Arquivo de categoria Método para Adquirir o Conhecimento Direto

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Ensinamentos Rosacruzes e a Iluminação do Aspirante

A literatura Rosacruz oferece-nos temas fascinantes para estudo e meditação. Max Heindel desvenda, principalmente no Conceito, com sabedoria e encanto as raízes metafisicas da evolução humana. Contém o fruto de profundas investigações ocultistas realizadas nos planos internos da Natureza. Mais do que isso, em cada letra vibra a alma do autor, um autêntico Apóstolo do Cristianismo nos tempos modernos.

Não obstante a diversidade de temas tratados na obra básica, entre eles subsiste a coerência, alinhavando-se numa unidade perfeita. E o que é mais admirável: cada obra aparenta ser uma extensão das outras. Em conjunto englobam as mais ousadas concepções da filosofia oculta.

Ao espírito acadêmico do século XX, sequioso de se elevar sobre as limitações do materialismo, os Ensinamentos Rosacruzes são uma dádiva dos céus. O grandioso plano do sistema filosófico e religioso em que se apoiam, conferem-lhes poder para esclarecer os mais intrincados problemas, atualmente afligindo a humanidade.

Os Ensinamentos Rosacruzes satisfazem plenamente a natureza intelectual dos povos ocidentais, podendo ser submetidos ao mais rigoroso crivo da lógica. Mas não foi essa a única intenção dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, quando autorizaram sua divulgação ao público, no início deste século. Sancionados pelo intelecto há que encontrar ressonância no coração: eis porque foram disseminados.

O próprio Max Heindel revelou sua preocupação em que o Conceito Rosacruz do Cosmos deixasse de cumprir sua finalidade precípua, qual seja: a de tornar o ser humano um ser espiritualmente elevado.

Os encômios estampados nos mais famosos jornais da época, muito menos as expressões entusiásticas dos leitores, afastavam Max Heindel da realidade: de pouco valor seriam os Ensinamentos Rosacruzes, se lograssem apenas informar ou enriquecer cabedais de cultura, sem, entretanto, sensibilizar o íntimo de cada leitor. Isto, diante dos mais elevados objetivos da Ordem seria um fracasso lamentável.

Os Ensinamentos Rosacruzes, quando nas mãos de diletantes, constituem pérolas atiradas aos porcos. Infelizmente algumas pessoas são conduzidas às portas da Fraternidade por mero diletantismo intelectual, não lhes sobrando nenhuma motivação de ordem espiritual. Sua curiosidade superficial, entretanto, não lhes ensejará mais que tímidos passos na Senda. Buscam novidades. Mas, não há novidades: há verdades antigas em novas roupagens, em vestimentas desconhecidas do grande público. As novidades não se encontram em inusitadas formas de apresentação, exigidas pela época. A novidade está na constante descoberta interna daquilo que o estudante vai vivenciando. Isto, porém, requer “penetração”, além do estudo superficial. Os Ensinamentos da Rosacruz são práticos por excelência. Podem e devem ser empregados no cotidiano, transformando-se, mesmo, num estilo de vida. Mas, reconhecemos, não é uma tarefa das mais fáceis. Exige sacrifício, persistência e idealismo. Quantos estão dispostos a empreender tais esforços?

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Amor e Colaboração

Amor e Colaboração

A vida é inexpressiva e vazia se vivemos apenas para nós mesmos. Ela perde seu sentido maior se vivida introvertidamente. Segregar-se, não participar, é excluir-se da harmonia universal. Quem não colabora com o mundo aliena-se dele. Quem não ajuda a seu semelhante encontra-se afastado do sistema de leis suprafísicas que regem o progresso humano. No Universo só cresce, só se desenvolve quem ajuda, quem colabora, quem serve aos demais, consciente ou inconscientemente, mas sempre amorosa e desinteressadamente.

Dentro deste espírito, vez por outra esta revista dirige apelos aos estudantes, exortando-os a cooperar com a Fraternidade Rosacruz. Não o faz pela simples necessidade de ajuda na tarefa de disseminar os ensinamentos Rosacruzes. Não! É verdade que a Obra carece de um número maior de trabalhadores para alcançar maior expressão na comunidade. Ainda há muita coisa por ser feita. A consecução de seus elevados objetivos exige, a cada dia, maiores recursos materiais e humanos. A seara é imensa.

Não importa o grau de cultura: toda pessoa de boa-vontade encontra, na Fraternidade Rosacruz, setores onde possa empregar suas aptidões. Todos podem dar alguma coisa.

No transcurso de diversos renascimentos vimos aumentando nosso cabedal de conhecimentos, além de desenvolver qualidades. Temos acumulado, por meio de experiências as mais variadas, uma dose considerável de energia e capacidades. Cabe-nos, agindo de conformidade com as Leis Cósmicas dirigi-las a finalidades construtivas.

Somos, inerentemente, seres ativos, face ao princípio divino de MOÇÃO-ATIVIDADE – característica do Espírito Santo – palpitando em cada espírito. A inércia e inutilidade não existem na Natureza. Ao órgão que não se emprega não resta outro caminho senão o da atrofia.

Diariamente nossa capacidade de ação é testada nos mais variados desafios. São estímulos necessários. Quanto a isso não pode haver meio termo nem omissão: ou agimos construtivamente e progredimos ou paramos e retrocedemos. Eis aí o verdadeiro conceito de mocidade e velhice: no sentido interno quem desiste e para, morre para a existência, cuja finalidade é o desenvolvimento a graus ainda inconcebíveis para o entendimento humano, das faculdades herdadas do Criador.

O indivíduo consciente e sincero esforça-se ao máximo por harmonizar e aperfeiçoar tudo o que esteja ao seu alcance. Sabe muito bem que ao retardar o cumprimento de seu dever ou negligenciar suas tarefas, negligencia a si mesmo. Isto é válido para os indivíduos, como para as empresas e agrupamentos sociais.

Quanto mais produzem, construtiva e legitimamente, tanto mais crescem em todos os sentidos.

A Fraternidade Rosacruz constitui uma oportunidade de cooperação no sentido de erigir um mundo melhor. Sua tônica é servir. Todavia, requer-se uma corajosa disposição para trilhar o caminho do serviço. Os desafios surgem em momentos inesperados; caso o estudante não esteja alerta, poderá sentir abalado o seu idealismo. Trilhar essa vereda íngreme não é empresa das mais fáceis, mas espiritualmente é edificante. O estudante não raro poderá até perguntar-se se vale a pena tanto sacrifício. Fernando Pessoa, o grande poeta místico, responde:

“Valeu a pena?
Vale sempre a pena.
Se a alma não for pequena”.

