Malefícios da Alimentação Carnívora
Sabemos, os profissionais da Medicina, que há diversas formas de câncer das aves. Além da afecção comum, que se caracteriza pela presença de tumores, existe uma espécie de câncer em que a ave não dá demonstração alguma, entre as demais, de seu estado, se bem que seja portadora da enfermidade.
Só é possível descobrir essa espécie de câncer, fazendo incubar um ovo da galinha que despertou suspeitas, durante 14 dias, ao fim dos quais se esteriliza a superfície dele, parte-se lhe cuidadosamente e se lhe extrai o embrião. Toma-se deste uma porção do fígado, que se injeta no peito de outra ave. Se no local da injeção se formar um tumor canceroso, então, e unicamente então, sabe-se que a galinha que botou o ovo padece dessa enfermidade. Há certa probabilidade de que uma pessoa experta reconheça uma ave enferma, mas não o fará, por certo, a pessoa comum que escolhe um frango para a sua próxima refeição.
Visto estar mais ou menos confirmado que o câncer pode dever-se à presença de um vírus, existe a possibilidade de que ao comer carne de rês, peixe ou ave, uma pessoa se exponha a ingerir micróbios de tumores malignos. O Dr. Wendell Sranley, laureado com o prêmio Nobel em 1957, por suas pesquisas acerca dos vírus, quase convenceu a classe médica de que o câncer, como as demais enfermidades granulomatóides, é causado por germe. Isso mesmo já foi afirmado pela Sra. Ellen G. White, faz mais de um século: “O povo come continuamente carne cheia de germes de tuberculose e câncer. Assim são comunicadas estas e outras moléstias”. A Ciência do Bom Viver, 2a. ed., pag. 314.
Sabe-se, em nossos dias, que a leucemia aumenta rapidamente no gado, e uma vaca pode ser portadora da enfermidade muito tempo antes de aparecerem os tumores. Em vista disso, ouso afirmar não estar longe o dia em que se promulgarão leis que, para proteger os consumidores de carne e leite, obriguem a analisar o sangue das vacas leiteiras e das reses destinadas ao matadouro.
Certa ocasião, quando pescava nas águas frias do Lago Yellowstone, um senhor me advertiu que não comesse o pescado porque continha vermes.
Examinei vários deles e confirmei a veracidade da informação. Amiúde, saem, serpeando, os vermes. Noutra oportunidade, ao voltarmos de um passeio em Lanora, próximo à península de Flórida, o comandante da embarcação abriu um peixe que acabava de pescar, nos fez olhar, contra a luz, pela parte mais fina do pescado aberto, e vimos vermes incrustados na carne.
A propósito, ainda são da Sra. Ellen G. White as palavras seguintes, escritas há mais de sessenta anos: “Em muitos lugares, os peixes ficam tão contaminados com a sujeira de que se nutrem, que se tornam causa de doença. Isto se verifica especialmente onde o peixe está em contato com os esgotos de grandes cidades. Peixes que se alimentam dessas matérias podem passar a grandes distâncias, sendo apanhados em lugares em que as águas são puras e boas. De modo que ao serem usados como alimento, ocasionam doença e morte naqueles que nada suspeitam do perigo. – Op. Cit., pág. 315.
Tenho perante mim o recorte de um artigo publicado no jornal Times, de Los Angeles, intitulado: “A Enfermidade impede importações de Trutas”. Nele se conta que o Departamento de Caça e Pesca de Califórnia devolveu seis caminhões-tanques cheios de trutas que se projetava por um lago e cursos d’água, por estarem os peixes acometidos de câncer do fígado.
Os coelhos são suscetíveis a enfermidades de várias espécies. Quando eu era criança tinha um amigo que caçava coelhos e os vendia. Amiúde eu o ajudava a limpá-los, e notava que quase todos estavam infestados de tênia. Um dia cacei um e ofereci a um vizinho, que me disse, enquanto me agradecia:
– Não sabes o que perdes.
Respondi-lhe:
– Perco um montão de tênias.
A classe médica descobriu a relação entre o regime alimentar e as enfermidades do coração e de vasos sanguíneos. Agora se nos manda que evitemos o uso de gorduras saturadas, encontradas sobretudo na gordura de origem animal, inclusive as carnes magras.
O Dr. Newburg, da Universidade de Michigan, que atuou como perito de nutrição durante a última grande guerra, disse-me que não aprovava o regime alimentar dos soldados norte-americanos. Afirmou que esse regime era demasiado rico em carne e calorias e concorria para torná-los muito pesados, além de provocar a arteriosclerose.
As autópsias praticadas na Coréia revelaram que 75% dos soldados norte-americanos, apesar de jovens, sofriam de arteriosclerose; mas os soldados coreanos, que seguiam regime com base em hortaliças, cereais e pouca carne, não apresentavam sintomas dessa afecção.
Mas, como pode obter-se a proteína necessária, sem carne? W. C. Rose autoridade em matéria de proteínas, pertencente à Universidade de Illinois, diz que “tudo o que uma pessoa necessita de proteínas, por dia, não atinge vinte e cinco gramas”.
Mesmo que o ser humano não comesse carne alguma nem ovos nem leite, ainda obteria diariamente, em termo médio, oitenta e três gramas de proteínas; e a mulher aproximadamente sessenta e um gramas diárias. Este fato se descobriu na Universidade de Loma Linda, Califórnia, em um trabalho de pesquisa dirigido pelo Dr. Frederico J. Stare, especialista da Universidade de Harvard que goza de reconhecida autoridade no campo da nutrição.
Os Drs. U. D. Register e Hardinge, ambos especialistas em nutrição, disseram-me que as frutas, se consumidas em abundante variedade, proveem todos os elementos necessários para o organismo.
Sem dúvida, o regime alimentar equilibrado é melhor, mas as provas demonstram ser a carne um fator desnecessário no plano alimentar, e pode introduzir substâncias tendentes a incrementar as enfermidades crônicas, degenerativas, agudas e infecciosas.
Temos o exemplo da Dinamarca que, na primeira grande guerra mundial, se viu obrigada a adotar regime nutritivo vegetariano. Bloqueada por mar e terra, teve a nação que enfrentar o racionamento dos alimentos. Para resolver a crise, o rei chamou o Dr. Híndehede, notável autoridade em nutrição, que traçou um plano nacional de alimentação sem carne. Muitos pensaram que seria desastroso: ao contrário, porém, estabeleceu um recorde mundial de diminuição da mortalidade: 34% entre a população masculina; aproximadamente o mesmo entre a feminina, além de notável diminuição das enfermidades. Ao voltar a ingerir carne, no ano seguinte, aumentou a proporção da mortalidade até o nível anterior.
As pessoas, para quem apraz o sabor da carne, podem conseguir alimentos muito saborosos preparados com cereais e nozes. O Dr. Stare escreveu-me dizendo que ao abandonar a carne, é conveniente seguir regime alimentar que inclua cereais hortaliças, legumes e algumas nozes.
Os estudos realizados na Universidade de Loma Linda demonstram que o regime alimentar sem carne é adequado quando inclui pratos preparados com nozes, cereais e hortaliças que substituam a carne.
(1) No Brasil, onde as nozes são caríssimas, podem-se usar castanhas de Pará ou de caju, com 14% aproximadamente de proteínas, ricas em aminoácidos essenciais.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de outubro/1971)
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