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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Três Graus do Discipulado – Parte II – Grau Fraternidade – São Mateus

Estudos Bíblicos da Sabedoria Ocidental
Discipulado
Os Graus da Fraternidade
Parte 2
São Mateus

O mestre viu um homem chamado Mateus que estava sentado, coletando impostos e disse-lhe: “Siga-me”. Mateus era um coletor de impostos do governo Romano e fazia coletas de seu próprio povo para tributo estrangeiro; por isso o rejeitaram e lhe deram o nome de “publicano”. Ele deixou uma posição de muita proeminência e de grande riqueza para seguir a Cristo Jesus. Posteriormente, mesmo alcançando um alto poder espiritual, sempre manteve uma profunda humildade de espírito. Ele é citado como Mateus, o publicano, somente em seu próprio Evangelho. O nome Mateus significa “o presente de Deus”. Na Palestina, um cobrador de impostos, ou publicano, empregado do governo Romano era considerado um leproso social. Publicano e pecador eram termos sinônimo nas mentes das pessoas. O “dinheiro contaminado” de homens como Mateus, foi rejeitado no Templo e seu juramento era inválido nos tribunais. Mesmo com tal degradação, Mateus foi chamado para se tornar um dos Doze Discípulos.

Outra lenda do Oriente nos mostra a seguinte repercussão: um grupo de meninos se aglomerou ao redor do corpo de um cão morto em uma sarjeta de Jerusalém. Um deles comentou: “Um dos olhos foi tirado”. Outro disse: “Ele perdeu uma orelha em uma briga”. “Que brutalidade!” – Exclamou um terceiro. “Seus pelos estão sujos e com sangue”.

“Mas observe os seus dentes”, sugeriu um estranho que passava. “Eles são tão brancos e tênues como pérolas”.

“Quem é esse?” – Perguntou um dos meninos; e quem o conhecia respondeu: “É Jesus, o Galileu”.

Um dos principais objetivos do Divino Caminho era ensinar aos seres humanos como manifestarem sua divindade latente. Sim, e a divindade está dentro de nós.

Veja este homem chamado Mateus, sendo um publicano desprezado e depois um dos Doze imortais, aprendeu que esta lição é evidenciada pela proeminência concedida à Regra de Ouro em seu Evangelho. Sabe-se que Mateus escreveu esta Regra em letras de fogo sobre o pergaminho eterno.

Sua transformação da antiga para a nova vida estava completa e detalhada. Todas as parábolas do Evangelho de Mateus mostram o jogo limpo, a distribuição equitativa e a reciprocidade altruísta. Sob o feitiço divino do mestre, ele deixou de ser “Mateus, o publicano”, e tornou-se “Mateus, o santo”. Seu evangelho enfatiza o fato de que o ser humano não pode servir a dois mestres, e ele provou isso em sua própria vida.

Seu ministério centrou-se em grande parte na expulsão de entidades demoníacas (obsessões). Na cidade de Hierápolis, Mateus curou a esposa do rei Fulvanus; seu filho e também a sua esposa que estavam igualmente afligidos.

Por gratidão, todos abraçaram o cristianismo e, depois que Mateus os deixou, continuaram a servir o Cristo.

O seguinte é um antigo registro do martírio de Mateus. “Ele, tendo curado a esposa do rei obsidiada, o demônio apareceu no rei disfarçado de soldado para obter ajuda para conseguir matar Mateus. Toda vez que o (demônio) soldado aparecia, Mateus tornava-se invisível. O rei entrou na igreja dizendo que desejava tornar-se um discípulo de Mateus, mas quando se aproximou do santo, ele ficou cego. Mateus, então, o curou tocando seus olhos. Quando ele tentou discutir com o rei devido as suas maneiras maldosas, o rei o prendeu e pregou na cruz. Seu corpo estava coberto de óleo e uma fogueira se acendeu sobre ele. Mas o fogo se transformou em orvalho e Mateus ficou ileso como se estivesse dormindo. Muitos vieram e tocaram seu corpo e foram curados de enfermidades e obsessões. O rei então colocou o corpo em um caixão de ferro e atirou ao mar. Os discípulos de Mateus levaram pão e vinho à beira do mar e, assim que o Sol nasceu, viram Mateus andando sobre o mar ao lado de dois homens com roupas brilhantes”.
Essa lenda mística refere-se aos ritos iniciáticos de Fogo e Água, em que o discípulo descobre que ele possui a habilidade de passar por meio desses dois elementos e permanecer ileso. A lenda atribui a informação adicional de que o rei juntamente com sua esposa e filho se tornaram cristãos. Mateus os abençoou e o nome do rei mudou de Fulvan para Mateus; o nome da esposa de Ziphazia para Sophia (sabedoria); o nome da esposa de seu filho de Erva para Sinésia (entendimento).
Ao se tornar um Iniciado, o aspirante recebe um novo nome, simbólico devido a certas características espirituais que ele já desenvolveu ou está prestes a adquirir. Um Iniciado, ao conhecer novo nome de outro, é imediatamente informado sobre o seu nível de desenvolvimento espiritual.
Mateus viveu uma vida de extrema austeridade, sobrevivendo de nozes, raízes e uvas. Ele permaneceu em Jerusalém por vários anos após a Crucificação e depois foi para o Egito e Etiópia para ensinar e curar. Seu Evangelho contém o relato de dois milagres, dez parábolas, nove discursos e catorze incidentes que estão relacionados a certas fases de realização iniciática não encontradas nos outros Evangelhos.
O que os primeiros pais da Igreja escrevem sobre Mateus:
“Ele esteve durante quarenta dias rezando e jejuando nas montanhas, quando Cristo Jesus apareceu a ele, dizendo: ‘Pegue essa minha vara, desça e planta-a no portão da igreja fundada por você e André; assim que for plantada, ela se tornará uma árvore, com ramos de trinta côvados de comprimento e cada ramo com um fruto diferente. Do topo deve fluir mel e da raiz surgirá uma grande fonte em que todas as criaturas da Terra se banharão e serão purificadas, se envergonharão de sua nudez e vestirão roupas de ovelhas’. Mateus fez o que lhe pedia e todos os que se banharam ali viram-se mudados à imagem de Mateus. A árvore era linda e florescente como as plantas do paraíso e um rio prosseguia dela que regava toda a terra”.
Tais lendas como estas são interessantes para o cristão esotérico, pois estão repletas de verdades ocultas. Elas produzem sinais familiares a todos que passaram pela mesma situação mística e que, tendo vislumbrado a visão, estão se esforçando para trilhar o caminho da realização.

