Arquivo de categoria Método e Leis cósmicas que regem a evolução

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A Pureza Feminina e Muitas Imaculadas Concepções

A Pureza Feminina e Muitas Imaculadas Concepções

Max Heindel afirma, no Conceito Rosacruz do Cosmos, que, ao contrário da ideia geralmente aceita, o Ego é bissexual. Se o Ego fosse assexual o Corpo seria necessariamente assexual, por ser a manifestação externa do espírito interno. Essa bissexualidade se expressa em Vontade e Imaginação.

A vontade é a energia masculina correlata às forças solares. A imaginação é a energia feminina correlata às forças lunares. Isto explica o predomínio da imaginação na mulher e a influência exercida pela Lua sobre o organismo feminino. Os Egos encarnados em Corpos Densos do sexo feminino têm Corpos Vitais positivos e, portanto, são mais sensíveis aos impactos espirituais do que os varões, cujos Corpos Vitais são negativos.

Maria, mãe de Jesus de Nazaré é o símbolo da imaginação, o lado feminino do ser. Era pura. Quando o profeta Isaías afirmou que “uma virgem conceberá e dará à luz um filho” não se referia à virgindade física. Em hebraico, dois vocábulos significam pureza: betulâh: virgindade física, e almâh: virgindade espiritual ou pureza interna. Isaías empregou o segundo termo.

A elevada pureza de Maria não foi conspurcada com a maternidade, por ser uma qualidade da alma. A fecundação física em todos os reinos é uma lei natural. A virgindade é um estado de consciência, um atributo anímico. O ato de gerar praticado por um ser nesse elevado estado de consciência é totalmente isento de paixões. Nada há, pois, que possa torna-lo abominável aos olhos do espiritualista.

Maria e José, membros da Ordem Essênia, realizaram o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou prazer pessoal. Jesus era um ser muito superior à grande maioria da humanidade. Esteve percorrendo o caminho da santidade através de muitas vidas, preparando-se para formar um Corpo perfeito e cedê-lo ao Cristo, o mais elevado da onda de vida Arcangélica para Seu ministério de três anos. Um ser desta estatura espiritual não poderia ocupar outro Corpo a não ser um gerado debaixo de condições especialíssimas, por pais de natureza muito elevada.

Diz-se que José era um carpinteiro. Todavia, ele não era um artesão, mas um “construtor”, um “tekton” num sentido superior. Deus é o Grande Arquiteto do Universo. Abaixo de Deus existem muitos construtores de diferentes graus de esplendor espiritual. Mais abaixo ainda encontram-se aqueles que conhecemos como maçons. Todos estão ocupados e comprometidos na construção de um templo sem ruídos de martelos, e José não era uma exceção.

José representa a Vontade; Maria, a Imaginação.

Maria, imaginação primordial pura, concebeu e deu a luz o Cristo Interno, quando foi fecundada pela vontade iluminada (José).

Entre os vanguardeiros da humanidade houve muitas imaculadas concepções. A de Maria não foi à primeira e nem será a última. O fruto é da mesma natureza da árvore: quando um Ego é extraordinariamente avançado, só pode nascer de pais que lhe ensejem uma imaculada concepção.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 08/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Você pode aproveitar tudo ou quase tudo: é só tentar!

Você pode aproveitar tudo ou quase tudo

Sim, você pode aproveitar quase tudo aquilo que, aparentemente, não tem mais serventia e por esta razão e considerado meramente um lixo.

O ser humano formou sociedades altamente desenvolvidas, complexas e eivadas de paradoxos. Um destes é o irracional desperdício das coisas.

Todos lamentam a crise econômico-financeira ora intranquilizando as nações, mas pouco faz de realmente efetivo para amenizá-la. As pessoas se queixam da crescente compressão a que são obrigadas a submeter seus orçamentos, mas não buscam soluções novas. Limitar-se a alternativas convencionais, já anacrônicas e ineficazes, ou aguardar passivamente iniciativas do poder público constitui um posicionamento no mínimo inconsequente.

A presente situação atinge a todos, a tudo sacrifica, mas encerra um aspecto positivo: para ser superada, exige um esforço criativo original, uma superdinamização imaginativa. Vencida a crise, e em função dela, encontramos inovações nos vários campos de atividade humana, projetando novas luzes ou reformulando conhecimentos até então, considerados dogmas.

As dificuldades são, muitas vezes, uma forma de repensar e redefinir as coisas, de questionar posicionamentos, de divisar inéditas perspectivas. Não fosse assim, ainda viveríamos no estágio de pessoas das cavernas.

Entendemos ser esta maneira positiva de encarar a atual crise. Por que não procurar soluções originais? Isto se aplica também a questão do desperdício. Por exemplo, muita coisa atirada ao lixo pode ser economicamente reaproveitada ou reciclada, como queiram. Basta apenas descobrir como.

O Grupo Seiva – Ecologia, em oportuno trabalho que publicou, sob o titulo “Lixo não é lixo”, oferece interessantes sugestões a respeito. Inicialmente, recomenda não jogar no lixo embalagens novas, feitas de matéria prima cara, muitas delas em extinção e algumas altamente poluentes (plásticos).

Uma boa medida é evitar sempre que possível o uso do saco de papel ou plástico, utilizando a sacola direta. Saquinhos de plástico de feira ou quitanda podem ser devolvidos para reutilização aos próprios quitandeiros ou feirantes. Inclusive, a própria dona de casa pode levá-los para neles acondicionar os produtos comprados. Os feirantes também recebem de volta as embalagens de ovos, de papelão ou isopor. Não é uma forma de economizar? Sacos de leite vazios e demais embalagens plásticas podem ser doados a instituições de caridade. Elas saberão como utilizá-los.

Muita coisa comumente atirada ao lixo pode ser empregada em trabalhos de artesanato. Pessoas com certa habilidade manual ou artística conseguem transformar objetos aparentemente inúteis em maravilhosos e originais ornamentos domésticos.

Se você cultiva sua hortinha, fique sabendo: restos de alimentos e mesmo outros detritos podem ser convertidos em excelentes adubos.

Mas se você não se julgar dotado dessas habilidades, não se aborreça. Há alternativas. Uma delas: amasse e junte aos jornais e revistas velhos todas as embalagens de papelão normalmente jogadas no lixo. Garrafas, caixas de remédios, pasta de dente, lâmpadas, latas de aveia, farinha, etc, cedendo-as ao lixeiro ou ‘catador de lixo’ ou ao garrafeiro. Você, por certo, vai ajudá-los a ganhar um dinheirinho, colaborando assim na luta contra o desperdício e poluição.

Economize dinheiro e evite o uso do plástico. Ele não se degrada na natureza e fica poluindo por muitos anos. Não desperdice! Use a imaginação! Creia, você será o maior beneficiado.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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A Lei imutável da atração pode ser utilizada como desejamos utilizá-la

A Lei imutável da atração pode ser utilizada como desejamos utilizá-la

Para o aspirante espiritual sincero, a exatidão e segurança com que operam as leis espirituais é ao mesmo tempo extremamente satisfatória e inspiradora. Sua perfeita confiança dá um sentimento de segurança que nada poderá diminuir, e um incentivo para uma vida construtiva que sempre estão presentes.

Booker T. Washington disse: ”não permitirei que nenhum homem me arraste a um grau tão baixo que me faça odiá-lo” e talvez ele falasse mais compreensivamente do que realizou. Quando nutrimos ou emitimos pensamentos de ódio ou coisa semelhante, não somente geramos um veneno em nossos corpos físicos, mas também nos sintonizamos com as vibrações mais inferiores do Mundo do Desejo, essa região habitada por entidades indesejáveis de muitas classes. Sintonizamo-nos com suas vibrações baixas e, portanto, nos tornamos susceptíveis às suas influências. Podemos ainda ser instigados a agir criminosamente sem sabê-lo atraindo para nós o estímulo de más entidades que se regozijam com as vibrações de vícios destrutivos.

Ao contrário e felizmente podemos elevar-nos a um estado de graça, de vida abundante usando inteligentemente esta mesma lei de atração. Quando enviamos pensamentos de bondade, compaixão e amor, colocamo-nos em sintonia com a vibração do Cristo, o plano da Sabedoria Universal e as elevadas forças espirituais que operam nesse plano estão automaticamente atraindo-se conosco.