 

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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As Duas Faces do Conhecimento

As Duas Faces do Conhecimento

O conhecimento pode ser uma faca de dois gumes. Imprescindível ao nosso avanço em qualquer campo de atividade, se, todavia, for mal empregado atravancará nosso desenvolvimento. Pouco ou superficial, mesmo quando aplicado com a melhor das intenções, torna-se perigoso. Muito conhecimento, por outro lado, é conveniente apenas àqueles espíritos preparados para recebê-lo, caso contrário, dará à pessoa uma noção exagerada de sua importância e capacidade de influenciar os acontecimentos. Em si mesmo, não é bom nem mau.

O conhecimento é acessível a todos aqueles que, sinceramente, se devotam a sua busca. Em toda Natureza nota-se uma realização lenta e persistente precedendo o desenvolvimento superior. Isto se aplica ao conhecimento estritamente físico como ao dos mundos superiores. A pessoa que admite sua ignorância já deu o primeiro passo no caminho do conhecimento. Só podemos conhecer o superior quando compreendermos o inferior.

“Homem, conhece-te a ti mesmo”. Estas palavras estavam gravadas no frontispício do templo de Delfos na Grécia antiga, como uma lição e advertência. Para compreender o mundo que nos cerca temos de fazê-lo, primeiramente, com nós mesmos. Em assim agindo, conscientizar-nos-emos da verdade prática subjacente na chamada “regra de Ouro”: “Não fazer a outrem o que não desejamos que nos façam”.

O conhecimento total de qualquer assunto requer um estudo intensivo. Renascemos inúmeras vezes no Mundo Físico, entretanto, quem o conhece em toda a sua complexidade? Que dizer, então, dos mundos suprafísicos?
Obter conhecimento direto dos mundos superiores é particularmente difícil para a humanidade atual. É necessário querê-lo tão ardorosamente como uma pessoa que se afoga deseja respirar. Mas, não basta apenas querê-lo. Há outros requisitos necessários a sua obtenção.

O primeiro passo no caminho do conhecimento direto é a purificação dos veículos do espírito, tornando-os cada vez mais sensíveis. Os exercícios de Retrospecção e Concentração ministrados pela Fraternidade Rosacruz são importantes nesse processo, por abrirem vias de aperfeiçoamento de caráter e sensibilização.

O desenvolvimento do sexto sentido ou clarividência coloca-nos no umbral do conhecimento direto. São as primícias do trabalho realizado pelo Aspirante, ao longo de muitos anos ou, quiçá, de muitas vidas.

A aquisição do conhecimento encontra-se estreitamente relacionada com o Corpo Vital e tem, necessariamente, que se alimentar da vida fundamentalmente derivada de produtos do veículo etérico, ou seja, a força criadora e o sangue. Por esta razão, os ensinamentos rosacruzes sempre reiteram que todo desenvolvimento oculto principia pelo Corpo Vital.

Há muito que dizer a respeito do conhecimento. Mas, se queremos evidenciar uma lição moral a respeito do mesmo, podemos fazê-lo nestes termos: o conhecimento implica em grande responsabilidade, e a quem muito é dado, muito será exigido.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/82 – fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Transplante de Coração

Transplante de Coração

Tendo em vista a frequência com que são realizados os transplantes de coração e o interesse despertado por este assunto, cremos ser importante considerar o fenômeno do panorama do doador e sua imediata experiência após a morte.

Porque os transplantes cardíacos devem ser efetuados imediatamente ao desenlace do doador toma-se impossível evitar a interferência no processo de revisão panorâmica, que ocorre logo após a morte. É possível o prosseguimento do processo panorâmico do doador (embora imperfeitamente, devido à dor provocada pela cirurgia), enquanto se realiza o transplante, o rompimento do Cordão Prateado e a liberação dos veículos superiores do Corpo Físico, incluindo o coração.

Entretanto, o que acontece com o Átomo-semente de quem recebe a doação?

Encontram-se, assim nos parece, na contraparte etérica de seu coração, ainda em seu corpo. Nos casos de amputação, de alguma parte do Corpo Denso, somente o Éter planetário acompanha a parte separada.

A contraparte etérica do membro extraído decompõe-se gradualmente, à medida que o mesmo ocorre com a parte física. Sabe-se que pessoas submetidas à cirurgia de amputação queixaram-se de dor no membro amputado. Isto acontece porque a contraparte etérica ainda não se desfez, demorando, às vezes, anos para decompor-se.

O Cordão Prateado do recebedor deve permanecer intacto, ainda quando o órgão físico tenha sido removido. Pois, se o Cordão romper, o recebedor não sobrevive.

Alojado o coração físico do doador (sem o Átomo-semente) no coração etérico do recebedor, surge esta pergunta: Os Anjos e seus Auxiliares, sábios controladores dessas situações, transferem o Átomo-semente denso do recebedor ao ápice do coração do doador, neste momento, executando sua função de bombear sangue? Pode ocorrer, sem dúvida alguma.

É importante considerar, também, a relação existente entre o doador e o recebedor nesta vida, e nas anteriores. Atente-se, igualmente, para o arquétipo do recebedor, por este elaborado, quando de sua permanência na Região do Pensamento Concreto, e que somente pode durar um tempo específico, correspondente à duração de sua existência física. Devemos recordar sempre, com respeito aos transplantes de coração ou qualquer outro órgão, que o átomo de cada corpo e seus órgãos, nervos, tecidos, etc, constitui a soma total da forma com que o espírito interno viveu suas existências passadas e a maneira como construiu a contraparte de seu corpo físico, nos períodos intermediários entre um renascimento e outro.

Qualquer enfermidade, incluindo a do coração, é uma manifestação de ignorância ou transgressão das leis superiores; somente pode ser eliminada por uma modificação na natureza interna do ser humano. Transplantar um órgão não curará a causa fundamental da enfermidade do paciente. Este, se não promover transformações espirituais em seu íntimo, acabará por defrontar-se de novo com o problema, seja nesta vida ou em outra. De uma forma ou de outra acabará por aprender a lição.