(do Livro: New Age Bible Interpretation, Vol VI, Corinne Heline – Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross – 11-12-2002)

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Se a mulher é a emanação do homem (a história da costela de Adão), ela, no retorno final à unidade, será reabsorvida, perdendo a sua individualidade na divindade masculina?

Pergunta: Se a mulher é a emanação do homem (a história da costela de Adão), ela, no retorno final à unidade, será reabsorvida, perdendo a sua individualidade na divindade masculina?

Resposta: A “história da costela” é um daqueles exemplos de ignorância gritante por parte dos tradutores da Bíblia – os quais não possuíam qualquer conhecimento oculto – ao lidar com a língua dos hebreus, que na escrita não era dividida em palavras e não tinha pontos indicando as vogais. Inserindo vogais e dividindo as palavras diferentemente, podem-se obter, em muitos trechos, várias interpretações para o mesmo texto. Este é um caso onde uma palavra colocada de um certo modo é lida “tsad” e de outro modo “tsela”. Os tradutores da Bíblia leram no relato que Deus havia extraído algo de um lado de Adão (tsela), e ficaram confusos sobre o que poderia ter sido. Assim, pensaram que, talvez, o prejuízo menor seria tirar-lhe uma costela (tsad), daí a versão absurda que resultou.
O fato é que o ser humano, no início, se parecia com os Deuses, “feito à imagem deles”, macho e fêmea, um hermafrodita. Mais tarde, uma parte foi-lhe tirada, o que ocasionou a divisão em dois sexos. Pode-se dizer ainda que o primeiro órgão que se desenvolveu até a forma como se apresenta hoje, foi o órgão feminino, a parte feminina que sempre existiu em tudo antes do masculino, que veio depois. De acordo com a lei em evolução, “os primeiros serão os últimos”, o feminino permanecerá um sexo distinto mais tempo que o masculino, portanto, o consulente está errado nas suas suposições. O masculino é que será absorvido no feminino. Podemos verificar que, atualmente, o órgão masculino está se contraindo gradualmente na sua base e cessará finalmente de existir.

Quanto à mulher perder a sua individualidade, isso é impossível. O propósito da evolução é justamente tornar-nos individualizados, autoconscientes e separados durante a evolução, autoconscientes e unidos durante os interlúdios entre manifestações.

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Pergunta: Encontramos na Bíblia, no Livro de Jó, as seguintes palavras: “Podes atar as cadeias das Plêiades ou soltar os atilhos do Orion?” (Jo 38:31). Essas estrelas exercem alguma influência sobre os seres humanos?

Pergunta: Encontramos na Bíblia, no Livro de Jó, as seguintes palavras: “Podes atar as cadeias das Plêiades ou soltar os atilhos do Orion?” (Jo 38:31). Essas estrelas exercem alguma influência sobre os seres humanos?

 

Resposta: Sim, não há dúvida que todas as estrelas no universo exercem alguma influência sobre os seres humanos, e alguns astrólogos marcam as posições de várias estrelas fixas ao levantar um horóscopo. A nosso ver, isso é apenas uma perda de tempo e trabalho, pois a Mente humana tem agora uma prova suficientemente forte para equilibrar as influências interagentes das Casas, Signos e Aspectos dos Astros, de tal maneira que seja possível ler com precisão a mensagem completa das estrelas, como é mostrada por esses fatores elementares. Pode-se afirmar, contudo, no tocante às Plêiades, que são uma das três manchas nebulosas do Zodíaco que, segundo descobriu-se, exercem uma influência perniciosa sobre os olhos em determinadas configurações do horóscopo do Sol ou da Lua com Saturno, Marte, Urano e Netuno.

(Perg. 109 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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Pergunta: No Apocalipse, São João diz: “E já não haverá mar”. O que isso significa?

Pergunta: No Apocalipse, São João diz: “E já não haverá mar”. O que isso significa?

Resposta: Significa exatamente o que é dito, pois a Terra está passando por inúmeros estágios evolutivos que propiciam as condições necessárias para o nosso desenvolvimento. Houve uma era de escuridão, durante a qual o material do nosso planeta achava-se reunido em um estado de fermentação e germinação, os quais produziam calor e, no momento em que foi proferido o fiat criador:

 

“Faça-se a luz”, esse material transformou-se numa névoa de fogo luminosa, girando em torno do seu eixo e aquecendo a atmosfera circundante, a qual logo esfriava ao entrar em contato com o espaço exterior. Assim foi gerada a umidade que caía sobre o planeta incandescente, resultando em vapor que se elevou em direção ao espaço, uma neblina ígnea.

Durante eras, esses processos de evaporação e condensação aconteceram até formar-se uma crosta sólida que cobriu a Terra e se tornou o que chamamos terra firme e seca, da qual se elevava uma espécie de bruma, tal como descrita na Bíblia. Esse vapor esfriava-se, condensava-se e caía sobre a terra em forma de chuva, o que, gradualmente, clareou o ar propiciando-nos às condições atmosféricas prevalecentes até hoje. No passado, possuíamos corpos que nos permitiram viver nos diversos ambientes terrestres; atualmente, nossos veículos são, em sua maior parte, compostos de água, tal como são os corpos dos animais e vegetais. Apesar disso, a Bíblia diz que tanto a carne quanto o sangue não podem herdar o Reino de Deus. Ela também diz que deveremos descartar-nos do corpo físico e elevar-nos no ar. Daí a citação do Apocalipse, 21:1. “E já não haverá mar”. Desse modo, as condições gerais nos sãos apresentados, e há alguns indícios mostrando que, embora essas mudanças estejam ocorrendo lentamente, elas estão realmente surgindo. Os cientistas começam agora a admitir que a Terra está perdendo umidade. Lemos num artigo publicado no “Literary Digest”: “Muitas autoridades reconhecem que a Terra está perdendo lentamente a sua umidade. Isto ocorre como é parcialmente explicado por C. F. von Hermann, em Science (New York), pela ação das descargas elétricas no vapor em decomposição. Um dos gases componentes, o hidrogênio, é muito leve e sobe até as camadas superiores da atmosfera terrestre, de onde é finalmente expelido.

