O Vigilante Cuidado do Pai
Luisinha vivia nos longínquos tempos em que se fundavam muitas cidades novas pelo interior. Naqueles sítios ermos, não era raro ouvir-se, então, o miar selvagem da onça.
Certa manhã, depois de terem matado a maior onça encontrada naquelas paragens, a mãe de Luisinha pediu-lhe que fosse a um dos vizinhos, um quilômetro distante, a fim de buscar um balde de leite. Luisinha era uma menina destemida; nem sequer sonhava que alguma coisa lhe pudesse fazer mal. Assim, concordou imediatamente de ir, embora tivesse de passar por alguns caminhos em que não faltavam animais selvagens.
Pôs o chapéu de sol cor-de-rosa e partiu, balançando o balde vazio. Chegando ao lugar em que mataram a onça, penetrou na mata, sem se importar com a outra fera viva que fora vista nas proximidades. Afinal, encontrou o animal morto sob uma grande árvore, exatamente como o irmão o tinha descrito. Olhando-o tristemente, afastou-se e prosseguiu o caminho com semblante muito grave, pois tinha pena do pobre gatinho selvagem das matas.
Chegou sã e salva à casa do vizinho, que lhe deu o balde de leite, embora não tencionasse deixá-la regressar sozinha.
Mas quem, pensam vocês, a seguira por todo o caminho? — Seu pai, sem ser visto por ela, lhe tinha vigiado cada passo.
Só depois de moça, soube Luisinha que não fizera sozinha aquela arriscada viagem.
Isso bem pode ilustrar o cuidado do Pai celestial por nós. Às vezes precisa mandar-nos trabalhar por Ele em lugares perigosos; e, noutras, nós mesmos enfrentamos ousadamente o perigo.
Através de Seu Filho, nosso Salvador, a muitos tem sido dispensado, de maneira admirável, o amoroso cuidado divino que os preservou de grandes males e perigos, até mesmo quando não reconheciam Sua excelsa bondade.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1966)
Sobre o autor