Arquivo de categoria Método e Leis cósmicas que regem a evolução

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Energia e Evolução

O Poder Divino é a única Força essencial no Universo, embora se manifeste de diversas maneiras. É o Verbo que percorre o espaço como vibração sonora, dando formas definidas aos bilhões de átomos. Deus é, portanto, o único poder. Nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. Sua Força nos permeia e um dia nós a manifestaremos como Ele agora o faz.

Todo ocultista percebe a existência de dois elementos, aparentemente opostos, mas complementares: energia e matéria. Grosso modo podemos afirmar que a matéria é o Espírito cristalizado, e a energia é esse mesmo Espírito ainda não cristalizado. Essa afirmação leva-nos a concluir que energia e matéria são Espírito.

Durante o processo de manifestação a cristalização da energia e a descristalização da matéria são contínuas. A energia modela e vitaliza a matéria. É o agente invisível dando vida à matéria a qual é o elemento visível da ação dessa força.

Todo ato criador e a manutenção das formas dependem da Vontade e Imaginação. O Espírito humano expressa predominantemente uma dessas polaridades na forma de sexo diferenciado. Eis porque a propagação da espécie exige a união dos dois polos: masculino e feminino.

O Sol irradia as forças física e espiritual. A Lua apenas as reflete. A cadência ritmada das forças espirituais e físicas constitui a origem das atividades físicas, morais e mentais do globo terrestre. Em dezembro (para o hemisfério norte) a energia espiritual atinge seu ponto máximo de irradiação. É inverno e toda atividade física parece adormecida. Nos meses de verão, acontece justamente o oposto: as forças espirituais encontram-se inativas, enquanto as físicas, através do princípio fecundador da Natureza, atingem seu vigor máximo.

A energia espiritual emanada de Deus é absorvida de diferentes maneiras. O ser humano, por exemplo, recebe as energias espirituais pela cabeça. Os Espíritos-Grupo da Onda de Vida Animal difundem sua influência através da coluna vertebral dos animais que estão sob sua responsabilidade. No caso dos vegetais, os Espíritos-Grupo (desse reino) projetam suas correntes a partir do centro da terra em direção à periferia, onde são absorvidas pelas raízes.

As forças astrais também desempenham um papel importante na evolução humana. Cada um dos Espíritos planetários exerce uma influência específica, dando margem a experiências vitais para a evolução do ser humano.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Somente a Nossa Consciência pode nos Alertar Quanto ao Papel que Nos Cumpre Desempenhar

Somente a Nossa Consciência pode nos Alertar Quanto ao Papel que Nos Cumpre Desempenhar

Será que, ao efetuarmos diariamente nosso exame de consciência, temos nos indagado se, por ventura concorremos com um mínimo de esforço para que a disseminação do ideal Rosacruz seja uma realidade? Temos contribuído, dentro de nossas possibilidades, para o engrandecimento da obra encetada por Max Heindel?

Em verdade, somente a nossa consciência pode alertar-nos quanto ao papel que nos cumpre desempenhar dentro da Fraternidade, avaliando os nossos talentos e indicando-nos como eles poderão ser aplicados no programa de expansão Rosacruz. A obra carece de ajuda, dependendo muito da nossa dedicação, sinceridade e trabalho, para consolidar-se como precursora da Idade de Aquário.

A Fraternidade Rosacruz constitui algo muito mais grandioso do que se possa imaginar. Não podemos restringi-la, conceituando-a apenas como uma Escola filosófica-espiritualista, como outras existentes por aí, simplesmente orientando e instruindo os interessados por meio de livros, folhetos e conferências.

A missão, o ideal, os meios, o programa e a estrutura da Fraternidade formam um conjunto a transcender essencialmente tudo aquilo que podemos conceber como sendo edificante.

Os Irmãos Maiores, através de Max Heindel, outorgaram ao mundo algo inédito, original, sem paralelos; uma filosofia que expõe e elucida os mais intrincados problemas sociais e espirituais, dentro de um elevado padrão de lógica e reverência, diante do qual esboroam-se todos os argumentos contrários. O Sr. Heindel colocou ao nosso alcance um cabedal de conhecimentos, cuja beleza e profundidade mal podem ser expressas por palavras. Tais princípios atendem perfeitamente as exigências de uma época na qual o racionalismo e o espírito inquiridor ante empírico repelem tudo o que não se enquadra em seus domínios. A Filosofia Rosacruz é atualíssima e concomitantemente abre perspectivas maravilhosas quanto ao futuro do ser humano.

