A Ação e o Amor: total isenção de interesses. Consegue?
Tagore, o grande poeta e filósofo, afirmou certa vez “que a ação e o amor são os únicos meios pelos quais se pode chegar ao conhecimento perfeito”. Em outra ocasião, acrescentou que “a ação só pode ser harmoniosa quando inspirada no amor”.
Esses pensamentos de Tagore vieram à nossa mente, bem a propósito de um fato atual: a grande procura de obras tratando de ocultismo, parapsicologia, controle mental, fenômenos paranormais, etc. nas livrarias. Alguns desses livros transformaram-se em autênticos “best-sellers”, com índices de vendagem superando a expectativa dos editores.
Analisado sob ângulos convencionais, o fato, em si mesmo, não tem porque surpreender. Afinal, a comercialização de livros, assim como a de qualquer outro produto, depende de uma série de fatores conjugados para alcançar êxito: competente trabalho de “marketing”, inteligente e criativa veiculação publicitária, entre outros.
Mas, em se tratando de obras versando sobre assuntos transcendentais, a questão demanda uma análise mais profunda. Um tratado de ocultismo, como o CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS, por exemplo, não é um bem de consumo na acepção clássica da palavra. Poucos sentem inclinação para o estudo dos mistérios da natureza. Há, isso, sim, uma preferência por amenidades ou leituras “sem compromisso”, tipo “readers digest”.
Contudo, dia a dia cresce o número de pessoas interessadas em pesquisar o campo do esoterismo. Daí aumentar, também, o interesse das editoras em lançar obras desse gênero no mercado livreiro.
Nota-se — e isso é motivo de regozijo — por detrás de toda essa busca, uma ânsia admirável de penetrar no desconhecido, rompendo as fronteiras do oculto. O homem quer desvendar mistérios. A ciência materialista, a despeito de seu notável progresso, não logrou adentrar outras dimensões. Os instrumentais de que dispõe para pesquisa são limitados, ainda limitados. Quando muito abordam os efeitos. Isso não basta. Não satisfaz a natureza do homem mais amadurecido para as verdades do espirito.
Por meticulosos que sejamos no estudo de um fato, vão será nosso esforço, se não acharmos e perscrutarmos suas causas, pois a verdade primordial que o caracteriza, encontra-se subjacente em sua origem.
Dessa maneira, só nos domínios espirituais podemos defrontar-nos, com as raízes de todos os fenômenos, causadores de tanta perplexidade nos conturbados dias em que vivemos.
Essa busca do conhecimento esotérico, todavia, deve encontrar pausas periódicas em seu desenrolar. Interregnos para meditação e avaliação de motivos. Afinal, o que nos move a estudar matérias tão profundas, de reconhecida aridez para o homem vulgar? Diletantismo? Mera curiosidade? Desejo de satisfazer interesses imediatistas? Ou propósitos elevados?
O que vai determinar nosso êxito é a finalidade com a qual nos propusemos a pesquisar. Se somos diletantes, curiosos ou utilitaristas, quando muito adquiriremos um conhecimento intelectual, livresco, superficial. Distante estaremos da verdadeira sabedoria. Só se pode garimpar o “campo do espírito” com total isenção de interesses.
Estudando com afinco, movidos por um sincero desejo de ajudar a humanidade, vibraremos em uníssono com o “campo do espírito”. Uma afinidade vibratória dessa natureza tornar-nos-á cada vez mais sensíveis e receptivos às verdades cósmicas. Esse amor ao próximo, convertido em ação, abrir-nos-á perspectivas inimagináveis de progresso anímico. Amando e colaborando ativamente no aperfeiçoamento de todas as coisas, gradativamente, nos acercaremos da Divina Fonte, onde nos será oferecido o conhecimento perfeito.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de maio/1978)
O Menino Laércio
PALAVRA CHAVE: Oportunidade
Logo na esquina do enorme prédio de apartamento onde moravam Diego e Rosália, ficava uma antiquada casinha térrea. Ela tinha sido branca há muito, muito tempo atrás, pois agora era qualquer coisa menos branca, quando nossa história começou.
