Como é o seu Domínio Próprio nos Estudos Ocultos?
O ser humano real, o Ego, é um Tríplice Espírito. Ele projetou de si mesmo um Tríplice Corpo, empregando-o para funcionar nos Mundos inferiores e para adquirir aquela experiência a ser, mais tarde, assimilada como Tríplice Alma. O Mundo Físico, portanto, é o laboratório e o campo de experiência do espírito para aquisição de conhecimento e sabedoria.
O Ego é, por si mesmo, potencialmente onisciente. Não quer significar que o seja desde já, embora já tenha capacidade de adquirir sabedoria pelo estudo e aplicação, atingindo alturas nunca imaginadas. Isso só pode ser realizado mediante trabalho, conhecendo e experimentando todas as verdades por si mesmo, exclusivamente. O ser humano pode receber lições, naturalmente, e seus esforços podem ser orientados. Mas só se obtém o conhecimento real por meio da experiência. A princípio, a experiência deve ser pessoal. Mais tarde, quando o indivíduo progrediu suficientemente, pode, então, aprender observando a experiência alheia.
A ideia de que o ser humano vem a este Mundo simplesmente para ser feliz é um terrível engano. Ele aqui está para aprender e trabalhar e seu ambiente atual é fruto de seu próprio trabalho. Muitos problemas lhe são apresentados para que sejam solucionados e não ignorados. Algumas vezes, esse esforço pode causar sofrimento, induzindo o indivíduo a deles tentar escapar. Poderá até julgar tê-lo conseguido, entretanto, deverá encará-los novamente, sob condições menos favoráveis. Enquanto não os solucionar, deles não se livrará.
O ser humano não é um imitador. A ideia de que a involução de um Tríplice Espírito e a evolução de um Tríplice Corpo consiste apenas no desabrochar de algumas possibilidades latentes é errônea. O ser humano não é um modelo, e muito menos o Universo. Se assim fosse o único futuro seria a imitação de algo pré-existente, com suas eventuais falhas. O ser humano é uma entidade pensante e consciente, capaz de adquirir e assimilar conhecimentos. Ele pode empregar sua Mente para acionar causas novas que produzirão efeitos físicos, modificando o ambiente que o rodeia.
Aquilo que a humanidade criou em sua infância espiritual tem sido muito prejudicial. A razão disto é que o ser humano prefere a vida sensual e suas reações dizem respeito à satisfação dos sentidos, apoiada e estimulada pela ignorância. Essa fase da existência, necessária à salvaguarda da individualização, não é propriamente má. O mal consiste em o indivíduo persistir nos mesmos erros, quer por falta de vontade de aprender, quer por ignorância.
Para agir consoante as Leis Cósmicas, o ser humano deve aprender a distinguir entre o bem e o mal, entre a verdade e o erro, a criar somente o que for harmonioso, visando sempre a um nobre objetivo. Ao mesmo tempo, deve aprender a empregar suas faculdades criadoras.
Existe uma ideia na Mente. Não importa que isto ocorra em virtude das atividades mentais ou se foi recebida de fontes externas. Essa ideia envolvida pela matéria mental, toma-se uma forma pensamento, tendo, em estado embrionário, forma e vida. Esta vida provém da Região do Pensamento Abstrato, ao passo que a forma pertence da Região do Pensamento Concreto. Se ela evoca apenas um interesse casual e passageiro, permanece adormecida, na Mente. Futuramente, se houver necessidade, poderá ser acionada. Muitas vezes ela desperta quando as condições se transformam, tomando-se favoráveis ao desenvolvimento da ideia. Se houver interesse, a Mente impele a forma-pensamento para o Mundo do Desejo, onde ela se reveste da matéria desse plano. Se, ao invés de interesse, a forma-pensamento encontra indiferença, ela se estiola e se desintegra, antes de que o espírito tenha ensejo de levar a ideia à manifestação.
O tempo necessário para manifestação depende inteiramente da intensidade do desejo e da força de vontade que o alimenta. Nem todos os pensamentos se materializam, embora deixem sempre na memória uma recordação do seu nascimento e de sua existência. Porém, quando foram projetados no Mundo do Desejo e o desejo de manifestação esteve ativo, nada pôde impedi-los. O processo torna-se absolutamente automático e não tem qualquer relação com a natureza, caráter ou valor do pensamento. Portanto, “como o homem pensa, assim ele é”.
A concentração sobre qualquer ideia ou pensamento, obriga-os a manifestarem-se fisicamente. Demonstrar interesse por uma ideia é o mesmo que cuidar de uma flor com terno carinho. Toda vez que alguém quiser desembaraçar-se de condições desagradáveis, não deve lamentar-se, nem se concentrar nos meios de poder destrui-las. Se elas forem simplesmente esquecidas, dissolvem-se, desintegrar-se.