Estaremos, então, estimulados e alimentados em ter pensamentos elevados e a executar atos nobres, e poderemos estabelecer tal atitude, habitualmente, por um esforço suficientemente persistente. Em todos os planos do ser “o semelhante atrai o semelhante”.

A Lei imutável da atração pode ser utilizada como desejamos utilizá-la. Alinhando-nos de todo o coração com os Planos de Luz poderemos forçar-nos mais rapidamente para caminhos evolutivos. Como indivíduos e como grupos podemos, por uma aplicação diária de um reto viver, atrair para nossas vidas uma parte fecunda do “depósito” cósmico de harmonia e verdades e assim promovendo nossa utilidade “como canais conscientes para o trabalho benéfico de nossos Irmãos Maiores no serviço a humanidade”.

(Artigo publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ de 05/43 e em 10/81 na Fraternidade Rosacruz – SP)

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O Cume Espiritual do Ser Humano

O Cume Espiritual do Ser Humano

O essencial não está em ser poeta, nem artista, nem filósofo; o essencial é que cada um tenha a dignidade de seu trabalho, alegria com seu trabalho, a consciência de seu trabalho. O anelo de fazer bem as coisas, o entusiasmo de sentir-se satisfeito, de querer o que é seu, é a sã recompensa dos fortes, dos que tem o coração robusto e o espírito limpo. Dentro dos sagrados números da natureza, nenhum trabalho bem feito vale menos, nenhum vale mais.

Todos nós somos algo necessário e valioso na marcha do mundo. O que constrói a torre e o que constrói a cabana, o que tece os mantos imperiais e o que costura o traje humilde do trabalhador; o que fabrica a sandália de sedas imponderáveis e o que fabrica a rude sola que protege no chão duro, os pés do trabalhador. Todos nós somos “ALGO”. Todos nós estamos nivelados por essa força reguladora que reparte os dons e impele as atividades.
Um grão de areia desequilibra ou sustenta uma pirâmide; um pão duro salva ou destrói uma vida; uma gota de água murcha ou faz reverdecer um laurel. Todos nós somos algo, representamos algo; fazemos viver algo, ansiamos algo. O que semeia o grão que sustenta nosso corpo, vale tanto quanto o que semeia a semente que nutre nosso espírito, como que em ambos os trabalhos vai envolto algo transcendental, nobre e humano: dilatar a Vida.

Talhar uma estátua, polir uma joia, aprisionar um ritmo, pintar um quadro, são coisas admiráveis. Tornar fecunda a propriedade estéril e povoá-la de florestas e de mananciais, ter um filho inteligente e belo, e logo polir lhe a alma e amá-lo, ensinar-lhe a abrir o coração e a viver sintonizado com a harmonia do mundo, essas são coisas eternas.

Ninguém se envergonhe de seu trabalho, ninguém repudie sua obra, se nela houver posto o afeto diligente e o entusiasmo fecundo. Ninguém inveje a ninguém, porque ninguém poderá presentear-lhe com o dom alheio e nem tirar o próprio. A inveja é uma broca de madeira apodrecida, NUNCA DAS ÁRVORES SADIAS. Cada qual amplie e eleve o que é seu, defenda-se e proteja-se contra toda a má tentação, porque se na palavra religião Deus nos dá o pão nosso de cada dia, na satisfação do esforço legítimo nos brinda a atividade e o sossego.

O triste, o mau, o daninho, e o que definha a alma, o que nega tudo, o incapaz de admirar e de querer. O nocivo e o néscio, o não modesto, o tonto, o que nunca quis nada e o que censura tudo; o que jamais foi amado e repudia o amor, porém, o que trabalha, o que ganha o seu pão e nutre sua alegria, o justo, o nobre, o BOM, para esse o porvir sacudirá sua ramagem coalhada de flores e de orvalho, quer derrube montes, quer grave poemas.

Que ninguém se sinta diminuído. Ninguém maldiga ninguém. Ninguém desdenhe a ninguém. O cume espiritual do ser humano foi o retorno para as coisas simples e humildes.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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A Natureza e as Forças que Regem

A Natureza e as Forças que Regem

A Natureza é Deus em manifestação; é a Sua expressão simbólica. Todos os processos da Natureza nada mais são que atividades divinas, por mais simples que possam parecer.

As Leis Divinas e as Leis Naturais são, em última análise, a mesma coisa. Entre ambas há uma perfeita integração e harmonia. As “anomalias”, se é que podemos chamá-las assim, surgem quando o ser humano interfere ignorantemente nos processos naturais. A humanidade sofre e causa sofrimento, porquanto, age em oposição aos desígnios divinos. Dotado de livre-arbítrio, ao ser humano permitiu-se até semear o desequilíbrio na natureza.

Contudo, essa prerrogativa tem um limite e o semeador deverá colher o resultado de seus atos errôneos. Tornam-se cada vez mais evidentes essas consequências danosas.

Na natureza existe um equilíbrio entre todos os seus componentes, resultado de uma evolução de milhões de anos.

Nela não existe o que nós denominamos de “pragas” ou animais daninhos, já que a excessiva proliferação de uma espécie atrairia os seus inimigos naturais, que se encarregariam de controlar seu crescimento numérico. Mas o ser humano abalou essa estrutura perfeita desde que, por pretensa necessidade ou capricho, passou a modificar o ambiente natural. Como exemplo, temos as devastações florestais com a finalidade de extrair madeira para construções ou combustível; a construção de barragens, com o desvio de rios de seu curso natural.

Tudo isso vem sendo feito no sentido de atender a interesses egoístas e imediatistas, com criminosa omissão ou conivência daqueles a quem caberia coibir tais abusos. Hoje sofremos os efeitos da poluição ambiental, de uma agricultura assolada por pragas (problema agravado com o uso irresponsável e em grande escala dos chamados “defensivos agrícolas”) e com uma redução em sua área disponível. Uma das consequências também é o desequilíbrio meteorológicos, com o aumento das enchentes e períodos de seca, e estações de ano menos caracterizadas.

Futuramente, a humanidade logrará emancipar-se das Leis da Natureza. Esse é o plano divino. Mas até lá terá de viver em harmonia com as leis vigentes. A compreensão inteligente dos propósitos divinos só se conquista por meio de uma vida de altruísmo, de estudo e meditação, de um esforço sincero em adequar-se aos parâmetros superiores da existência.

Os processos da natureza baseiam-se em cálculos da Mente Divina. O Universo inteiro foi erigido sobre linhas matemáticas e geométricas. O matemático, cuja formação lhe permite raciocinar de modo impessoal e abstrato, tem uma concepção da Natureza, ou de Deus, mais exata do que aqueles incapazes de transcender o pessoal, sensorial e emocional. Enquanto a consciência do pensador abstrato se amplia e aprofunda, a dos outros permanece circunscrita à esfera material. As chamadas Forças da Natureza (magnetismo, eletricidade, etc.) são seres altamente evoluídos e inteligentes, que guiam elementais conhecidos por Espíritos da Natureza. As Forças da Natureza não só colaboram na evolução da onda de vida humana como também na das outras três em desenvolvimento na Terra. Não é possível obrigar as Forças da Natureza a agir de determinada maneira, mas podem-se realizar verdadeiros “milagres”, desde que aja harmoniosamente com elas. Conhecendo as leis que regem as manifestações das Forças da Natureza, poderemos descobrir a via de menor resistência com a qual obteremos o máximo de energia. Como exemplo, citamos os fios de cobre (metal que oferece uma linha menor de resistência) como melhores condutores de eletricidade do que quaisquer outros. Baseado no mesmo princípio poderá obter variedades saborosíssimas de frutas e legumes atuando de forma inteligente com as Forças da Natureza. O mesmo sucede com todos os que conseguem “maravilhas” botânicas ou científicas, mesmo não reconhecendo a inteligência destes Seres ou não compreendendo sua ligação com eles.

Na mitologia escandinava uma das três raízes de Yggdrasil, a Árvore do Mundo, estava ligada aos chamados Gigantes de Granizo, símbolo das Forças da Natureza tal como as conhecemos hoje. Estes Gigantes eram mais antigos do que a Terra e colaboraram no processo de sua formação.