Pode-se dizer que o coração é um órgão já principiando a demonstrar seu glorioso potencial como o instrumento pelo qual o verdadeiro AMOR de Cristo tornar-se-á uma realidade universal. Ele encerra a essência individualizada de cada Ego, ampliada a cada vida física. Tratar de transferir esse órgão de um ser humano a outro pode criar situações conflitantes com os objetivos idealizados pelos arquitetos de nossa evolução. E, talvez, o resultado seja pior para o recebedor do que o destino que lhe estava determinado sem o transplante.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10\81 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Um Significado para: “Buscai Primeiro o Reino do Céus”

Um Significado para: “Buscai Primeiro o Reino do Céus”

Nunca é demais ressaltar a importância de estarmos em Deus a cada instante. Só Ele pode resolver os nossos problemas, da forma como devem ser resolvidos. Só Ele nos poderá orientar para o certo, iluminar-nos em nossas atividades, para acertarmos o maior número de vezes possível.

Porém, é preciso que não se confunda esta entrega com inércia, supondo que, ao colocarmos nas mãos de Deus os nossos problemas possamos descansar na cômoda impressão de termos transferido, também, a Ele as nossas tarefas. Longe disto. Nossos deveres nós não os podemos negligenciar, até pelo contrário, quanto mais ativos nos mantivermos procurando dar de nós a cada momento do dia, tanto mais estaremos nos tornando merecedores da Sua confiança e do Seu merecimento. Sim, porque para estar em Deus, é preciso merecer Deus.

Diz o Ritual de Cura da Fraternidade Rosacruz que: “num vaso sujo não pode haver água pura e saudável, nem uma lente manchada transmitir uma imagem clara”. Da mesma maneira, se não nos tornarmos merecedores de Deus, cumprindo bem todas as nossas tarefas, com sinceridade e pureza, procurando ajudar sempre com isenção de ânimo, tornando-nos um elemento útil e de boa vontade no contexto geral, nossas portas internas manter-se-ão fechadas ao ingresso d’Ele.

É claro que: “em Deus vivemos, nos movemos e temos o nosso ser”. E esta asserção não invalida o que foi dito acima. O caso é que nem todas as pessoas são sensíveis à presença de Deus nelas. E é a essa sensibilidade, a esse contato que deve ser empreendido constantemente, que nos referimos antes. Estar em Deus é, pois, ter consciência da presença de Deus em nós. E só abriremos a nossa consciência para senti-Lo cada vez mais próximo, sempre que estivermos atentos para não perder nenhuma oportunidade de realizar o Bem. Porque o Bem é o reflexo de Deus, e realizando o Bem estaremos realizando Deus, atraindo mais força d’Ele, maior contato, mais luz e, consequentemente, maior ajuda d’Ele.

Na verdade, o ser humano quanto mais se eleva e mais puro se torna, menos necessidade terá de preocupar-se em pedir auxílio à Deus. Porque o fato de realizar-se n’Ele já o coloca em condições de não precisar pedir, pois, tendo a Ele em si e consigo nada mais necessitará; já terá tudo.

Daí o que disse Cristo Jesus aos apóstolos: “Buscai primeiro o Reino do Céu e todas as outras coisas vos serão acrescentadas”. É isso. O Reino do Céu está em nós, dentro de nós, e é só preciso tomar consciência disto. Eis porque a Filosofia Rosacruz nos orienta a procurarmos aumentar a nossa consciência pelo serviço, que é a prática dos ensinamentos cristãos que Cristo Jesus deixou e que os lrmãos Maiores nos transmitiram por meio de Max Heindel. Sabemos que, para isto, não nos serão necessários grandes exercícios, como outras religiões ocultistas preconizam. Bastam-nos os dois exercícios: de retrospecção à noite e o de concentração logo ao acordar – que, com a continuidade vai passando para a meditação e, depois, para a elevação – e mais a realização na prática das coisas boas, que vamos descobrindo por meio dos referidos exercícios e de nosso Serviço no mundo.

Assim, o que é exigido de nós estará sempre dentro das nossas possibilidades, pois seremos nós mesmos, com o nosso esforço no bem viver, que delinearemos as bases do nosso progresso e, consequentemente, do nosso merecimento. Quanto mais trabalharmos para acertar o pé no mundo em que vivemos, tanto mais despertaremos nossa consciência crística, crescendo internamente, construindo nosso céu interior, colocando-nos, assim, em posição de atrair para nós tudo àquilo que deverá ser nosso, tanto espiritual como material.

Por isso, nosso cuidado maior não deveria ser com as coisas materiais, mas com o nosso preparo interno, porque só esse preparo, esse céu interno que buscamos e realizamos em nós coloca-nos em condições de receber tudo o mais que Deus sabe que necessitamos.

Tomemos nota: quanto mais nos elevarmos, tanto menos falta vamos sentindo das coisas materiais e tanto mais nos vamos aproximando da nossa herança divina.

Não vá agora, alguém, por outro lado, sentir-se inibido pensando que, se por fazer algum pedido a Deus, estará com isso provando a sua incapacidade de estar n’Ele. Pensar assim seria fruto de nosso orgulho, porque é preciso uma boa dose de humildade para admitir as nossas limitações. O que deve servir-nos de escopo é o fato de sabermos que agindo sempre no bem, estaremos em progressivo desenvolvimento para aquele estado de graça, que nos coloca em posição de conquistar cada vez mais o Céu dentro de nós.

(Revista ‘Serviço Rosacruz” – 10\81 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Pureza: um ideal a ser diuturnamente cultivado

PUREZA: um ideal a ser diuturnamente cultivado

Falar em pureza nos dias de hoje pode até parecer um contrassenso. Para o ser humano comum este tema será recebido com ironia. Não poderia ser outra a atitude predominante diante do bombardeio de apelos ao sexo e vícios desencadeados pelos meios de comunicação.

Não estamos exagerando ao afirmarmos que grande parte da população já está condicionada a tudo o que é degradante. E isso ocorre sob conivente complacência de quem deveria zelar para que tal não acontecesse.

Não pretendemos insinuar que as pessoas, em sua quase totalidade, são moralmente tíbias. Queremos crer que a maioria seja bem formada e intencionada. Mas a repetição contínua dos bombardeios apelativos acaba, fatalmente, por alcançar o subconsciente, findando por obscurecer as boas qualidades. Eis porque o vício se converte numa segunda natureza.

Com pesar notamos alguns indivíduos intelectualmente bem dotados, e outros até estudiosos do espiritualismo, conhecedores dos benefícios de uma vivência pura, se deixar dominar por vícios e maus hábitos de toda espécie.
Não basta conhecer a verdade e almejá-la. Entre compreender e almejar há uma grande distância. Os médicos em geral conhecem muito bem a higiene e as enfermidades. “Conhecem”. Acabam, porém, adoecendo e sofrendo tal como os ignorantes do assunto.

