Arquivo de categoria Filosofia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Um exemplo de como é perigoso nos apegarmos a coisas materiais: a Senhora e o efeito de estar apegada a uma bengala

Um Exemplo de como é Perigoso nos Apegarmos a Coisas Materiais: a Senhora e o Efeito de estar Apegada a uma Bengala

“Há alguns anos, uma senhora idosa, velha conhecida da autora, passou para o Reino dos Céus. Tinha alcançado uma idade avançada e sua vida havia sido pura e altruísta; por causa de um corpo frágil, tinha passado muitos anos sentada tranquilamente em meditação.

Quando veio a falecer poderia ser comparada a um fruto muito maduro, que não pode mais manter-se preso à árvore; portanto, o rompimento do Cordão Prateado, que comumente leva três dias e meio, no seu caso, levou menos de três horas.

Durante sua última doença e no seu delírio, ela pedia uma bengala que tinha pertencido a seu marido, o qual já havia passado a uma vida mais elevada vinte anos antes; ela habituou-se a usar essa bengala, desde então. Morreu com a bengala, segurando-a firmemente com ambas as mãos e os parentes ficaram relutantes em separá-la de algo que tanto tinha amado em vida, de tal modo que a bengala foi cremada com seu corpo. Pouco tempo após seu desaparecimento, ela voltou para uma visita a autora; vê-la, foi, na verdade, uma visão magnífica.

Seu Corpo de Desejos consistia somente dos braços, mãos e a cabeça e ela segurava a bengala (que tinha o aspecto tão natural como qualquer bengala de madeira poderia ter) com ambas as mãos. Ela parecia uma leve pena branca tentando levantar voo, porém, presa por uma pedra. Era tão etérea que, se não fosse pela bengala que segurava firme com as duas mãos e que era como um peso a retê-la, teria passado pela região purgatorial do Mundo do Desejo em poucos dias. Quando pedimos a ela que largasse a bengala, segurou-a com força, dizendo: “Não, eu preciso ficar mais um pouco”. A tristeza de uma de suas filhas mantinha-a presa à Terra.

Ela queria muito consolar a filha, mas depois de cerca de seis semanas tornou-se impossível para ela continuar.

A bengala etérica foi vista depois na sua casa, em seu lugar favorito, quebrada em três pedaços, onde ela a havia deixado antes de passar para os planos superiores.”.

(do Livreto Apegados à Terra – de Augusta Foss Heindel – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pilares do Amor: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento

Pilares do Amor: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento

Além do elemento de dar, o caráter ativo do amor torna-se evidente no fato de implicar, sempre, certos elementos básicos comuns a todas as formas de amor. São eles: o cuidado, a responsabilidade, o respeito e o conhecimento.

Que o amor implica cuidado é mais do que evidente no amor de mãe pelo filho. Nenhuma afirmativa sobre seu amor nos impressionaria como sincera se a víssemos sem cuidado para com a criança, se se desleixasse em alimentá-la, banhá-la, dar conforto físico; ao passo que seu amor nos impressiona se a vemos cuidar do filho. O caso não difere mesmo quanto ao amor por animais ou flores. Se uma mulher nos diz que ama as flores e vemos que ela se esquece de regá-las, não acreditamos em seu amor pelas flores. Amor é preocupação ativa e positiva pela vida e crescimento daquilo que amamos. Onde falta esse zelo positivo e ativo não há amor.

O cuidado suscita outro aspecto do amor: o da responsabilidade. Hoje em dia, muitas vezes se entende a responsabilidade como denotando dever, algo imposto de fora a alguém. A responsabilidade, porém, em seu verdadeiro sentido é ato inteiramente voluntário; é a resposta que damos as necessidades, expressas ou não expressas, de outro ser humano. Ser “responsável” significa ter de “responder”, estar pronto para isso. Essa responsabilidade, no caso da mãe e do filho, refere-se, principalmente, ao cuidado das necessidades físicas. No amor entre adultos, refere-se principalmente às necessidades psíquicas da outra pessoa.

A responsabilidade poderia facilmente corromper-se em dominação e possessividade se não houvesse um terceiro elemento do amor, o respeito. Respeito não é medo e temor; denota, de acordo com a raiz da palavra (respicere – olhar para), a capacidade de ver uma pessoa tal como ela é, ter conhecimento de sua individualidade singular. Respeito significa a preocupação de que a outra pessoa cresça e se desenvolva como é. Assim, o respeito implica ausência de exploração. Quero que a pessoa amada cresça e se desenvolva por si mesma, por seus próprios modos e não para o fim de servir-me. Se amo outra pessoa, sinto-me um com ela, ou ele, tal como é não como eu necessito que seja para objeto de meu interesse. É claro que o respeito só é possível se eu mesmo alcancei a independência; se puder levantar-me e caminhar sem precisar de muletas, sem ter o dominar e explorar qualquer outro. O respeito só existe na base da liberdade; como diz uma velha canção francesa “l’amour est l’enfant de la liberte”, ou seja: “o amor é filho da liberdade”, nunca da dominação.

Mas não é possível respeitar uma pessoa sem conhecê-la. O cuidado e a responsabilidade seriam cegos, se não fossem guiados pelo conhecimento. O conhecimento, por sua vez, seria vazio se não fosse motivado pelo cuidado e pelo zelo. Há muitas camadas de conhecimento; o conhecimento que é uma camada do amor é aquele que não fica na periferia, mas penetra até o âmago. Só é possível quando podemos transcender o cuidado por nós mesmos e ver a outra pessoa em seus próprios termos. Podemos saber, por exemplo, que uma pessoa está encolerizada, ainda que ela não o mostre abertamente; mas podemos conhecê-la mais profundamente do que isso; sabemos então que ela está ansiosa e preocupada, que se sente só, que se sente culpada. Sabemos então, que sua cólera é apenas a manifestação de algo mais profundo, e vemo-la como ansiosa e preocupada, isto é, como pessoa que sofre em vez de como a que se encoleriza.
O conhecimento tem mais uma relação – mais fundamental – como o problema do amor. A necessidade básica de fusão com outra pessoa de modo a transcender a prisão da própria separação relaciona-se muito de perto com outro desejo especialmente humano, o de conhecer “o segredo do ser humano”. Se a vida em seus aspectos meramente biológicos é um milagre e um segredo, o ser humano, em seus aspectos humanos, é um segredo insondável para si mesmo e para seus semelhantes. Nós nos conhecemos, e, contudo, mesmo apesar de todos os esforços que possamos fazer, não nos conhecemos. Conhecemos nosso semelhante, e, contudo, não o conhecemos, porque não somos uma coisa, nem o nosso semelhante é uma coisa. Quanto mais penetramos nas profundezas de nosso ser, ou do ser de outrem, tanto mais nos escapa o alvo do conhecimento. Não podemos, todavia, evitar o desejo de penetrar no segredo da alma do ser humano, no mais interno núcleo do que “ele” é.

Há um meio passivo de conhecimento desesperado, através do completo poder sobre a outra pessoa. É como a criança que apanha alguma coisa e a quebra a fim de conhecê-la para saber como é dentro. O outro caminho ativo é amar. O amor é penetração ativa na outra pessoa, em que nosso desejo de conhecer é destilado pela união. No ato da fusão a conhecemos, conhecemo-nos também e conhecemos a todos – o conhecimento do que é vivo, pela experiência da união – e não por qualquer conhecimento que nosso pensamento possa dar.

O amor é o único meio completo de conhecimento. No ato de amar, de dar-me, no ato de perscrutar a outra pessoa encontro-me, descubro-me, descubro-nos a ambos, descubro o ser humano.

A ardente aspiração de nos conhecermos e de conhecer nossos semelhantes encontrou a expressão na sentença délfica: “conhece-te a ti mesmo”. Esta é a fonte principal do toda psicologia humana.

(Revista Serviço Rosacruz – 05/65 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Paciência nos Estudos: tudo virá no devido tempo e conseguiremos o almejado

A Paciência nos Estudos: tudo virá no devido tempo e conseguiremos o almejado

Um filósofo certa vez afirmou: “a paciência é a maior das virtudes”. A verdade é que tal virtude, sendo bem cultivada, levar-nos-á a alcançar outras qualidades espirituais.