Diego e Rosália nunca tinham notado aquela casinha estranha. De fato, eles não sabiam que ela estava ali, até que certa manhã o jornal não chegou. O pai de Diego parecia perdido de manhã sem o jornal e já estava saindo para comprar um quando Diego disse:
– Por favor, papai, deixe-me ir.
E Diego saiu para comprar o jornal. Quando chegou a porta da frente, perguntou ao porteiro por que o jornal não tinha vindo.
– Bem, meu rapazinho, eu não sei, mas acho que deve ter havido algum tipo de problema na casinha da esquina.
Diego não estava interessado na casa da esquina, mas estava ansioso para conseguir um jornal para seu pai, por isso indagou:
– Você sabe onde eu posso conseguir um jornal da manhã?
– O entregador mora na casinha da esquina; você pode tentar lá. Não custa tentar.
Assim, Diego correu até lá para ver. Quando chegou sem fôlego, ia bater na porta, mas parou rapidamente porque ouviu vozes.
– Laércio, meu filho, por favor, comece logo a entrega. Você pode perder sua freguesia se você não for e amanhã você estará contente por continuar a fazê-lo. Laércio, meu filho, você deve ir – ainda que seja só para agradar sua mãe.
– Não posso fazer isso, nem mesmo para agradá-la, querida mamãe. Tenho que me transformar em um homem, agora. Não posso continuar sendo entregador de jornais a vida toda. Preciso ter mais oportunidades.
– Oportunidades, querido? Esta é uma palavra estranha para um garotinho. Você sabe o que ela significa?
– Sei mamãe, significa que eu posso ser livre e ter a oportunidade de fazer grandes coisas.
– Você é um menino inteligente, Laércio e eu tenho orgulho de você! Mas não acha que poderia aparecer uma oportunidade para um trabalho melhor que lhe dê liberdade, mesmo sendo entregador por mais algum tempo?
– Mas, mamãe, como posso cuidar de você neste mundo, sendo apenas um entregador de jornal?
– Meu querido, é por aí que a oportunidade virá. Se você continuar neste emprego por mais um pouco, ficará mais conhecido e seus fregueses vão encomendar revistas também. E aí não demorará muito para que possa até pintar a casa. Já pensei em tudo. Teremos a nossa casa limpa e bonita e logo estarei forte de novo.
Com as revistas e jornais, quem sabe, poderemos ter um verdadeiro negócio e você voltar para a escola.
– Oh, mamãe, eu realmente acredito que você tem razão. Você pensou em tudo. Eu queria uma oportunidade, mas não sabia como consegui-la depressa e ia jogar fora a única coisa que me daria liberdade e meios de progredir.
Sim, mamãe, vou entregar meus jornais agora mesmo. Estou um pouco atrasado, mas é a primeira vez, e acho que meus fregueses vão me perdoar.
Saiu bem na hora em que Diego bateu na porta. Imaginem a surpresa de Diego quando Laércio a abriu. Ele mal podia acreditar que, à sua frente, estava Laércio Gordon, o aluno mais brilhante da classe, que desistira repentinamente de estudar. E pensar que ele nunca soubera que Laércio morava ali na esquina.
Bem, vocês podem imaginar que Diego contou a seu pai tudo sobre o menino Laércio e sua “oportunidade”. Toda a família, o pai, a mãe, Rosália e Diego, decidiram ajudar Laércio a conseguir sua liberdade.
Um pouco mais tarde, a “casinha branca da esquina” conseguia a tão necessitada pintura, como Mamãe disse. Na janela havia flores coloridas e toda a casa era tão atraente que um dia chamou a atenção de um homem muito rico. Ele gostou tanto da casa que a comprou, pagando uma enorme quantia em dinheiro, suficiente para que Laércio e sua mãe tivessem várias e novas oportunidades, como também mais liberdade para Laércio estudar e se divertir.
Vocês veem, é fazendo realmente bem e com amor as coisas que temos que fazer todos os dias, que surgem novas oportunidades, por isso, vamos fazer com toda a nossa força o que nossas mãos e as nossas Mentes tem para fazer.
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)