Muitos estudantes do Ocultismo sabem discorrer brilhantemente acerca de temas transcendentes, mas, incoerentemente, vivem como pessoas comuns. Parecem encontrar-se muito distantes dos princípios que tanto alardeiam. Por quê? Porque falta a reforma interior, capaz de atingir o subconsciente. Em primeiro lugar, não possuem a fibra e a coragem necessárias para encetarem uma transformação purificadora em seu íntimo. É mais fácil ceder e condescender. São teóricos do espiritualismo, nada além de teóricos.

Não só o Cristo, mas os nobres cavaleiros de nossos ideais estão ameaçados. Parsifal continua lutando e sofrendo pelo mundo, sem poder usar a espada a seu favor. Amfortas continua sofrendo as dores do remorso. O lírio entreaberto, na fachada do templo de Salomão, espera pacientemente pelos puros de coração.

A realização da pureza antecede uma jornada de lutas e quedas. Os valorosos engolem o pó do caminho, mas não desistem. Lamentavelmente muitos ficam. As dores sempre encerram uma lição. Exercita-se a pureza na batalha diária da existência, em meio aos pequenos desafios da vida. Quem não se esforça e morre sem lutar não merece o “Valhala” (NR. Era um Palácio) das bem-aventuranças. Não pode desfrutar da verdade nem provar a sabedoria.

A pureza é um ideal a ser diuturnamente cultivado.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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O Bem do “Mal”

O Bem do “Mal”

Não te revoltes contra as adversidades nem te alquebres diante delas.

Busca isto sim, o bem que nelas existe. Diz-se que elas são injustas, dolorosas: sinal de que ainda não estás maduro e não compreendeste as Leis. Não que seja um castigo dos céus. Deus é um Pai perfeito e não castiga.

Sua voz, dentro de nós, está constantemente a chamar-nos, como o magnetismo do Norte a uma agulha de bússola. Estamos aprendendo a orientar-nos e temos o direito de experimentar todas as direções. Mas, verificamos que quanto mais nos afastamos para o Sul, tanto mais sentimos o vazio que os prazeres do mundo não podem preencher.

As causas são teus desvios. A Lei é automática: para cada causa, um efeito correspondente. Não podes dizer que tuas vicissitudes sejam um mal. Elas o estão advertindo!

Não as escutas?

Acaso a repulsão é um mal, quando age nos planos inferiores buscando alertar-nos contra os enganos?

Acaso é mau um fogo se nos queima os dedos que inadvertida ou propositadamente colocamos nele?

A Lei é Lei. Quanto mais nos afastamos tanto mais fortemente age, na tentativa de mostrar-nos o verdadeiro sentido. Como um mero impulso, não dói. O que dói é o nosso desejo egoísta de continuar errando, de não voltar ao norte, de não nos conformarmos em deixarmos velhos hábitos, vícios e apegos.

Analisa tua vida.

Achas ela boa? O que é o bem? E do que gostas? Ou é o que é realmente bem, independentemente de teus gostos?

O bom, o belo e o verdadeiro são objetivos, independentes de nós, míseros mortais. Quem somos nós para ditar as leis de harmonia? Estamos apenas aprendendo e quanto mais sabemos, tanto melhor vamos percebendo esses atributos, porque sendo eles eternos e perfeitos como Deus, eterna também deve ser a nossa busca.

Sê em primeiro lugar sincero contigo mesmo. Medita, e o teu Cristo te iluminará. Ao perceberes tuas falhas terás dado o primeiro passo. Depois, arma-te de coragem para reformar-te, expulsando de teu templo interno, os ladrões de teu sossego.

Devemos ser cristãos verdadeiros, intrínsecos, embora não seja fácil compreender e aplicar as leis do amor a Deus e ao próximo.

Não penses em ti. A revolta, a incompreensão, as mágoas só existem quando julgamos estar sendo injustiçados. Mentira. Tudo aparente. Tudo egoísmo. O que nos parecem males e inimigos são instrumentos de nossas correções. O semelhante atrai o semelhante. Despoja-te do egoísmo e vive o bem, com discernimento. Difícil?

Quanto mais difícil te parece, mais perto estás da realização, porque mostra que começas a compreender a luta interna de tuas naturezas opostas. Nossa natureza animal só luta quando ameaçada de extermínio. A lei de preservação existe em todos os planos.

Não desanimes. Nossa vida atual é de alternâncias: noite e dia, verão e inverno, tristeza e alegria, tudo transitório, até que o eixo de nossa vida coincida com a trilha eterna da evolução. É a época decisiva. Temos de resolver; ou servimos a Deus ou ao mundo. Não podemos servir a dois senhores!

Desconfia das facilidades e comodidades da descida, porque, se continuada, poderão levar-te aos portais do inferno. Alegra-te com as asperezas e dificuldades da subida, porque elas te levam certamente a maiores alturas. E à medida que sobes, as névoas dos vales pecaminosos vão se desanuviando e enxergarás melhor, percebendo que o aparente bem era um mal e que o aparente mal lhe era um bem. Quanto mais subires, mais vastos horizontes se descortinarão ante teus olhos, dando-te forças para prosseguir.

Além disso, não estamos sozinhos. A teu lado estão seres compassivos e sábios, deixando que aprendas a andar com tuas próprias pernas, porque és um Deus em formação e teu destino é glorioso. Tenha fé! O Senhor é o Bom Pastor, não nos faltará!

Esquece-te e dá-te aos demais, com discernimento. Olha a teu redor, mais vale a terra fértil do que a pedra; mais a árvore frutífera do que a estéril; o grau evolutivo se mede sempre pelo serviço amoroso prestado. A árvore dá simplesmente. Não se queixa das podas, porque não tem uma Mente enganosa como nós. E, contudo, também nós somos podados por jardineiros sábios, para que fortaleçamos em todos os pontos e possamos dar melhores frutos. Sejamos humildes! Quem somos nós para julgar?

Deus e Sua Sabedoria estão manifestos claramente. Basta que os saibamos ver. Alegra-te de tuas caídas porque elas te ensinam mais do que os outros meios.

Levas, orgulhosamente, teus arranhões como medalhas. E quando caíres outra vez, levanta-te sem lamúrias. Só os fortes recebem provas maiores.

O único fracasso é deixar de lutar! O tempo de que dispomos os recursos financeiros, sentimentais, intelectuais, físicos, tudo enfim, que temos e não nos pertencem em realidade, porque somos simples administradores e aprendizes neste mundo, todos esses valores devem ser postos conscienciosamente a serviço de nosso próximo, a começar por nossa família, prevenindo os perigos do egoísmo, da vaidade, que amiúde deturpam seu emprego. Sê pois, compreensivo e amoroso servidor!