Tudo o que foi dito acima não chega a dar uma pálida ideia do que são e como agem as Forças da Natureza, mas pelo menos é um convite para um estudo mais acurado deste tema, despertando-nos para uma grande realidade.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Determinismo e Livre Arbítrio

Determinismo e Livre Arbítrio

Hoje vou lhes expor as grandes linhas de Ensinamentos Rosacruzes, pois a ciência espiritual é uma ciência muito vasta e não é em alguns dias, em alguns meses, e nem mesmo em alguns anos, que nós podemos apresentar o conjunto destes ensinamentos. A procura pela Verdade é eterna: ela se modifica, entretanto, na medida em que nós evoluímos, porque nós fazemos recuar sem cessar as fronteiras do conhecimento adquirido; também a Verdade não pode ser definida de uma vez por todas. Uma das primeiras perguntas que nós podemos fazer no começo de um estudo semelhante é esta do livre arbítrio e do determinismo; em quais proporções cada um destes elementos entra no destino do ser humano?

A fé determina os graus de influência desses fatores do destino. A definição mais simples é dada pelas religiões que admitem que Deus criou uma alma virginal à cada nascimento; a partir do momento em que ela é criada, esta alma é livre para escolher entre o bem e o mau; essa escolha determina a vida da alma por toda a eternidade.

Aquele que raciocina constata, imediatamente, que os seres humanos não são iguais desde o nascimento; o meio onde a criança nasceu age profundamente sobre o destino da mesma. Como consequência, todas as crianças não partem do mesmo ponto; a fortuna dos pais, o ambiente no qual aquela criança cresceu, e outras considerações ainda fazem com que o meio tenha uma influência considerável; a luta pela vida não é a mesma para todos; alguns parecem favorecidos e outros parecem sacrificados.

Nós estimamos que haja uma causa para tal diferença, dado que a ciência materialista admite que isso esteja ligado à evolução da vida nas formas, que é um efeito biológico dado ao acaso.

O sexto princípio da Filosofia Hermética, o Princípio da Causa e Efeito, indica que a sorte (logo, o acaso) não é nada além de um nome dado à uma lei pouco conhecida. O acaso não pode existir devido a apenas uma causa. Além disso, nós nos perguntamos como alguns estudiosos, como Jean Rostand, por exemplo, ainda admitem o acaso.

Assim que nós observamos o ciclo regular dos Astros, quando sabemos que podemos predizer com precisão um eclipse, como nós podemos ainda pensar no acaso? É evidente que se deve admitir a existência de uma inteligência superior por trás do movimento dos Astros. Fora isso, Lecomte du Noüy declara abertamente que nós devemos substituir a palavra “acaso” por aquela dita “Deus”.

Certos estudiosos, há mais de um século, acreditam no fenômeno da cristalização; eles se baseiam nas verdades parciais, como, como se eles tivessem viseiras, ao invés de procurarem ir além do que descobriram. Eles se tornam atrasados na evolução em geral, pois os espíritos científicos avançados admitem a possibilidade de um determinismo nos fenômenos da natureza. O ensinamento Rosacruz admite a noção de determinismo no nascimento das crianças. Com relação às Religiões que não atingiram certa cristalização, há uma evolução da vida por meio de diversas formas, numerosas e cada vez mais evoluídas e isso ao longo de existências sucessivas; é o caso das Religiões da Índia.

Para as Religiões limitadas, como o Islamismo, tudo é escrito; é um fatalismo absoluto. Para uma religião mais evoluída, como a Religião Católica, é a Providência Divina que nos dirige, é dela que devemos esperar tudo. Mas o que é essa Providência se não os Anjos do Destino presentes na Filosofia Rosacruz?

A Lei de Causa e Efeito é absoluta; ela é aplicada em tudo. É necessário refletir frequentemente, meditá-la por bastante tempo e admiti-la completamente. Nada escapa a essa Lei. Aplicando o princípio de tal Lei, nós consideramos o nascimento como um Efeito; nós concluímos que deve haver uma Causa pré-existente e que o acaso – inexistente por si só – não pode ser levado em conta.

Os estudiosos mais avançados declaram que, em outra galáxia, existe um centro de vida formado por átomos de hidrogênio: “um gigantesco núcleo giratório de hidrogênio foi descoberto no coração da Via Láctea”, acaba de anunciar o Dr Woort, do observatório de Leiden, na Holanda. Estes átomos de hidrogênio são a fonte de toda vida. A galáxia seria formada por acaso? O Sistema Solar seria obra do acaso? Os Astros e seus movimentos regulares seriam uma fantasia do acaso? As outras formas de vida seriam originadas ao acaso? Se nós estudamos as leis que regem os Astros e seus movimentos e se nós sigamos o processo de evolução dos seres, nós somos obrigados a constatar que tal acaso não faz muito sentido.

Da mesma maneira, é uma forma de orgulho crer que, isolada, a Terra é habitada e que é por acaso que o ser humano foi originado, para ser o rei e o mestre do universo! Não apenas no nosso Sistema Solar, mas devem existir formas de vida relativamente semelhante à nossa, ainda mais na galáxia da qual nós fazemos parte, e muito mais em outras galáxias, existem seres que possuem sua evolução, não apenas neste plano físico, mas também em outros planos; devemos admitir que estes possíveis seres tenham atingido um nível evolutivo que pode ser superior ao nosso, enquanto que outros ainda não atingiram nossa espiral de evolução.

As emoções que nós sentimos nos permitem supor que há um Mundo feito de emoções; assim sendo, os pensamentos que venham se refletir em nosso intelecto clamam pela existência de um Mundo feito de pensamentos; nesses Mundos vivem entidades que possuem certa emotividade correspondente ao modo de vida dessas regiões; logo, nós devemos admitir que nos Mundos superiores (Mundo do Espírito de Vida, Mundo do Espírito Divino, Mundos do Espíritos Virginais e Mundo de Deus) há também formas de vida em vias de evolução, mas nós podemos dificilmente visualizar e compreender tais Seres superiores.

A criança que começa a ir à escola aprende as lições que lhe são dadas para estudar, sem que ela pergunte se elas são exatas; isso cabe a seu mestre. Então, de sala em sala, de escola em escola, ela aumenta seus conhecimentos e começa a raciocinar sobre o ensino que recebe. Mais tarde, ela poderá verificar a veracidade de tal ensino e poderá colocar em prática as noções recebidas. O mesmo se passa com o ser humano que quer seguir o Caminho da Iniciação. É necessário ainda que ele tenha, no início, fé em seu instrutor, que ele se deixe ser guiado por ele, que ele escute seus conselhos e seus avisos contra os erros e eventuais perigos, pois a partir do momento em que não há mais a base de um dogma ou de um regulamento, há de fato perigos a temer. Da mesma maneira que a energia guardada dentro da célula pode, se se tornar dinâmica, servir muito bem às obras de paz e às obras de guerra e de destruição, assim também aquele que começa a descobrir o oculto pode se dirigir para uma via perigosa. Frequentemente se não controlamos mais as energias que liberamos, perdemos o controle sobre nós mesmos, nos deixamos exercitar práticas nocivas; assim sendo, ademais, o “aprendiz de feiticeiro” que começou a exercitar a cadeia de reações nucleares não pode parar o movimento iniciado. Os mesmos perigos existem nestes dois planos de conhecimento científico experimental e de conhecimento espiritual.

É necessário que se admita, desde o início, o plano geral do Cosmos e a noção dos 7 Planos Cósmicos diferentes. Precisamos saber que nós pertencemos ao sétimo Plano, o mais baixo, e que esse é igualmente formado por 7 Mundos diferentes. Nós temos um Corpo Físico pertencente ao Mundo Físico; o animal também possui um Corpo Físico, mas ele não se dá conta disso, ele não conhece nem a si mesmo e não sabe quem ele é. Nós possuímos emoções, sentimentos; eles pertencem ao Mundo do Desejo ou mundo das emoções, desejos e sentimentos; nós temos uma consciência relativa desse Mundo no sonho que representa as imagens pertencentes a ele.

Nós pensamos; o pensamento é transmitido de um ser a outro graças aos veículos feitos de pensamento-forma. Logo, há um Mundo do Pensamento que é, ele mesmo, dividido em duas partes. Estes 3 Mundos inferiores são facilmente concebidos; mas nós precisamos admitir também a existência do Mundo do Espírito de Vida, o Mundo do Espírito Divino, o Mundo dos Espíritos Virginais e o Mundo de Deus. É somente por meio do aprendizado e graças a numerosas meditações que nós podemos compreender a existência destes Mundos superiores; nós pensaremos na escala de Jacó, verdadeiro símbolo dessa Hierarquia de Planos e de Entidades.

