Os Pintarroxos e o Abeto
Parte III
Palavra-chave: Equilíbrio
Nossa última história mostrou como os Espíritos do ar, da água e do fogo causaram uma tempestade tão forte, que o lindo abeto do parque foi totalmente arrancado e derrubado no chão. E ali ficou durante uma semana, antes de ser removido. João foi lá todo o dia para sentar-se sobre os galhos e não sob eles.
Gostaria de ter enterrado os filhotinhos, mas não pôde pegá-los, pois havia muitos galhos pelo meio. Logo depois, percebeu que os pais pintarroxos tinham desistido de procurar seus bebês e começaram a construir um novo lar, em um galho grosso de uma trepadeira que subia em um muro.
Um dia, o Espírito do Ar apareceu, subitamente, à frente de João e sorrindo tristemente disse:
– Irmãozinho, todos nós erramos, não é? É assim que aprendemos nossas lições. Eu não sabia que as salamandras iriam lutar tanto e isso fez com que nós, sílfides, ficássemos tão ofendidas, que sopramos e sopramos com todas as forças que tínhamos. As ondinas também exageraram e encharcaram a terra.
Então, em vez de ajudarmos nosso amigo abeto, nós só pioramos as coisas, nós o matamos; ele não pôde aguentar. Mas eu serei bem mais cuidadoso de agora em diante.
– Talvez tenha chegado a hora da sua amiga abeto morrer, disse João. Sabe que ela pressentiu que algo ia acontecer. Lembra-se de como ela avisou os pintarroxos para não construírem o ninho em seus galhos?
Acho que queria ir, achava que já tinha feito todos os serviços de amor que veio para fazer.
– Pode ser João, mas eu aprendi uma lição e não repetirei o erro. Não deveria ter perdido a calma e ficado zangado com as salamandras, disse o Espirito do Ar.
– Mas veja como os pintarroxos esqueceram depressa os seus filhotes, disse João.
– Você sabe por quê? – perguntou o Espírito do Ar.
– Não. Diga-me, por favor.
– É porque mamãe pintarroxo está esperando mais bebês e eu ouvi dizer que eles são os mesmos bebês que voltaram para a mesma mãe e o mesmo pai. Eles morreram muito cedo!
– Oh, que bom! É por isso que eles parecem tão felizes. Gostaria muito de encontrá-lo novamente, concluiu João.
– Claro que me encontrará. Nós, Sílfides, nunca estamos longe de meninos como você, que sempre procuram auxiliar os outros.
João comentou:
– Mamãe disse que a tempestade fez grandes estragos: os bueiros ficaram entupidos, a água entrou nas casas e nas lojas, estragando muita coisa. Foi muito difícil para os pobres que não têm muito dinheiro.
– Meu Deus, disse o Espírito do Ar, eu direi isso à nossa líder sílfide na próxima reunião. E prometo que seremos mais cuidadosos, não deixando que isso aconteça novamente.
– E eu tomei uma decisão, disse João. Ouvirei sempre os mais velhos; jamais agirei como os pintarroxos, que construíram seu ninho no abeto e perderam o seu lar e a família.
Enquanto eles conversavam; os jardineiros chegaram com machados para cortar os galhos do abeto antes de removê-lo. Era muito difícil para o Espírito do Ar ver seu amigo ser cortado e seus olhos encheram-se de lágrimas. Disse adeus a João e prometeu que o veria de novo. Então, acenou com a varinha de condão sobre sua cabeça e foi embora, voando.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)
Os Pintarroxos e o Abeto
Parte II
Palavra-chave: Compartilhar
Todos os dias, João sentava sob o abeto e ficava vendo os pintarroxos fazerem seu ninho. Quando ficou pronto, a noivinha instalou-se lá e seu marido trouxe-lhe minhocas e outros bichinhos e colocou-os em sua boca.
O Espírito do Ar estava longe fazendo tudo que podia para que as Ondinas e as Sílfides fizessem chover, para que seu amigo abeto não morresse de sede. O abeto já tinha desistido de avisar o jovem casal para não fazer a casa em seus galhos; eles não lhe deram ouvidos.
Passado algum tempo, apareceram nos galhos do abeto alguns amigos dos pintarroxos. Vieram festejar o nascimento dos filhotinhos que logo iriam sair dos ovinhos e isso seria comemorado com muita alegria. Finalmente, os bebês chegaram, mas o papai passarinho não deixou ninguém se aproximar deles; ele ficou muito importante. Naturalmente tinha de arrumar comida para as quatro boquinhas e também para mamãe, pois ele não queria que ela saísse de perto dos filhotes. Quando finalmente ele permitiu que ela saísse do abeto, por pouco tempo que fosse ele a chamava o tempo todo, “piu, piu, piu”, até que voltasse.