(Revista Serviço Rosacruz – 01/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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O Caminho Iniciático e a Lemniscata

O Caminho Iniciático e a Lemniscata

Para melhor compreender o que é a Iniciação e quais seus requisitos preliminares fixe o leitor, antes de tudo, e com toda a firmeza em sua Mente, que, na totalidade, a humanidade progride lentamente no caminho da evolução. Só lenta e quase imperceptivelmente consegue estados mais altos de consciência. O caminho da evolução, examinado sob os aspectos espiritual e físico, é uma espiral.

 

Na lemniscata, há dois círculos que convergem para um ponto central. Os círculos podem servir para simbolizar o Espírito imortal, o Ego evoluinte. Um dos círculos representa sua vida no Mundo Físico, desde o nascimento até a morte, e o outro, sua permanência nos Mundos Invisíveis, desde a morte até ao renascer.

Enquanto permanece neste mundo, o Espírito imortal – o Ego em evolução – semeia uma semente em cada ato, dele colhendo certa quantidade de experiência. Contudo, assim como se pode semear sem haver colheita, porque as sementes foram atiradas em terrenos pedregosos, entre espinhos, etc., assim também a semente da oportunidade, por negligência no cultivo do terreno, pode ser perdida e, então, a vida será estéril, sem fruto. Ao contrário, assim como a qualidade e o cuidado no cultivo aumentam, enormemente, o poder produtivo das sementes, uma aplicação cuidadosa no negócio da vida – a melhora de oportunidades para aprender as suas lições é extrair de nosso meio as experiências que contém – traz-nos mais oportunidades. Ao terminar uma existência terrestre, o Ego, nas portas da morte, encontra-se carregado dos mais ricos frutos da vida.

Terminado o trabalho objetivo da existência, o Ego começa o trabalho subjetivo da assimilação. Esta obra efetua-se, durante a permanência nos Mundos Invisíveis, período que decorre desde a morte até ao renascimento, simbolizado pelo segundo anel da lemniscata. Quando o Ego chega ao ponto central da lemniscata, que divide o Mundo Físico do mundo psíquico, a que chamamos a porta do nascimento, ou da morte, entra (ou sai) numa outra esfera, em relação a nós. Fá-lo com um conjunto de faculdades e talentos, adquiridos em vidas anteriores, que o espírito usa, ou descuida, em novo dia de vida, segundo sua própria escolha. Do uso que fizer das suas oportunidades depende o crescimento da alma.

Se, durante muitas vidas gratificou principalmente a natureza baixa, vivendo para comer, beber e divertir-se, ou deixou que seus ideais se esfumassem em sonhos e especulações metafísicas, acerca da natureza de Deus, abstendo-se, negligentemente, de toda ação necessária, gradualmente o Ego será deixado para trás, pelos mais ativos e progressistas. Grandes agrupamentos destes preguiçosos formam as chamadas “raças atrasadas”, enquanto os ativos, desembaraçados e despertos, que se preocupam em adquirir uma porcentagem maior de oportunidades, são os precursores.

Ao contrário da ideia geralmente aceita, isto se aplica, igualmente, àqueles que estão empenhados na indústria. Sua maneira de ganhar o dinheiro é, somente, um incidente, um incentivo, inteiramente a parte dessa fase. Seu trabalho é tão espiritual, ou, talvez, mais, do que o daqueles que passam o tempo em preces, com prejuízo de um trabalho útil. Do que dissemos, torna-se claro que o método de desenvolvimento da alma, levado a efeito pelo processo da evolução, requer ação na vida física, seguida, na vida post-mortem, por um estado de assimilação, durante o qual as lições da vida são extraídas e cuidadosamente incorporadas a consciência do Ego, embora as experiências, em si, sejam esquecidas.

Este processo, excessivamente lento, acomoda-se, perfeitamente, as necessidades das massas. Todavia, alguns esgotam, rapidamente, as experiências comumente dadas e requerem um campo mais extenso, para aplicar suas energias. A diferença de temperamento é a causa de sua divisão em duas classes.

Uma dessas classes, conduzida por sua devoção a Cristo, segue, simplesmente, os ditados do coração, em sua tarefa de amor por seus companheiros. Belos caracteres, faróis de amor num mundo sofredor, estão sempre prontos a esquecer sua própria conveniência, para ajudar aos outros.

Na outra classe, a Mente é o fator predominante. A fim de ajudá-la em seus esforços para alcançar sabedoria, as Escolas de Mistérios foram criadas. Nelas foi representado o drama do mundo, para dar as almas aspirantes, enquanto se achavam enlevadas, respostas às perguntas acerca da origem e do destino da humanidade. Ao despertar, eram instruídas na ciência sagrada de ascender mais, por meio do método da natureza – que é Deus em manifestação – semeando a semente da ação, meditando acerca da experiência e assimilando a moral essencial para obter o devido crescimento anímico. Também, havia esta circunstância importante: enquanto, no curso ordinário das coisas gasta-se uma vida inteira em semear e uma existência post-mortem na reflexão e incorporação da substância anímica, este ciclo de mil anos, mais ou menos, pode ser consideravelmente reduzido. Seja qual for o trabalho executado durante um dia simples, reflita-se sobre ele, à noite, antes de cruzar o ponto neutro entre o estado de vigília e o adormecer. Esta experiência pode, deste modo, ser incorporado na consciência do Espírito, como poder anímico. Quando se pratica, sinceramente, este exercício, revisando os pecados cometidos durante o dia, são eles eliminados, automaticamente, e o ser humano começa, em cada dia, uma nova vida, com a vantagem de ter aumentado seu poder anímico, extraído das experiências da sua vida de probacionista. Ao abandonar o corpo – ao morrer e ir ao Purgatório, a visão do nosso passado desenrola-se em ordem inversa, para mostrar, primeiramente, os efeitos, e depois, as causas que os produziram. Sentimos, de maneira intensa, a dor que causamos aos demais. Se não executamos nossos exercícios de maneira similar, sofrendo cada noite o inferno que merecíamos durante o dia, sentindo, agudamente, todos os pesares que havíamos infligido, não nos servirá de nada. Temos que nos esforçar, também, em sentir, com a mesma intensidade, a gratidão pelas atenções recebidas dos outros e a aprovação do bem que proporcionamos.

Somente assim, vivemos, verdadeiramente, a existência post-mortem e avançamos, cientificamente, até a meta da Iniciação. O maior perigo para o aspirante neste ponto é cair vítima do laço do egoísmo. Sua única salvação é cultivar as faculdades da fé, da devoção e da simpatia universal.