Esse número “7” é um número iniciante que nós encontramos em todas as Religiões; ele se encontra no Antigo e no Novo Testamento, e em especial no Apocalipse. Citemos apenas alguns exemplos dentre muitos: o Candelabro de 7 braços ilumina o neófito penetrando a Câmara Leste do Templo, o Livro dos 7 Selos de São João. O hindu distingue, nele, o seu Eu superior, o seu não-eu e a Personalidade. De fato o “Eu interior” e o “Eu exterior” são diferentes. Um é permanente e segue uma evolução ao longo de existências sucessivas; o outro é transitório.

Para poder tomar consciência de si mesmo, o ser humano deve considerar seu “Eu interior” como uma entidade superior, um tipo de “Deus”; tal comentário remete à afirmação do Cristo:

“Não está escrito na Lei: “Eu disse: ‘Vocês são deuses'”” (Jo 10:34-35 e Sm 82:6).

E tal consideração é concebida se nós nos lembramos que o Espírito Virginal foi emanado em Deus e possui, como consequência, todos os poderes e todas as possibilidades da natureza divina, em potencial.

As células do nosso corpo vibram de uma maneira diferente segundo o degrau de evolução: a taxa de vibração vai acelerando partindo do ser humano primitivo passando pelo ser humano comum e atingindo o sábio e o santo. O progresso adquirido ao longo de uma existência não é perdido: as células – ou pelo menos sua existência e sua taxa de vibração – são retomadas por outra vida mais evoluída; essas células formam o centro de um núcleo de vida em torno do qual se constrói um novo ser. Essa evolução não é limitada à humanidade; as entidades superiores evoluem igualmente, mas em outros planos; acontece que mesmo que apenas uma delas, tenha desenvolvido sua consciência o suficiente e tenha adquirido novos poderes, escolha um ponto no espaço e crie um Sistema Solar. As células que animam o Corpo Físico não têm consciência da vida que há nelas; elas são dirigidas por um Espírito-Grupo que é nós mesmos atualmente. Mas, antigamente nós fomos guiados também do exterior, como por “Espíritos-Grupo”; logo não éramos mestres de nossas causas, éramos semelhantes aos animais atuais. A Mente foi nos dada apenas na metade da Época Atlante; a partir desse momento, nós começamos a adquirir uma certa responsabilidade de nossos atos e nós podíamos criar causas, cujos efeitos nós sentíamos e conhecíamos.

Os animais são todos dirigidos por Espíritos-Grupo, todavia alguns dentre eles, como o cachorro, o gato e o cavalo, estão adquirindo um grau de evolução mais elevado na medida em que eles vivem em nosso ambiente, recebem eflúvios de amor. Eles começam a raciocinar de uma maneira rudimentar, estão no ponto de obter a individualização que os fará adquirir uma Mente que os permita raciocinar de maneira efetiva. Também é importante não confundir memória com inteligência; são duas noções absolutamente diferentes. Assim sendo, antes de o ser humano receber a Mente, ele possuía uma memória muito desenvolvida que o permitira agir instintivamente no seu melhor, usando automaticamente as experiências passadas. É o caso do cachorro comum atual que sabe que ele não deve tocar no fogo com receio de se queimar, não porque ele tem a noção de fogo, mas porque, na sua memória, ele guardou a lembrança de ter tido células destruídas pelo fogo; se ele evita o fogo, não é por algo racional, mas unicamente graças à sua memória. O castor constrói sua casa usando sua memória e aquela do Espírito-Grupo.

O ser humano, dada sua Mente, pode escolher entre o bem e o mau; ele possui, então, um certo livre-arbítrio, ele provou da Árvore do Conhecimento que é o símbolo da Lei do Bem e do Mal. Do resto, o Bem e o Mal possuem um valor relativo; no absoluto, não há nem o bem nem o mal; a natureza de ambos é idêntica, mas há graus diferentes (quarto Princípio hermético, aquele da polaridade). A Árvore do Conhecimento sugere também o Princípio da Causa e Efeito, com a noção de responsabilidade, também aquela de retribuição e de sofrimento. Em Gênesis (Capítulo III), a humanidade é punida e censurada, ela deveria sofrer e penar; é a consequência do privilégio de ter obtido o intelecto, o conhecimento.

O sofrimento faz compreender que há um erro; cada vez que o mesmo erro for cometido, o mesmo sofrimento virá para indicar que a pessoa deve mudar sua vida; é uma lança que tende a nos fazer escolher um outro caminho. Pouco a pouco, a Sabedoria nascerá e, com ela, a felicidade, pois a Sabedoria é o resultado do temor do Senhor (Ecl 21:11) e esse temor é, no fundo, a Consciência do Bem e do Mal e é o desejo de sempre se conformar à Lei santa de Deus. No Livro da Sabedoria 23:11 há um trecho misterioso: “porque o medo não é outra coisa senão o desamparo dos auxílios da reflexão”. O que isso significa é que a Sabedoria ultrapassou o estado no qual ele deve ainda escolher entre o bem e o mal, tendo atingido o nível no qual ele se conforma sempre seguindo o conselho da voz interior, que é o eco da Sabedoria não criada, um dos dons que o Espírito Virginal recebeu se diferenciando em Deus.

Se, antes de recebermos a Mente, nós éramos dirigidos exclusivamente pelo exterior, é bom assinalar que, ainda atualmente, nós sempre tivemos Anjos guardiões que nos incitaram a seguir a via correta; essa ação se deu graças às inspirações sugeridas por tais Anjos guardiões. É um socorro ou resgate que vem ser um paliativo para uma consciência, momentaneamente, em falta; mas, notemos bem que essas inspirações não implicam nada de negativo ao nosso livre-arbítrio, porque nós podemos sempre ou responder de maneira afirmativa à inspiração ou bem repreendê-la e recusá-la. Nós somos todos acorrentados por uma gama de causas que nós acumulamos desde que nossa evolução começou. Tais causas são tamanhas que elas teriam conduzido a humanidade à uma cristalização perigosa. A Missão do Cristo foi justamente a de nos ajudar a nos permitir liquidar uma parte de tais causas, ele também tomou para si uma parte dos débitos da humanidade. Nós podemos se perguntar como acontecem, em um destino, as consequências de tais causas passadas. O funcionamento é automático.

Vejam aqui dois exemplos :
a) Com uma câmera, nós imprimimos as imagens sobre um filme; elas são reproduzidas automaticamente em uma tela com a ajuda de um aparelho de projeção.
b) Atualmente, os sons e as imagens são gravados em bandas. Eles podem ser reproduzidos fielmente e são conservados por tanto tempo quanto quisermos e podem ser emitidos quando quisermos. É o mesmo com nossas ações, nosso sentimentos. Tudo está registrado e conservado integralmente.

Nós possuímos três tipos de memória. Uma Memória Consciente, que é uma memória cerebral, ela registra as imagens e os sons. As células que registram estas sensações restituem aquelas na medida exata em que elas estavam bem registradas e também seguindo mais ou menos a grande sensibilidade destas células.

Possui uma boa memória aquele que sabe se concentrar, que fixa com atenção e que sabe fazer surgir as memórias, no momento desejado; além disso, as associações de imagens e de ideias facilitam o aprendizado. A segunda Memória é inconsciente ou Subconsciente, ela é a consequência do ar que nós respiramos; as partículas de ar inspiradas são impregnadas pelo ambiente do momento, até mesmo as imagens e as impressões que a consciência não se deu conta; tais clichês penetram nos pulmões e no sangue; as imagens são gravadas sobre os átomos negativos do Corpo Vital; elas estarão em seguida sobre o Átomo-semente que nós conservamos a cada encarnação (esta é a Memória Supra Consciente). É interessante notar que aquele que é privado acidentalmente de ar (estrangulamento, afogamento), vê desenrolar rapidamente o filme de sua vida, o que demonstra a existência de tais arquivos.