Essa perda de hidrogênio significa, na realidade, uma perda de água. A decomposição da umidade da Terra, com o seu desaparecimento final, é causada também por outros agentes, especialmente pelo efeito dos raios luminosos da parte superior do espectro. O Sr. von Hermann cita um escritor em Umschau, Dr. Karl Stoeckel, que disse: “Acredita-se que os raios ultravioletas da luz solar, que incidem sobre o vapor de água em suspensão na camada inferior da atmosfera terrestre, decompõem uma pequena parte desse vapor para produzir o hidrogênio, que se eleva a grandes altitudes”.

A respeito disso, o Sr. von Hermann comenta: “Não creio ter sido verificado antes que a superfície da Terra está continuamente perdendo hidrogênio por meio da decomposição do vapor de água provocada por cada relâmpago”. Pickering e outros já reconheceram as linhas de hidrogênio no espectro de um relâmpago, e estudos mais amplos na meteorologia mencionam que os clarões dos relâmpagos decompõem uma certa quantidade de água. O hidrogênio formado por cada relâmpago, eleva-se rapidamente à atmosfera superior e perde-se no espaço.

(Perg. 80 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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Pergunta: Há algum trecho na Bíblia, seja no Antigo ou no Novo Testamento, onde é dito aos seres humanos, que se casem e vivam depois como irmão e irmã, sob quaisquer circunstâncias? Se isto não consta na Bíblia, por que é ensinado por vocês?

Pergunta: Há algum trecho na Bíblia, seja no Antigo ou no Novo Testamento, onde é dito aos seres humanos, que se casem e vivam depois como irmão e irmã, sob quaisquer circunstâncias? Se isto não consta na Bíblia, por que é ensinado por vocês?

Resposta: Os Semitas Originais foram a quinta das raças Atlantes. Surgiram da Atlântida submersa, como foi contado de várias formas nas histórias de Noé e Moisés. Seu destino era uma Terra Prometida, não a pequena e insignificante Palestina, mas a terra como ela é hoje constituída. Era prometida porque estava passando por mudanças que ocorrem quando, uma nova raça está preparada para tomar posse dela. Inundações haviam destruído a civilização Atlante. No deserto de Gobi, na Ásia Central, vagueava o núcleo das presentes raças Arianas.

Na época em que tal núcleo estava para se tornar uma raça que povoaria o mundo, é natural que a procriação de crianças fosse de importância capital. Era considerado como dever de todos gerar um grande número de filhos e ser fecundo. Atualmente, não estamos vivendo naquela época, o mundo está mais povoado, e os Egos reencarnantes estão mais cautelosos, não se empenhando tanto em conceber. Nós nunca apregoamos o celibato geral, nem dissemos que as pessoas devem casar-se e depois viver como irmãos durante todo o tempo, mas ensinamos que as pessoas casadas devem, de acordo com as circunstâncias, ajudar a perpetuar a raça. Quer dizer, se ambos, marido e mulher, estão física, moral e mentalmente em condições, e possuem um lar onde um Ego encarnante possa ter a oportunidade de renascer e adquirir experiência, eles deverão oferecer-se como um sacrifício vivo no altar da humanidade e fornecer a substância de seus corpos para prover um Ego de um veículo, recebendo-o em seu lar como receberiam um convidado querido, gratos por poder fazer por ele o que outros lhes fizeram. Mas, quando o ato de fecundação tiver sido realizado, eles deverão abster-se de outras relações sexuais, até que se sintam novamente preparados para gerar o corpo de outra criança. É esse o ensinamento dos Rosacruzes a respeito da relação ideal entre marido e mulher. Eles sustentam que a função criadora não deveria ser usada com propósitos sensuais, mas para a perpetuação da raça, como foi, naturalmente, designada. Essa é uma situação ideal e pode estar fora de alcance para a maioria das pessoas no presente momento, como o é a prescrição de amar os nossos inimigos. No entanto, se não tivermos ideais elevados, não faremos progresso algum.

(Perg. 21 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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Por que as cores do véu do Templo e das vestes sacerdotais eram, como foi mencionado no Êxodo, azul, púrpura e escarlate, em lugar de serem as três cores primárias?

Pergunta: Por que as cores do véu do Templo e das vestes sacerdotais eram, como foi mencionado no Êxodo, azul, púrpura e escarlate, em lugar de serem as três cores primárias?

Resposta: O Tabernáculo no Deserto foi a primeira igreja que o ser humano erigiu sobre a Terra. Quando a humanidade saiu das bacias terrestres devido à condensação das águas que antes pendiam como uma densa neblina sobre a terra, a visão espiritual que os havia guiado até ali tornou-se um obstáculo para o seu desenvolvimento físico. Consequentemente, ela foi diminuindo, e os sentidos dos seres humanos passaram a focalizar-se no mundo físico.

