Os dez mandamentos são indicações conducentes à consciência crística – Sexto Mandamento
6º Mandamento
“Não Matarás”
Houve esforço para desvirtuar o sentido genérico deste mandamento, refundindo-o para: “Não cometerás homicídio”. Mas o sentido é claro e genérico: “Não matarás”!
O primeiro sentido que salta a nossa mente é o literal. Aí surgem as polemicas sobre a “pena de morte”; a “eutanásia”; o “aborto”; o “carnivorismo”, etc. Mas há também o sentido mais profundo e espiritual.
A Filosofia Rosacruz desaprova a “pena de morte” e fornece a razão esotérica: ela destrói o corpo, mas liberta o criminoso no Mundo do Desejo. Como a morte não transforma ninguém, lá ele continua odiando a sociedade e, com a velocidade do pensamento pode locomover-se à vontade, impune, influenciando caracteres afins, maus para que através deles vingar-se dos seres humanos. Desse modo aumentam os crimes sobre a Terra. Logo, é mais conveniente para a segurança humana manter os criminosos presos, apesar dos gastos e cuidados. A solução é o aprimoramento do sistema penitenciário e a laborterapia para recuperação dos primários e dar tempo de arrependimento aos pertinazes. A estória do “homem de Alcatraz” é um impressionante exemplo de que não há indivíduo inteiramente mau; que todos têm a essência divina, que torna o ser possível de recuperação. Mas não pela violência.
Não se justifica a eutanásia, do ponto de vista esotérico. Vemos o ser humano como um ser complexo, constituído de três corpos que o Espírito procura manipular por intermédio da mente. Quando vemos um demente ou um ser deformado, sabemos que o Espírito o anima ainda que não se possa expressar (no caso do louco). O espírito não é demente. A forma é que não lhe permite expressar-se, por alguma anomalia que ele mesmo assume, por causa gerada em vida pregressa. Mas há sempre uma razão para o Espírito suportar aquelas condições. Lá dentro do corpo está assimilando sua lição, apesar das aparências. Não temos o direito de impedi-lo. Com esta compreensão, cumpriremos melhor nosso dever para com eles.
O aborto é igualmente injustificável, salvo nos casos de gravidez nas trompas e outros que perigam a vida da mãe. O aborto, como outros problemas humanos, tem sua solução no começo; se os casais fossem mais equilibrados em seus impulsos; se os conjugues fossem mais cônscios e respeitadores um do outro, evitariam o choque de consciência que decorre desta violência contra alguém que não se pode defender. A literatura esotérica ilustra muitas consequências observadas nos Mundos Invisíveis, de abusos neste campo, incluindo as parteiras e médicos que se prestaram a esse fim, quase sempre para enriquecimento fácil.
Os Rosacrucianos são vegetarianos. Muita gente nos pergunta: “por quê?”. Respondemos suscintamente aqui: não comemos carne para não sacrificar vidas e interromper um programa evolutivo. Nisto se inclui o sentimento de fraternidade em relação a nossos irmãos menores, os animais. A planta tem vida, mas não sofre, porque não tem Corpo de Desejos. Além disso, os vegetais foram designados na Bíblia para alimento natural do ser humano. Não há perigo de que os animais, uma vez poupados, aumentem demais, comprometendo o alimento e segurança do ser humano. Está provado de que Deus sabe conservar o equilíbrio do mundo e não precisa do ser humano para isso. O que temos feito, com nossa ignorância, é quebrar a harmonia do conjunto, como bem prova a moderna ciência de ecologia.
A carne animal é carregada de toxinas e compromete, com os instintos inferiores, nossa evolução emocional.
Quanto ao leite e aos ovos, sabemos que os bezerros estão sendo compensados cientificamente na alimentação, não obstante receberem uma cota racional de leite.
Os ovos não são galados. Poderíamos aduzir outras razões. Não o fazemos para não nos alongarmos e nem fugirmos do tema central. Já os conhecemos pela filosofia Rosacruz.
Abordemos a seguir o aspecto mais profundo deste mandamento.
As chamadas pessoas e coisas más não justificam destruição. Cada coisa tem seu papel no conjunto do Universo.
No futuro recuperaremos a harmonia perdida, quando exercermos a “não resistência”, a “não violência” interior, que impedirá qualquer reação exterior. Mas esta “não resistência”, esta “não violência” deve ser isenta de temores, baseada num claro assentamento à verdade espiritual que anima todas as criaturas. A estória de Daniel na cova dos leões, a estória de Francisco de Assis e de outros iluminados comprovam esta verdade.
Ora se Deus é onipresente; se há um fio oculto unindo todos os reinos e este elo é a Consciência Universal, quando matamos, quando destruímos algo (aparentemente externo) estamos em realidade agredindo uma parte de Deus e, em última análise, agredindo a nós mesmos, porque n’Ele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”.
Embora por enquanto, não tenhamos consciência disto, aprendamos e busquemos intuir este princípio dos Mestres; nossa consciência está ligada à Consciência Universal e, através d’Ela, a todos os seres. Só mesmo a personalidade separatista, nesta fase de materialismo é que nos faz crer na inevitabilidade de defesa e de ataque, de preservação e destruição. Desse modo se justificam as leis da persona, que são as leis dos seres humanos – leis de violência que geram violências, numa cadeia inevitável de causas e efeitos.
Agora vejamos o aspecto interno, psicológico; podemos (e constantemente o fazemos) matar mentalmente, emocionalmente com palavras. Matamos até mesmo quando não esboçamos a menor reação externa. Do ponto de vista esotérico – do espírito da Lei – isso é matar.
Matamos também pela mentira. Que é a mentira? É tudo que esteja contrário a verdade Universal.
Inconscientemente, somos todos mentirosos porque não conhecemos a Verdade total e, inevitavelmente desfiguramos algum aspecto da verdadeira imagem das coisas. Mas referimo-nos as mentiras propositais, conscientes.
Elas produzem um efeito nocivo e especial no Corpo de Desejos: matam alguma coisa em nós e ao mesmo tempo se suicidam nesse embate. Max Heindel o explica bem: ao dar uma versão falsa de um acontecimento, esta falsa versão é atraída (pela lei de atração de semelhantes) à versão verdadeira, mas como suas vibrações divergem na parte desvirtuada, entram em choque e mutuamente se destroem. Não apenas nos livramos da mentira (cuja tendência nos fica), mas perdemos uma verdade que ela destruiu. Perdemos nesse embate, além de nos remanescer uma desagradável sensação psíquica – da Essência que sofre – quando temos sensibilidade e correção de caráter.
Esta nova compreensão nos leva a compreender como o mandamento, em seu aspecto esotérico, está presente nos mínimos atos de nossa vida e o como é importante sermos verazes. Não nos referimos à sinceridade idiota, grosseira, mas à sinceridade inteligente e amorosa. Se não podemos usá-la, é melhor calar.
Este problema da mentira surgirá sob novo aspecto no 9º Mandamento, quando tratarmos do falso testemunho.
Para finalizar este Mandamento, queremos dizer que existe uma destruição legítima, do ponto de vista espiritual: é a destruição dos falsos conceitos que se evidenciam à medida de nossa abertura de consciência. Este é o sentido do Armagedom. Não que lutemos contra a ignorância, mas que não mais a alimentemos, detendo-nos, tão somente, na verdade atual que apreendemos; é como tirar as escórias do diamante bruto para que se revele em luz, o brilhante do puro ser espiritual.
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