Para falarmos de caminho, desenvolvimento e crescimento espiritual é necessário nos posicionarmos no tempo da evolução e, assim, conseguirmos chegar a entender o processo da espiritualidade.
Voltemos um pouco ao túnel do tempo, antes que começasse a nossa jornada evolutiva.
Nós, como Espíritos Virginais da onda de vida humana, fomos diferenciados de Deus (Pai-Mãe) do nosso universo como chispas de uma chama, e com todas as potencialidades latentes iguais a do nosso Pai.
Em Gênesis 1:27 lemos: “E os Elohim formaram o ser humano a sua imagem e semelhança”.
E ainda recebemos de presente o poder da Epigênese, que é a livre vontade de criar algo.
A Epigênese é essencial ao progresso evolutivo. Contudo, ainda não possuíamos a consciência individual e o poder para estar usando essa vontade. Precisávamos trabalhar muito para desenvolver essas potencialidades latentes em nós e atender ao nosso destino que é o retorno a casa do Pai como Divinos e Criadores de universos.
O primeiro passo para nosso desenvolvimento espiritual foi a construção dos Corpos. Durante o período que conhecemos como involução, sob a orientação de grandes Hierarquias Criadoras, estávamos empenhados em desenvolver os nossos Corpos Densos, Vital, de Desejos e o veículo Mente. Contudo, tínhamos uma grande vantagem na construção desse Tríplice Corpo. Éramos possuidores de três grandes forças primárias: a força do Espírito Divino, que é a vontade, o princípio de ação; a força do Espírito de Vida, que é a sabedoria, o amor e a força do Espírito Humano, que é atividade, o movimento, princípio de crescimento. Toda a consciência nessa época era voltada para os mundos espirituais e para o nosso interior.
E assim trabalhamos no desenvolvimento desses Corpos e veículos. Porém, antes que tirássemos algum proveito desses veículos, era necessário ligá-los diretamente com o Ego, que é o Espírito.
Isso só foi possível por intermédio do quarto veículo que é a Mente. Ela é o elo entre, nós, o Espírito e os nossos três veículos inferiores (Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos).
Portanto, a Mente é o caminho ou a ponte, a única via que transporta a essência da alma, isto é, a Mente é o caminho do qual depende todo o desenvolvimento do Espírito, e sem esse elo não poderemos desenvolver nenhuma atividade espiritual.
Todavia, a verdadeira espiritualidade não é uma coisa fácil e jamais será adquirida da noite para o dia e ninguém a receberá como um “dom”. Teremos que merecê-la, ou seja: ter o mérito.
É de vital importância lembrarmos que no princípio todos tivemos um início idêntico. E o que somos hoje é a soma de tudo o que realizamos em vidas passadas e que as nossas oportunidades ou merecimentos de hoje correspondem exatamente ao que merecemos, ou seja, ao que conquistamos pelo mérito. Esse crescimento se adquire por meio de muito trabalho, muita perseverança, muito sofrimento, autossacrifício e somente pelo serviço amoroso e desinteressado aos demais seres a nossa volta (humanos, animais e toda a criação de Deus).
E uma vez que despertamos para a aspiração espiritual devemos seguir em frente e não poderemos mais voltar atrás. Muitos Estudantes que se interessam pelo caminho oculto, ao invés de trabalhar e buscar o conhecimento que os ajudaria a “viver a vida”, acabam por ficar esperando que esse resultado lhes chegue em uma bandeja de prata. Outros desenvolvem muito o lado intelectual e esquecem de colocar em prática o mínimo desses conhecimentos, que é o resultado do intelecto que interessa para o seu próprio desenvolvimento.
Afinal, já sabemos que intelectualidade não tem nada a ver com espiritualidade. Se durante nossa vida terrena não conseguimos cumprir fielmente com os nossos pequenos afazeres, como muitas vezes cuidar dos nossos próprios filhos que colocamos ao mundo, pagar as nossas dívidas contraídas em vidas passadas, se dedicar à rotina que escolhemos, se arrepender e buscar a reforma íntima do mal cometido, não adianta esperar que será fiel, também, na grande obra espiritual do nosso Pai, Deus.
No capítulo 13 da Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios encontramos a seguinte menção: “Ainda que eu conheça todos os mistérios e toda ciência… se não tiver Amor, nada serei”. O amor só se aprende com o Coração, com a parte mística do nosso ser!