Se verdadeiramente sentimos que ela veio preencher algo em nossas vidas, proporcionando-nos um maior vislumbre do mundo em que vivemos, se mediante seus ensinamentos estamos penetrando e conhecendo nosso próprio ser, então é necessário que sejamos coerentes conosco mesmos, arregaçando as mangas e trabalhando pelo crescimento dela, da maneira que pudermos.

Sozinhos, pouco ou nada poderemos realizar. Se houver união de esforços, concatenando-se os talentos de cada membro da comunidade em prol de um objetivo comum, as possibilidades de êxito serão bem mais amplas.

Nunca será demais repetir que o ser humano isolado é uma impossibilidade. Reiteramos sempre as palavras do nosso Ofício Devocional: “um só carvão não produz fogo, mas quando se juntam vários carvões, o calor latente em cada um deles pode produzir chama, irradiando luz e calor”.

Somos apologistas do trabalho de equipe, porquanto ele apresenta inúmeras vantagens, como por exemplo, o alcance de um máximo rendimento com tempos e esforços mínimos, mediante o aproveitamento racional das qualidades e aptidões de cada um em função do todo. Além disso, sua ação faz-se sentir maravilhosamente, revertendo em benefício de cada elemento, em forma de disciplina, solidariedade, harmonia, companheirismo e expansão natural das próprias qualidades.

Contudo, o trabalho grupal requer também uma dose de boa vontade, sinceridade, entendimento, sentimento altruísta, e, o que reputamos de suma importância: AUSÊNCIA DE PERSONALISMO. Esses requisitos possibilitam a um grupo relativamente heterogêneo, empreender e concretizar obras de vulto.

Essencialmente cristão, o método Rosacruz de desenvolvimento prevê estes dois aspectos: individual e coletivo. O trabalho coletivo realiza-se por meio dos Núcleos rosacruzes ou de esforços empreendidos por irmãos nossos, não importa sob que títulos, com objetivos edificantes. Por outro lado, o método Rosacruz indica meios de realização estritamente individuais, objetivando aprimorar o Aspirante, de modo a lhe permitir transcender os entraves internos separatistas, integrando-o cada vez mais perfeitamente no puro sentido de equipe, dentro da unidade cristã, que representará o coroamento da presente época evolutiva: “um só rebanho e um só Pastor”, o Cristo.

Em decorrência, todo e qualquer trabalho deve ser executado dentro daquele princípio denominado SERVIÇO AMOROSO E DESINTERESSADO AOS DEMAIS. Se algo é feito com amor, despido de qualquer sentimento de interesse pessoal, será por certo duradouro. Se levar, porém, a marca do egoísmo, será como um Castelo edificado sobre a areia: mais cedo ou mais tarde acabará em ruínas.

Nosso labor não deve esperar recompensa, e sim resultados benéficos à coletividade. Felizes seremos quando formos capazes de prodigalizar tudo aos demais sem nada esperar em troca, a não ser novas oportunidades de servi-los. O simples pensamento de RECEBER já revela indícios de egoísmo, ao passo que o desejo de DAR implica sentimento de amor. Isso vem ao encontro da seguinte afirmação de um pensador dos tempos modernos: “Quem professa a filosofia do receber, confessa sua falência em dar”.

O estudante sincero e devotado não procura saber o que poderá receber da Fraternidade Rosacruz, mas sim o que lhe poderá dar.

Estamos trabalhando na Vinha do Cristo, e isso, somente isso, já justifica e compensa plenamente todo o sacrifício e esforço que empreendamos em prol desse ideal sublime.

(Publicado pela Revista Serviço Rosacruz de março de 1972)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Transmutar, Eis a Questão

Transmutar, Eis a Questão

Qual deve ser nossa atitude diante de uma situação desagradável ou aflitiva? Reagir violentamente? Prostrar-nos desanimada e passivamente deixando as coisas acontecerem?

Não, tal conduta em nada nos dignificaria. A palavra-chave em casos dessa natureza é: TRANSMUTAÇÃO. Podemos e devemos transmutar uma situação desagradável, tornando-a mais harmoniosa e agradável. Não somos obrigados a aceitar o mal como inevitável, muito embora ele exista.