Depois da morte, nós trazemos este Átomo-semente sobre o qual está gravada tal memória inconsciente ou Subconsciente; é criado um elemento sobre o qual nosso livre-arbítrio não mais age, e isso acontece até o cessar da vibração impregnada no Átomo-semente quando ele assimilou o bem e expurgou o mal. Há assim uma memória inconsciente da Natureza; há uma camada de células de átomos sobre os quais são gravadas as fases evolutivas da Terra e de outros Astros onde são gravados também os clichês de todos os eventos. É o Grande Livro de Deus, o Livro dos Sete Sinais do Apocalipse de São João (Ap 5-1). Nada do que já pensado, sentido, provado, feito não desaparece totalmente; tudo deixa um traço indelével da parte do ser humano, das raças ou da própria Terra. Tudo deve produzir um efeito um dia, porque se criaram também inúmeras causas que não ficarão inativas; um dia ou outro, o efeito surgirá da causa escondida.

Assim, por exemplo, o fato do ser humano comer carne remete à evolução dos animais; nós devemos pagar um dia tal débito de uma maneira ou de outra; sendo seus guias, como os Anjos são nossos guias atualmente. O cavalo nos ajuda desde que ele foi domesticado e que ele carrega cargas: ele nos serve. Nós pagaremos tal dívida a ele um dia, é necessário e inelutável. O pai e a mãe pagam uma dívida às crianças que eles criam e tal criança, numa existência futura, pagará ela mesma sua dívida de reconhecimento a seus pais. Nada fica impune, nada fica estéril, o que nós semeamos, nós necessariamente colheremos (Gl 6:7).

Atualmente nós nos submetemos a causas muito antigas, mesmo aquelas que remontam ao momento no qual nós recebemos nosso livre-arbítrio pela primeira vez. Nossos diferentes destinos são explicados em razão de tal resultante de ações e de reações de nossas vidas. A criança nasce com o peso de seu pecado original, de seus pecados acumulados; ele deve, então, passar pelas provas geradas por seus erros passados tão antigos quanto eles possam o ser, e não o erro ou os erros de Adão e de Eva. É o Destino Maduro, essa resultante de nossas vidas passadas que nos faz nascer em tal ou tal meio, a fim de que possamos obter as oportunidades que nos permitam agir convenientemente e pagar as dívidas de nosso passado, de apagar os erros cometidos anteriormente. Nós estamos, assim, exatamente no lugar onde merecemos estar, as provas que nos afligem são bem aquelas que nos sãos necessárias, não existe acaso, fantasia, favoritismo.

Quando, no Terceiro Céu, o Ego prova do desejo de voltar à Terra, ele tem a sensação de uma “fome” de experiências. Quando assimilamos a comida material necessária à nossa vida física, nós provamos mais uma vez da sensação de fome de desejo de comer; analogamente, quando o Ego assimila as experiências da vida passada, ele experimenta uma fome de novas experiências; é uma fome que o incita a reencarnar.

Mesmo que isso tudo pareça uma ideia muito difícil de ser concebida a uma primeira vista, o esquema da evolução do Cosmos (galáxias, Sistemas Solares, etc.) é traçado por milhões de anos à frente; não nos esqueçamos que para o Deus solar 26.000 anos (ano sideral) são como um dia de nossos dias solares; quanto mais nós atingimos as Hierarquias superiores, mais o espaço aumenta e mais o tempo se retrai, para atingir um tipo de presente eterno. Os Anjos do Destino veem as lições que o Ego deve aprender em sua próxima existência, eles o ajudam a traçar as grandes linhas de seu destino contendo, em particular, a data e o local de seu nascimento, o eventual casamento, os possíveis filhos, a morte, as pessoas encontradas que comporão todas as oportunidades de pagamento das dívidas ou as tentações, para afirmar as resoluções de melhorar seu comportamento.

Assim, a vocação é o chamado de uma voz interior que nos incita a seguir um tal caminho mais do que um outro. Feliz daquele que soube colocar sua vida em harmonia com o arquétipo previsto; ao contrário e infeliz é aquele que não soube responder à sua vocação. O exercício de Retrospecção da noite nos permite, por fim, comparar o que nós fizemos com nossa aspiração interior, a esperança íntima do que gostaríamos de ter realizado; o resultado de tal exame permite criar a partir desta vida um cliché que nós utilizaremos mais tarde, na vida pós-morte, no momento justo de voltar à Terra; é interessante para esta evolução de uma vida que está por vir se criar um cliché bem claro resumindo o fruto de nossas meditações e refletindo com força o que nós sentimos intensamente: o que nós fizemos de mal ou decididamente não dizemos. Frequentemente nós não podemos nessa vida voltar atrás e refazer o que nós não fizemos direito; só podemos, então, mudar a direção em uma existência futura.

Os profetas são seres que “veem” as formas arquetípicas; suas visões não são fruto de sua imaginação, mas sim da revelação de formas reais em vias de realização. Sem entrar em detalhes do processo da reencarnação, o átomo-semente do Ego desce dos diversos planos do Cosmos e atraem até ele as células cuja taxa de vibração correspondente à sua; ele escolhe, assim, seu pai e sua mãe e, dentro de nove meses de gestação, ele faz seu primeiro choro, ele inspira sua primeira bufada de ar e é colocado no caminho que deve obrigatoriamente seguir.
Dado que a mão tem um revólver, o atirador pode direcionador o canhão em uma direção que ele escolhe deliberadamente, mas, depois que ele apertou o gatilho, a bala é disparada e ninguém pode fazer algo para desviar sua trajetória, exceto pela ação de causas exteriores importantes e suficientemente raras como, por exemplo, uma violenta ventania. O mesmo acontece com relação à criança que nasce: sua linha do universo foi traçada, traçada automaticamente, como nós acabamos de ver.

O esquema de tal existência é revelado no tema astrológico, que condensa as oportunidades, as tendências, as provas, os auxílios e os obstáculos. Nós sabemos que o Sol e a Lua agem de uma maneira eficaz sobre nossa existência; sua ação é sobretudo física. O Sol, fonte de vida, é um fator de saúde; a Lua comanda as marés, age sobre o comportamento sexual da mulher, a Lua é o Astro comandante dos nascimentos, pois eles se dão no momento no qual a Lua apresenta uma posição em harmonia com o destino da criança. Os outros Astros, mais distantes e mais fracos que o Sol, não influenciam diretamente o Corpo Físico, mas agem em outros corpos do ser humano; o Corpo de Desejos está sob a influência de Marte e de Vênus, a Mente é influenciada por Mercúrio. Júpiter favorece a expansão, o desabrochar e o crescimento do ser humano, enquanto que Saturno possui uma ação limitante, de restrição e de concentração.

Nós nascemos no momento preciso no qual nosso arquétipo pré-estabelecido necessita de uma influência das configurações astrais indispensáveis. Da mesma maneira que a máquina eletrônica escolhe a ficha perfurada no momento exato no qual o buraco passa na frente do detector determinado por uma operação bem definida, também a criança nasce automaticamente quando é o momento para ele de encontrar as condições necessárias à sua evolução pessoal.

Ao primeiro grito da criança, a taxa de vibrações existente deve ser semelhante à aquela do arquétipo traçado; isto se faz de maneira automática; a hora é determinada considerando-se que no Mundo do Pensamento, 4 minutos correspondem a um ano e que no Mundo do Desejo, 1 dia corresponde a 1 ano.

A medida do tempo não é a mesma em todos os planos e Deus não mede da mesma maneira que nós; o que nos parecem ser impossíveis é possível para os Anjos do Destino, assim como um cálculo impossível de ser resolvido ao longo de uma vida humana pode ser desvendado em alguns segundos pelo computador que possui uma memória excepcional.

A criança obtém, assim, no bem e no mal, as possibilidades que ele mesmo causou em suas vidas passadas. É determinado e é mesmo autodeterminado, pois, é ele que definitivamente é o elaborador de seu destino. Ao longo de sua vida, ele poderá se libertar desta taxa de vibração em função de sua vontade (livre-arbítrio). Sob a Lei Antiga, nós suportamos integral e passivamente os efeitos das causas criadas; não houve vontade para resistir, e também nós havíamos acumulado inúmeras causas que criavam tantas formas-elementais, constituindo o que nós chamamos de o “Guardião do Umbral”. É o simbolismo expresso no Antigo Testamento por Davi saindo da tenda para combater Golias, o Filisteu (1Sm 17).

Uma das missões do Cristo foi justamente a de nos ajudar a resistir às tentações. Por meio da oração, nós nos colocamos em contato com o Cristo; a oração é, por assim dizer, a tomada (elétrica) que nos permite receber as correntes superiores, o fluxo espiritual vivificante. Aquele que sabe se colocar em contato com o Cristo sente essa fome de oração, de prece. O ser humano estando impregnado desta vida superior, pouco a pouco, tem as tentações inferiores desaparecendo e o caminho para o alto iluminado e facilitado. A concentração permitirá por outro lado atingir o mesmo objetivo; mas a concentração efetiva é difícil, ela constitui um esforço individual, enquanto que o caminho da oração permite receber as vibrações espirituais cristãs que aumentam a taxa de vibração.

