!
Após a noite desponta a aurora, o fluxo sucede ao refluxo das ondas, à luta sucede a paz!
Essa é a lei da Graça, do Amor e da Sabedoria Divina!
Portanto, espera meu filho, embora não haja mais motivo de esperança! Espera, mesmo no mais profundo desespero!
Espera, embora não vejas sequer tênue Luz de esperança! Porém, reconhece que a verdadeira esperança obtém sua força da verdadeira fé!
Verdadeira Fé é aquela fonte de energia que nunca falha, nunca se esgota!
Verdadeira Fé é aquela chama inflamada pela mão de Deus que nunca se apaga!
Por isso, conserva o bastão de tua esperança através da correnteza da verdadeira Fé, sempre verde!
Sim, transforma tua esperança em Fé verdadeira, como a lagarta rastejante se transforma numa alada e magnífica borboleta!
A verdadeira Fé não conhece desânimo ou medo. Ela está inflamada do fogo do entusiasmo e compenetrada do alento da convicção interna!
A Luz da Fé te mostrará os rastros dos peregrinos que sulcaram este caminho muito antes de ti; fortalecerá teus pés e dar-te-á forças novas!
A semente da Esperança só pode ser despertada para a vida pela Luz da Fé! Sem a Luz da Fé, a árvore da vida do ser humano não pode crescer nem dar frutos! Na Fé está a maior força da Cura!
A Fé está enraizada na aperfeiçoada energia da vida!
Na Fé desembocam todas as forças criadoras da alma!
Quem anda sem a Luz da Fé cairá dentro em breve vítima do demônio do desespero! Não deixes, pois, ó peregrino do Santo Graal, que a Luz da convicção se apague em teu coração.
Crê na direção e na providência Divina!
Crê na força salvadora do sacrifício!
Crê na lei universal que não deixa esforço e sacrifício sem recompensa!
Crê, que também tu, por pequena a importância que pareças ter na posição em que te achas, terás de cumprir uma missão!
Crê na força criadora da tua própria alma!
Crê na potência do Santo Graal, no templo invisível da humanidade!
Crê, antes de tudo, no poder divino do verdadeiro Amor!
Reconheça que o Amor puro é o refúgio de todas as almas!
O Amor puro remove todo o antagonismo e todas as inimizades!
O Amor puro afasta todas as dificuldades da vida!
O Amor é o eixo da criação, a origem e o fim do caminho que conduzirá ao templo da redenção!
O Amor puro é distintivo dos Cavaleiros do Santo Graal!
O Amor puro é o alimento dos deuses e dos Anjos!
No Amor puro reflete-se a face de Deus — sim — ele é Deus mesmo!
Deixa, pois, a Luz de tua Fé inflamada pela brasa do Amor puro!
O Amor puro é universal, por isso não conhece fronteiras e nele não há diferenças! É aquele sol ardente do coração de Deus o qual vivifica e ilumina tudo, seja alto ou baixo, bom ou mau, bonito ou feio!
Uma centelha desse Sol — o Amor do Criador — está oculta no coração de cada ser humano! O dever de cada alma é despertar e inflamar essa centelha!
Enquanto não despertares essa centelha divina em teu coração, és indigno de usar o nome ‘Cavaleiro do Santo Graal’!
O Amor puro não conhece ódio ou orgulho. Ele conhece somente perdão, sacrifício e benignidade. Ele é paciente, bondoso e tolerante!
O Amor dar-se-á e achará a bem-aventurança no sacrifício de si mesmo! Ele não deseja mais do que dedicação! Nunca se sente ferido ou magoado! Nunca para de chamejar e de entusiasmar, mesmo se for negado!
Ele vivifica tudo, alimenta tudo, salva tudo!
Ele perdoa os malfeitores, porque reconhece que eles sofrem e andam em treva espiritual. Ele os ilumina, cura-os e torna-os sadios!
O Amor sabe que os cegos pisoteiam a flor santa da verdade por cegueira. Por isso os conduza para o caminho certo!
O Amor sabe que as trevas não se podem vencer com trevas, porém só pela Luz!
Por isso ele andará com os malfeitores e decaídos, sempre misericordioso e compassivo!
Pela sua dedicação compadecedora, ele salva as almas obscurecidas e faz que os corações cegos recuperem a vista!
Assim, ama, ó peregrino, teus inimigos, para que possas salvá-los!
Ama também teus sofrimentos para que possas transformar sua força em bênção!
Tua admissão no exército dos Cavaleiros do Santo Graal depende da atividade desse amor puro. Tu deves conservá-lo sempre vivo, no viver de cada dia!