Se o estudante ponderou bem o argumento precedente, terá compreendido a analogia entre o largo ciclo da evolução e os ciclos curtos, ou passos, utilizados no caminho da preparação. Ficará claro que ninguém pode realizar, por outro, este trabalho post-mortem, nem lhe transmitir o desenvolvimento anímico adquirido da mesma maneira; ninguém pode ingerir o alimento físico de outro e transmitir-lhe sua resistência e desenvolvimento.

Se não conseguirmos o poder da alma requerido para a Iniciação, ninguém poderá iniciar-nos. Se o possuímos, estamos no umbral por nossos próprios esforços. Podemos pedir a Iniciação, como um direito. Se não o tivéssemos e quiséssemos comprar, 125 milhões de qualquer moerda seriam insignificantes para pagá-los.

Fixemos bem, em nossas Mentes, que a Iniciação não é uma cerimônia externa, mas, sim, uma experiência interior, na qual somos ensinados a usar o poder que armazenamos por meio de uma vida de pureza e de serviço.

(Revista Serviço Rosacruz – 02/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como Tornar a Prece Eficiente

Como Tornar a Prece Eficiente

Um dos traços de união entre os aspirantes dos Ensinamentos Rosacruzes é o desejo comum de ajudar o próximo. Um dos principais motivos de nossas reuniões é orar pelos necessitados e tentarmos, seriamente, seguir a advertência de Cristo para rezarmos uns pelos outros. Há pessoas, porém, que sentem que suas preces não estão produzindo resultados; que não podem ajudar um ente querido necessitado, que compreendem o problema alheio, mas estão incapacitados de ajudar a resolvê-lo. Podem sentir também que existem condições além de sua capacidade, chegam a pensar que são dignos de pedir, quanto mais de receber a resposta tão esperada às suas preces. Percebem que suas preces não estão sendo respondidas como esperavam. Se alguém já passou por alguma destas experiências há sugestões que podem ser úteis.

Primeiro, vamos tentar definir a palavra prece. Basicamente prece é:

1) Comunhão com Deus; realização com a unidade Divina. Pode ser um momento em que nos isolamos e nos afastamos do Mundo Físico e, conscientemente, nos viramos para o Pai. Pode ser também uma atividade quase inconsciente onde se pratica e se sente a presença de Deus em tudo que se pensa, diz ou faz.

2) Prece é a harmonização e a fusão da Mente do Ser humano com a Mente Divina. É a ação mental mais rápida que se conhece, na qual o ser humano se sintoniza com o Mundo do Pensamento.

3) Prece é uma afirmação da Verdade que é eterna. Deus é o bem, o saber, o amor, a saúde, etc… e desde que somos seres espirituais feito à imagem e semelhança de Deus, no espírito e na verdade, também somos o bem, o saber, o amor e a saúde. Prece é simplesmente a concretização e a própria realização desta verdade.

4) Prece é a parte do ser humano no processo criativo de tornar aquilo que não é manifestado, em manifestação. O livro de Jó nos diz: “Vós também podereis decretar e assim o será”. O resultado final de nosso processo de evolução é tornarmo-nos co-criadores com Deus. Estamos nos tornando aquilo que deveríamos ser e somos. Foi-nos dado o poder da palavra criadora e temos a nosso dispor, mais força do que jamais imaginamos. Usando-a corretamente, esta força aumentará e se espalhará.

5) Prece é a glorificação de Deus, o mais alto estado espiritual de consciência alcançado pelo ser humano. Glorificar Deus é louvá-Lo, enaltecê-Lo, honrá-Lo e conhecer Sua verdadeira essência.

A prece mais conhecida no mundo Cristão é o Pai Nosso. Max Heindel nos deu a mais sublime explicação para essas santas palavras. Esta prece foi ensinada por Cristo Jesus aos Apóstolos, para ser usada em benefício deles próprios, mas é usada por todos e também pelos aspirantes como uma fórmula para a elevação e purificação dos instrumentos ou veículos que possuímos.

Usando o capitulo XVII do Evangelho de São João como base para fazer com que nossas preces aos outros se tornem mais eficientes, devemos ressaltar 10 pontos:

1) Algumas pessoas que rezam fracassam porque são egoístas. Os 26 versículos deste capítulo podem ser divididos em 3 partes: os primeiros oito versículos constituem a prece de Jesus Cristo para Ele mesmo; os versículos 9 a19 são a sua prece para Seus Discípulos; e os versículos 20 a 26 são para aqueles que irão acreditar Nele mais tarde – o que nos inclui.

Na primeira parte, Jesus Cristo estava rezando não só para Ele próprio, como também para a glorificação do Pai. “Glorifica teu Filho para que teu filho te glorifique”. “Eu te glorifiquei na Terra e terminando a obra que me deste para fazer”. Ele não procurou glória para Si, mas apenas que o Pai pudesse ser glorificado e Sua verdadeira essência revelada.

Ao rezar pelos outros devemos ficar atentos para não glorificarmos a nós mesmos e a nossos desejos. Ocasionalmente podemos não nos aperceber de que nos tornamos ditadores ao procurar impor nossa vontade pessoal ou ao tentar forçar alguém a aceitar modelos pré-concebidos. Talvez estejamos rezando: “Faça-o enxergar as coisas do meu modo”, ao invés de: “Ajuda-me a encontrar a melhor solução”, ou: “Faze com que a luz da verdade ilumine sua mente”, ou simplesmente: “Tuas vontades serão feitas, Pai”.

É fácil desviar as preces que fazemos para os outros, de modo a satisfazer o que nós queremos para eles ou pensamos que eles deveriam querer ou ter. É uma cilada contra a qual precisamos estar sempre de prontidão, especialmente quando se trata de pessoas muito chegadas a nós. Pode não ser difícil parecer que estamos conformados quando pedimos por aqueles que estão longe e não são tão íntimos, mas para aqueles com quem temos uma relação mais chegada, é muito difícil nos desvencilharmos do nosso Ego e tentarmos rezar para o bem dessa pessoa entregando-a a Deus, mesmo que seja contra o que gostaríamos que acontecesse. Portanto, se nossas preces parecem não produzir resultados, vamos examinar nossos motivos e talvez aí encontremos a razão para o fracasso.