Essa mudança acarretou uma separação das Hierarquias Divinas que, até aquele momento, haviam guiado o ser humano no caminho da evolução. Elas tornaram-se invisíveis e o indivíduo sentiu a sua falta. Então, despertou em seu coração um desejo de Deus, que ficou satisfeito ao ser-lhe dado o Tabernáculo no Deserto e ao ser-lhe prescritas certas leis divinas no sentido de orientá-lo. Jeová era o Legislador e o Gênio particular dos Semitas Originais, que foram a raça de origem da futura Época Ária, e, atrás d’Ele permanecia o Altíssimo, o Pai. Isto é confirmado em certas passagens como no Deuteronômio, capítulo 32, versículos 8 e 9, onde é dito que o Altíssimo dividiu o povo em nações, reservando uma certa porção do povo ao Senhor, que o guiou e o levou para fora do Egito (terra onde se venerava o Touro), rumo à Era Ária do Arco-íris. Esta foi inaugurada com o uso do sangue do Cordeiro, Áries, no holocausto (Passover) realizado por Noé e pelas leis dadas através de Moisés, as quais foram simbolicamente mostradas no Tabernáculo no Deserto.

A cor do Altíssimo, o Pai, é um azul espiritual. A cor de Jeová é o vermelho (simbolizando o sacrifício sangrento), e a mistura destas duas cores produz a púrpura. Por essa razão, estas duas cores fizeram-se presentes no véu do Templo, além da cor branca indicando, de forma simbólica, a falta de alguma coisa. Sob o regime de Jeová era necessário aplicar o lema: “olho por olho e dente por dente”. Era uma exigência da lei ditada por Ele e transmitida a Moisés. Essa Lei reinou até Cristo, que nos trouxe, então, a graça e a verdade, rasgando assim, o véu do Templo.

Sob essa lei antiga, os sacrifícios de animais eram obrigatórios, pois a humanidade ainda não aprendera a fazer sacrifícios de si mesma.

Quando Cristo mostrou o caminho da verdade e da vida, oferecendo-Se em sacrifício, o véu do Templo rasgou-se, estava abolido o antigo sistema, e um novo caminho foi aberto para a salvação “de todo aquele que o desejar”.

Na nova dispensação não há véu sobre o qual possa ser colocada a cor do Iniciador. Encontrou-se uma forma melhor de marcar individualmente com Sua cor dourada aqueles que são de Cristo. Na verdade, todos os que seguem o caminho do serviço e do auto sacrifício desenvolvem em sua própria aura a cor dourada de Cristo, a terceira das cores primarias. Essa aura é a veste sacerdotal da nova dispensação, sem a qual ninguém pode penetrar no Reino, e nenhuma veste pode ser conseguida por meio de pseudo-iniciações, não importa qual tenha sido o preço pago.

(Perg. 82 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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Por que as cores do véu no Tabernáculo eram púrpura, escarlate e branca? Por que as três cores primárias, azul, vermelho e amarelo não foram representadas?

Pergunta: Por que as cores do véu no Tabernáculo eram púrpura, escarlate e branca? Por que as três cores primárias, azul, vermelho e amarelo não foram representadas?

Resposta: Azul é a cor do Pai que reina continuamente sobre todo o universo, desde o início até o fim da manifestação, onipresente em tudo o que vive, respira e tem existência própria. Vermelho ou escarlate é a cor do Espírito Santo que gera as criaturas vivas. Quando a vida apresenta uma expressão errada, esta se vê restringida por um código de leis, e o Espírito Santo, nesse caso, torna-se Jeová, o Legislador. Amarelo é a cor de Cristo, o Senhor do Amor que, por meio desse Princípio divino, invalida a lei e leva-nos novamente de volta, em contato direto com a harmonia do Pai.

Portanto, podemos ver que, sob o antigo regime, era impossível incluir o amarelo e fazer das três cores primárias o símbolo do Templo, pois, naquela época, o Pai e Jeová reinavam o azul e o escarlate, suas cores, figuravam no Templo, e a púrpura, que é a cor resultante da fusão das duas cores primárias citadas antes, também lá estavam, mostrando não apenas sua existência separada como também a sua unidade. Por último, havia o espaço branco simbolizando fato de que um aspecto permanecia sem se manifestar, e essa era a terceira cor, a amarela.

Desde o tempo de Cristo, a verdadeira Escola de Mistérios Ocidentais, a dos Rosacruzes, teve como seu emblema as Rosas Vermelhas, simbolizando a purificação de natureza de desejos, a estrela dourada, mostrando que Cristo nasceu dentro do discípulo e irradia de suas cinco pontas, que representam a cabeça e os quatro membros. Isto se reflete sobre o fundo azul que simboliza o Pai. Mostra, assim, que a manifestação de Deus, a unidade na trindade, realizou-se.

Muitas vezes pensei que faltava alguma coisa na literatura da Fraternidade Rosacruz, ou seja, um livro de devoção, e acredito que milhares dos nossos estudantes provavelmente sentiram o mesmo. Para suprir esta lacuna, muitos adotaram livros de origem oriental, o que é uma prática desaconselhável. Há muitas vidas atrás quando nós, do Mundo Ocidental, estávamos em corpos orientais numa época em que não havia o Mundo Ocidental tal como é conhecido hoje, essa espécie de coisas se adequavam a nós, mas atualmente já avançamos muito além, e deveríamos considerar a vida de nossos santos cristãos para guiar-nos no Caminho da Devoção. Meu livro de cabeceira tem sido A Imitação de Cristo de Thomas de Kempis1. É realmente um livro maravilhoso. Não há uma só situação na vida que não encontre nele alguma referência adequada, e quanto mais o lemos, mais o admiramos.

Provavelmente os estudantes sabem que os residentes em Mount Ecclesia se revezam, em ordem alfabética, nas leituras durante os ofícios da manhã e da noite. Ao chegar a minha vez, sempre pego o livro de Thomas de Kempis e leio um capítulo, do começo ao fim, repetindo-o algumas vezes. Não há um único trecho cansativo em todo o livro, e será muito proveitoso que os estudantes desejosos de desenvolver este aspecto devoto de sua natureza, adotem este livrinho como literatura diária. Acredito que ele possa ser adquirido na maioria das livrarias do mundo.