Como seres dotados de incomensuráveis potencialidades divinas não podemos permitir-nos o conformismo diante do sofrimento. A criatividade, o amor, a ação e o sentimento de unidade são atributos capazes de mudar as condições que nos envolvem. Infelizmente as pessoas vivem inconscientes dessa realidade. Vivem perdidas nos labirintos de seus problemas existenciais, tornando-se, dia após dia,

Impotentes para reverter essas situações dolorosas e limitadoras. Decididamente, o sentimento fatalista só pode conduzir à inércia e ao desespero.

Todos têm em comum uma origem, uma herança, um ideal espiritual. Será o suficiente ajudarmo-nos mutuamente a transformar o prejudicial em benéfico. Nada ganhamos sendo interesseiramente indulgentes, fazendo concessões a emoções inferiores, ou prolongando deliberadamente uma situação preocupante ou lamentável.

Ninguém cresce ou promove o crescimento através de lamentações. Nossas desistências nada representam de positivo no ambiente em que vivemos. Mas, pelo contrário, todos se beneficiam quando nos portamos com equilíbrio e inteligência, quando o amor nos incentiva a agir com o propósito de transformar uma situação dolorosa num bem comum.

Cada momento nos traz oportunidades originais de transmutar o mal em bem. Através de pensamentos e sentimentos positivos, de ações decididas, tudo é possível. TUDO! Não há necessidade de aguardar melhores dias ou ocasiões propícias para transformar as coisas. AGORA é o momento e AQUI é o lugar.

É verdade que o Sol nasce todas as manhãs. No entanto, cabe-nos escolher o curso de ação que mais nos convém. Podemos entender cada dia como sendo um desafio às nossas capacidades ou uma nova oportunidade de crescimento. Também nos é dado ignorar o nascer desse Sol, vivendo passiva e desnecessariamente problemas e amarguras passadas.

Por gigantescos que sejam nossos desafios, nosso poder de superá-los é infinito. Sempre há uma luz no fim do túnel. É necessário, entretanto, caminhar até lá.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/84 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Os Conceitos do Direito onde Estamos Inseridos

Os Conceitos do Direito onde Estamos Inseridos

Grande é o número de significações do vocábulo Direito, tanto no sentido etimológico, quanto no figurado. Em ambos, de maneira sintética, podemos dizer que Direito significa o que é certo.

Na concepção dos romanos, mesmo antes da era atual, o Direito representava “a arte das coisas divinas e humanas”. Aliás, tinham as razões suficientes para tanto, pois, numa primeira grande divisão, temos o Direito Divino, o Direito Natural e o Direito Positivo. Adotamos aqui, na discriminação dos grandes ramos da árvore do Direito, a ordem descendente.

O Direito Divino, criado por Deus, tomado o vocábulo Deus em seu sentido absoluto, consiste nas Leis Cósmicas que regem o Universo, não apenas o planeta Terra, o qual habitamos, ou o sistema Solar, a que pertencemos.

Como exemplo típico desse Direito, temos o livre arbítrio que recebemos de Deus. Por intermédio do germe mental. Antes de recebermos esse germe, éramos guiados em tudo, portanto, não havia o que falar em livre arbítrio.

Consistindo este, na liberdade de praticar atos, e, ao mesmo tempo, de se responder por eles, surgiu então, na mesma ocasião, o que se chama destino, que pode ser bom ou mau, segundo nossas obras. Por isso mesmo, todo cuidado que se tiver, ainda é pouco.

Ora, seja que pessoa ou grupo for, não importa se filosófico, religioso ou não, que deixar de respeitar o livre arbítrio, usando espírito autoritário ou quaisquer outros meios, está violando lei, cuja matéria é de Direito Divino. Os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz têm, por exemplo, um profundo respeito ao referido livre arbítrio de cada um. Mostram os caminhos e a escolha fica a cargo dos Estudantes. Assim, a boa vontade e a espontaneidade que cada Estudante dispensar, ao agir, é que tem importância maior. Como dissera Cristo-Jesus: “O maior no Reino dos Céus é o que for o servo de todos”.

O Direito Natural vem a ser as mencionadas Leis Cósmicas, inscritas na Natureza, seja qual for seu aspecto. Em consonância, o apóstolo São Paulo dissera bem, quando afirmara que a Lei Divina está inscrita no coração do ser humano. Por sinal qualquer pessoa do povo tem uma noção interna do que seja o Direito. Percebe o que não está certo, e, embora, não saiba explicar o que ocorre, sente o problema.