O estudante da Filosofia Rosacruz encontra na paciência uma dura prova, principalmente quando começa a dar os primeiros passos dentro dos sublimes ensinamentos Rosacruzes. Notadamente, os jovens, com a alma ávida de novos conhecimentos e experiências, e, talvez devido a uma má orientação anterior, sentem um desejo ardente de rasgar véus que envolvem mistérios e desenvolver qualidades psíquicas, desconhecendo que o essencial é o crescimento espiritual, pois psiquismo não é espiritualidade.

O passo mais importante a ser dado pelo aspirante é conservar a mente pura, arejada, livres de pré-conceitos que entravam o progresso espiritual; um coração nobre, justo, sensitivo, porém condizente com a situação de quem procura analisar os fatos dentro de um prisma racional e lógico; um corpo sadio, através de um regime alimentar adequado e hábitos salutares, bem como estabelecer, como dínamo a impressioná-lo em suas atividades diárias, o serviço amoroso e desinteressado. O resto virá por acréscimo.

Mesmo no decorrer do estudo da Filosofia Rosacruz, nem tudo nos apresenta claro e compreensível de um dia para outro. Nem todos possuem a mesma capacidade de assimilação de conhecimentos, pois tal capacidade constitui uma bagagem adquirida em existências passadas, conforme o maior ou menor empenho de cada um. Não obstante é necessário perseverar e perseverar sempre. Mesmo que levemos muito tempo para entender algum tópico das lições, e que isto não seja motivo para esmorecimentos e desistência. Cada um deve sobrepor-se as próprias fraquezas e dificuldades, porque é desta conquista da natureza inferior que se removem os obstáculos e as limitações esvaem-se. Estas são criações do próprio ser humano, através de um modo negativo de viver, de pensar e agir.

O estudo constante, a frequência às reuniões sempre que possível, o exercício de retrospecção, o viver leal e sincero de conformidade com os ideais rosacruzes, constituem fatores positivos, que propiciam o vislumbre de horizontes mais amplos.

É evidente que o estudo e demonstração das leis que regem os mundos suprafísicos não implicam em compreensão imediata, pois a natureza não dá saltos e se muitas vezes não entendemos nem aquilo que é perceptível aos nossos sentidos físicos, quanto mais o que é âmbito mais sutil!

Mas, se tivermos paciência, tudo virá no devido tempo e conseguiremos o almejado, pois, o espírito de harmonia e a unidade de propósito, muito nos auxiliarão; assim, constituirão uma força que beneficiará, fortalecerá e sustentará a cada um de nós.

(Revista Serviço Rosacruz – 10/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Que Tem Mais Valor: nos capacitando para ajudar, a começar com nossos filhos naturais e espirituais

O Que Tem Mais Valor: nos capacitando para ajudar, a começar com nossos filhos naturais e espirituais

Os filhos aprendem dos Pais as primeiras ideias do bem e do mal, do certo e do errado. Para as crianças, os pais são os modelos de quem aceitam, sem hesitar, os conceitos que mais tarde lhes vão sedimentar o caráter. Eminentemente ensináveis, dóceis e sensitivas gravam vividamente as lições e, como “vídeo-tape”, vão mais tarde relacionando fatos e modelando juízos.

Disse um famoso educador: “Dá-me uma criança até sete anos; a influência que lhe incutirei nesse período será decisiva para o resto de sua existência”. Avaliem, pois, a responsabilidade dos pais perante os Egos a quem deram oportunidade de renascer e ajudar. Se de um lado há o fator destino, fazendo com que cada um nasça no lugar mais adequado as suas necessidades internas, por outro lado os pais respondem, perante a Lei de Causa e Efeito, pela forma como educam. Pestalozzi afirmou com muito acerto: “primeiramente é necessário educar os pais”. Seu sentido de educação era integral: intelectual, física e moral.

Sabemos que uma criança, à semelhança de um “iceberg”, revela apenas uma pequena parte de sua natureza. O tema astrológico poderá mostrar as tendências que trouxe ao nascer. Essa é a parte submersa no passado. O “meio ambiente” acrescentará algo mais, modificando ou reforçando os diversos aspectos de seu modo de ser. Educar é tarefa delicada e espinhosa. Não se trata, como vemos, de somente das escolas. É, principalmente, o exemplo dos pais, suas reações perante a vida, seus conceitos etc. Olhos atentos os observam e os imitam. São pequenas lições diárias a influir poderosamente no pai ou mãe de amanhã. De fato, o futuro é a soma de pequenos “agoras”.

Só podemos dar aos filhos o que temos e o que somos. Embora não tenhamos a intenção de prejudicar-lhes a formação, é o que muitas vezes fazemos, por falta de preparo ou só egoísmo.

Vejamos um fato comum e diário: a criança comete um deslize e o pai ou a mãe a corrige. Se a falta trouxe algum prejuízo material (rasgar ou sujar a roupa, gastar sem permissão, estragar qualquer coisa) a mãe fica furiosa e depois de gritar-lhe muito que o dinheiro é duro de se ganhar, que ela é ingrata, etc., põe-se no castigo ou dá-lhe uns puxões de orelha. Quando a falta implica, porém, em dano moral (mentira, deslealdade, desobediência) o castigo é menor ou nenhum. Então a criança associa as duas coisas e conclui: “O que traz prejuízo material é mais grave. Portanto, o dinheiro é mais importante”.

Admiramo-nos, hoje, de que nossos filhos não vão a Fraternidade e julgue muito mais importante ganhar dinheiro, lutar pelo supérfluo, pensar mais em “gozar a vida”? Fomos nós mesmos que lhes incutimos, sem o perceber, esse conceito. E quem sabe se no íntimo de nosso ser essa falha, ainda hoje, nos impede prestar justa colaboração financeira à causa Rosacruz?

Analisem-se. Vejam se não é verdade.

Este é apenas um dos inúmeros pontos que trazemos do passado. É preciso rever, reanalisar, reexaminar tudo o que temos dentro de nós. Nossas capacidades de análise, nosso conhecimento das premissas cristãs, hoje, nos permitem separar o joio do trigo. Isto foi o que disse o Mestre de todos os tempos, quando os discípulos, notando a presença do joio entre o trigo, se dispuseram a expurgá-lo: “Agora não, pois, haveria o período de cortarem o trigo, pensando ser joio”.

Separar, cortar o errado, o falso em nosso modo de pensar e sentir é tarefa que devemos fazer, quando devidamente orientados por sãos princípios, como os da Filosofia Rosacruz.

Hoje os estudantes rosacruzes dedicados podem e devem expurgar o joio, sem esperar que a lei de repulsão o faça, contra sua vontade, no estado pós-morte. O que conta em nosso favor, como conquista anímica, é o que realizamos aqui na escola do mundo.

E ao mesmo tempo em que nos regeneramos, tanto mais capacitados estaremos para orientar e ajudar nossos semelhantes, a começar por nossos filhos.

(Revista Serviço Rosacruz – 10/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Gloriosa Era: revistamos do áureo manto nupcial para a futura comunhão com Cristo

A Gloriosa Era: revistamos do áureo manto nupcial para a futura comunhão com Cristo

Durante períodos sem conta, de nosso passado evolutivo, aprendemos a construir os diferentes veículos em que hoje, como Espíritos, atuamos. Através desse trabalho fomos passando de classe em classe na Grande Escola de Deus. Em cada fase maior e menor fomos adquirindo gradativo desenvolvimento de consciência.

Porém, cada qual aprendia, assimilava e crescia segundo seu particular modo de adaptação e reação. Uns caminharam depressa, outros regularmente, outros se atrasavam.

Na Época Atlante, quando a neblina se condensou e encheu os recôncavos e a terra, obrigando aos seres humanos a buscar as mesetas e planaltos, muitos pereceram asfixiados, porque não haviam desenvolvido os pulmões, indispensáveis para respirar na atmosfera mais rarefeita das alturas. Esses não puderam passar pelo portal do arco-íris, à nova era, a Ariana, com suas secas condições.

Agora, novamente, amigo, está se aproximando uma grande transformação mundial. Cristo referiu-se a essa transição e como arauto da Nova Era de Aquário, a Fraternidade Rosacruz, tal como Noé, vem preparar-nos.
Acautelemo-nos para que não sejamos apanhados desprevenidos e busquemos a amorosa, eficiente e desinteresseira orientação da Fraternidade Rosacruz.