Mas, “Servir”, de maneira desinteressada, no espírito de caridade, é “o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus”. Servindo nós esquecemos de nós mesmos, é uma maneira de concentração particular; criamos, logo, novas causas que nos permitirão renascer em um outro meio mais favorável à nossa evolução, que nos oferecerá as oportunidades sempre mais belas para atingir, progressivamente, o cume luminoso onde nós poderemos desenvolver nossa consciência, até o ponto de se tornar “Um” com o Cristo Cósmico.

(Traduzido do: Determinisme et libre arbitre, da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris – Texte inspiré de l’enseignement rosicrucien légué à Max Heindel par les Frères Aînés de la Rose-Croix)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Espiral da Vida: nunca voltaremos às mesmas situações que já conhecemos

A Espiral da Vida: nunca voltaremos às mesmas situações que já conhecemos

Quantas vezes pensamos que a vida se move com grande monotonia! Parece-nos que os dias, as semanas e os meses se seguem uns aos outros em um círculo monótono, sempre com as mesmas responsabilidades. Quantas vezes deixamos correr o pensamento e nos vemos em viagem imaginária por mares desconhecidos! Vemos as velas brancas de nossa forte nave, inflada pela brisa, segundo esta se desliza suavemente para o maravilhoso país de nossa fantasia. Até chegamos a sentir a suave brisa do trópico acariciar nossas faces. O feitiço sedutor de outras terras nos chama com voz tão insistente que anelamos romper os grilhões que nos atam a obedecer ao impulso, pouco nos importando o preço a pagar. Os distantes prados nos parecem tão verdes! O romance e a aventura nos sorriem desde o horizonte. Imaginamo-nos protagonistas de atos heroicos e nobres ações como parte de uma série de acontecimentos cheios de encantos. Envolvemo-nos na rede prateada do encantamento e, imediatamente despertamos para a realidade da vida, novamente no mesmo lugar anterior, no mundo de sempre.

Então, sentimos como se a beleza de nossa vida houvesse desaparecido, que não há nenhuma correlação entre nossos sonhos e a realidade, senão que parecem ser duas coisas completamente distintas.

Isto ocorre porque estivemos olhando as coisas somente desde o ponto de vista externo. Ao ir de encontro com a felicidade nos passa despercebida a aventura mais sublime e verdadeira: o despertar da alma.

Na vida, as coisas não se repetem; nenhum acontecimento ocorre duas vezes da mesma maneira. A evolução nos leva continuamente para diante, em ascendente espiral. A nota chave do Universo é o progresso eterno, e este, em seu passo majestoso, nos envolve em suas fortes correntes.

A vida nos parecem aborrecida e monótona unicamente até o momento em que descobrimos os tesouros que jazem no Eu interno. No mundo da Mente e do pensamento abundam insondáveis mistérios que ao rebuscá-los e dar com eles, nos produzem os maiores prazeres e delícias. Ao chegar a compreender sua origem divina, a Alma, por tanto tempo atada e prisioneira da ignorância e da dúvida, nos fala de glórias que podemos alcançar e das alturas espirituais as quais podemos voar, com a promessa de encontrar essa perfeita paz que, por tão longo tempo, temos buscado.

Todo o momento da vida contém grandes tesouros; mais do que estamos preparados para receber.

Em nossa trajetória pela espiral da vida nunca voltaremos às mesmas situações que já conhecemos. Muitas vezes nos parecerá que estamos passando por uma situação semelhante a anterior, porém, se nos detivermos a investigar, veremos que o que se passou é que estamos chegando a um ponto imediatamente acima da situação anterior. Ocorre que estivemos caminhando para frente e acima, em espiral ascendente, ficando cada vez a um nível um pouco mais alto, segundo damos a volta na espiral. Esta Lei da vida deveria ocasionar-nos grande prazer, pois, para além das sombras que a morte de nossos entes queridos deixa, brilha a feliz promessa de nos reunirmos com ele em uma radiante “manhã”. Não nos abandonaram, embora se encontrem ausentes fisicamente; a tão temida velhice se despoja de suas vestes de luto e se cobre com um manto branco e brilhante. Percebemos, então, que cada passo que damos para os “setenta anos”, simplesmente representa progresso. Quanto mais depressa entreguemos nosso corpo a terra mais jovens seremos. Os amigos se conhecem e logo partem, e nos parece que houve uma separação; sem dúvida, se em realidade temos os mesmos ideais e propósitos, se temos em comum as mesmas ambições, voltaremos a nos encontrar em vidas futuras. Cada vez que a espiral dá uma volta, aqueles a quem quisemos bem virão a nossas vidas novamente.

Esta Lei de evolução é aplicável tanto às nações como a indivíduos. Cada pessoa é incluída no movimento envolvente de vida da sua nação, assim como no de toda humanidade e no seu próprio círculo de evolução; isso nos explica o porquê podemos tomar parte no trabalho do progresso da criação. Até o ponto em que desenvolvemos e libertemos nossos grandes poderes espirituais e permitamos que a Luz Divina interna nos irradie e reflita em nossos pensamentos e ações, e estivermos capacitados para podermos cooperar na evolução de cada criatura ou coisa existente. O todo deve ser afetado pela ação de cada unidade individual. Segundo as palavras de Cristo: “E Eu, se for levantado da terra, atrairei todos a Mim mesmo” (Jo 12:32).

Que bem amado pelo Criador deve ser o ser humano para que tivesse dotado de tão estupendos e divinos poderes!

Não devemos menosprezar nossas responsabilidades, pois estas são também muito grandes.

Este movimento de vida para frente foi descrito como “uma ampla faixa composta das sete cores do arco-íris, cada cor com sua correspondente vibração e sua própria expressão de vida, sem dúvida, envolto todo ao redor do candente coração de uma grande espiral”. Podemos ver que esta ampla faixa se compõe de muitas unidades e de unidades dentro de unidades, ocupando cada uma o seu lugar particular na fuga do tempo através do arco da Eternidade.

A cada volta que a Roda da Vida dá, os Seres Superiores escolhem os seus mensageiros entre aqueles mortais que já tenham dado certos passos para desenvolver seus poderes divinos e que, em consequência, tenham desenvolvido qualidades necessárias para resistir as fortes experiências que terão que passar na última volta de sua espiral. Portanto, não nos desalentemos, e pensemos que não poderemos suportar as provas que chegam.

Talvez tenhamos sido considerados merecedores desta suprema prova, a qual se for passada com êxito, poderá chegar a significar que daí para frente teremos de viver uma vida muito mais ampla e intensa e de maiores oportunidades para servir a humanidade. O verdadeiro e duradouro prazer está em servir e não em receber.

Nos tem sido perguntado muitas vezes: “como saber quando deverei crer nas lições e nas mensagens que recebo?” Para esta pergunta só há uma resposta que é: “Não é necessário que o saibamos”. A própria vida é nossa melhor mestra e não podemos escapar ao efeito das grandes leis, as quais nos trazem as experiências que necessitamos e não nos dão nada que não hajamos merecido. Estas experiências, às vezes, nos parecem cruéis e nos acovardamos ante sua violenta investida, e em meio a nossa agonia também imploramos: “Oh meu Pai, se for possível, afasta de mim esse cálice”. Em momentos de grande prova afastemo-nos de nosso eu externo com todas as suas debilidades mortais e volvamos a vista para o Eu interno, que é a fonte de Serenidade e Força. Como por um milagre sentiremos, então, que nos invade uma grande sensação de Força, que de uma maneira ou de outra nos ajuda a passar a tormenta e nos leva ao porto da Paz.

Recordemos também que estas leis não foram criadas para castigarmos. Deus é Amor e somente o Amor é expressado através de Suas Leis. O que parece ser um castigo é somente um corretivo. Evitaremos muitos sofrimentos desnecessários no futuro se estivéssemos dispostos a aprender as lições à medida que se nos apresentem.