O guardião do Castelo do Graal te perguntará, um dia, antes de transpores os portais do Castelo: ‘Quantas almas trouxeste, peregrino, como sinal dos sacrifícios de amor puro?’.
Quem não apresentar uma única alma salva, como testemunho da sua dignidade, o portal do Santo Graal, então, jamais se abrirá para ele!
Bem-aventurado aquele que despertou e conduziu muitas almas pelo poder do amor puro, pois será admitido como servidor no Castelo do Santo Graal!
Agora, foste, ó saudoso peregrino, informado sobre o caminho que conduz ao Castelo do Graal!
Mas reconhece que ninguém é capaz de começar a peregrinação para o Castelo do Graal, se não for chamado por ele!
Recebe, agora, estas palavras como um chamado do Santo Graal e começa com o bastão da Esperança, a Luz da Fé na tua mão e o néctar do Amor puro no coração — tua peregrinação.
Meus olhos cuidarão dos teus passos e a minha bênção te acompanhará. Eu te esperarei aqui, na porta do teu coração, onde está situado o templo.
Felicidades para ti! Felicidades para todos os Seres!”.
(Traduzido do alemão e publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1973)
A Ação e o Amor: total isenção de interesses. Consegue?
Tagore, o grande poeta e filósofo, afirmou certa vez “que a ação e o amor são os únicos meios pelos quais se pode chegar ao conhecimento perfeito”. Em outra ocasião, acrescentou que “a ação só pode ser harmoniosa quando inspirada no amor”.
Esses pensamentos de Tagore vieram à nossa mente, bem a propósito de um fato atual: a grande procura de obras tratando de ocultismo, parapsicologia, controle mental, fenômenos paranormais, etc. nas livrarias. Alguns desses livros transformaram-se em autênticos “best-sellers”, com índices de vendagem superando a expectativa dos editores.
Analisado sob ângulos convencionais, o fato, em si mesmo, não tem porque surpreender. Afinal, a comercialização de livros, assim como a de qualquer outro produto, depende de uma série de fatores conjugados para alcançar êxito: competente trabalho de “marketing”, inteligente e criativa veiculação publicitária, entre outros.
Mas, em se tratando de obras versando sobre assuntos transcendentais, a questão demanda uma análise mais profunda. Um tratado de ocultismo, como o CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS, por exemplo, não é um bem de consumo na acepção clássica da palavra. Poucos sentem inclinação para o estudo dos mistérios da natureza. Há, isso, sim, uma preferência por amenidades ou leituras “sem compromisso”, tipo “readers digest”.
Contudo, dia a dia cresce o número de pessoas interessadas em pesquisar o campo do esoterismo. Daí aumentar, também, o interesse das editoras em lançar obras desse gênero no mercado livreiro.
Nota-se — e isso é motivo de regozijo — por detrás de toda essa busca, uma ânsia admirável de penetrar no desconhecido, rompendo as fronteiras do oculto. O homem quer desvendar mistérios. A ciência materialista, a despeito de seu notável progresso, não logrou adentrar outras dimensões. Os instrumentais de que dispõe para pesquisa são limitados, ainda limitados. Quando muito abordam os efeitos. Isso não basta. Não satisfaz a natureza do homem mais amadurecido para as verdades do espirito.
Por meticulosos que sejamos no estudo de um fato, vão será nosso esforço, se não acharmos e perscrutarmos suas causas, pois a verdade primordial que o caracteriza, encontra-se subjacente em sua origem.
Dessa maneira, só nos domínios espirituais podemos defrontar-nos, com as raízes de todos os fenômenos, causadores de tanta perplexidade nos conturbados dias em que vivemos.
Essa busca do conhecimento esotérico, todavia, deve encontrar pausas periódicas em seu desenrolar. Interregnos para meditação e avaliação de motivos. Afinal, o que nos move a estudar matérias tão profundas, de reconhecida aridez para o homem vulgar? Diletantismo? Mera curiosidade? Desejo de satisfazer interesses imediatistas? Ou propósitos elevados?
O que vai determinar nosso êxito é a finalidade com a qual nos propusemos a pesquisar. Se somos diletantes, curiosos ou utilitaristas, quando muito adquiriremos um conhecimento intelectual, livresco, superficial. Distante estaremos da verdadeira sabedoria. Só se pode garimpar o “campo do espírito” com total isenção de interesses.