(Perg. 81 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

 

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[1] N.R.: Imitação de Cristo – Tomás de Kempis – publicado em português pela Editora Vozes

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Se “Deus fez o homem um pouco inferior aos Anjos”, como é possível que ele se torne, no final, superior a eles no Mundo Espiritual?

Pergunta: Se “Deus fez o homem um pouco inferior aos Anjos”, como é possível que ele se torne, no final, superior a eles no Mundo Espiritual?

Resposta: Essa pergunta revela um equívoco. Isso nunca foi declarado nos Ensinamentos Rosacruzes, mas foi dito algo que pode ter gerado uma interpretação errada. A evolução move-se numa espiral e nunca se repete na mesma condição. Os Anjos representam uma corrente evolutiva mais antiga; eram humanos num período anterior da Terra, chamado de Período Lunar entre os Rosacruzes. Os Arcanjos eram a humanidade do Período Solar, e os Senhores da Mente, chamados por Paulo os “Poderes das Trevas”, eram a humanidade do sombrio Período de Saturno. Nós somos a humanidade do quarto período do presente esquema de manifestação, o Período Terrestre. Como todos os seres do universo estão evoluindo, a humanidade dos períodos anteriores também evoluiu, de forma que hoje encontram-se num estágio mais elevado daquele em que estavam quando eram humanos – eles são sobre-humanos. Portanto, é verídico que Deus fez o homem um pouco inferior aos Anjos. Mas, como tudo está num estado de progressão espiralar, também é verdade que a nossa atual humanidade é superior e mais evoluída do que os Anjos o foram; e que os Anjos foram uma categoria mais elevada da humanidade do que os Arcanjos quando eram humanos. Na próxima etapa atingiremos algo semelhante ao atual estágio dos Anjos, mas seremos superiores ao que eles são agora.

(Perg. 2 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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Pergunta: O ensinamento do Novo Testamento mostrando o Espírito Santo, o Consolador, tão delicado e misericordioso, torna difícil identificá-Lo com o vingativo Jeová do Antigo Testamento. Como podemos conciliar isso?

Pergunta: O ensinamento do Novo Testamento mostrando o Espírito Santo, o Consolador, tão delicado e misericordioso, torna difícil identificá-Lo com o vingativo Jeová do Antigo Testamento. Como podemos conciliar isso?

Resposta: Era missão de Jeová e dos seus Anjos multiplicar o que existisse sobre a terra. Em outras palavras, Ele era o doador de filhos. Consideremos o anúncio do anjo à Maria: “O Espírito Santo baixará sobre ti e conceberás”.

Temos já aí um elo; mas como há sempre dois aspectos em toda questão, também há dois aspectos no que se refere ao Espírito Santo. Uma fase do Seu trabalho é feita partindo de fora, como um dador de leis, e a lei, quando aplicada de fora, é como um feitor que nos obriga a fazer isto ou aquilo ou nos proíbe de fazer outras coisas. Ela exige olho por olho e dente por dente. Eis aí Jeová, o criador da lei. Mas, quando chega a época em que recebemos a lei dentro de nós não somos mais impelidos por meios externos, o feitor torna-se o Consolador. Todo universo é regido por leis. Tudo no mundo baseia-se na lei, e ela é tanto nossa proteção como nosso feitor.

Pela manhã, deixamos os nossos lares sem nos preocuparmos, confiantes na lei de gravidade que manterá tudo nos seus devidos lugares durante a nossa ausência.

Sabemos que, ao retornar, encontraremos tudo como deixamos, embora o nosso Planeta esteja rodando em sua órbita a uma velocidade em torno de 105 mil quilômetros por hora.

Confiamos na expansão dos gases para obtermos força motriz. De fato, tudo na natureza está baseado em leis, e quer o saibamos ou não, somos sujeitos a elas até que, mediante o conhecimento, aprendamos a usá-las, a cooperar com elas, e fazê-las executar as nossas ordens e poupar-nos trabalho.

O mesmo ocorre com as leis morais dadas por Jeová no Monte Sinai. Elas destinaram-se a conduzir-nos a Cristo, e quando Cristo nasce dentro de nós, a lei do Espírito Santo também penetrará. O ser humano é, então, simbolizado pela arca que ficava no Sanctum Sanctorum e que tinha dentro de si as tábuas da lei. Notamos que o Consolador que veio para os homens de outrora não foi um Consolador externo, mas operava internamente, entrava neles e tornava-se uma parte deles. Quando o Espírito da Lei, o Espírito Santo, entra em nós, Ele é o Consolador, porque passamos a fazer de boa vontade as coisas que são impulsionadas por esse estímulo interno, enquanto que ficávamos ressentidos e relutantes às ordens do feitor externo.

(Perg. 72 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)

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Oitava e Nona Bem-Aventuranças

Oitava e Nona Bem-Aventuranças

“Felizes os que forem perseguidos por causa da perfeição, porque deles é o Reino dos Céus. Felizes sois quando vos injuriarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande vosso prêmio nos céus, pois assim perseguiram aos profetas que existiram antes de vós” (Mt 5:10-12).

“Felizes sois, quando os homens vos odiarem e quando vos excomungarem, vos ultrajarem e rejeitarem vosso nome como indigno, por causa do Filho do Homem: alegrai-vos e exultai nesse dia, pois grande é vosso prêmio no céu, porque assim seus pais (deles) fizeram aos profetas”. “Mas ai de vós quando vos louvarem os homens, porque assim seus pais (deles) fizeram aos falsos profetas” (Lc 6:22,23,26).

As sete primeiras bem-aventuranças, anteriormente expostas, representam sete passos definidos na cristificação do ser humano. São os meios para a criação religar-se à sua Fonte, como disse São Paulo: “Até que todos cheguemos à unidade da convicção e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, a medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13).

Essas duas últimas, 8ª e 9ª bem-aventuranças, representam as PROVAS indispensáveis para CONFIRMAR as sete primeiras. Serve de TESTE à legitimidade da evolução alcançada nos sete primeiros passos.
Se o candidato falhar nessas duas últimas bem-aventuranças, deverá voltar e REVIVER as sete primeiras, porque será “sinal” inequívoco de fracasso em um ou mais dos sete passos essenciais. Daí a necessidade de analisarmos cuidadosamente o sentido desses dois passos finais.