 

2) Devemos sempre reconhecer a qualidade da liberdade no amor puro, mesmo quando vemos que alguém está cometendo o que consideramos um grande erro. Devemos dar liberdade a esta pessoa para que se desenvolva a sua maneira. Talvez vejamos alguém muito querido deixando-se levar para uma situação que sabemos irá causar-lhe sofrimento e queremos evitar que isto aconteça e que a pessoa sofra. Porém, talvez, seja preciso, para que a pessoa aprenda experimentar certas provações e aflições, a fim de receber uma lição necessária. Talvez o engrandecimento da alma venha através desta experiência porque, infelizmente, aprendemos muito mais com nossas próprias experiências do que com conselhos.

Quando bebês, ao aprendermos a andar, tivemos muitas quedas. Se nossas mães nos tivessem carregado sempre em seus braços, certamente não teríamos tido tantas quedas, manchas roxas e choros, mas também não teríamos aprendido a andar. A mãe carinhosa, certamente quer proteger seu filho de quedas físicas, emocionais e espirituais, mas somente experimentando algumas dessas quedas e por meio da liberdade do poder tentar, acertar e fracassar sozinhos é que aprendemos a andar retos, tanto fisicamente como de outras maneiras.

Jesus Cristo disse: “Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno”. Ele não rezou para que Seus queridos Apóstolos fossem tirados do mundo, mundo este cheio de desafios, provocações, frustrações e conflitos, mas que eles fossem protegidos do mal. Devemos deixar nossos entes queridos livres para encontrar o bem supremo, da maneira que for melhor para eles. Podemos rezar para que Cristo os conduza nos caminhos da honradez e probidade. O Cristo dentro de nós deve reconhecer o Cristo daquele por quem rezamos e dar-lhe liberdade individual para fazer sua própria escolha.

3) Não devemos jamais implorar ou suplicar. Implorar supõe que estamos tentando superar uma relutância por parte de Deus. Não há necessidade de se implorar a Deus em nome de outra pessoa, uma vez que o seu bem estar já é muito conhecido no coração do Pai. Muitas referências nas Escrituras Sagradas afirmam esta verdade. “Nosso Pai conhece as coisas de que necessitamos, antes de as pedirmos” (Mt 6: 8). “Não é da vontade do Pai que nós devamos morrer” (Mt 18: 14). “É prazer do Pai dar-nos o reino” (Lc 12: 32). Podemos estar certos de que a vontade de Deus para nós é perfeição.

A prece de Jesus Cristo era: “Eu dentro de vós e vós dentro de mim, assim sereis feitos perfeitos em um só”. Nossas preces não mudam o que Deus pensa sobre nós. Ele já nos determinou perfeição. Não temos que negociar com Deus. A prece não muda Deus e não o impele a fazer o que Ele não almeja para nós. A prece nos coloca num estado de receptividade do Bem que Deus já planejou para nós. Portanto, ao invés de implorar e suplicar, vamos reivindicar o que há de bom, já estabelecido em espírito. Jesus Cristo corajosamente rezou para o Pai: “Pai, quero que onde eu estou, estejam também comigo aqueles que me deste, para que vejam a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo” (Jo 17: 24).

4) Devemos confirmar a verdade na fé, confiança e agradecimento. Quando Jesus Cristo ressuscitou Lázaro, Ele disse com plena fé e confiança: “Pai, Eu Vos agradeço por me teres ouvido e sei que sempre me ouvis” (Jo 11: 41). Nas duas ocasiões quando alimentou as multidões, Ele primeiro agradeceu pela dádiva que foi dada, muito embora ainda não tivesse sido manifestada no plano exterior. Agradecendo desta maneira, demonstra fé, confiança e desperta estas qualidades em outros, que, por sua vez, se tornam melhores canais pelos quais Deus pode fazer Sua obra.

5) Não volte atrás em suas preces! É de pouca valia rezar com palavras positivas se, continuamente, estamos projetando um quadro negativo na tela da Mente. Se visualizarmos e, deste modo, enfatizamos a parte negativa ou condição que precisa ser eliminada, estamos desfazendo todo nosso trabalho de rezar. Você se lembra da parábola da casa que limpamos de todos os maus espíritos? Depois de estar completamente limpa, ela permaneceu vazia; os maus espíritos voltaram e trouxeram sete vezes piores espíritos com eles. Ideias sombrias e pessimistas sobre quem rezamos devem ser eliminadas de nossa casa de pensamentos. Inclinações duvidosas, temores e ansiedade devem ser varridos com fortaleza e na Mente só devemos colocar pensamentos firmes e positivos.

6) Devemos imaginar os perfeitos resultados da prece. Nossa faculdade de imaginar desempenha um importante papel no que diz respeito a “chamar” as condições desejadas. Se rezamos pela saúde de alguém, vamos imaginá-lo sempre com boa saúde. Se rezamos pela paz de espírito, harmonia ou qualquer outra condição desejada, vamos imaginá-lo já gozando deste estado de espírito. “Vós vos mantereis em perfeita paz se vossa Mente estiver com Ele” (Is 26: 3). Fixando nossa atenção em Deus e na sua bondade, fortalecemos Sua presença e atividade. Ao visualizarmos alguém circundado pela luz de Cristo, estamos protegendo-o do mal e ajudando a antecipar a cura, seja da Mente, do corpo ou de qualquer natureza. Desta maneira nos tornamos co-criadores com Deus e ajudamos a estabelecer o Reino dos Céus na Terra.

7) Não devemos colocar limites nas nossas preces. Com Deus nada é impossível; não há limitações em Deus. “O que pedires em meu nome, será dado a ti” (Jo 14: 14). Jesus Cristo disse: “É prazer do Pai dar-vos o reino” (Lc 12: 32). O desejo do Pai para conosco é o bem, nada a não ser o bem, de maneira que devemos ficar receptivos e abertos para todo o bem que o Pai tem reservado para nós. Poderá vir em bênçãos como um aguaceiro derramado das janelas do Céu.

8) A qualidade sentida, presente, de agora é eficiente na prece. A manifestação da resposta perfeita de Deus é possível agora mesmo, se houver fé e compreensão suficientes para chamá-la. “Antes que perguntes, responderei” (Is 65: 24). Deus está aqui, agora, e basta invocar Seu amor e poder de maneira correta, para recebermos respostas completas e perfeitas.

9) Devemos dar à reza um profundo sentido de alegria. “E falo isto estando ainda no mundo, para que partilhem plenamente de minha alegria” (Jo 17: 13). Se estamos cientes da presença e poder de Deus, como Jesus Cristo estava, não deixaremos de ser agraciados com a felicidade. A prece verdadeira é alegre, porque reflete a convicção que Deus está no comando de seu mundo e que tudo está na ordem divina, apesar de toda a aparência em contrário.