Estudando com afinco, movidos por um sincero desejo de ajudar a humanidade, vibraremos em uníssono com o “campo do espírito”. Uma afinidade vibratória dessa natureza tornar-nos-á cada vez mais sensíveis e receptivos às verdades cósmicas. Esse amor ao próximo, convertido em ação, abrir-nos-á perspectivas inimagináveis de progresso anímico. Amando e colaborando ativamente no aperfeiçoamento de todas as coisas, gradativamente, nos acercaremos da Divina Fonte, onde nos será oferecido o conhecimento perfeito.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1978)
O Menino Laércio
PALAVRA CHAVE: Oportunidade
Logo na esquina do enorme prédio de apartamento onde moravam Diego e Rosália, ficava uma antiquada casinha térrea. Ela tinha sido branca há muito, muito tempo atrás, pois agora era qualquer coisa menos branca, quando nossa história começou.
Diego e Rosália nunca tinham notado aquela casinha estranha. De fato, eles não sabiam que ela estava ali, até que certa manhã o jornal não chegou. O pai de Diego parecia perdido de manhã sem o jornal e já estava saindo para comprar um quando Diego disse:
– Por favor, papai, deixe-me ir.
E Diego saiu para comprar o jornal. Quando chegou a porta da frente, perguntou ao porteiro por que o jornal não tinha vindo.
– Bem, meu rapazinho, eu não sei, mas acho que deve ter havido algum tipo de problema na casinha da esquina.
Diego não estava interessado na casa da esquina, mas estava ansioso para conseguir um jornal para seu pai, por isso indagou:
– Você sabe onde eu posso conseguir um jornal da manhã?
– O entregador mora na casinha da esquina; você pode tentar lá. Não custa tentar.
Assim, Diego correu até lá para ver. Quando chegou sem fôlego, ia bater na porta, mas parou rapidamente porque ouviu vozes.
– Laércio, meu filho, por favor, comece logo a entrega. Você pode perder sua freguesia se você não for e amanhã você estará contente por continuar a fazê-lo. Laércio, meu filho, você deve ir – ainda que seja só para agradar sua mãe.
– Não posso fazer isso, nem mesmo para agradá-la, querida mamãe. Tenho que me transformar em um homem, agora. Não posso continuar sendo entregador de jornais a vida toda. Preciso ter mais oportunidades.
– Oportunidades, querido? Esta é uma palavra estranha para um garotinho. Você sabe o que ela significa?
– Sei mamãe, significa que eu posso ser livre e ter a oportunidade de fazer grandes coisas.
– Você é um menino inteligente, Laércio e eu tenho orgulho de você! Mas não acha que poderia aparecer uma oportunidade para um trabalho melhor que lhe dê liberdade, mesmo sendo entregador por mais algum tempo?
– Mas, mamãe, como posso cuidar de você neste mundo, sendo apenas um entregador de jornal?
– Meu querido, é por aí que a oportunidade virá. Se você continuar neste emprego por mais um pouco, ficará mais conhecido e seus fregueses vão encomendar revistas também. E aí não demorará muito para que possa até pintar a casa. Já pensei em tudo. Teremos a nossa casa limpa e bonita e logo estarei forte de novo.
Com as revistas e jornais, quem sabe, poderemos ter um verdadeiro negócio e você voltar para a escola.
– Oh, mamãe, eu realmente acredito que você tem razão. Você pensou em tudo. Eu queria uma oportunidade, mas não sabia como consegui-la depressa e ia jogar fora a única coisa que me daria liberdade e meios de progredir.
Sim, mamãe, vou entregar meus jornais agora mesmo. Estou um pouco atrasado, mas é a primeira vez, e acho que meus fregueses vão me perdoar.
Saiu bem na hora em que Diego bateu na porta. Imaginem a surpresa de Diego quando Laércio a abriu. Ele mal podia acreditar que, à sua frente, estava Laércio Gordon, o aluno mais brilhante da classe, que desistira repentinamente de estudar. E pensar que ele nunca soubera que Laércio morava ali na esquina.
Bem, vocês podem imaginar que Diego contou a seu pai tudo sobre o menino Laércio e sua “oportunidade”. Toda a família, o pai, a mãe, Rosália e Diego, decidiram ajudar Laércio a conseguir sua liberdade.
Um pouco mais tarde, a “casinha branca da esquina” conseguia a tão necessitada pintura, como Mamãe disse. Na janela havia flores coloridas e toda a casa era tão atraente que um dia chamou a atenção de um homem muito rico. Ele gostou tanto da casa que a comprou, pagando uma enorme quantia em dinheiro, suficiente para que Laércio e sua mãe tivessem várias e novas oportunidades, como também mais liberdade para Laércio estudar e se divertir.
Vocês veem, é fazendo realmente bem e com amor as coisas que temos que fazer todos os dias, que surgem novas oportunidades, por isso, vamos fazer com toda a nossa força o que nossas mãos e as nossas Mentes tem para fazer.
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)