São Lucas inclui em seu método místico esse arremate, terminando por uma condenação (versículo 26) ou advertência, à tentação da personalidade aceitar falsa honra. O que a maioria aprova, quase sempre não é o melhor.

Confrontemos os dois sinóticos:

São Mateus fala de perseguição, injúria e mentira.

São Lucas refere-se a ódio, excomunhão, ultraje, rejeição e indignidade.

Que significa tudo isso? É preciso ter muito cuidado com as palavras porque podemos atribuir-lhes sentidos falsos. A personalidade falsa, em nós, é multo hábil para justificar-se e guardar o seu prestígio. Há sempre uma grande dificuldade para admitirmos imparcialmente as próprias falhas, justificando-as com eufemismos curiosos, no esforço de “sermos bem vistos pelos seres humanos”. O trecho é claro: o que se faz contra o Eu real, o que fere os interesses superiores da Essência humana. Somos simples aspirantes, pessoas comuns ainda. É preciso cautela para não nos incluir entre os “justos”. As reações desagradáveis que provocamos nos demais têm, quase sempre, uma CAUSA INTERNA. O mal que vemos fora é muitas vezes um espelhismo. Se vemos ou suscitamos algo negativo, é sinal de que essa mesma falha se projetou de nós. Nosso Eu real a vê e chama nossa atenção para ela, convidando-nos a conscientizá-la e não mais a alimentarmos. Nada surge em nossa experiência, de bem ou de mal a não ser que algo semelhante, em nosso íntimo, o atraia. Assim como um imã atrai apenas as coisas de ferro ou aço (que lhe são semelhantes), também nós atraímos o que nos é afim. Somos como um aparelho transmissor e receptor: transmitimos a mensagem silenciosa de nosso modo de ser e captamos do exterior o que nos é semelhante. É a sintonia automática e fiel da “onda” ou “faixa” vibratória que nos corresponde.

As pessoas imaturas (os espiritualmente infantes) sofrem repetidamente pelas mesmas falhas, porque não as conscientizam e nem as sobrepõem. Então, como a Hidra de Lerna de cabeças falsas, aquela deficiência ressurge disfarçada, em nova curva do caminho, desafiando-as outra vez. Estão cegas, e surdas às advertências da vida; aos convites de regeneração. Querem colher o que não plantam. Gostariam de ser tratadas com simpatia e consideração e como não recebem esse tratamento dos outros, queixam-se de que são invejadas e perseguidas, tanto no trabalho como na sociedade. Para suprir a subconsciente falha (que lhes dá complexo de inferioridade) esforçam-se por demonstrar sua superioridade em alguma coisa, alegando esta e outras razões, como causa dessa atitude hostil dos outros, em relação a elas. “É despeito..”- dizem.

Simples camuflagem. Grande ilusão! Benditas desilusões que vêm demolir essas tolas justificativas da personalidade falsa. Não há justificação. Ninguém pode impedir de recebermos o que o destino traz a nosso encontro, como eco de nosso caráter. Tudo é produto do mérito ou demérito. Se desejarmos Deus em nossa vida; se almejarmos paz e harmonia; se aspirarmos “herdar a terra” deveremos exercer conscientemente as bem-aventuranças descobrindo e levando os evangelhos aos pequenos “eus” irregenerados de nosso íntimo, que são as CAUSAS das perseguições, da hostilidade, frustrações, injúrias e calúnias de nossa experiência.

A personalidade é ardilosa no refugiar-se em justificações. Gostamos de nos enganar e nos enfurecemos quando alguém nos desmascara. Podemos perdoar tudo: perda de bens, de amizades etc., mas nunca perdoamos a quem nos desmascare. A psicologia diz que é muito comum uma pessoa ficar inimiga gratuita de outra a quem, num impulso de sinceridade, confessa um segredo importante de sua vida; porque ela se torna depositária de um ponto fraco. Estamos sempre a camuflar nossos vícios, sem coragem de olhá-los de frente e tomar consciência de sua real natureza: uma ilusão. Por isso é que o desmascaramento constitui o maior crime. Por isso condenaram Sócrates a beber cicuta e o Cristo a morrer na cruz.

Soltem Barrabás!

Compreendamos: a origem, a causa de toda adversidade, é INTERNA.

– Mas – dirá o leitor – parece haver contradição em tudo isso! Se o Cristo manifestou Seu Amor e boa vontade em dar-nos o Reino, assegurando-nos, nas sete primeiras bem-aventuranças, que podemos ganhar o Reino dos Céus mediante o esvaziamento da personalidade e aspiração do Eu superior; que por meio da conscientização das falhas seremos consolados, que pela mansidão (não resistência) podemos alcançar a felicidade aqui e agora mesmo; que a ardente aspiração de aprimoramento ser-nos-á atendida; que pela misericórdia exercida em relação aos outros (e a nós mesmos) estabeleceremos um reino do amor, que, pela limpeza interna alcançaremos a união com o Eu Superior; que ao realizarmos a paz, seremos chamados filhos de Deus – por que é que, nessas duas últimas bem-aventuranças Ele considera uma felicidade sermos perseguido, injuriados, caluniados, odiados, excomungados, ultrajados, rejeitados e desprestigiados? Por que é que o próprio Cristo, sendo perfeito, sofreu essas coisas todas, se as causas das perseguições são internas? Esclareçamos essa aparente contradição para que o assunto se torne definidamente lógico. Para isso, dividamos a humanidade em três categorias de pessoas:

1. Os espiritualmente infantis, que se acham no nível de consciência de transgressões ignorantes às leis divinas. Suscitam reações da Lei de Causa e Efeito, sofrem e se revoltam porque não sabem por que sofrem. Para eles, a finalidade da vida é “gozar”, num sentido deturpado. Não compreendem por que não podem “gozar” sem restrições nem dores.

