A Unidade na Diversidade
Toda vida emana de uma única fonte: Deus. A vida é a mais significativa expressão da Divindade. É o “sopro” que agita toda essa variedade de formas. A vida se expressa e cresce em consciência através da forma. Esta, quando esgotadas suas possibilidades de ensejar crescimento vem a decompor-se. Retorna às suas condições originais, sendo reaproveitada posteriormente em um novo ciclo.
Quanto mais evoluída é a vida, mais refinada deve ser a forma para expressar-se. Portanto, todas as aparentes diferenças observadas aqui no Mundo Físico espelham níveis de evolução. Essas diferenças não são reais em si mesmas.
Quando a Fraternidade Rosacruz faz a apologia da Fraternidade Universal, isto não significa que as pessoas de grupos étnicos e culturas distintas devam pensar, sentir e agir conforme um só e definido padrão. Não se almeja a uniformidade, mas a harmonia na diversidade. A diversidade não deve encerrar um conflito em potencial, porquanto a essência, o espírito de tudo o que tem existência neste plano é da mesma natureza.
A diversidade existente na família humana é o fator capaz de gerar uma gama muito rica de relacionamentos. Cada grupo “diferenciado”, contribui valiosamente com seus traços peculiares para o progresso da humanidade. Aliás, a raça humana como um todo, é a síntese das conquistas realizadas por todos os povos em todas as épocas.
Observemos um quebra-cabeça. A justa posição de suas peças acaba formando uma figura bem definida. As peças, em quase toda a sua totalidade diferem umas das outras, mas harmonizam-se e encaixam-se perfeitamente.
A unidade se fragmenta numa multiplicidade de formas, mas não perde sua identidade, sua possibilidade de coesão. As partes tendem a agrupar-se para formar conjuntos harmônicos. Por exemplo, os átomos, os elementos constitutivos do Cosmos formam-se conforme este, principalmente tal como as moléculas, células, órgãos, organismo e sociedades.
Partindo do princípio da unidade – não da uniformidade – na diversidade, a ideia de um mundo fraternal não deve situar-se no plano das utopias. Ela é factível, é viável, pois se trata de uma lei através da qual o Cosmos é ordenado.
O grande progresso ocorrido nos campos dos transportes e comunicações nas últimas décadas tornou bem evidente a inter-relação e interdependência nos negócios humanos. O isolamento é uma impossibilidade, pois não se pode fugir ao envolvimento na totalidade das coisas.
Existe uma unidade essencial. Essa visão de mundo ressalta a unidade transcendendo todas as diferenças e nela, a humanidade deve estruturar as bases de uma convivência pacifica.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Responsabilidade dos Pais
O dever e responsabilidade de todos que entendem da missão de paternidade é muito grande. Corpos puros, sensíveis, refinados e saudáveis são necessários para Egos avançados que vão comandar e guiar a humanidade na construção de uma nova civilização. Tais corpos somente podem ser produzidos por pais que reconhecem sua responsabilidade na raça. Os pais das crianças da Nova Era devem ser inspirados pelos mais velhos e pelos mais elevados ideais espirituais e devem também reconhecer que o poder do ser humano para procriar é um atributo divino.
Casamento e paternidade são realmente sacramentos, em sua natureza. Maternidade é sagrada e como tal deve ser reverenciada. Crianças devem nascer de uniões inspiradas pelo amor mais profundo e altruísta e ideal espirituais o mais elevado possível, porque assim e somente assim, pode a promessa de uma mais nobre humanidade ser cumprida e as crianças de uma nova raça nascer.
Nossos sistemas educacionais são deploravelmente deficientes em não prover para a juventude instrução suficiente que possa ajudá-los a assumir a maior responsabilidade da vida – ser pai ou mãe.
O maior poder conquistado do universo é o Amor e um elemento poderoso pode produzir este poder e força – a maternidade. O amor de mãe poderá algum dia, reger o mundo. Então, guerras e brigas não mais haverá.
Quando nós reconhecermos esta gloriosa missão de produzir crianças que criarão um estado de harmonia, paz, boa vontade e amor fraternal, isto nos fará compreender a resposta à prece: “O reino vem, Ele será feito na terra tanto como no céu”. Então entenderemos verdadeiramente “Paz na terra e a boa vontade entre os homens”.
(Traduzido do “Rays from the Rose Cross” e publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz –SP)
Preparação para o Casamento
Os Essênios, que viviam em suas próprias comunidades privadas no Egito e na Terra Santa, deram ensinamentos superiores como parte do seu trabalho no Templo. Antes de entrarem no casamento, homens e mulheres, igualmente, seguiam certas práticas de purificação e por um ano todos comiam comidas especiais prescritas pelos mais velhos. Outras prescrições eram dadas para as mulheres no estado de gravidez. A abençoada Maria, mãe de Jesus de Nazareth e Elizabeth, a mãe de João Batista, eram duas mulheres que receberam essa educação e elas deram à luz as mais maravilhosas e desenvolvidas crianças que o mundo conheceu. Elas não tinham dúvidas quanto à escolha de se tornarem os instrumentos para as vidas de dois seres que desempenharam um papel tão importante na história do mundo, por causa da pureza de pensamentos e treinamento espiritual delas.
O espiritual é a compreensão do amor onipotente e onipresente, que está dentro de cada Espírito vivente. Quanto mais a mãe envolver o Ego que está para vir com amor, mais a criança será capaz de vibrar em uníssono com o mais Alto.