Eles estavam todos tão felizes, que João pensou que o Espírito da Árvore talvez houvesse se enganado. Mas continuou indo lá todos os dias. Até que, um dia, o Espírito do Ar chegou apressado, a uma velocidade de 80 quilômetros por hora, dizendo para o Espírito da Árvore que a comissão de Ondinas e Sílfides tinham decidido mandar uma boa chuva, e que os Gnomos também estavam se preparando para recebê-la. E acrescentou:
– Se as salamandras puderem juntar-se a nós, será ótimo.
– Quando virá à chuva? – perguntou o abeto.
– Oh – respondeu a líder das Sílfides – quando a Lua estiver no Signo aquoso de Câncer. Ela durará alguns dias e você terá água suficiente para viver por muito tempo ainda.
E foi embora.
João ouviu o Espírito da Árvore perguntar aos pintarroxos sobre seus filhotes e dizer-lhes que haveria uma grande tempestade e que ela não queria que eles ficassem molhados. Mas o papai Pintarroxo apenas riu do Espírito do abeto; ele estava muito feliz e ocupado para prestar atenção.
Quando João chegou em casa, naquela noite, pediu à sua mãe que visse quando a Lua estaria no Signo de Câncer e contou a ela o que o Espírito do Ar havia dito. A mãe viu que a Lua estaria no Signo de Câncer dentro de dois dias. João estava muito agitado, principalmente na manhã do segundo dia, pois o Sol não brilhou e o céu estava nublado. Escurecia cada vez mais. Algumas gotas enormes caíram para avisar que muito mais ainda viria e viam-se relâmpagos ao longe; as salamandras estavam entrando em ação. O vento estava cada vez mais forte, o céu cada vez mais escuro, com horríveis nuvens pretas e todos os pássaros tentavam chegar a seus ninhos antes da tempestade.
João viu que os pintarroxos e seus filhotes estavam encolhidos nos galhos do abeto e todos os pássaros estavam amontoados quando, de repente, se ouviu um forte trovão. Então, começou a chover e as árvores arqueavam-se quase até o chão. João não ousou esperar mais, pois prometera a sua mãe não ficar fora de casa durante a tempestade. Ele mal pode dormir naquela noite pensando nos pintarroxos. A tempestade continuou até a manhã do dia seguinte.
A primeira coisa que João fez, quando pôde sair de casa, foi correr ao parque. O chão estava coberto de galhos quebrados, os bueiros entupidos e as ruas inundadas. Adivinhem o que João viu? O grande abeto estava completamente desraizado e caído no chão. Empoleirados em um galho da árvore estavam os pais pintarroxos, agarrados um ao outro, procurando por entre os galhos. Chamavam seus filhotes, “piu, piu, piu”, mas eles estavam afogados. Eram muito pequenos para voar, exatamente como supusera a bondosa árvore.
João ficou atento, mas não pôde ouvir nada, e deduziu que o Espírito do Abeto já tinha ido juntar-se ao Espírito-Grupo. Andou por entre os galhos caídos para ver se encontrava os filhotinhos. Eles estavam no chão, sob a árvore e João não podia alcançá-los. Ele correu para casa, contou para sua mãe tudo que tinha visto e chorou de pena dos passarinhos, da mãe e do pai pintarroxos que ficaram sós.
Vocês podem ver que é muito melhor ouvir os mais velhos, que são mais sábios, do que ouvir a nós mesmos, não acham? Se os pintarroxos recém-casados não tivessem sido tão insensatos, hoje estariam felizes com sua pequena família.
Em nossa próxima história, contaremos mais sobre João e o Espírito do Ar.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)
Os Pintarroxos e o Abeto
Parte I
Palavra-chave: Parceria
Esta é a história de um menino chamado João, que era sempre tão bom e generoso para os animais, flores e plantas que os Espíritos da Natureza gostavam de conversar com ele.
Um dia, João estava deitado em um parque, sobre a sombra de um grande abeto (N.T.: Nome comum às árvores do gênero Abies, de folhagem perene, de porte alto e aparência típica e atraente; apreciadas por sua madeira e resina), ouvindo o vento que sussurrava e que balançava os galhos de lá para cá. De repente, oh! Ouviu vozes muito doces falando. Olhando para a árvore de onde as vozes vinham, ele viu duas lindas criaturas. Uma era mais esguia e maior que a outra. A maior tinha a cabeça e os ombros como a de um ser humano. Raios dourados saíam de seus ombros e tinham a forma de asas. Seu rosto era bonito e tinha um doce sorriso. Ela também tinha cabelos longos e ondulados que a cobriam como um manto. Era jovem e muito bonita. João sabia que ela era o Espírito do Abeto.