2. Os Aspirantes à vida superior, que compreendem as verdades espirituais e estão procurando realizá-las, conscientes de que a regeneração há de ser conquistada lenta e seguramente pelo conhecimento e superação de suas falhas.

3. Os seres realizados, espiritualmente adultos, que já se libertaram das limitações viciosas da personalidade e a transformaram em serva fiel do Eu superior, trabalhando para libertar os demais de sua escravidão.
Agora, raciocinemos: a violenta resistência da natureza inferior se dá DENTRO DE NÓS, na fase de aprimoramento; e acontece FORA, vinda de outros, quando um ser iluminado procura libertá-los. Portanto, ela sempre nasce da personalidade viciosa.

Entre duas pessoas condicionadas, uma vê e atrai, na outra, aquilo que está em si. E quando ela supera todas as limitações, a resistência vem APENAS como reação da natureza inferior, na pessoa a quem se deseja libertar. Ao mesmo tempo, isso serve de teste para o ser iluminado. Nada, nele, a esta altura, deve identificar-se com o mal dos outros. Ele não se deve entristecer pela ingratidão. Ele atribui tudo ao Eu real: êxitos e fracassos aparentes, pois, em realidade, tudo converge para o bem.

Há duas regras esotéricas que deveríamos guardar e praticar, em nossa espiritualização:

1. Busquemos observar, imparcialmente, nossas reações internas. Mantenhamo-nos livres para receber as palavras e atitudes dos outros, despidas de agressão, analisando em que medida elas se ajustam a nós.

a) Se uma ofensa ou oposição é justificada, não temos razões para nos aborrecermos. Aproveitemo-la em nossa correção.

b) Se uma ofensa ou oposição é injustificada (realmente, pois as justificações e amor-próprio dificultam muito essa apreciação), também não nos devemos magoar, porque não cabem a nós.

As injustiças, a agressividade das atitudes e palavras, os agravantes vários em que a outra pessoa tenha incorrido, ficam por conta dela. Ninguém responde pelos erros dos outros. O destino é individual. “A doçura amansa a ira”- (Salomão). Se aproveitarmos estar com a razão para amesquinhar a outra pessoa, nossa violência e grosseria debilitam nossas razões.

2. “Nada pode ferir-me, senão na medida em que admito a ofensa” – ensina São Bernardo. Eis uma regra importante de psicologia. Se admito a ofensa, ela me fere. Se não a admito, permaneço ileso. Não se trata de superficialidade: sorrir por fora e magoar-me por dentro. Não. É não responder por dentro. Embora nossos “eus” reajam lá dentro à agressão (porque são semelhantes), não nos deixamos envolver por eles; ficamos à parte, observando sua reação sem nos identificarmos com eles. Não é fácil, mas pode e deve ser conseguido.

Também nesse caso é preciso ponderar honestamente se a crítica é fundada ou não. Se de algum modo contribuímos para essa atitude hostil, tenhamos a nobreza de pedir desculpas. Se não temos culpa, esclareçamos a coisa com mansidão e firmeza. Se a pessoa está emocionalmente descontrolada, aguardemos ocasião para esclarecê-la. E se, finalmente, não podemos provar nossa inocência tenhamos confiança de que “nada há em oculto que não venha a ser revelado”. De toda forma, não há motivo de mágoa senão na persona orgulhosa. E se há meios para se ajudar alguém ou esclarecer situações, só pode ser pela verdade AMOROSA.

É interessante observar as reações da personalidade falsa no período de aprimoramento. Ela usa dos mais astuciosos meios e justificações e reclamos, chegando a apelar para reações biológicas: asma, bronquite, diarreias, erupções de pele – de natureza alérgica, como choros e esperneios de uma criança caprichosa e mal educada. Por quê? Porque deseja sobreviver. Quem está no “trono” luta para permanecer.

Enquanto atendemos aos velhos hábitos arraigados, alimentando-os com a repetição, tudo vai bem – exceto nas pessoas elevadas, nas quais a “pequenina e silenciosa voz” reclama por libertação. Por isso, toda mudança de hábitos é difícil. Os “poderes constituídos” resistem, o que é compreensível, conhecendo-se o instinto de conservação. Daí que toda reforma de caráter deva estar claramente delineada nas verdades do ser, usando-se adequadamente os conhecimentos, a observação de si, a não resistência e persistente realização da “nova criatura”. Não se trata de combater – no sentido comum – e matar a natureza inferior, mas, sim, transmutá-la, despindo-a dos condicionamentos e ilusões de que a revestimos com a “falsa luz”. A resistência, o combate, dão forças à ilusão. Quando combatemos algo é porque o julgamos real. Mas a única realidade é o Espirito. Não se trata de resistir, porque isso põe no palco de nossa consciência os chamados males e eles se fortalecem na luz de nossa atenção. Quanto mais pensamos em nossas falhas mais as alimentamos. Mas, se lhes observamos as reações, na convicção de que são apenas realidades transitórias, agindo com a vida que lhes emprestamos, deixamos de alimentá-las e elas vão depauperando pela falta do alimento da repetição e da crença nelas.

A reação dos velhos hábitos é bom sinal. É prova de que estamos nos transformando para melhor; por isso reagem. Mas pode ocorrer o contrário, que bons hábitos reclamem dentro de nós, quando começamos a substituí-los por outros piores, numa queda de caráter ao condescender com uma vida fútil e viciosa. Aí já é outro caso. Devemos discernir. O critério seguro é consultar as verdades espirituais que os Iluminados deixaram, como setas nas encruzilhadas. São guias seguros.

O certo é que, na transformação para melhor começarmos a sentir uma alegria pura. Nosso relacionamento melhora, mas também sentimos prazer em ficar a sós, num desejo de comunhão interna. Tornamo-nos sensíveis a um pôr-do-sol, à beleza singela de uma flor, à simplicidade de uma criança. Compreendemos e aceitamos melhor cada pessoa como ela é sem nos deixarmos afetar por suas expressões negativas.

