Pergunta: Quando um ser humano vive uma vida de dor e sofrimento, isso se justifica pelo fato dele estar colhendo agora o que semeou em vidas anteriores. Mas como podemos conciliar o terrível sofrimento e tortura dos animais com a justiça de Deus? Qual será o destino daqueles que maltratam hoje os animais?
Resposta: Analisar a vida somente do ponto de vista das condições atuais é tão inconsistente como considerar que um ser humano não teve uma infância no seu passado nem terá uma velhice à sua frente. A nossa vida atual e muitas vidas antes desta nos tornaram o que somos hoje; este passado determina, em grande parte, a direção que seguiremos nas vidas futuras. No início da manifestação, o Espírito era livre e semelhante ao Pai, exceto em uma coisa: ele não possuía consciência própria e a peregrinação através da matéria foi empreendida para que ela pudesse ser adquirida. Para promover esse objetivo, o Espírito foi cristalizado por vários veículos durante o processo de involução. Corpo Denso, Corpo Vital e Corpo de Desejos formaram-se gradualmente à sua volta para limitá-lo e isolá-lo de todos os outros Espíritos. Em seguida, pela dádiva da Mente, o Ego ou indivíduo foi finalmente formado. Confinado nos vários véus mencionados, o Espírito não pode mais entrar em contato direto com o mundo exterior, mas voltando o seu olhar para dentro, ele se vê e se reconhece como “Eu”. Ao mesmo tempo, porém, sente suas limitações; reconhece que está alimentando-se de resíduos e que será necessário regressar à casa do Pai a fim de tomar o seu lugar como Filho de Deus.
A resolução de retornar ao Pai se torna mais intensa devido ao fato de que a dor e o sofrimento são causados pelas limitações do atual modo de existência. As condições cerceadoras deste confinamento, experimentadas pelo Espírito, são um incentivo para prosseguir. “Ninguém vem ao Pai senão por mim”, disse Cristo. Realmente, sempre que Cristo nasce dentro de nós, tornamo-nos conhecedores da dor e da aflição. Trilhar o caminho da provação, da purificação e do esforço espiritual marca a face com vincos de sofrimento e, gradualmente, o corpo dissolve-se para tornar mais etérico, deixando o Espírito mais livre. À medida que dominamos as nossas paixões, acendemos o fogo do sentimento de solidariedade que queimará as impurezas da carne. Em consequência, isso permitirá o crescimento espiritual das nossas naturezas para atuar livremente no Novo Céu e na Nova Terra, onde a dor, o sofrimento e a morte serão superados. Isso será um antegozo das condições do Período de Júpiter, quando atuaremos em nossos Corpos Vitais e estaremos livres do veículo físico e dos desconfortos a ele inerentes. Atualmente, o pensamento do indivíduo comum tem pouca ou nenhuma força, mas naquele dia, os nossos pensamentos terão a capacidade de insuflar vida em certa categoria inferior de espírito. Portanto, torna-se de máxima importância que nos purifiquemos totalmente, antes que tão tremendo poder nos seja conferido.
O caminho da evolução não é uma circunferência, mas uma espiral. Somos uma humanidade melhor que a dos Anjos, que foram humanos no Período Lunar, e os animais, que se tornarão humanos no Período de Júpiter, constituirão uma humanidade melhor do que a nossa. Como o globo inferior dessa época estará na Região Etérica, somente um veículo feito de Éter será utilizado por qualquer ser. As forças mais sutis da natureza serão acessíveis a todos, nesse período, e a humanidade do Período de Júpiter, tanto quanto nós próprios, será capaz de manejar o raio. Portanto, faz-se necessário que eles aprendam pela experiência a natureza da dor que pode ser infligida pelo mau uso de uma força superior. Para que os animais adquiram a compaixão devida, eles foram feitos, sob certos aspectos, iguais a nós, capazes de sentir a dor e o sofrimento inerentes à existência física. Assim, do mal atual resultará um bem, tanto para o ser humano como para o animal.
Devemos tomar em consideração que haverá infortúnios reservados para aqueles que originaram o mal. Os reinos inferiores atuam como degraus para os superiores. Se o mineral não existisse, a vida vegetal seria impossível, pois não poderia criar raízes e obter o sustento necessário para o seu crescimento. Se não houvesse plantas, o animal e o ser humano não teriam meios de conseguir corpos terrenos. O serviço prestado pelos reinos inferiores, ao se tornarem degraus para os superiores, só pode ser retribuído pelo serviço. O superior tem, em relação ao inferior, uma dívida de gratidão. Cristo reconheceu isso; que sem discípulos não poderia haver um mestre e, em sinal de gratidão pelo privilégio de ensinar e introduzir no mundo a maravilhosa Religião Cristã, Ele lavou os pés de Seus Discípulos. Nas eras futuras, os reinos inferiores, que atuam hoje como degraus, meios de crescimento e experiência para nós, necessitarão de ajuda e assistência que deveremos prestar. Desse modo, a onda de vida humana, que abusa hoje dos animais, deverá colocar-se a serviço deles, ajudando-os a conseguir o máximo na escola da evolução. Os espíritos dos animais, cujos corpos torturamos e destruímos atualmente, tornar-se-ão os nossos discípulos e será nosso dever, como seus guardiães, ajudá-los a crescer e propagar a vida da qual os privamos agora.
(Pergunta nº 18 do livro “Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz)
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