O ser humano cria, contra si próprio, toda espécie de condições indesejáveis e desnecessárias. Ele assim age por não saber controlar seus pensamentos e depois clama contra o destino. Uma importante verdade a ser aprendida pelo estudante do ocultismo é que as condições que o cercam são inteiramente criadas por ele mesmo. A ninguém mais deve ser atribuída a culpa. Buda assim afirmou: “Se Deus realmente criasse todas as coisas que fazem a humanidade sofrer, Ele não seria justo. E não sendo justo, Ele não pode ser Deus”.
Se a origem do pensamento está em nós mesmos, ou se foi sugestionado por uma fonte externa, o resultado é o mesmo. A regra é a mesma tanto nos Mundos superiores como no físico. Ignorar a Lei não escusa ninguém.
Todos devem prestar cuidadosa atenção ao seu modo de pensar, imprimir sabedoria a seus pensamentos e dar vida somente àqueles que são desejados com justiça e retidão. Uma pessoa nunca deve agir de modo impulsivo, mas sim julgar seus pensamentos imparcialmente, pesando a ideia, seu valor e suas consequências. Se for inconveniente, deve esquecê-la e substituí-la por outra melhor. Se a ideia for aceitável, a pessoa deve procurar materializá-la o mais rapidamente possível pela concentração e fé no resultado. Fazer isto não é tarefa das mais fáceis: trata-se de um desvio da velha rotina, implicando na destruição de muitas ideias enraizadas em nossa mente desde a infância, e quiçá até antes do nascimento.
Nenhum ser humano pode alcançar destaque ou êxito efetivo em qualquer campo de atividade, enquanto não for capaz de controlar-se, ao menos em alguma extensão. Não pode haver saúde permanente enquanto o indivíduo não exercer domínio sobre suas próprias emoções. Estas, debilitam o Corpo Denso por sua ação sobre o sistema nervoso e perturbam o ambiente individual, pela concentração sobre condições discordantes. Sem algum grau de autodomínio não se pode pretender progresso no ocultismo.
É necessário evitar, a todo custo, as emoções negativas. Como emoções negativas classificamos o ódio, a paixão, a inveja, a malícia, a vaidade. Todas podem ser atribuídas a uma só causa: o medo. O medo está sempre presente em nossas atividades diárias e em nosso ambiente. Tememos perdas, moléstias, velhice, morte, críticas e um sem número de coisas reais ou imaginárias.
O ser humano deve convencer-se de que, nada, além dele próprio, pode prejudicá-lo. O medo da escuridão física ou espiritual pode facilmente ser destruído pela luz. Nada há a temer da obscuridade. O único perigo existente nas sombras é a desarmonia na própria consciência humana. Para dissipá-lo basta cultivar pensamentos sadios e construtivos e sentimentos tais como o amor, a fé, a alegria, compaixão, caridade.
Para muitos, esse tipo de vivência torna-se difícil, porque atormentar-se é humano. Também é humano justificar nossos tormentos, atribuindo sua causa a outrem. Porém, deve o ser humano conscientizar-se de que constitui lhe divina prerrogativa sublimar qualquer emoção capaz de gerar desarmonia. A conquista do autodomínio não é questão de meses ou de alguns anos. Na maioria dos casos, muitas encarnações são necessárias. Contudo, isso não quer dizer que o mesmo trabalho deva ser repetido constantemente. Qualquer progresso feito agora, permanece como parte integrante da consciência. Persiste através da existência como uma posse do Ego. O indivíduo em qualquer existência futura, pode não se lembrar de seus esforços anteriores. Os resultados, entretanto, permanecem e os problemas encarados e resolvidos nunca mais aparecem.
Alcançado esse estágio, a vitória está próxima. Quando o indivíduo se capacitou de todas as suas possibilidades, pode então compreendê-las e encontrar os meios de realizá-las. Muitos deixaram-se dominar pelos maus hábitos. A melhor maneira de vencê-los é criar hábitos de natureza oposta. Toda vez que um pensamento ou uma figura mental aflorarem nossa Mente, devemos proceder a uma análise. Se pertencerem ao medo, à morte, ou qualquer outra coisa indesejável, há que se lhe opor algo em contrário.
Todos devem convencer-se da divindade do Ego, de suas possibilidades e oobjetivo de sua evolução. Certas faculdades que se encontram adormecidas na maioria das pessoas, devem ser despertadas. As mais importantes são: o amor, o espírito de sacrifício, a abnegação, a humildade de coração, a renúncia de poderes para uso pessoal, um intenso desejo de ser útil, uma firme resolução de respeitar a liberdade alheia, fé e confiança nas verdades eternas, etc.
Como os seres humanos ainda são fracos, é de grande proveito uma precediária. Geralmente pensamos em Deus, julgando-o muito distante de nós. Não o alcançamos por causa de nossas próprias concepções errôneas de separatividade.
Se orarmos pedindo sabedoria, já estaremos em condições de recebê-la, pois “tudo quando suplicais e pedis, crede que o tendes recebido e tê-lo-eis”.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de setembro de 1979)
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