O Direito Positivo, inspirado no Direito Natural, é constituído pelos Códigos Civil, Comercial, Penal, etc., existentes nos diversos países do globo terrestre. Esse Direito regula as relações jurídicas que se estabelecem entre os homens, não só, no campo privado, como também no público, bem ainda no cível e no militar. Regula, finalmente, as relações jurídicas entre as nações, no âmbito internacional, através de um Direito chamado Internacional Público.

Desse ligeiro bosquejo, percebe-se que estamos, em quaisquer mundos ou regiões, sempre sujeitos a Leis regulando todas as nossas atividades. Portanto, quando sofremos alguma coisa, embora não saibamos, a maioria das vezes, somos, indiscutivelmente, os únicos culpados. Por outro lado, há um grande conforto, tudo depende de nos engendrarmos bom ou mau destino. E, agora que conhecemos as coisas, é, claro, tomaremos os necessários cuidados.

(Hélio de Paula Coimbra; publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/66 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Eras Cristãs

As Eras Cristãs

Os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental nos ensinam que a “Mensagem Mística da evolução do ser humano está marcada com caracteres de fogo nos céus, onde todos àqueles que podem lê-la os terão”.

Para nos familiarizarmos com o tópico que diz respeito à religião cristã, essa mensagem nos informa que a religião cristã assinala o seu desenvolvimento em três Eras.

A primeira abarca o tempo em que o Sol, em seu Movimento de Precessão, transitou através do Signo de Áries, o Cordeiro. Jesus nasceu quando o Equinócio de Março estava ao redor dos sete graus de Áries. Os 24 graus precedentes são dos períodos relatados no Antigo Testamento, tempo em que o povo escolhido estava no cativeiro e perdido no deserto da materialidade, e a nova religião ainda não tinha sido revelada.

Então, o Cristo emprestou os Corpos Denso e Vital de Jesus quando esse estava com cerca dos 30 anos de idade.

No Gólgota, através do sangue derramado, inaugurou definitivamente um novo ensinamento, dando à humanidade algo mais elevado, já que as antigas profecias e a lei tinham sido cumpridas.

Considerando que o Signo oposto a Áries é Libra, a Balança da Justiça, a nova religião fala de um futuro dia do juízo, quando Cristo recompensará a todo ser humano de acordo com os atos praticados com o corpo.

A segunda Era abrange o tempo em que o Sol em precessão transitou pelo Signo de Peixes. Como o Sol é mais forte no signo seguinte, por estar na cúspide, tal como estava naquele tempo, Cristo chamou a Seus Discípulos de “pescadores de homens”, como está relatado no Novo Testamento, onde se lê que Ele alimentou a multidão com pescado (Peixes) e com pão (Virgem), daí então a religião do Cordeiro continuou tendo proeminência através dessa Era, de Peixes, cujos ideais ensinados e fundamentos são os seguintes: um sacerdote celibatário que adora uma Virgem Imaculada (Virgem), e a abstenção da carne em certos dias. Ambos os ideais são proveitosos para o crescimento anímico da atualidade. Entretanto, o altruísmo vem sendo fomentado.

A terceira Era nos deparará no futuro. Diz respeito ao período precessional, em que o Sol transitará através de Aquário. Teremos então uma nova fase da religião Cristã, exotericamente. O ideal então que deverá ser alcançado está simbolizado pelo Signo oposto a Aquário, Leão.

Todas as Religiões de Raça exigem uma vítima sacrificial pela transgressão da Lei, porém, ao vir, Cristo revogou o sacrifício de OUTROS, oferecendo-se a SI MESMO COMO UM SACRIFÍCIO PERPÉTUO para remissão dos pecados.

Contemplando o Ideal materno da Virgem durante a Era de Peixes, e o exemplo de Cristo através da ação de sacrificar-se para servir, a Imaculada Concepção converte-se em uma experiência real para cada um propiciando que o Cristo, Filho do Homem (Aquário), nasça dentro de nós.

Dessa forma, gradualmente, a terceira fase da religião Ariana será manifestada – o novo ideal está simbolizado pelo Leão de Judá. A coragem oriunda da convicção, a força do caráter e das virtudes afins, tornarão o ser humano digno da confiança das ordens inferiores de vida, bem como do amor dos Hierarcas Divinos que estão acima de nós.