Somos Uno com a grande corrente de Força da Vida divina que constituem a Espiral de toda a Evolução. Demos graças pela grande corrente de compreensão e iluminação que a humanidade esta recebendo. Contribuamos com nossa parte de glória a este benéfico fluxo, esforçando-nos por estabelecer em nossas vidas a ordem e a harmonia. Uma vez realizado isto, não resta a menor sombra de dúvida: nossa vida real e nossos sonhos poderão se correlacionar, porque estaremos vivendo então a bela realidade de nossos sonhos.

(Revista Serviço Rosacruz – 05/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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A Importância da Importância: nada muda quando somente os resultados são modificados

A Importância da Importância: nada muda quando somente os resultados são modificados

O que parece um jogo banal de palavras pode encerrar um significado imenso: nada é mais importante, talvez, do que saber distinguir o que é importante. Não se trata de um calembur (calemburgo – em francês: calembourg – é um jogo de palavras, um trocadilho que, sendo diferentes na significação, são semelhantes no som, dando lugar a equívocos), mas de uma extraordinária realidade que se confirma a cada momento. A maioria das pessoas encontram dificuldades em precisar as questões fundamentais, e na dúvida acaba optando pelo fútil e pelo acessório. Alguns daqueles problemas hoje considerados importantes são, de fato, mera consequência de outros – esses, sim, básicos – que, resolvidos, acabariam por sanar, como resultado, todos os outros. A crise de energia, a distribuição da riqueza, a desumanização do ser humano pela tecnologia e pela competição, a produção de alimentos no mundo, a difícil convivência entre as humanos nos grandes centros urbanos são esses as problemas mais importantes com que o ser humano se defronta?

Essas dificuldades não surgiram sozinhas, mas resultaram de um desenvolvimento complexo, uma espessa malha de causas e efeitos que começou no ser humano, passa por ele e a ele continuará ligadas até um ponto impreciso no futuro. O ser humano, por razões que merecem ser examinadas, tornou incrivelmente complicado a vida comunal. Seus receios, seus desejos e sua necessidade frenética de segurança teceram a malha fantástica que algum dia terá de ser desenredada para que o ser humano reencontre o que, de certo modo, é seu por direito: a tranquilidade, o amor, o trabalho feliz, a justiça. A trama não surgiu sozinha; foi criada por todos e ninguém está alheio a essa responsabilidade. O mundo não se encontra em crise há apenas alguns anos. É verdade que a situação agora está aguda como nunca, mas o problema é antigo. A história do ser humano, pelo menos nos últimos 30 séculos, tem sido uma sucessão de incompreensões, brutalidades e egoísmos de todos as matizes e gêneros. As guerras cruéis, os tratados hipócritas, os crimes hediondos cometidos em nome da felicidade humana e da justiça social desmascaram os melhores propósitos de líderes e estadistas, que se colocam, como todos nós, separados do fulcro da violência e da injustiça, como se não tivessem em seu espírito aquela mesma matéria prima que produz a morte, os ferimentos, a indiferença diante da dor e a ambição de chegar ao poder e de se manter ali.

A crise do petróleo, a distribuição da riqueza, a robotização do ser humano pela tecnologia, a irresponsabilidade na produção e na distribuição de alimentos no mundo, tudo começa, afinal, na maneira como pensamos o mundo, isto é, no modo como nos situamos na vida. Somos um núcleo solidamente instalado, cada um de nós, e em nosso redor o universo gravita. Tudo converge e parte desse centro, comandado pelo que julgamos ser a consciência.

Pela sua peculiar estrutura, o “eu” vive em torno de si mesmo, concentrado nos seus pequenos interesses, que, às vezes, confunde com os interesses do mundo. Esse núcleo tem vagas ideias a respeito de si próprio e, nas células onde vive, arquiva uma bagagem variável de dados e experiências que usa em função dos seus impulsos, invariavelmente egocêntricos. O “eu” é um punhado de condicionamentos, um computador sofisticado que se alimenta a si mesmo conduzido pelo impulso de preservação e pelo desejo de sobrepor-se a tudo mais. Esse centro – que não é a Mente no seu todo – criou o mundo que conhecemos, esse mundo que está, cada dia de modo mais perceptível, em plena crise.

Em todos os problemas que os seres humanos elegeram como prioritários, mas que são decorrentes de outros, fundamentais, há o dualismo típico da Mente conturbada. Na conflagração do petróleo está, de um lado, o consumismo neurótico do Ocidente, e, de outro, o escândalo de uma chantagem mundial feita com pretextos nobres e um a base religiosa pouco convincente. No caso da distribuição das riquezas existe também a alternativa maniqueísta, opondo a insensibilidade dos que muito possuem a exploração política dos que fazem da justiça social uma escada para sua verdadeira meta, o Poder. As dificuldades com a tecnologia que coisifica o ser humano são produto evidente da imaturidade desse mesmo ser humano, que só pensa nos resultados e não levam em consideração os meios. Nos exemplos todos é possível encontrar questões realmente importantes, e elas estão centradas na Mente humana, não nas dificuldades que essa Mente produziu no mundo exterior com seu egoísmo e sua vulgaridade.

Nada é mais importante, então, do que saber distinguir o que é importante. As tentativas de resolução que partem apenas da modificação dos efeitos são inúteis. Nada muda quando somente os resultados são modificados. As crises políticas, econômicas, militares, religiosas, industriais e administrativas são meros efeitos. Decretos, decisões, revoluções, medidas drásticas são igualmente inócuos enquanto cuidarem dessas situações “mortas”, praticamente já acabadas que são os resultados. Seria o mesmo que eliminar a febre sem procurar a causa, ou afastar a fumaça sem apagar o fogo. O noticiário impresso e falado que dá conta do que se passa no mundo todos os dias, e que pode ser um aprendizado diário inestimável, se for visto apenas como a crônica dos grandes problemas que afligem a humanidade, pode parecer vazio e cansativo.

Por trás das imensas questões que fazem tremer o Planeta, hoje mais do que nunca, está o espírito, a Mente do ser humano; também hoje mais do que nunca doente, prisioneira a própria ignorância.

(Revista Rosacruz – 12/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Relação da Sabedoria com o Conhecimento e o Amor

Relação da Sabedoria com o Conhecimento e o Amor

Como fator de relação com a Sabedoria, seria errôneo menosprezar o conhecimento, tal a sua importância em nossa vida, mesmo porque o sistema educacional obriga-nos adquiri-lo.
Dada essa circunstância, Max Heindel aponta para uma complementação, quando diz: “Tão seguramente como o pensamento existiu antes do cérebro e o construiu e ainda está construindo para sua expressão; tão seguramente como a Mente está abrindo caminho, pela força de sua audácia, arrancando segredos da natureza, com a mesma segurança o coração encontrará a forma de romper suas cadeias satisfazendo seus anelos agora impedido pelo cérebro dominante. Porém, algum dia dar-se-á o aumento de sua força e lhe será possível remover as barras de sua prisão, para converter-se em um maior poder do que a Mente”.

Esse será o momento em que os Ensinamentos Rosacruzes virão em auxílio daqueles intelectualmente inclinados, atraídos pelo desenvolvimento do poder cerebral para conduzi-los através do raciocínio ocultista ao desenvolvimento místico cristão do coração.

O conhecimento é poder. O conhecimento em si mesmo não é nem bom nem mau, já que poderá ser usado com um ou outro propósito, o que é demonstrável na ação do gênio, cuja tendência poderá ser boa ou má. O indivíduo de guerra, tal como Napoleão, poderá ser cruel e destruidor, espezinhando sentimentos, porém, um governante sábio é tão bom de coração como poderoso intelectualmente, o que dá margem para realizar uma ação equilibrada permitindo-lhe promover o que é de melhor para seu povo. O conhecimento que se desenvolve ao longo ou em fases ocultas ou religiosas apenas, não é sabedoria, tal como disse São Paulo na 1ª Epístola aos Coríntios – Cap. 13: “Se compreendêssemos todos os mistérios e toda ciência…e não tivéssemos Amor, nada seríamos”.

Como não há contradição na natureza, o Coração e a Mente devem ser capazes de se unir, uma vez que “a Mente auxiliada pela intuição do Coração poderá sondar mais profundamente os mistérios do ser, o que não seria possível se cada um agisse separadamente. O Coração, unindo-se com a Mente, não poderá extraviar-se” – (Livro Conceito Rosacruz do Cosmos). A natureza do Coração – o Amor – sente que há algo mais elevado do que apenas a Mente poderia captar. O Coração pode enveredar-se nas profundas verdades desconhecidas.