A outra era um Espírito do Ar. Era de pequena estatura, mas também muito bonita. Raios dourados e rosados saiam de todo o seu corpo. Ela levantou sua varinha de condão, quase do tamanho de seu antebraço, e acenou-a para João. Então, inclinou-se, graciosamente, para ele e continuou falando com o Espírito da Árvore.
O menino ouviu o Espírito da Árvore dizer:
– Tenho feito o melhor que posso para servir com amor desde que comecei a crescer aqui. Espalhei bastante meus galhos para que as crianças e os adultos, que vêm descansar em baixo deles, possam ter uma boa sombra. E os fiz tão densos que muitos passarinhos fazem seus ninhos neles todos os anos, o que os protege do vento e da chuva.
– Oh, sim, respondeu o Espírito do Ar, eu sei disso, pois quando nós, Sílfides, sopramos os ventos do norte, sul, leste e oeste, os pássaros estavam tão abrigados que nunca caíram de seus ninhos. Mas, amiga, fiquei sabendo que você vai embora. Não se sente mais feliz?
– Oh! Estou muito feliz, disse o Espírito da Árvore, mas acho que não sirvo para mais nada, assim, para que continuar a viver? Vou morrer, mas acho que isto está chegando mais cedo do que esperava. Você vê, já faz muito tempo que não chove e as pessoas aqui ficam esperando pela chuva em vez de regar o chão e nos dar de beber. Elas deixam nossas raízes tão secas, que ficamos ressecadas e eu ficarei contente em voltar para casa, para o nosso Espírito-Grupo, e descansar. Algum dia eu voltarei e trabalharei um pouco mais.
– Bem, disse o Espírito do Ar, anime-se! Vou ver se posso marcar uma reunião com as Ondinas e as Sílfides e conseguir uma chuva para aliviá-las. Darei uma atenção especial a seu caso e para as outras árvores do parque, junto à comissão e estou certo que logo vocês terão uma boa chuva.
– É tarde demais, suspirou o Espírito da Árvore, sei que vou morrer, sinto que algo está para acontecer.
– Tolice, disse o Espírito do Ar, você está é deprimida.
Enquanto discutiam sobre isso chegavam voando dois pequenos pintarroxos. Eram recém-casados e estavam em lua de mel. Enquanto todos os passarinhos convidados para o casamento se divertiam, brincando na fonte e comendo deliciosas e gordas minhocas que a mãe da noiva tinha preparado, os noivos saíram em silêncio para a lua de mel e estavam, agora, procurando uma boa árvore para fazer o seu ninho e um lugar para sua prole. Vendo nosso Abeto, logo pousaram nele. Estavam tão ocupados arrulhando e se acariciando que não ouviram a conversa do Espírito do Ar e do Espírito da Árvore.
O Espírito da Árvore os viu e teve pena deles e disse:
– Passarinhos, não façam seu ninho em meus galhos, pois não vou viver muito tempo; todo o seu trabalho será perdido e seus filhotes não serão suficientemente grandes para voarem quando chegar a hora de minha morte.
– Ora! Exclamou o noivo, que tolice. Seus galhos são belos, verdes e tão unidos, que este é o lugar ideal para construirmos um lar para nossos filhos. Estou disposto e posso pagar aluguel para minha esposa e minha futura família. Quanto é?
– Eu não quero nenhum aluguel, só estou avisando, disse o Espírito da Árvore. Se não querem aceitar o conselho de alguém muito mais velho, não posso fazer nada. Podem decidir sozinhos, mas não me culpem quando surgirem problemas.
– Muito obrigado pelo conselho, disse o noivo com petulância. Somos perfeitamente capazes de tomar conta de nós mesmos. E assim começaram a construir seu ninho no Abeto.
João viu e ouviu tudo. Correu para casa e contou para sua mãe. Ela, que sabia que ele via e conversava com os Espíritos da Natureza, disse:
– Você acha que os pintarroxos estão certos em construir um ninho no abeto depois de serem avisados do perigo pelo Espírito da Árvore?
– Não, mamãe, acho que estão errados, não estão usando o bom senso, disse João.
– Bem, querido, vamos esperar para ver o que acontece.
Em nossa próxima história contaremos o que aconteceu ao abeto e aos pintarroxos.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)