Os precursores da raça já estão sentindo o impulso a esses ideais. Meditemos sobre a Fortaleza de Caráter.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Idealismo: corajosa e sincera disposição para trilhar o caminho do Serviço

Idealismo: corajosa e sincera disposição para trilhar o caminho do Serviço

Vez por outra dirigimos, através desta revista, apelos aos estudantes, exortando-os a cooperar com o Movimento Rosacruz. Não o fazemos unicamente pela necessidade de ajudar em nossa tarefa de disseminar os ensinamentos da Fraternidade. Não. É verdade que a Obra carece de um número maior de trabalhadores. Muita coisa ainda deve ser feita. Há um imenso campo de ação pela frente exigindo maiores recursos materiais e humanos. Não podemos, contudo, deixar de enfatizar com a mais elevada motivação, o inigualável privilégio de servir à humanidade.

Não importa o grau de cultura: toda pessoa de boa vontade encontra, dentro da Fraternidade Rosacruz, setores onde pode empregar suas aptidões. Todos podem dar alguma coisa ou um pouco de si.

No transcurso de diversos renascimentos vimos aumentando nosso cabedal de conhecimentos, a par do desenvolvimento de qualidades. Temos acumulado, por meio de experiências, as mais variadas, uma dose considerável de energia. Cabe-nos, agindo de conformidade com as leis cósmicas, canalizá-la em finalidades construtivas, por meio do uso adequado de nossos talentos.

Somos inerentemente seres ativos, face ao princípio divino de MOÇÃO-ATIVIDADE – característica do Espírito Santo – palpitando em cada espírito. A inércia e inutilidade não existem na Natureza. Ao órgão que não se emprega só resta o caminho da atrofia. Diariamente nossa capacidade de ação é testada pelos mais variados desafios. São estímulos necessários. Quanto a isso, não pode haver omissão: ou agimos construtivamente e progredimos ou paramos e retrocedemos. Eis aí o verdadeiro conceito de mocidade e velhice; no sentido interno, quem desiste e para, morre para a existência, cuja finalidade é o desenvolvimento, a graus ainda inconcebíveis para o entendimento humano, das faculdades que herdamos do Criador.

O indivíduo consciente e sincero esforça-se ao máximo para harmonizar e aperfeiçoar tudo o que esteja ao seu alcance; no lar, na sociedade, em sua lida diária, etc. Sabe muito bem que ao retardar o cumprimento de seu dever ou negligenciar suas tarefas, a si mesmo negligencia. Isto é válido para os indivíduos, para as empresas e para os agrupamentos sociais. Quanto mais produzem, construtiva e legitimamente, tanto mais crescem em todos os sentidos.

Sempre é tempo de edificar alguma coisa. E a Fraternidade Rosacruz constitui uma excelente oportunidade de formar um mundo melhor. Se crescermos em harmonia, o nosso cresce conosco.

A tônica do Movimento Rosacruz é SERVIR. Mas, é preciso uma corajosa e sincera disposição para trilhar o caminho do Serviço. Os desafios surgem em momentos inesperados, caso o estudante não esteja atento, poderá sentir abalado seu idealismo. É uma vereda árdua, às vezes espinhosa, mas espiritualmente gratificante. Alguém pode perguntar se vale a pena lutar por um ideal como este. Encontramos a resposta nas palavras do grande poeta luso, Fernando Pessoa:

“Valeu a pena?
Vale sempre a pena,
Se a alma não for pequena”.

 

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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Não há respostas técnicas para questões éticas

Não há respostas técnicas para questões éticas

O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar ao ser humano ambiente e trabalho favorável e criar, na Terra, as condições necessárias à melhoria da qualidade de vida.

Mas, se ao dito desenvolvimento faltar inspiração de ordem moral e espiritual, sobrevirão distorções e males sem conta. Isso nos é dado perceber quando analisamos as causas da presente crise mundial. Os últimos surtos desenvolvimentistas beneficiaram apenas uma parte da humanidade. Predadores, unilaterais, egoístas, divorciados de fundamentos morais, só fizeram crescer a tensão e o medo entre os povos.

A crise econômica mundial e os conflitos que pode provocar, demonstram como se tornou insustentável, mesmo a curto prazo, nosso modelo de civilização industrial. Essa situação pode e deve ser modificada. Para tanto, é necessárias alternativas de vida, tanto individual como coletiva. A essa alternativa se impõe uma base eminentemente espiritual, caso contrário voltaremos à estaca zero, continuaremos andando sem sair do mesmo lugar.

A chamada crise econômica, cujos efeitos preocupam sobremaneira os líderes mundiais, na realidade não passa de uma crise moral. Se nos aprofundarmos em suas raízes, encontraremos a ambição desmedida, pretensões de hegemonia, etc.