Aquário é um Signo aéreo, científico, intelectual, inovador, original e independente. A nova chave de nosso desenvolvimento, iniciado nesta Época Ária pela razão, irá encontrar sua sublimação nessa Gloriosa Era Aquariana, quando, então seremos capazes de resolver o enigma da vida e da morte de maneira a satisfazer, igualmente, o coração e o intelecto. Nessa Era, a humanidade, que se prepara desde já, poderá desfrutar da verdadeira felicidade, pela unidade racional da Arte, Religião e Ciência, pois, todas essas atividades, em vez de se digladiarem pela contradição, em consequência da falta de visão de seus pontos comuns e básicos, completar-se-ão coerentemente.

Aquário tem regência especial sobre os Éteres, elemento de transição sensorial. O dilúvio que submergiu a Atlântida eliminou, até certo ponto, a umidade contida no ar, quando a concentrou no oceano. Quando o Sol, por precessão, entrar em Aquário, quase toda a umidade ainda remanescente desaparecerá e as vibrações visuais serão mais facilmente comunicadas por sua elétrica e seca atmosfera.

Os Irmãos Maiores deram o encargo da expansão dos Evangelhos, de mais profunda forma, à Fraternidade Rosacruz, por intermédio de Max Heindel. Ora, nós fazemos parte da Fraternidade Rosacruz e estamos sendo preparados para fazer nossa parte nessa importante Missão. E a maneira de executá-la, também a aprendemos lá pregando o Evangelho através da reta e amorosa ação, em todos os campos, em todos os assuntos. Isto pressupõe começar por nós mesmos, pela vivência convicta e simples daquilo que pretendemos disseminar. Nisso consiste a vida de um verdadeiro cristão: uma Mente Pura, um Coração Nobre e um Corpo São a serviço de Cristo.

Caros amigos: o destino da Fraternidade está em nossas mãos. É ao mesmo tempo um privilégio e uma grande responsabilidade, que nos lembra São Lucas, 12; 48: “A quem muito foi dado, muito lhe será exigido”.

Os primeiros a verem e viverem as ideais condições dessa Gloriosa Era de Aquário serão os ocidentais, que já começaram a preparar uma ciência religiosa e uma científica religião.

O entendimento deste trabalho preparatório e a gradual vivência e comunicação destes princípios irão construindo, “sem ruído de martelos”, o veículo em que funcionaremos nas novas condições: o “soma pushicom” citado por São Paulo, Apóstolo, que nos possibilitará ir ao encontro de Cristo nas nuvens (nos ares) e com Ele cearemos no cenáculo do “Homem do Jarro” (Aquário). Não se realiza tal empresa em pouco tempo. É preciso renúncia aos vícios do ser humano velho e adoção de mais racionais meios de vida (naturalismo, dieta vegetariana, reforma e equilíbrio emocional e mental, exercícios de devoção e disciplina mental, etc).

A Fraternidade Rosacruz lhe oferece orientação conscienciosa e segura, para que nos convertamos num digno discípulo de Cristo e nos revistamos do áureo manto nupcial para a futura comunhão com Ele.

(Revista Serviço Rosacruz – 01/67 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Almas Livres: é chegada a hora de se agir por si mesmo, guiado somente pelo seu Cristo Interno

Almas Livres: é chegada a hora de se agir por si mesmo, guiado somente pelo seu Cristo Interno 

Um indivíduo quando se predispõe a estudar o Espiritualismo, já desenvolveu a sua consciência ao ponto de, pelo livre arbítrio, escolher um rumo para suas ideias, portanto, para o seu modo de pensar e agir.

Nesse ponto de transição, em que a consciência insatisfeita com o que aprendeu até ali, necessita de esclarecimentos mais amplos, ele entra num mar de dúvidas porque aquilo que já aprendeu ficou gravado atrapalhando o novo aprendizado até que, depois, por si mesmo, ele perceba a lógica nas novas lições e acomode nelas a corrente de suas ideias.

Acontece que, desde séculos passados, o ambiente religioso é o mesmo nestes lados ocidentais. Durante anos e anos duas religiões que não se unem, mas graças a Deus não se perseguem mais, vem prevalecendo na Europa e Américas, sujeitando a sociedade e embaraçando a expansão de ideias livres, ideias individuais.

Dessa maneira o indivíduo que chega ao ponto de libertar a sua Mente e conduzi-la pelo seu livre arbítrio, fica receoso como um pássaro que, engaiolado por muito tempo, no momento de sua liberdade, tem medo do espaço infinito. Quando vê aberta a portinha da gaiola, não tem coragem de arriscar um voo.

O hábito é uma segunda natureza e milhares e milhares de indivíduos vêm se habituando, desde criança, no ambiente familiar e ambiente geral de uma só ordem de ideias, até que sua Mente desenvolvida em outros assuntos, por força das necessidades da vida, chega a um ponto de curiosidade e descontentamento e se põe a procurar novas diretrizes, novos horizontes. Chega a hora, então, de procurar outras religiões, outras filosofias, de ler livros, até ali desconhecidos, de procurar lugares de ensinamentos até então ignorados, e considerados absurdos, mudar de pontos de vista, de adquirir novos conhecimentos.

Nessa altura, muitas pessoas temerosas de abandonar tradições, de mudar de corrente, sempre igual de ideias que influiu durante tantos anos na própria vida, compreendendo ao mesmo tempo, que essas ideias já não satisfazem mais, vacila tanto para dar novo rumo a sua mentalidade que acabam estacionando no seu modo de pensar, sem concordar plenamente com a que já aprendeu e sem vontade de aprender novas razões. Quantas pessoas deixam de progredir na vida, moral ou material, pela força do hábito.

Essa preguiça de natureza mental deve ser afastada desde logo, porque geralmente ela dura sempre e muitas vezes, quando chega a passar por efeito de um impulso, provocada pela experiência, pelo sofrimento, já se perdeu muito tempo, ou mesmo o melhor do tempo.

É natural, pois, que quando se encontre num estado de transição de ideias, mormente se tratando de questões do espírito, se esbarre com muita dúvida; porém é necessária afastá-la desde logo e para se conseguir isso é preciso pesquisar, examinar.

No caso do espiritualismo, é preciso verificar se as lições aprendidas, ou melhor, se as lições que se está aprendendo, são enquadradas na realidade da vida de todos os dias, e se podem ser observadas em você mesmo ou nos outros. Para isso é preciso pensar, procurar dentro do próprio pensamento fatos ou coisas que se relacionem com o que se está aprendendo. É preciso usar a memória, recorrer a lembranças e também observar nos fatos presentes, a relação entre a vida real e a espiritualidade.

O espiritualismo não é mais nada que a própria vida do ser humano, portanto, da nossa própria vida estudada na sua essência, nas suas bases fundamentais, na sua evolução e sua finalidade.

Ora, estudando a nossa própria consciência nos seus foros mais íntimos, e estudando, ao mesmo tempo, os acontecimentos da vida exterior, que se relacionam particularmente conosco de modo direto ou indireto, dando-nos pesares ou prazeres, alegrias ou tristezas, verificamos que tudo o que nos aconteceu e nos acontece está em harmonia com a nossa natureza particular, com a nossa capacidade, com a nosso entendimento, com o nosso grau de inteligência; por isso mesmo que se diz que Deus dá o frio conforme a roupa.

Verificaremos também que se os acontecimentos da nossa vida são diferentes dos acontecimentos das vidas dos outros, muito embora as situações sociais, financeiras, condições de saúde, de família, etc., sejam equivalentes, é por que a nossa natureza íntima, também é diferente, porque os nossos mundos internos tem o seu feitio e o seu desenvolvimento particulares, que não encontramos exatamente iguais em mais ninguém. É por isso que muitas pessoas, em ocasiões de raiva, de desespero, mesmo de coragem, de sacrifício, convencida de sua natureza exclama: “eu sou assim”. Está certo! Cada um é assim do seu modo peculiar e não muda, senão por força da evolução espiritual. O mundo exterior repete continuamente a mesma série de cenas, as mesmas histórias, os mesmos fatos. O nosso Espírito é que, conservando o seu feitio fundamental, as suas linhas características, vai modificando a sua expressão por efeito do desenvolvimento que vai realizando. Quando recordamos certas épocas do nosso passado, certos ambientes, lugares e fatos, sentimos saudades de tudo o que se ligava a esses fatos, a paisagem, o céu, a rua, as pessoas – a verdade nos faz saudades, não propriamente essas coisas e sim o nosso estado interno desse tempo. Sentimos saudades de nós mesmos, de nossa alma mais animada, de nossas emoções mais leves, ligeiras, de nossos pensamentos cheios de entusiasmo e esperanças.