Um outro ponto importante encontramos no Evangelho Segundo São Mateus 6:24: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque, ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro”. Isso mostra que devemos, mediante um firme propósito, estabelecer o caminho que irá satisfazer o nosso Coração e a nossa Mente, simultaneamente. Em que a Mente será sempre auxiliada pelo intuitivo Coração.
Max Heindel diz no livro “Conceito Rosacruz do Cosmos”: “Não andemos de uma Escola a outra, de uma ordem a outra, ganhando um pouco aqui e um pouco lá. Tenhamos presente uma só direção como nosso objetivo”.
Existem irmãos e irmãs que se isolam em orações e meditações durante toda a vida e esquecem que no mundo lá fora há irmãos e irmãs que estão sofrendo à espera de ajuda.
Certamente teremos sofrimentos nesse caminho, mas se nos conscientizarmos que depois da dor e desse sofrimento tivermos aprendido a lição, estaremos desenvolvendo a compaixão, a coragem, a tolerância e o autodomínio. E lição aprendida, ensino é suspenso e passamos para outra etapa de aprendizado.
Se observarmos a vida de nosso Salvador – Cristo – veremos que Ele não teve uma vida de reclusão. Ele não se escondeu do mundo, mas sim se doou para salvar a humanidade.
Existe prova de amor maior do que a de entregar sua própria vida para salvar a humanidade?
Uma coisa é certa: o fator determinante para a realização do trabalho espiritual ou material na nossa vida será a nossa atitude em executá-lo. Entretanto, como buscar esse caminho para o crescimento espiritual?
Em primeiro lugar devemos ser determinados, decididos e prontos para agir no caminho escolhido, pois quando estamos galgando a vida superior seremos observados por todos que nos rodeiam.
Como disse Cristo: “O céu deve ser tomado de assalto”. Contudo, não devemos ter pressa; lembremos que a Natureza não dá saltos. O crescimento deve ser gradual, lento, porém seguro, firme, persistente naquilo que estamos praticando.
Max Heindel deixou alguns exercícios para o treinamento esotérico a fim de que possamos nos harmonizar com as leis cósmicas e trabalhar no crescimento da alma. Alguns desses são: Observação, Retrospecção, Concentração, Meditação, Discernimento, Contemplação e Adoração. E se os praticarmos sempre com maior intensidade e amor, estaremos nos esforçando para sermos sempre servidores no caminho da espiritualidade.
A Retrospecção é um exercício importantíssimo. É o exercício em que se exige que examinemos a nossa vida todas as noites, antes de dormir, de modo que os acontecimentos se desenrolem em ordem inversa. Iniciando pelas últimas ações praticadas antes de dormir, depois a tarde e por último os atos que fizemos na parte da manhã do dia que está terminando. Ele é o nosso Purgatório diário! E por meio dele conseguimos compreender nossos erros e nos determinamos a eliminá-los, via arrependimento e reforma íntima. Por isso São Paulo disse: “Eu morro todos os dias”.
É necessário rever, com o coração, esses quadros representantes das ações executadas e que nos permitamos que a chama do arrependimento nos faça vivenciar essas falhas cometidas, com uma vontade e disposição ímpar em reparar o dano cometido – reforma íntima – e, com isso, conseguimos apagar esses registros do nosso Átomo-semente.
Devemos lembrar que o desenvolvimento do Corpo Vital é marcado pela repetição de coisas boas. É por isso que devemos nos ater a praticar os bons hábitos diariamente para que possamos atuar sobre o Corpo Vital e educá-lo. E depois que formado um bom hábito, fica mais fácil praticá-lo.
Vamos então arregaçar as mangas e trabalhar sem esperar que tudo venha pronto. Vamos aproveitar as oportunidades dadas por Deus e trabalhar para que possamos transformá-las na construção do nosso Corpo-Alma.
No Conceito Rosacruz do Cosmos encontramos o seguinte: “Nada realmente valioso se obtém sem esforço. Nunca será demasiado repetir que não existem coisas como os dons e a sorte. Tudo que possuímos é resultado de esforço”.
Deus, nosso Pai infinatamente misericordioso, ajudará e abençoará a todo verdadeiro investigador que deseja trabalhar pela Fraternidade Universal, pois “Cristo mesmo preparou o caminho para quem o deseje”.
Nos últimos versos do poema Credo ou Cristo, que lemos no Conceito Rosacruz do Cosmos, podemos encontrar a chave para nosso progresso: “Há uma só coisa que o mundo precisa saber; há um só bálsamo para toda a humana dor; apenas um caminho que conduz ao alto céu; e esse caminho é a COMPAIXÃO e o AMOR”.
“Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz”
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