A crise econômica em si mesma não existe, ou melhor, ela subsiste apenas como efeito de uma causa muito mais profunda do que se possa imaginar. O Planeta ainda conta com recursos consideráveis a serem aproveitados. Pesquisas sobre formas alternativas de energia indicam a possibilidade de utilização de recursos inesgotáveis. Isso só não acontece porque o interesse de uma minoria tem prevalecido sobre o da maior parte da humanidade. Milhões são vítimas da ambição e ânsia de poder de uns poucos.

Muitos países possuem, em seu território, matérias primas essenciais à economia mundial. Todavia, suas populações levam uma vida miserável. Algumas poucas nações, altamente industrializadas, dispõem de tecnologia necessária à exploração e transformação daqueles produtos. Obtém-nos a preços aviltantes, devolvendo-os em forma de produtos manufaturados a preços proibitivos. Ainda dão em troca maquinário obsoleto a preços superestimados. É uma forma de dominação e privação.

Esse quadro constitui uma séria ameaça à paz mundial. Portanto, é incompatível com a ideia de uma Fraternidade Universal propugnada pelo Cristianismo Esotérico. É bem verdade que essa união mundial só se converterá em realidade na Sexta Época, com o regresso do Cristo, “dependendo do tempo em que um número suficiente de seres humanos tenha começado a viver uma vida de Fraternidade e Amor” (Conceito Rosacruz do Cosmos). Mas, isso não invalida os esforços atuais. Pelo contrário, agora mais do que nunca, mister se faz os seres humanos de boa vontade não desanimarem no altruísmo. É necessário divulgar os ensinamentos da Sabedoria Ocidental, mormente nesta época quando as tensões entre os povos crescem de forma alarmante.

São muitos os problemas a exigir soluções. Porém, qualquer discussão a respeito deles, que não envolva uma proposta de mudança radical em nossos hábitos e valores, será no mínimo hipócrita.

A crise mundial reflete o estado interior do ser humano: egoísta, ambicioso e angustiado. Na verdade quem está em crise é o ser humano. Em vão os estadistas e os economistas procurarão uma saída para o impasse, pois não há respostas técnicas para questões éticas.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Paciência – um Agente Terapêutico

Paciência – um Agente Terapêutico

Em nosso atual mundo doente de tensão, onde a velocidade, o barulho e as diversas pressões são aceitos como a norma quase por todos, a paciência tornou-se mais que uma virtude. Agora, mais do que nunca, é componente vital de saúde.
Muito pode fazer para controlar a tensão, que leva muitos aos sedativos. A tensão nervosa é comumente considerada uma forma de pressão emocional, manifestando-se por dores de cabeça, indigestão, insônia, dores na coluna vertebral, e vertigens e caracterizada por preocupação e irritabilidade. Amiúde torna irascíveis, briguentos, irrequietos, podendo mudar um ser jovial e amigável numa criatura irritada. Produz desarmonia familiar e mau relacionamento. É, por vezes, caracterizada por desabafos emotivos, e permitindo-se que continue pode chegar a provocar a doença. Esta condição parece afligir muitos, pelo menos ocasional e parcialmente tornando-se frequente demais, séria e crônica.

A tensão nervosa, obviamente, pode gerar-se de qualquer coisa desde problemas pessoais e profissionais a vibrações sonoras audíveis ou não.

Com frequência começa na antecipação de alguma calamidade futura – algo que não acontecerá ou provará ser menos grave do que imaginado. Tensões podem surgir de personalidades conflitantes ou do dilema de ter muito a fazer em pouco tempo. Podem originar-se de uma atitude em relação ao trabalho; em vez de uma atitude confiante, o estudante teme pelo exame; em vez de dedicar-se a tornar o lar feliz, a dona de casa revolta-se contra a prosaica rotina; em vez de aceitar a profissão como um desafio e um serviço para a comunidade, o ganha-pão da casa, só anseia pelas férias e os fins de semana.

A tensão, então, parece ser um estado negativo de ser, derivando de reações negativas a situações da vida. Se as reações emocionais se tornassem positivas, assim também se tornaria o estado de ser, por lógica. A paciência é um dos fatores que tem mais probabilidade de realizar isto.

A palavra “paciência” é definida em diversas maneiras. Duas delas são apropriadas para esta nossa discussão:
1º) O ato ou poder de aguardar calmamente por algo.
2º) Indulgência com as faltas dos outros; supostas preocupações; tolerar.