O céu não mudou. Por toda a parte há, como antes, paisagens encantadoras, variadas, objetos interessantes, pessoas agradáveis, moda bonita, etc. Nós, por efeito de nossas experiências, mudamos os sentimentos e a mentalidade, e por isso mesmo olhamos as coisas e os fatos por outro prisma. O nosso Espírito arredou alguns dos véus que o encobrem e enxergamos tudo com mais realidade, mais clareza.

Do mesmo modo recordamos com mais realismo as nossas tolices passadas, erros de toda a espécie, disparates e até dureza de coração e ficamos admirados de termos praticado tais atos. Isso vem mostrar que o nosso Espírito vai clareando aos poucos e continuamente, ampliando a nossa mentalidade, apurando os nossos sentimentos e por isso mesmo é que nossa memória traz à tona, muitas vezes, atos que praticamos, bobagens, até sem importância e que por nada neste mundo seríamos capazes de praticar de novo, porque a nossa consciência não mais aceita. Será porque de lá para cá, cultuamos a nossa inteligência, lemos muito, aprendemos mais coisas? Em parte sim.

Digo em parte apenas, porque muitas pessoas há de cultura intelectual comprovada, capaz de resolver grandes e graves problemas financeiros e políticos, questões internacionais importantíssimas, técnicos aperfeiçoados, magistrados, etc., que sabendo tanta coisa são fechados no orgulho, no egoísmo, na vaidade, que vivem para si somente, ignorando o resto da coletividade formada, entretanto, por seus semelhantes. Torno a dizer que o espiritualismo, é o estudo da nossa própria vida através do desenvolvimento dos nossos mundos internos. Por meio desse desenvolvimento percebemos que temos aprendido já muita coisa; que já conseguimos abrandar um pouco o coração; que ganhamos caminho, e que fomos muito mais atrasados. Já cometemos uma infinidade de erros mais graves dos que cometemos hoje e devemos seguir adiante, quer queiramos ou não.

Devemos desenvolver infinitamente o nosso aprendizado, visto que se estamos adiantados, à vista do estado espiritual em que já estivemos, estamos atrasados, à vista do grau de adiantamento a que temos de chegar.
O nosso aprendizado não é fácil, no ponto de desenvolvimento em que estamos, porque ele depende em boa parte do domínio das nossas emoções, o que quer dizer do cultivo dos nossos sentimentos, o que depende de muita força de vontade. A nossa luta de todos os dias está empenhada com uma coletividade dos mais variados graus de adiantamento espiritual, portanto, estamos, a cada instante, em choque com forças exteriores.

Essas forças exteriores estão, por sua vez, em harmonia com as Leis de Causa e Efeito e de Consequência, portanto, é dentro dela mesmo que temos de agir, para vencer. Para agir com pessoas de todos os graus de adiantamento, evitando o mais possível os choques, é preciso que se tenha seriedade de espírito e isso só se consegue com conhecimento e amor aos semelhantes, sejam eles de qualquer estágio de aprendizado.

Quando se chega a compreender que, cada um só pode dar aquilo que tem, e quanto menos tem para dar mais infeliz ele é, mais caminho tem de andar, de modo que, meus amigos, as ideias de vingança, o desejo de desforra são provas de falta de conhecimento, de pouco ou nenhum raciocínio. Somos auxiliares mútuos no cumprimento da Lei da Causa e Efeito e de Consequência e conforme as nossas qualidades, somos portadores de alegrias ou de tristezas aos nossos semelhantes.

Essas questões e todas as outras que se relacionam diretamente com o cultivo dos sentimentos, com o desenvolvimento da consciência, com o aperfeiçoamento do caráter fazem parte integrante do aprendizado espiritual e o melhor exercício que se pode fazer é a prática das boas ações.

O domínio próprio exercitado diretamente, só pelo esforço da vontade naturalmente tem os melhores resultados, porém, não está ao alcance de todos, porque é muito difícil conter-se o Corpo de Desejos. Há outro exercício mais brando, por isso mesmo mais demorado que chega também a um resultado satisfatório. É o trabalho de se procurar, conscientemente, em todos os fatos, coisas ou pessoas que nos desagradam, o seu lado bom, apreciável, a virtude que existe sempre e que muitas vezes, se oculta atrás de uma aparência má ou feia.

Sempre que fazendo isso conseguimos vencer uma aversão, estamos educando as nossas emoções.
Sempre que, ao julgarmos, dermo-nos ao trabalho de procurarmos a causa que o motivou, estaremos exercitando o raciocínio, portanto o abrandamento das emoções. Esses trabalhos repetidos apresentam geralmente resultados positivos. Há estudantes que, com o desejo de adiantar depressa se propõem a exercitar a domínio próprio, por meios extremados, geralmente acima de suas forças, fora de suas capacidades, chegando a pouco ou nenhum resultado, porque ou se cansam e abandonam o exercício na metade, ou se aniquilam prejudicando a saúde. O domínio próprio tem de ser praticado dentro do princípio da Relatividade, exercitar gradativamente e no seu meio termo. Devagar é que se chega ao longe.

Quando se está subindo uma escada para se chegar ao cimo, seguramente, tem-se de prestar atenção em cada degrau que se está pisando, para nele não falsear o passo, nem pisar muito firme, com risco de torcer o pé.

Não adianta a preocupação antecipada com o que está lá em cima, no patamar, porque só chegando lá é que se pode compreender, e nem adianta também saltar degrau, porque, então, não se fica conhecendo bem a escada, e nela pode haver coisas de utilidade que venham a fazer falta mais tarde. O trabalho de examinar o que se está fazendo é de grande proveito e utilidade no presente e para o futuro; isso em qualquer exercício. Nos estudos espiritualistas, esse cuidado é indispensável por se tratar de questões de ordem superior, que determinam o nosso progresso em linhas mais retas ou explicando melhor, de modo mais direto.

Uma vez que se queira dar às ideias um rumo seguro, que se deseje dar à Mente mais largueza e mais claridade é justo que se empregue atenção em tudo o que diz respeito às lições que se vai aprendendo, que se examinem com a própria consciência os trabalhos indicados.

Os ensinos Rosacruzes têm, como uma das finalidades mais em vista, levar o estudante a libertar as suas ideias a ponto de resolver por si só, com o auxilio único de sua própria consciência, todos os problemas de sua vida. Ideias livres não quer dizer anarquismo, quando são orientadas no espiritualismo.

Todo o estudante esotérico sabe que a verdadeira liberdade é a obediência às Leis e o exato cumprimento de todos os deveres. Que a nossa consciência só pode se desenvolver pelo conhecimento dessas coisas e que entre todos os nossos deveres o mais elevado é a estima, o respeito espontâneo, solícito aos direitos dos nossos semelhantes. É o reconhecimento da semelhança estabelecida no fundo de nossa natureza, pelo princípio que é o mesmo para todos.

O medo de pensar e agir livremente pode desaparecer, uma vez que o indivíduo conheça o verdadeiro conceito da liberdade, que compreenda que o direito é um resultado do dever cumprido, portanto, quem cumpre, voluntariamente, seus deveres morais, materiais e espirituais está agindo com liberdade e segurança e está se aproximando da Espiritualidade, e só consegue se espiritualizar em verdade, quem compreender este axioma de Elifas Levy: “Há apenas um único poder na terra como no Céu e este poder é o do Bem”.

Ora se a verdadeira espiritualidade é a que se apoia inteiramente no Bem, por que duvidar e vacilar, quando a consciência inquieta, insatisfeita reclama diretrizes mais claras, mais lógicas, na corrente das ideias? Quando imperiosa pede Razão? Por que se demorar na decisão? Sujeição do ambiente ou da força do hábito? A nossa consciência é a iluminadora de nossas ações e quando ela chega a encaminhar o indivíduo para os estudos espiritualistas, é porque é chegado o momento dele entrar para o caminho mais curto de sua evolução. É chegada a hora dele agir por si mesmo, guiado somente pelo seu Cristo Interno.

(Revista Serviço Rosacruz – 12/64 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pelos Caminhos do Ocidente e por que não do Oriente

Pelos Caminhos do Ocidente e por que não do Oriente

O continente americano sofre, nos dias atuais, uma verdadeira invasão de algumas religiões tipicamente orientais. Quer nos parecer que entre os jovens registra-se a maior influência dessas crenças e, consequentemente, maior número de adesões. Muitos, inclusive, manifestam a pretensão de abandonar tudo: emprego, estudo, família para aprender meditação na Índia, ou, então, recolher-se ao isolamento das montanhas bolivianas, por exemplo.