É o abrir-se à graça: as janelas d’alma estão abertas à luz, esperando até que o Sol nos visite. Fazemos o que nos incumbe, e Deus jamais falha em realizar a Sua parte. Depois vemos que foi só Deus Quem agiu; que não somos dois, mas UM.

Automaticamente vamos deixando velhos hábitos; já não nos apetecem. É um subir gradativo de escala vibratória, onde as consonâncias e dissonâncias vão se alterando. Não são as coisas que mudam; nós é que mudamos.

Antigos amigos já não se comprazem em nossa companhia e novas pessoas surgem à nossa experiência pela lei de atração dos semelhantes. Não nos entristeçamos nem os seguremos. É preciso que se vão. E recebamos os novos amigos e sua contribuição. Cada encontro é um mistério insondável, de resultados imprevisíveis. Deixemos que o “rio da vida” corra. É claro que estamos em estado de oração, cada vez mais conscientes de nós mesmos, sem perder a visão da meta: um olho no presente e outro na eternidade, mas confiantes na lei divina que assegura a cada grau o suprimento exato.

Essa gradativa cristificação do ser vai alterando nossa relação com o destino passado. À medida que conscientizamos e superamos níveis inferiores de consciência, eles deixam de agir sobre nós como limitações Cármicas. Há uma gradual libertação e um conquistar de luz, porque somos como um parêntesis na eternidade, deslocando-nos para frente e acima, guardando uma individualidade, um modo próprio de ser.

Mas se, inversamente, deixamo-nos arrastar e escravizar pela “velha criatura com seus vícios”, as reações da Lei serão muito mais severas, como ensina a parábola do “Credor incompassivo” (Mt 18:23-34).

Fixemos o brocardo: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.

Finalmente, vamos abordar o caso das perseguições externas. Distingamos as duas razões por que um Iluminado é perseguido pela sociedade.

O nível de ser, o grau de consciência de cada indivíduo, mostra, em menor ou maior grau, suas tendências viciosas e nobres. O Divino, em cada pessoa, sempre invoca um desejo de aprimoramento, ao passo que a natureza inferior, para justificar-se, reage violentamente contra qualquer coisa que ameaça os velhos hábitos. A simples presença de um indivíduo justo, bom, iluminado, brilhante, assume o caráter de uma ofensa. É um contraste entre o que sabemos ser e o que desejamos ser. Reagimos porque desejamos. É como se a presença da pessoa nos lembrasse: “Se você não é, ainda, a culpa é sua”. É claro que não há palavras, senão uma “conversa interior”, a que podemos denominar inveja, “dor de cotovelo” etc. É uma defesa psicológica, por falta de compreensão. É a personalidade que gostaria de ser destacada, de ser bem vista, prestigiada. Uma reação curiosa: anseio de aprimoramento do Divino que a personalidade desvirtua com uma reação de inveja, de agressão, para justificar-se. Então, que faz a persona? Procura um defeito, “arranja” um ponto fraco na outra pessoa e procura diminuí-la. Para que? Para que ela não seja maior que ela. Os pequenos procuram sempre pisar nos grandes para terem a ilusão de que são maiores que eles. Entre os “civilizados” essa reação assume caráter mais sofisticado, mas igualmente violento e egoísta.

Há também a reação positiva que um ser elevado suscita: sentimos o desejo e fazemos o esforço de também sermos elevados, à nossa maneira.

A segunda razão por que um iluminado é perseguido, é esta:

a) Porque abala os fatores “massa” e “tradição” em que se apoia a sociedade.

Essa reação surge em maior grau nos meios religiosos, filosóficos e científicos. É inevitável que, no curso da evolução e dentro do Esquema Divino, de vez em quando surjam luminares para provocar mais um grande avanço. Aparece uma mentalidade brilhante e original, uma “exceção à regra”, um “metido” que se atreve a por em dúvidas os conceitos estabelecidos e fica procurando novidades para dar “panca de gênio”.

Ora, o ser humano comum, comodamente ilhado em sua personalidade, vibrando apenas na esfera de sua percepção, sente-se seguro nos condicionamentos, nos costumes ancestrais. Ao mesmo tempo, como uma criança que se amedronta quando não vê conhecidos, nos sentimos seguros em pertencer à nossa massa social. Os fatores tradição e massa nos dão segurança, porque somos dependentes, porque estamos ligados, subconscientemente, por cordões umbilicais, a esses poderosos fatores.

Por isso, quando um indivíduo liberto mostra não necessitar desses fatores e “começa a inventar moda”, provoca um terremoto em nossa estrutura. É um revolucionário! Todos se voltam contra ele, exceto uma elite menor (elite real) que não ousava externar seus pontos de vista, mas que admira um autêntico líder. Não foi o que sucedeu a todos os grandes inovadores? Muitas vezes as grandes ideias nasceram do sangue desses mártires da evolução, destemidos seres que tiveram a coragem de cumprir desígnios superiores para assegurar à evolução humana a rota prevista. A missão tinha de ser realizada. Agindo pelo Divino permanente, mesmo à custa da personalidade transitória, tais seres constituem (talvez uma centena apenas que renasce de tempos em tempos, segundo a necessidade) as molas da evolução humana.

Todas as coisas deste mundo se sucedem umas às outras, como as ondas do oceano que se desfazem na praia. Nascem, crescem, cumprem seu papel e depois começam a cristalizar-se, porque se conservam e não se renovam. Aí se tornam ultrapassadas. Ficam anacrônicas. Então surgem esses grandes seres para cumprir a demolição do velho e lançar as bases da edificação do novo.

Eles constituem o “Governo Oculto do Mundo”. Quando pensamos neles, nossa alma se reabastece na esperança; nossa fé em Deus se reafirma, e dizemos: “BEM-AVENTURADOS OS QUE SÃO PERSEGUIDOS POR CAUSA DA JUSTIÇA!”.

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