A palavra chave na primeira definição é “calmamente”. Denota serenidade e falta de agitação. Se algo que nos desgasta “for” nos acontecer, acontecerá tanto se esperamos por isto num estado mental excitado ou serenamente. Muito melhor, então, ficarmos calmos. Assim podemos pensar claramente e fazer o que couber; caso contrário, nossas ideias ficarão distorcidas e ficaremos sujeitos ao insucesso perante o problema, antes mesmo de enfrentá-lo. Se estivermos calmos – pacientes – poderemos evitar as tensões que nada fazem, senão intensificar o problema e tornar-nos incapazes fisicamente, mental e emocionalmente de enfrentá-lo.

Também, como dissemos, muitas de nossas tensões nascem simplesmente da antevisão expectativa de que algum mal venha a ocorrer. Preocupamo-nos por doenças em potencial, crises financeiras, dificuldades domésticas e desentendimentos em nossas relações, bem antes que aconteçam. Frequentemente, a própria preocupação nossa atrai o problema. Se pudermos nos concentrar no presente, fazendo de nosso melhor dia a dia e deixando calmamente o futuro acontecer, muitas destas “tensões das possibilidades” desapareceriam. Há trabalho suficiente no mundo para dar-nos, em especial aos aspirantes espirituais, “ao luxo” de preocupar-nos principalmente pelo que é absolutamente incerto que aconteça.

Muitas de nossas tensões originam-se do dar e receber com os demais. Quando suas maneiras, solicitações, ideias, atitudes e comportamento diferem do nosso aparecem diferenças que irritam nossos nervos. Isto é, se nos permitirmos que nos irritem; irritam se ficarmos impacientes.

A segunda definição de paciência indica uma disposição em aceitar os outros como são, tolerando suas idiossincrasias e erros. Implica isto em nossa disposição em trabalhar com eles pela causa comum, ouvir e levar em conta seus pontos de vista, e encará-los com o mesmo respeito e consideração que cremos nos sejam devidos. Particularmente para o estudante espiritual a segunda definição de paciência implica em aceitar a “divina essência interna” de cada ser que ressalta e transcende quaisquer aspectos que nos sejam de objeção.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/83 – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Irmão do Filho Pródigo

O Irmão do Filho Pródigo

Quando escutamos a parábola do filho pródigo, alegramo-nos com o “final feliz”. O filho pródigo exercitou erradamente seu livre arbítrio e sofreu as consequências, como acontece com todos nós. Quando já tinha, porém, sofrido bastante, arrependeu-se, e voltando ao lar encontrou o perdão e uma acolhida bem mais amorosa da que esperava. E ficamos contentes, pois ele aprendeu suas lições e entrou em sua herança espiritual de direito, e sabemos que o mesmo nos espera.

Mas, e quanto ao irmão dele?

Pouco se diz dele; contudo está entre os indivíduos mais infelizes e sem sorte. Trabalhou duramente e obedeceu a lei, enquanto o irmão se esbaldava. Tomou conta da propriedade, fez seu dever escrupulosamente, e considerou-se digno de louvor por seu trabalho. Quando, pois, o filho pródigo voltou acolhido como um herói, o ressentimento do irmão não teve limites.

Não é isto natural? Todos nós, alguma vez, ressentimo-nos do fato de alguém, aparentemente não merecedor, ter recebido recompensas e favores que não julgamos adequados a seu comportamento. Certamente, dado o presente estado da natureza humana, o comportamento do irmão é suficientemente “natural”, mas longe de ser certo. Sua conduta funda-se na própria retidão e num coração que não perdoa, e com estes impedimentos não poderá nunca chegar a entender ou sentir a chegada triunfal ao lar do pródigo, sobre a qual ele tanto se ressentiu.

O irmão trabalhara e vivera de acordo com a lei do pai, não porque amava ou porque achava esta vida correta, mas porque pensava que teria vantagens. Seus atos basearam-se apenas sobre práticas objetivas: ser bom e ver que a propriedade rendesse lucros. Todo crédito a ele, então, seria devido ou assim ele pensava. Com este fim deixara de ser o filho do próprio pai até mais que o pródigo, tornando-se escravo da propriedade e de seu próprio conceito de retidão.

O amor filial e paternal que deveria ter brotado dentro dele, portanto, não tivera chance. Morrera – se é que já tinha vivido – e com a morte do amor o individuo está perdido. Assim, com a volta do pródigo, o irmão não viu mais lugar para ele. O coração do pai e, naturalmente, suficientemente grande para todas as criaturas, mas o irmão envolvido em seu sentimento egoísta não poderia dar-se conta disto.