Através da nossa literatura sabemos que a Filosofia significa “Amor e Sabedoria”. A Sabedoria é o Segundo Aspecto do Deus Trino – o Principio Crístico – a meta da Humanidade, que será alcançada quando nosso conhecimento tenha se desposado com o amor. Então teremos Sabedoria, uma expressão do Espírito de Cristo.

Max Heindel afirma no livro Ensinamentos de um Iniciado: “Devemos ter muito cuidado em discernir adequadamente este ponto, pois podemos ter discernimento entre o que é conveniente para o desenvolvimento de um determinado fim e o que poderá obstaculizá-lo, já que podemos fazer uma má opção com olhos a uma realização futura, o que não demonstra sabedoria, evidentemente. O conhecimento, a prudência, a discrição e o discernimento nascem na Mente, armadilhas do mal, as quais Cristo na Oração Dominical nos ensinou, como orando, nos livrássemos delas. Somente quando temperadas pela faculdade do Amor que nasce do coração poderão mesclar-se convertendo em Sabedoria”.

Se substituíssemos a palavra Sabedoria pela palavra Amor na 1ª Epístola aos Coríntios, cap. 13, compreenderíamos que esta grande faculdade é a que deveríamos ardentemente desejar.

(Revista Serviço Rosacruz – 04/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Aperfeiçoamento: as tarefas que Deus nos dá cada dia como oportunidade

Aperfeiçoamento: as tarefas que Deus nos dá cada dia como oportunidade

O aperfeiçoamento do ser humano é algo sagrado que se ressente à profanação da palavra, porque deseja ser realizado no silêncio do próprio coração do indivíduo. O aperfeiçoamento não é algo que se possa receber de graça, e tampouco dar a outrem, pois, é uma realidade própria a cada um de nós. O aperfeiçoamento é um acontecimento íntimo que merece ser guardado na reserva das atividades humanas, como base propulsora de um trabalho cada vez maior. O aperfeiçoamento de cada um de nós tem para cada um, também, o seu jogo particular de ação, a sua forma própria de projeção, a sua atividade característica. Assim, o que um descobre no seu caminho, nem sempre será oportuno para seu irmão. Embora o objetivo seja o mesmo numa escola de aperfeiçoamento, cada um só pode seguir a sua linha de orientação interna e os reclamos de sua própria natureza íntima. Por isso o valor real do progresso de cada pessoa, só a ela se expressa com real intensidade, só a ela se expressa com interesse máximo e com o máximo aproveitamento que deve ter.

“Seleções do Readers Digest” publicou há algum tempo, uma frase, que, apesar do seu aspecto humorístico, encerra uma grande lição: “De nada nos adianta falarmos aos outros a respeito de nossos filhos. Ou eles têm filhos ou não têm”. O mesmo ensinamento se ajusta aos nossos defeitos e virtudes, que são os filhos de nossa alma. Os filhos que recebemos pela carne procuramos educar o melhor possível, sentindo-nos consternados quando erram, e regozijando-nos com as suas vitórias. Todos os pais normais sentem o mesmo pelos seus filhos, de sorte que, as gracinhas dos filhos alheios podem distrair-nos por um momento, porém, jamais hão de ter, para nós, o valor que costumam ter para os pais da criança. O mesmo acontece no que se refere aos outros em relação aos nossos filhos. E isso quando não chega a despertar inveja em pobres corações mesquinhos que, dando-se o direito de analisar, veem na alegria de uma mãe ou de um pai “coruja”, apenas sentimentos de vaidade e de orgulho, o que em parte não deixa de ser verdade; embora as apreciações paternais sejam revestidas de sincero amor, não deixa de ser um amor egoísta. Por isso, encarando o fato com toda a franqueza, observamos que, ao revelar fracassos ou virtudes de nossos filhos, podemos estar dando oportunidade aos invejosos de nos condenarem ou até de se regozijarem com as nossas lutas familiares, ou ainda – o que é mais importante – podemos dar oportunidade a nós mesmos de nos tornarmos cega a nossa própria vaidade. Porque, em geral, ninguém – mesmo os menos favorecidos pela visão certa da verdade – ninguém nos joga, no rosto, coisas que de certa maneira não merecemos. O ditado é bem certo.

“Onde há fumaça, há sempre fogo”. Algo muito parecido com esse processo dá-se com o aperfeiçoamento íntimo. Por isso chegamos à conclusão que viveremos melhor e mais certo se procurarmos viver sempre no meio termo da naturalidade, da objetividade. Assim, poderemos ver também nos defeitos dos outros, exemplos de atitudes que será útil evitarem; encarando com naturalidade o fato humano de existir aquele defeito.

O ser humano objetivo não é frio, é ponderado; não é indiferente, é consciencioso. Ele sabe que a naturalidade é uma força que vem de dentro de si mesmo, resultante de seu próprio equilíbrio de ideias, de pensamentos, de aspirações, de seu desejo ativo de compreender a vida, a humanidade e a si mesmo. Ele sabe que já não há razão para perturbar-se com suas próprias deficiências; não encontra mais razão para julgar-se o último dos seres humanos. Ele sabe que suas vitórias não são suas, mas fazem parte da Criação, da Evolução do Todo. Sente-se tornando parte no mundo, fazendo parte da criação, e respira o ozônio da natureza, cada manhã com real prazer.

Pede perdão a Deus pelo que não pode realizar a contento da Evolução, e agradece as oportunidades que teve de poder ser bom. Respira a energia de Deus toda a manhã, e procura viver em Deus, pisando seguramente a terra firme. Tropeça, cai, levanta, prossegue, sabendo que pode cair outra vez, e procurando sempre estar cada vez mais preparado para as quedas.

Sabe que não existe um fim previsto para o seu aperfeiçoamento de cada dia, não existe uma determinação rigorosa previamente estipulada, pois cada coisa se realiza uma após outra, como um eterno fluir, e que somente dele depende aproveitar as suas oportunidades.

Por isso já não faz planos, não promete nada a si mesmo. Apenas põe a sua vontade, cada manhã, na vontade de Deus, procurando restaurar as energias gastas com oportunidades perdidas, no fluxo da harmonia divina que a tudo interpenetra. Observa que viver é um eterno fluir, e que a vigilância de cada dia, em pouco lhe dará como prêmio a conquista permanente, incorporando-se no seu todo como realização. Ele também sofre, mas sofre não por si mesmo, não pelo que os outros lhe possam fazer em ofensas e traições, mas sofre pelo que aquela ofensa encerra em desarmonia no Todo.

Sofre pelo Todo e não por si mesmo, porque sua maneira objetiva de ver as coisas, já não comporta apreciações subjetivas do sofrimento. E, quando seus olhos já podem observar esse panorama da vida e das criaturas, mais fácil se lhe aparece o caminho, e pode sentir, em tudo, a simplicidade do mundo de Deus, porém, não lhe escapa também a responsabilidade, quase dolorosa, de si mesmo para com os outros. Porque então, ele já não pensa só em si mesmo, nas suas coisas materiais ou espirituais, mas sente também necessidade de pensar nas coisas dos outros, de tornar a vida de cada um que com ele priva, melhor, mais fácil e mais digna. E isso tudo ele realiza sem planejamento, objetivamente, pondo mesmo de lado suas próprias lutas, como acontecimentos naturais da própria Vida. Esse ser humano objetivo já vive realmente em cada um de nós, e se mantivermos uma linha de conduta baseada em elevados ideais, se nos esforçamos numa autodisciplina rigorosa em cada dia que passa, perceberemos que esse ser humano objetivo vai se firmando em cada um dos nossos esforços, ajudando-nos a nos tornarmos cada dia mais fortes, até ajustar-se a nós como uma conquista humanizada. E essa conquista, começamos a notar mais viva quando cada esforço realizado vai deixando de ser esforço, transformando-se em até natural, e a vigilância permanente passe a transmutar-se num fluir de vida, num acionar natural do fluxo divino em nossas realizações e empreendimentos.

Por isso, lutemos pela nossa libertação na objetividade, procurando realizar nossas tarefas subjetivas com veneração à verdade e ao conhecimento, tarefas que Deus nos dá cada dia como oportunidade de realizarmos o Serviço na obra da Evolução.

“Que as Rosas Floresçam em vossa cruz”

(Revista Serviço Rosacruz – 03/80 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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