10) Nossas Mentes e Corpos devem estar limpos e puros. No Serviço de Cura da Fraternidade encontramos estas palavras: “Se queremos realmente ajudar no trabalho que os Irmãos Maiores começaram, devemos fazer de nossos corpos instrumentos adequados, devemos purificá-los vivendo uma vida limpa, pois um recipiente sujo não pode conter água limpa e saudável, nem uma lente manchada pode dar uma imagem nítida”. Nem o puro e forte poder da cura pode ser emanado daqui a não ser que mantenhamos nossas Mentes e Corpos limpos e puros. Quando Jesus Cristo subiu o Monte da Transfiguração, Ele levou consigo três de Seus Discípulos: Pedro, Tiago e João. Enquanto estavam com Ele, os demais Discípulos foram abordados por um homem que pedia a cura de seu filho, possuído pelos maus espíritos. Eles tentaram, mas não conseguiram a cura. Quando Jesus Cristo, acompanhado de Pedro, Tiago e João retomou e curou o menino imediatamente. Os Discípulos, desanimados pela inabilidade em demonstrar o poder da cura que Jesus havia ensinado, perguntaram o porquê. Sua resposta foi: “Este tipo de cura só acontece com prece e abstinência”. Que outra manifestação mais clara precisamos ter para nos certificarmos da necessidade de purificar os nossos Corpos e as nossas Mentes? Devemos alimentar-nos com pensamentos saudáveis e puros. Não podemos deixar nossas Mentes se fortalecerem com pensamentos negativos, nem permitir que sentimentos desta natureza nos guiem. Assim como seguimos instruções de nossos Irmãos Maiores para um regime vegetariano, a fim de conservarmos nossos corpos puros, vamos prestar atenção ao conselho de São Paulo para a purificação da Mente: “Quanto aos mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é santo, tudo o que é amável, tudo o que é de bom nome, qualquer virtude, qualquer coisa digna de louvor da disciplina, seja isto objeto dos vossos pensamentos” (Fp 4: 8).

Traduzido da Revista “Rays from the Rose Cross”
(Revista Serviço Rosacruz – 02/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Pecados de Omissão: leve-os ao tribunal de nosso Cristo interno por meio da Retrospecção

Os Pecados de Omissão: leve-os ao tribunal de nosso Cristo interno por meio da Retrospecção

A Epístola Universal de São Tiago contém poderosa mensagem, que aponta claramente a preocupação do autor para o crescimento espiritual através da AÇÃO, especialmente quando as condições da vida são difíceis. Em seu versículo 22, enfaticamente, declara que a verdadeira religião é mais do que fé. É a lei da ação: “Sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos, porque se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla no espelho o seu rosto natural”.

São Tiago, também, exorta que consideremos as provas e as perseguições como um privilégio, em vez de culpar a Deus, “Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos.” (Tg 1:4).

O aspirante a vida superior procura, naturalmente, evitar os erros que impediriam o seu progresso espiritual: Procura não roubar; evita as maledicências, a violência, o adultério, a fraude; não se vangloria; não julga e, em geral, se mantém longe de tudo que interfere com o seu Caminho.

Tratando de obter um melhor autoconhecimento, alguns aspirantes passam longas horas na tarefa de obter informações suplementares; querem pesquisar as suas origens; saber do seu desenvolvimento futuro e procuram soluções para o Mistério do Mundo. Isso demanda longas horas e, consequentemente, não sobra tempo para serem também “cumpridores da palavra” – atividade de que alguns, deliberadamente, procuram se furtar sob essa ou aquela alegação. Quanto a aquisição de conhecimentos, Max Heindel nos diz: “É repreensível passar a vida egoisticamente na procura exclusiva do avanço espiritual, como seria repreensível não haver nenhum avanço espiritual”. São Tiago diz claramente: “Aquele pois que sabe fazer o bem e não faz, comete pecado” (Tg 4:17).

A omissão pode ter consequências graves. Os pecados de omissão não são menos sérios que os pecados de comissão e determinam, também, a vida e desenvolvimento do futuro aspirante. Para quebrar a cristalização de nossa indiferença, no sentido de dominar e vencer nossa tendência para a omissão, devemos lançar mão de concentração e determinação, na realização efetiva de sermos “cumpridores da palavra”, não olvidando que os atos de abnegação ao semelhante contribuem grandemente para o crescimento do Corpo-Alma e Vital. O serviço à raça humana é o ensinamento crucial da Filosofia Rosacruz e, sem o uso prático e muito positivo desse conhecimento místico o aspirante contribui para a não realização de um vital progresso em sua caminhada; ao qual não poderá se chegar tão somente através de estudos vigorosos.

Há tantas maneiras de “fazer o bem” e São Tiago antecipa os pontos principais do que deve se considerar importante: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas, nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1:27). Nem todos podem, nem todos querem visitar órfãos e viúvas, porém seria simplificar ao máximo o nosso papel se a nossa racionalização concluir com um simples não, já que “seguramente há um grande número de voluntários e eu estaria provavelmente atrapalhando o serviço”.

Nós todos gostamos de receber cartas, porém, quantos há que protelam a hora de responder devidamente? Não é um erro grave, por certo, mais é um pecado de omissão, apontando para o nosso prazer em receber e relutância de sermos incomodados para dar de nós mesmos.

Até os acamados podem agir: pela atividade mental de orar pelo trabalho da Fraternidade como centro espiritual de progresso para a humanidade; para os dirigentes do mundo em sua luta de manter a PAZ; para os líderes locais tentando equilibrar os orçamentos; e para uma colaboração sempre mais esclarecida, que possa manter longe a tragédia da guerra e assim por diante. O mundo de hoje palpita em direção da mutação. Cada ato desinteressado, multiplicado por milhões de outros do mundo todo; cada oração em benefício do mundo e cada ação direta inteligentemente alinhada com a evolução trará o aspirante e a humanidade um passo a frente, na senda do progresso espiritual.

Ao findar o dia podemos levar os nossos pecados de omissão ao tribunal de nosso Cristo interno por meio da Retrospecção, e receberemos o Seu perdão. Os pecados de omissão, por outro lado, costumam não ser lembrados na Retrospecção. Em realidade, deveriam ser transformados em prioridades para a ação do dia seguinte, ou tão cedo quanto possível. Não podemos nos dar ao luxo de carregar indefinidamente uma longa e pesada relação de nossos pecados de omissão. Eventualmente, a lei da Consequência demandará de cada aspirante o crescimento para um estado espiritual adulto em que cessamos de ser ouvintes da Palavra e nos tornamos praticantes da mesma.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz – 11/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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