O pródigo tornou-se o bem amado, e o irmão, apenas aos seus próprios olhos, tornou-se o repelido. Todo seu trabalho sem recompensa – como é todo trabalho quando feito por motivos errados. Se as motivações para seu trabalho tivessem sido altruístas, teria se alegrado com a volta em segurança do filho pródigo e teria compartilhado na alegria da família reunida. Como estavam, porém, as coisas, ele só sentiu ressentimento e raiva.

A volta do irmão para o pai poderá ser uma jornada mais sofrida e mais demorada do que aquela do pródigo. O pródigo voltou para casa em humildade e amor, ansioso para servir humildemente ao pai. Assim sendo, ganhou o lugar de honra. O irmão precisa, e o será, ser removido de sua posição de superioridade no autoconceito de retidão e começar então, a longa e tortuosa escalada na qual tanto a humildade quanto o amor terão de ser aprendidos com dor.

 

(Traduzido de Rays from the Rose Cross e publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz – 02/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

As Chaves do Desenvolvimento Espiritual

As Chaves do Desenvolvimento Espiritual

Certa vez um estudante enviou uma missiva a Max Heindel criticando as cartas expedidas mensalmente aos membros de THE ROSICRUCIAN FELLOWSHIP, cujo teor, segundo suas palavras, “não passavam de um pequeno agradável sermão”.

Max Heindel, então, abordou o assunto na carta do mês subsequente. Presumindo não ser aquela uma opinião isolada, procurou esclarecer a questão, pois outros estudantes talvez alimentassem idêntico pensamento. Realçou a importância daqueles “pequenos agradáveis sermões” em cujas entrelinhas encontravam-se pérolas do conhecimento oculto. Tornou claro o objetivo daquelas mensagens, cujo valor moral mesclado com os ensinamentos esotéricos indicava um método de desenvolvimento espiritual.

Tal fato ocorreu há uns setenta anos, aproximadamente. Durante todos esses anos a Fraternidade cresceu e cresceu muito. Nossos ensinamentos foram divulgados em grande escala e nessa tarefa se utilizou dos modernos meios de comunicação. No entanto, ainda hoje encontramos estudantes incapazes de perceber o sentido das cartas e lições mensais, pois, as acham por demais repetitivas. Vivem clamando por novos conhecimentos.

Novos conhecimentos? Mas como? Sequer aplica na vida prática aquilo que aprenderam. Não se dão ao trabalho de garimpar as lições, de pesquisar, de meditar. Querem tudo pronto e acabado. Tem a pretensão de evoluir através de esquemas pré estabalecidos ou fórmulas rígidas, como se o desenvolvimento oculto fosse mera equação.

O conhecimento e a experiência são meios de realização espiritual. Mas apenas meios. O conhecimento por si só confere apenas erudição. É apenas verniz, casca. A experiência, por outro lado, sem o conhecimento que a explique, torna-se difícil de ser aproveitada. Embora ambos sejam importantes, se faltar-lhes o calor da devoção não ensejará oportunidade do aspirante realizar-se. A essa tríade cabe o papel de manter equilibrado o desenvolvimento espiritual.

Max Heindel divulgou os ensinamentos rosacruzes sob a orientação dos Irmãos Maiores. E o fez valendo-se de princípios didáticos, compatíveis com as tendências naturais do ser humano ocidental. Em seus livros, cartas e lições empregou uma linguagem simples e definições claras. Porém, determinadas “chaves” só podem ser encontradas mediante certo esforço.

Alguns afirmam, equivocadamente, não passar o Conceito Rosacruz do Cosmos de uma coletânea de temas sem uma interligação mais definida. Ledo engano. Ao observador mais atento e sensível os tópicos da obra básica formam um todo harmonioso e coerente. Aliás, estude-se toda a obra de Max Heindel com interesse superior, e verão todos os assuntos se completando maravilhosamente.

Além disso, esses conhecimentos proporcionam uma visão mais ampla da vida e do mundo, projetando uma nova luz sobre todos os fatos do cotidiano. Os Ensinamentos Rosacruzes descem às raízes do sofrimento humano, explicam a razão última de todas as coisas e indicam perspectivas do nosso futuro desenvolvimento. Enfatizam o aprimoramento do caráter como nosso trabalho mais importante, pois sem ele as “chaves” permanecem inacessíveis e qualquer lição parecerá um “pequeno e agradável sermão”.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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