Nos Estados Unidos da América do Norte, os “gurus” estão despontando em escala crescente. Mas nem todos se revestem do manto da espiritualidade, haja vista algumas concentrações realizadas no Madison Square Garden, onde, ao som de músicas estridentes e ante espiritualistas, muitas pessoas “curtem” tóxicos, segundo noticiaram os jornais.

Tudo isso tem provocado um sem número de queixas, mormente dos pais, inconformados com a decisão de seus jovens filhos, de quem esperavam brilhantes carreiras profissionais, ou pelo menos uma vida enquadrada nos padrões da sociedade ocidental. Irritados, e em alguns casos até chocados com o exotismo das seitas que habilmente atraem moços e moças, não vacilaram, alguns, em exigir providências das autoridades.

A questão é complexa, não lhe cabendo, portanto, uma análise simplista. É necessário encontrar as razões pelas quais algumas pessoas se desencantam com o Cristianismo, partindo em busca de sistemas religiosos estranhos à nossa formação ocidental e estágio evolutivo.

Um exame mais profundo e abrangente desse problema, não poderá fugir de uma base eminentemente esotérica. A Filosofia Rosacruz, esotérica por excelência, propicia-nos fundamentos essencialmente lógicos para assegurar-nos conclusões satisfatórias. À sua Iuz, portanto, examinemos tão controvertido tema.
Tal como o Sol aparentemente desloca-se de leste para oeste, a Iuz da espiritualidade obedeceu à mesma trajetória ao longo da evolução humana.

Confúcio na China; Buda na Índia; Pitágoras na Grécia constituíram marcos progressivos do caminho esplendoroso do Sol da espiritualidade, empurrando o sentimento religioso – expresso na forma mais adequada a cada povo – cada vez mais para Oeste.

Mais tarde manifestou-se o Cristo, cuja influência faz-se sentir, predominantemente, em terras ocidentais. E continuará assim, até os egos, habitantes de outras regiões do Planeta, se universalizarem, libertando-se dos laços restritivos da raça e das tradições. Quando tal ocorrer, o Cristianismo se consagrará, de fato, como uma religião de âmbito mundial.

A Lei do Renascimento auxilia-nos a penetrar na complexidade do assunto, elucidando os mistérios que envolvem as diferenças filosófico-religiosas patentes entre ocidentais e orientais.

No Ocidente se encontra os seres mais evoluídos da Terra, em sentido geral. Em existências passadas viveram no Oriente. Renascem, agora, nesta parte do globo, para dedicarem-se a um aprendizado condizente com seu atual estado evolutivo.

Aos menos avisados, parece ser o Oriente mais avançado espiritualmente. Puro equívoco. Não é nada disso. E, vale a pena ressaltar: essa ideia errônea foi espalhada por aí através das obras orientais postas a venda nas bancas e livrarias. Realmente, a produção de fenômenos suprafísicos e a manifestação de faculdades paranormais, impressionam. Causam certo impacto em quem não conhece devidamente o assunto. Muitos ficam deslumbrados a simples narrativa das façanhas de faquires e iogues. Ficam por aí lamentando as “deploráveis condições de materialismo” em que vivem os ocidentais, entronizando o Oriente como única fonte de espiritualidade.

Ora, devagar com o andor! Psiquismo não é espiritualismo! Muitas vezes andam até bem divorciados. Ocorre que certos exercícios preconizados pelas Escolas Orientais têm o condão de despertar certos atributos psíquicos. São, realmente, indicados para os aspirantes daquela parte do globo. Mas quando praticados por ocidentais, tendem a conduzir a um despertamento prematuro e artificial, consequentemente perigoso. Isto é válido, principalmente em se tratando de exercícios respiratórios. São práticas inadequadas e desaconselháveis ao ser humano do Ocidente. Várias enfermidades podem ser contraídas como resultado desses exercitamento. Muitas pessoas boas andam por aí, internada em sanatórios.

Max Heindel não se cansa de advertir-nos a respeito. Em face de sua responsabilidade como mensageiro dos Irmãos Maiores na divulgação dos arcanos rosacruzes, define com exatidão e clareza as linhas constitutivas dos Métodos de Desenvolvimento Ocidental e Oriental. Vejamos o que ele afirma sobre o assunto: “Na Índia empregam-se diversos métodos, sob diferentes sistemas de Ioga. Ioga significa União, e, como no Ocidente, o objetivo do aspirante é a união com o Eu Superior. Porém, para serem eficazes os métodos de alcançar essa união, devem ser diferentes para um hindu e para um caucásico, tendo em vista que os veículos de um hindu estão diferentemente constituídos dos de um caucásico” (Livro Conceito Rosacruz do Cosmos). Isto é verdade, considerando-se que seus veículos estão diferentemente constituídos.

Os indianos “durante milhares de anos viveram em ambiente e clima totalmente distintos dos nossos e seguiram outras linhas de pensamento. Sua civilização, embora de ordem muito elevada, produz efeitos diferentes. Seria inútil, portanto, adotarmos seus métodos, aliás, produto dos mais elevados ensinamentos ocultos. São convenientes para eles, mas sob todos os aspectos tão inadaptáveis aos ocidentais como um prato de aveia para um leão”.

“Por exemplo, em alguns sistemas pede-se ao iogue para sentar-se em determinadas posições a fim de certas correntes cósmicas poderem fluir de certo modo através do seu corpo, o que produzirá definidos resultados. Eis uma instrução completamente inútil para um caucásico, cuja maneira de viver torna-o inteiramente insensível a essas correntes. Para obter algum resultado prático deve trabalhar em harmonia com a constituição dos próprios veículos”.

Em uma de suas cartas aos estudantes, Heindel aponta outras diferenças: “Além da Escola Oriental de Ocultismo lastrear seus ensinamentos no Hinduísmo, enquanto a Escola da Sabedoria Ocidental defende o Cristianismo, há uma grande, fundamental e inconciliável discrepância entre as duas correntes. Segundo a versão do ocultismo, relativa ao Corpo Vital – que denomina de “linga sharira” – este carece de grande importância, pois é incapaz de desenvolvimento como veículo de consciência. Serve unicamente, dizem, de canal para a força solar – “prana” – e como elo entre os Corpos Denso e de Desejos, este denominado “Kama Rupa” e também “corpo astral”. A Escola do Ocidente nos ensina, como sua máxima fundamental, que todo desenvolvimento oculto principia pelo Corpo Vital. E, o que escreve, como seu representante junto ao público, empenha-se constantemente, desde os primórdios do nosso movimento, no decidido propósito de reunir e disseminar os conhecimentos referentes aos quatro Éteres e ao Corpo Vital”.

Há ainda outro fator positivo respaldando o Método Ocidental de desenvolvimento: é o seu caráter libertário, emancipando o aspirante de toda influência externa, tornando-o confiante em si mesmo no mais alto grau. Já no Oriente tal não ocorre: o Chela deve submeter-se ao Guru, a quem deve estrita obediência. Ao discípulo não se concede liberdade de escolha, mas também não assume responsabilidade. Entre as almas mais “velhas” do Ocidente, aspirante ao crescimento espiritual, não pode haver submissão a mestres e guias. Cada um deve aprender a conduzir-se por si só, mesmo que lhe custe algumas quedas e sofrimentos.

Os ocidentais são mais ativos, mais empreendedores e dinâmicos, tendo, com essa gama notável de qualidades, conquistado, o mundo material. De pujante intelecto, desenvolveram-se cientificamente, criando uma vasta e sofisticada tecnologia. Souberam aproveitar todas as oportunidades e recursos oferecidos pelo Mundo Físico. É verdade que isso lhes trouxe também inúmeros problemas, não pela matéria em si, mas pelo uso distorcido que dela fizeram: inverteram a ordem das coisas. Trocaram os fins pelos meios.

Converteram em objetivos os recursos que, naturalmente, são meios para se lograr um progresso transcendental à materialidade. Mas essa condição, a despeito de ser perigosa, é passageira.

Os orientais até bem pouco tempo consideravam a vida material como sendo um pesado fardo. Pouco se interessavam por ela, preferindo uma existência mais contemplativa, onde pudessem gozar as delícias do “nirvana”. Aferrados a tradições milenares, relutavam em aceitar as vantagens oferecidas pela existência concreta. Mantinham-se alheios as novas descobertas e as transformações que, de tempos em tempos, imprimem novos contornos e colorido às civilizações.

Porém, como não existe inércia na natureza, as Grandes Hierarquias responsáveis pela nossa caminhada evolutiva valeram-se de alguns meios para promover uma descristalização: catástrofes, conflitos bélicos, etc. Hoje já se nota um processo de ocidentalização em várias nações orientais, desenvolvendo-se, em algumas delas, modernas sociedades de consumo. As coisas já começam a mudar.

Não é difícil, portanto, admitir a existência de acentuadas diferenças entre orientais e ocidentais. Aqueles egos encontram-se na curva descendente da evolução, prestes a atingir o nadir da materialidade, pelo qual nós já passamos a milhares de anos. Em futuro próximo, deverão enfrentar os mesmos problemas agora afligindo os ocidentais, para adquirirem a experiência da vida material. Afastam-se, pouco a pouco, das vivências predominantemente subjetivas, para dedicar-se à conquista do plano material, requisito indispensável à evolução.

Os ocidentais, por sua vez, ascendendo o arco evolutivo, estão alcançando condições de maior espiritualidade. Constroem corpos físicos mais sutis e Mentes mais dinâmicas. Tudo isso lhes é passível graças ao método de realização onde seu desenvolvimento depende exclusivamente de iniciativa, esforço e perseverança. São qualidades capazes de manter sempre dinamicamente atualizadas as sociedades e instituições do Ocidente.

Ora, se os ocidentais são vanguardeiros da evolução humana e suas Escolas de Mistérios são respaldadas pelo Cristianismo, tais premissas induzem, infalivelmente, a uma conclusão: o sistema filosófico religioso cristão é o mais avançado que se conhece. Daí ser um contrassenso alguém, principalmente natural do continente americano, abraçar uma religião ou Escola de Ministérios do Oriente.

Mas, por que alguns jovens aderem aos cultos orientais? A resposta em parte, podemos encontrá-la dentro dos próprios movimentos cristãos populares. O Cristianismo popular esotérico, ainda escravizado à letra que mata e não ao espírito que vivifica, vai perdendo, gradativamente, consistência ante os avanços que ocorrem em todos os campos do conhecimento humano. As igrejas cristãs populares sustem-se pelos dogmas. E o dogma, para manter-se, exige uma fé cega, o que já se tornou inconcebível em nossos dias.

A Mente acadêmica procura uma explicação lógica, racional, para todos os fenômenos, empenhando-se em conceituar e definir as coisas. Daí concluirmos que, somente uma religião assentada em bases racionais pode satisfazer ao ser humano moderno, atendendo, principalmente, aos anseios das novas gerações. E esse sistema, religioso, é a Cristianismo Esotérico, tal como é divulgado pela Fraternidade Rosacruz.

Contudo, a despeito da profundidade dos ensinamentos rosacruzes, a número de estudantes filiados a este movimento não é muito grande. Nem todos aceitam a disciplina inerente a uma Escola Filosófica séria. Essa disciplina, fique bem claro, não é imposta. O próprio estudante, livre, espontânea e conscienciosamente se impõe uma norma de conduta lastreada nas Leis Divinas. Ele alimenta propósitos edificantes, cioso de que o caminho não é nada fácil. Mas, corajosamente assume a responsabilidade, por sua conta e riscos. E a ninguém ou à organização alguma procura debitar seus fracassos e as frustrações decorrentes. As pessoas, em sua maioria, sempre esbarram nessa responsabilidade. É mais cômodo transferi-la a outrem.

A tibieza, o fanatismo e o mau exemplo expresso em incoerência de atitudes por parte de alguns chefes religiosos e de pessoas bem posicionadas dentro de comunidade, também constituem fatores suscetíveis de levar os jovens a desiludirem-se com o Cristianismo popular. “Errare humanum est”, pode contestar alguém.

Não é justo confundir uma crença com a atitude dos crentes. Todos os seres humanos estão sujeitos a momentos de fraqueza. Mas também é certo que a “quem muito é dado muito será exigido”. Quem ocupa uma posição de destaque no seio de uma comunidade, principalmente religiosa, deve estar consciente de sua responsabilidade, empenhando-se em manter intacta sua integridade moral. O Cristo exortou-nos a orar e vigiar.

Vivemos hoje numa sociedade extremamente imediatista e utilitarista, pragmática e competitiva. As pessoas, carentes de sólidas defesas morais, sentem-se massacradas intimamente.

Essa é a gênese das neuroses, suicídios e outros males modernos. A troca dos meios pelos fins desaguou nisso aí. Mas quem arranjou essa encrenca foi a próprio ser humano. Cabe-lhe, portanto, sair dela, pela colocação das coisas em seus devidos lugares, atribuindo-lhes os seus valores reais.

Essa tarefa fundamental compete principalmente aos pais, professores e chefes religiosos. Lamentavelmente, nem todos se encontram preparados para tal. Eis porque muitos jovens sentem-se desorientados, desiludidos, carentes de respostas, oprimidos por um vazio interior. No exotismo de religiões orientais ou no silêncio quase sepulcral de mosteiros e montanhas, procuram algo capaz de preencher suas íntimas necessidades.

A intenção é boa e pura. Mas, de certo modo, configura fuga ou escapismo. Andam em busca de paz. Mas um dia serão obrigados a retornar ao mundo, porque a paz só se obtém aqui, em meio às lutas, pela transformação das consciências; pela reforma do íntimo, pela coragem em encarar e enfrentar os obstáculos. A paz é fruto do trabalho.

(Revista Serviço Rosacruz – 07/80 – Fraternidade Rosacruz-SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Qual o nosso papel no mundo: sejamos candeias que iluminam pelo exemplo

Qual o nosso papel no mundo: sejamos candeias que iluminam pelo exemplo

Os Evangelhos foram escritos há quase dois mil anos. No entanto, estão bem atuais e o estarão ainda por muito tempo, porque, se atentarmos bem, a história de Cristo-Jesus e dos Apóstolos é nossa própria história.
Em que sentido? – perguntarão alguns.

E vos respondo: buscando-lhe o espírito das palavras e não a forma que mata. Nele veremos qual o nosso papel e não um mero relato histórico, um piedoso memorial, uma peregrinação sentimental; nele veremos a Revelação que nos alarga a concepção de Deus e nos revela a nós mesmos, autenticamente. Por esse ângulo, os Evangelhos nos anunciam, nos visam e nos profetizam.

São Tiago nos diz que os Evangelhos são um espelho. Cada um de nós pode ver-se refletido nele, mas “o pior cego é o que não quer ver”; geralmente vislumbramos a imagem dos outros e nos indignamos com sua maldade, cegueira e insensatez.

Max Heindel, utilizando-se da lei de refração espiritual, diz-nos que, via de regra, costumamos ver os outros através de nossa própria aura, matizando os semelhantes com nossas próprias faltas, fantasias e extravagâncias. Citando o nascimento de Jesus: “Estando eles ali, completaram-se, os dias de dar à luz; e teve seu filho primogênito e o enfaixou e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para Ele nas hospedarias” (Lc 11:7). Comenta Max Heindel: “Com que eloquência podemos ampliar o sentido dessa frase: “Não houve lugar para Ele…”.

Na família, na sociedade, na escola, no fundo das almas pecadoras, em nossas próprias almas, haverá digna morada para Cristo nascente? Não será também o nosso coração, ainda hoje, um lugar onde não haja lugar para Cristo?

Há boa intenção, sem dúvida. Procuramos, muitas vezes, agir nobremente, ajudar nossos semelhantes, renunciar a vícios e hábitos danosos etc.

Assim nasce em nós o Cristo. Mas logo depois nossa natureza inferior, personalizada em egoísmo, HERODES, receoso de perder seu poder em nosso reino interno, manda degolar todas as criancinhas: nossos esforços nobres, sentimentos puros, na tentativa de eliminar o futuro REI.

Quando O aceitamos, passando a admitir que somos os “Seus”, para junto dos quais Ele veio, então os Evangelhos nos alumiam. Sabemos por que Ele foi mal recebido, como o seria ainda hoje por muitos que amam as sombras mais que a luz. Sabemos por que lhe recusaram a doutrina, por que se encontrou tão “pobre” ante a oposição e dureza de coração. É a nossa dureza. Sua Vida, Paixão e Morte se repetem como ecos nos indivíduos.

Cristo hospeda-se na casa de Marta e de sua irmã Maria. “Maria, sentada aos pés do Senhor, bebia-lhe os ensinos. Marta, porém, andava preocupada com o seu serviço” (Lc 10; 30-40). Qual das duas representamos? Maria, que escolhia o melhor, que estava sempre em comunhão com o Senhor (não se disse que ela negligenciasse os deveres) ou Marta, que se afunda tanto nos afazeres do mundo e não tem tempo de estar com Ele?

Infelizmente há mais Martas que Marias. Muito mais. Dizendo-se religiosos, a maior parte da humanidade empenha a vida inteira em acumular fortuna, conquistar fama e glória e recreando-se com banalidades, muitas vezes prejudiciais. Não tem tempo. Não se comprazem na presença d’Ele. Embora Ele esteja tão próximo, distanciam-se. Precisam de imagens e cerimoniais simbólicos, não lhe alcançam a essência, tão facilmente despertável em si mesmos.

Quando chega a noite estão cansados. Não se encontraram com o Senhor de dia, não conversaram com Ele, como prazerosamente fazemos com um amigo que estimamos. À noite, esgotados, mais por seus desequilíbrios que propriamente pelo trabalho, buscam distrair-se na televisão, num cinema ou outro divertimento. Afinal, uma reunião sobre filosofia é algo cansativo, um “descer penoso” em que podemos adormecer.

Somam-se, assim o dispêndio de um esforço ambicioso e egoísta, desequilíbrios emocionais oriundos de concorrência mundana, o acúmulo de sensações levianas e tolas, e tardes da noite se deixam adormecer. Não pensam no Cristo menino, dentro de si, que precisa de ALIMENTO; não pensam no esforço dos Irmãos Maiores, todas as noites; não pensam, sequer, no privilégio de servir como Auxiliares Invisíveis, para ajudar os que, tolerantemente, aguardam as almas abnegadas e altruístas que desejam trabalhar com Eles na seara. Não tem tempo. Verdadeiras Martas.

Disse Cristo que devemos “orar e vigiar”, incessantemente. Não significa devamos ficar o tempo todo a orar, desleixando nossos deveres. Ele mesmo, até que entregou seus veículos a Cristo, obedeceu às leis da sociedade em que vivia, sem, contudo, se apegar. Orar sem cessar quer dizer: pensar, sentir e agir sempre em consonância com o Senhor. Não importa a natureza de nosso trabalho. Todos são dignos, desde que os façamos em nome do Senhor. Então somos Maria.

Vejamos outro dos muitos personagens que podem refletir-nos: o pequeno Zaqueu. “Era chefe dos publicanos e rico. Procurou ver quem era Cristo, porém não o conseguia por causa da multidão e porque era de pequena estatura. E correndo adiantou subiu em uma árvore para vê-Lo passar” (Lc 19; 1-4). Enquanto estamos envolvidos nas coisas do mundo somos pequenos. Mas se desejamos algo mais elevado, podemos nos adiantar, esforçando-nos mais que o comum dos seres humanos e subindo com a ajuda de uma filosofia iluminadora, a fim de sentir a presença e ouvir a voz que nos diz: “hoje ficarei em tua casa”. E passaremos a empregar parte de nossos recursos na elevação da humanidade carente, em vez de conservá-los egoisticamente em nosso único proveito (física, emocional, mental e financeiramente).

Os Evangelhos terminam com a morte e paixão de Cristo-Jesus. E São João acrescenta que muitas outras coisas poderiam dizer, mas que por ora não as suportaríamos.

A Paixão recomeça todos os dias. A humanidade, os novos autores, ensaiam seus papéis. Milhões e milhões de indiferentes, dos covardes, dos que “lavam as mãos”; depois os milhões que face aos problemas, e momentos difíceis, negam seus ideais superiores, como São Pedro; os Judas que traem sua consciência com um “beijo” falso, os milhares de carrascos que se comprazem em explorar o fraco, espezinhar o débil, os brutos com seus açoites diversos, o funcionário com seu frio regulamento diante da mesma face dolorosa, infinitamente paciente, infinitamente amorosa que se cala e nos dirige aquele olhar que despedaçou o coração de São Pedro e fê-lo branquear os cabelos numa noite. Aquele olhar de ternura, de interrogação e de espera.

E mais do que nunca há vítimas que sofrem perseguições injustas. Em nossa casa, junto de nós, há alguém que chora, alguém que sofre, alguém sequioso de orientação e conforto, alguém com fome e frio, alguém doente, alguém de luto, alguém na solidão. Estão esperando por nós. Quem é Verônica? Quem é Simão Cirineu? Quem é João, o discípulo amado? Quem é Pedro? Quem é Judas? Quem é José de Arimatea? Quem é Pôncio Pilatos? Quem é sua esposa?

Que oportunidade a nossa! Eternamente presente, Cristo-Jesus nos olha e nos espera: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste” (Mt 25; 40). Ele vive em nós, sofre em nós. Acompanhamos o drama. Queiramos ou não, somos levados a fazer parte dele. Mas temos a liberdade de escolher o papel, embora seja uma liberdade relativa. Podemos esclarecer e converter alguns da multidão indiferente para que O amem; dos que o odeiam, para que o conheçam pelo menos, porque só a ignorância gera o ódio. Podemos conseguir alguns servos vigilantes, alguns corações amorosos, para que nos ajudem a continuar-lhe a obra de redenção dos que “não sabem o que fazem”.

O teatro está sempre aberto. Uma parte sai e a outra entra em cena. Vivemos repetindo a peça. Variações sobre o mesmo tema. Sabemos nosso papel de cor. Julgamos conhecer o Evangelho. “Estamos prontos” – dizemos ao Grande Diretor.

Mas ficamos ofuscados quando entramos em cena neste mundo, ansiosos de glória, desejosos de aplausos, preocupados demais com os trajes, com os efeitos. Distraímo-nos. Não vivemos o papel despretensiosamente. E perdemos a oportunidade.

Em dado momento cai o pano para a nossa parte no mundo e o Diretor irrompe em nosso camarim: que houve com você? Por que não representou? E o ator confuso e envergonhado, responde: perdi a noção de meu papel, deixei-me levar pela assistência e pelo que podiam pensar de mim, não julguei que fosse assim antes de entrar.

De que valem as escusas? Sim há o infinito pela frente, mas o tempo perdido não volta mais. Temos que enfrentar novamente as mesmas falhas até vencê-las. Repetir a cena. Como há quase dois mil anos, hoje a mesma coisa. Feliz o servidor que o Mestre, à sua chegada, encontra vigilante. “Minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço e elas me conhecem e seguem” – (Joa 10; 27).

Felizes dos que ouvem essa voz e a seguem. “Pois assim como a chuva e a neve descem do céu e não voltam mais para lá, mas embebem a terra, fecundando-a e fazendo-a germinar para que dê semente ao que semeia e pão ao que come, assim será a minha palavra: saída da boca não tornará a Mim vazia, mas fará tudo quanto quero e prosperará onde eu a enviar” (Is 55; 10-11).

A Palavra de Deus é eficaz, é viva. É água viva da qual, alguém bebendo, jamais terá sede, conforme disse Cristo à mulher samaritana. Só podemos oferecer dessa água se primeiramente a tivermos bebido. Não podemos dar a ninguém o que não temos. Não podemos comunicar senão o que temos vivido. Não podemos atrair os outros senão para aquilo que conhecemos.

É a palavra de Deus que deve determinar nosso apostolado, nossa ação.

Saibamos escolher e bem representar nossos papéis no mundo. Sejamos autênticos cristãos, candeias que iluminam pelo exemplo, sais que não deixam a massa corromper e dão sabor à humanidade, sal cuja presença é sentida sem evidenciar-se.

(Revista Serviço Rosacruz – 07/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Uma pessoa doente e com idade muito avançada deve lutar pela vida ou aceitar a morte?

Pergunta: Uma pessoa doente e com idade muito avançada deve lutar pela vida ou aceitar a morte?

Resposta: Depende do quão doente está e o que se entende por “idade muito avançada”.

A luta por permanecer nessa consciência de vigília nesse Mundo Físico é sempre válida, já que o baluarte da evolução é aqui.

As lições que escolhemos aprender nessa vida, lá no Terceiro Céu, pode nos levar a situações aqui que nos limitam em muito, talvez no aprisionamento em uma cama, em uma cadeira de rodas ou na dependência total de alguém. E isso pode ocorrer com uma “pessoa doente e com idade muito avançada”.

Bem diferente da situação de uma pessoa doente que está agonizando.

No tratamento das pessoas agonizantes, às quais se causa enorme sofrimento em muitos casos mercê das demonstrações erradas de afeto por parte de parentes e amigos. Causam-se mais sofrimentos aos agonizantes por administrar-lhes estimulantes do que se pode conceber. Não é difícil sair do corpo, mas os estimulantes têm o efeito de lançar novamente o Ego que parte em seu corpo com a força de uma catapulta e isto o faz experimentar novamente os sofrimentos de que já estava se libertando.

As almas dos falecidos queixam-se, muitas vezes, aos investigadores, e uma delas disse que jamais sofrera tanto em toda sua vida como a fizeram sofrer nas muitas horas em que foi mantida agonizando dessa maneira.

Quando se comprova que o fim é inevitável, o que se deve fazer é deixar que a Natureza siga seu rumo.

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Louvor e Condenação: Todos os dias as oportunidades estão batendo as nossas portas

Louvor e Condenação: Todos os dias as oportunidades estão batendo as nossas portas

A “Fraternidade Rosacruz” considera com grande importância o serviço atual que prestamos aos nossos semelhantes, e muitas vezes surge esta pergunta: – Como posso servir aos meus semelhantes? Não vejo nenhuma oportunidade para isso.

Portanto, seria bom assinalar que por “serviço” não queremos significar uma grande ação espetacular, tal como saltar à frente de um carro em disparada e salvar uma criança de atropelamento ou, então, penetrar num edifício em chamas e salvar da morte os que estão em perigo de queimar-se.

Naturalmente, tais oportunidades não aparecem para todos, nem tão pouco são coisas de todo o dia; porém, todos, sem nenhuma exceção, têm oportunidade de servir realmente, sem importar o meio ambiente em que vivem. A linha de serviço que indicaremos neste artigo é ainda de maior valor do que qualquer simples ato de salvar alguém da morte, que cedo ou tarde virá fatalmente para todos, pois, seguramente e de muito maior valor, ajudar as pessoas a viver bem do que ajudá-las meramente a escapar, uma vez apenas, da morte.
É um fato deplorável que sejamos, na grande maioria, egoístas a um grau extremo. Buscamos o melhor que há na vida sem nos ocupar em nada com nossos semelhantes. Estamos demasiados propensos a comparar nossas posses, nossas faculdades com os outros, e quando percebemos que eles têm mais do que nós ou que fizeram algo com mais perfeição, etc, deixamo-nos tomar por um sentimento de ciúme e inveja que nos impele a falar deles com desprezo, ou de alguma maneira diminuir seu êxito ou realização, na ilusão de que assim fazendo nos elevamos ao seu nível ou o superamos.

Se por outro lado percebemos que eles não têm tanto como nós, ou sua condição social parece ser mais baixa que a nossa, então é fácil estabelecer sua inferioridade, e, portanto, adotamos logo uma atitude arrogante e falamos de uma maneira “condescendente”, pensando que por tais comparações nos elevamos muito acima das nossas condições atuais.

Se ouvirmos alguém falar mal de outrem, estamos, geralmente, prontos e dispostos a acreditar no pior, porque então, por comparação, parecemos ser muitos melhores, mais santos e, portanto, nos julgamos muito altos sobre o réu. E onde o mérito esteja tão manifesto que não se possa evitar o elogio, geralmente o fazemos de má vontade, pois nos sentimos como se, ao louvar a outrem, nos tirassem algo de nós mesmos ou talvez a outro fique muito exaltado e nos “faça sombra…”.

Essa é a atitude geral do mundo. Por mais deplorável e lamentável que seja, isto é um fato, e entre a grande maioria da humanidade, os seres humanos parecem estar, unicamente, interessados em que todos os demais fiquem para trás deles. Esta é uma das maiores manifestações de desumanidade do indivíduo com o indivíduo, o que faz com que uma grande parte tenha que lamentar-se, enquanto que a outra grande parte também se lamente por sua vez.

Que maior serviço pode alguém prestar aos outros do que adotar uma atitude sistematicamente de ESTÍMULO e de LOUVOR? Não há nada mais verídico do que o sentimento expresso nos versos do poeta: “Sempre há algo bom no pior dos seres humanos, e sempre há algo mal no melhor dos seres humanos”.
No lar, no trabalho e em toda parte encontramos, diariamente, pessoas que sentem necessidade de estímulo, como qualquer pessoa no mundo. Se alguém fez algo de bom e dizemos algumas palavras de apreço, essa palavra o ajudará a fazer ainda melhor na próxima vez. Se alguém fez algo mau ou fracassou, uma palavra de simpatia e confiança lhe dará novas energias que o estimularão a experimentar, mais uma vez, e alcançar o triunfo, exatamente com a mesma segurança que uma atitude de desalento pode arruiná-lo na vida, ao passo que uma palavra alegre poderia tê-lo salvo.

Quando alguém se aproxima de nós com histórias, falando mal de alguém, sejamos vagarosos em crer e mais vagarosos ainda para contar a outrem o que acabamos de ouvir. Esforcemo-nos, por todos os meios possíveis, por evitar que as pessoas que nos vem contar alguma coisa má continue repetindo a mesma história aos outros. Nada de bom pode resultar para nós ou para qualquer outro ouvir e crer em semelhantes histórias.

Esta linha de serviço pode parecer muito fácil à primeira vista, porém, convém considerar que, muitas vezes, será preciso uma grande dose de abnegação própria para agir assim, porque estamos todos tão imbuídos com o egoísmo que é quase impossível para a maioria de nós colocarmo-nos de lado totalmente, pondo-nos na posição de outros, dando-lhes o estímulo e louvor que tão ardentemente desejamos para nós mesmos.
Porém, se persistimos nessa atitude, e a realizarmos consistentemente com todos, em nosso meio ambiente, sempre fazendo o possível para dizer uma palavra de estímulo onde quer que encontremos a oportunidade, veremos que os outros virão a nós não somente com as suas penas, mas também com as suas alegrias; assim alcançaremos também alguma recompensa. Sentir-nos-emos, então, seu sucesso, e em todos esses êxitos de outras pessoas haverá uma alegria e um sucesso que legitimamente nos pertence, um êxito que ninguém poderá tirar de nós, algo que irá conosco para além do túmulo, como um tesouro espiritual.

Não devemos nos esquecer de que cada ato, por simples que seja, está gravado no Átomo-semente em nossos corações, e o sentimento e emoção que acompanham esse ato.

Reagirão sobre nós na existência pós-morte, e toda essa alegria, todo o prazer, todo o amor que tenhamos vertido, por outras pessoas reagirão sobre nós no “Primeiro Céu” e nos proporcionarão uma experiência sublime. Isto desenvolverá em nós uma faculdade maravilhosa de dar mais alegria aos outros, de poder servir mais e melhor. E recordemos que esta é a única grandeza verdadeira, a única grandeza que é digna de nosso esforço, a grandeza de alma que nos permite ser serviçais, servidores do mundo.

Acima de tudo, além de infundir ânimo e valor no trabalho dos outros, recordemos a parte de serviço que se relaciona com o evitar que os mal-entendidos e separações se propaguem. Quando alguém se aproxima com uma história dessas, falando mal de alguém, sem tomar em conta o que possamos pensar disso ou sem considerar qualquer justificação, tenhamos em vista que a repetição dessa história causará realmente um dano. Assim como uma bola de neve que roda de uma montanha abaixo vai acumulando mais e mais neve, crescendo e tornando-se cada vez maior, assim também a história que vai de boca em boca se exagera e acaba por causar uma tristeza e sofrimento. Assim, pois, um dos maiores serviços que podemos oferecer à comunidade é fazer todo o possível para que essas histórias, essas conversas malévolas, não continuem a circular; procuremos corrigir aqueles que por ignorância dos malefícios que produzem, vivem a forjar “histórias” e a falar mal dos outros.

Muitos lares se têm destruído, comunidades têm sido desbaratadas, muitas pessoas têm abandonado suas oportunidades, suas obrigações e aspirações e ainda coisas piores têm acontecido devido a essas histórias que têm sido levadas de boca em boca. Portanto, podemos fazer um grande serviço RECUSANDO ouvir o falar mal dos outros, RECUSANDO ouvir “histórias” e murmurações, dando ÂNIMO àqueles que fracassaram em suas ambições e ELOGIANDO, sinceramente, àqueles que tiveram êxito.

Todos os dias as oportunidades estão batendo as nossas portas, em qualquer lugar que estejamos, seja qual for à condição de vida que tenhamos.

(Revista Serviço Rosacruz – 01/65 – Fraternidade Rosacruz –SP)

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