Assim, através da mãe, os mais elevados tipos da humanidade podem ser incorporados e ela deve estar absolutamente consciente disso. Honestidade e bondade devem começar em casa, onde toda a verdadeira reforma começa. Deve começar com a própria pessoa, nesse caso a mãe, e seu desejo deve ser o de trazer para o mundo físico O mais elevado ser humano.
Os pais não estão isentos de responsabilidade. A condição mental da mãe depende muito do tratamento que seu marido der a ela durante o período de gestação. É dever do ser humano, nessa fase especial, provir a mulher de todas as necessidades e conforto da vida que estão ao seu alcance e demonstrar-lhe a maior ternura e carinho. Ele deve procurar desenvolver suas mais nobres qualidades da Mente e do coração, pois a impressão que ele marca na mãe durante esse período será, em última análise, o que ele imprimirá sobre a criança, através da mãe.
A vida e a obra de Maria, José e Jesus são proféticas da Nova Era, quando todo Ego será bem nascido, concebido em Amor pelos pais que são puros e castos. Somente então haverá uma raça de novos seres unidos em amizade e amorosa fraternidade que farão manifestar um mundo novo, onde habitarão a paz, a alegria, a saúde e a abundância. Será verdadeiramente mostrado no futuro “santidade perante o Senhor”.
Nós reconhecemos que somos de natureza Tríplice – física, mental e espiritual – e que essas 3 partes de nosso ser devem ser desenvolvidas juntas e equilibradas. Devemos considerar isto também quando pensamos nas influências pré-natais, devemos tentar equilibrar o desenvolvimento espiritual com o mental. Quando pensamos sobre tais manifestações da vida, como nós as vemos no fenômeno do nascimento de uma criança e nas influências pré-natais, devemos considerar isto ao lado dos fatores físicos e materiais que a ciência descobriu por meio de longos e pacientes estudos. Há também verdades espirituais e mentais que têm igual importância e que devem ser consideradas. Se cada um pudesse saber sob que condições pré-natais ele nasceria, estaria mais habilitado a explicar muitas coisas a seu próprio respeito.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz –SP)
O Sentido Metafísico da Expressão Corporal
A dança, como arte, ainda não foi entendida nos seus aspectos mais profundos. Seu aprendizado conquistou grande popularidade nos dias atuais, devido principalmente a razões de ordem estética. Pela cabeça de ninguém passa a ideia de que essa arte maravilhosa tenha conotações metafísicas.
Na expressão corporal encontramos a primeira forma de comunicação do ser humano. E como as primeiras sociedades humanas eram teocráticas, encontramos a dança inserida nos rituais religiosos, como meio de comunicação com a divindade. Mediante o do movimento o ser primitivo exprimia seus sentimentos e aspirações.
Platão, na Grécia, vislumbrava na dança a possibilidade de se erigir uma nova ordem social. Mas, à sua visão, essa arte só poderia atingir seus elevados objetivos se considerasse o ser humano em todos os seus aspectos: físico, emocional, mental e espiritual.
Com o passar do tempo a expressão corporal perdeu o sentido místico. Por ser considerada uma política pagã e mundana, acabou sendo abolida da ritualística nos templos, até permanecer como simples arte ligada apenas à beleza plástica.
No final do século passado surge nos Estados Unidos a figura de Isadora Duncan1, revolucionando a dança na tentativa de dar-lhe um alcance social.
A natureza foi a principal fonte de inspiração de Isadora, tendo ela, por ter vivido muitos anos no litoral, atribuído ao ritmo das águas a sua primeira ideia de movimento.
Essa mulher extraordinária foi uma autodidata, procurando inspiração artística e filosófica em luminares como Platão, Shakespeare e o grande poeta americano Walt Whitman. Ela imaginava, tal como Platão, que o filósofo e o dirigente político ideal, pois sua ação enseja a formação de valores em cada indivíduo. E esse objetivo, pensava, só se atinge por meio de um sistema educacional integrado em que o ser humano fosse tratado também como um ser integral. Chegou até a adotar quarenta crianças para ministrar-lhes uma educação especial, onde se destacava o uso de vestimentas adequadas (túnicas leves e sandálias) e alimentação vegetariana.
Sobre Walt Whitman, um de seus inspiradores, ela assim se expressou: “Descobri a dança. Descobri a arte que estava perdida há dois mil anos. O senhor conseguiu criar um magnífico e artístico teatro. Entretanto, nele falta algo que fez a grandeza do antigo teatro grego. É a arte da dança – o trágico “chorus grego”. Sem isto, ele tem apenas o tronco e cabeça, faltando-lhe pernas para ir adiante. Trago-lhe a dança. Trago-lhe a ideia que há de revolucionar totalmente a nossa época. Onde foi que a descobri? A beira do Pacífico, junto das ondulantes florestas de pinheiros da Serra Nevada. Eu vi a figura ideal da mocidade americana dançando no alto das Montanhas Rochosas. O poeta supremo da nossa terra é Walt Whitman. Em verdade, sou filha espiritual de Walt Whitman. Para as crianças da América quero criar a dança que seja a expressão da América. Trago para o seu teatro o sopro vital que lhe falta, a alma da dança. O teatro nasceu da dança. O primitivo ator foi um dançarino. Foi assim que nasceu a tragédia. E, enquanto o bailado, na espontaneidade de sua grandeza não voltar ao teatro, este não poderá viver a sua verdadeira expressão”.
Para Isadora Duncan a dança é um meio do ser humano descobrir seu corpo e conhecer-se a si mesmo. É importante o ser humano conhecer-se primeiro para melhor conhecer seus semelhantes. Isadora desencarnou em 1927.
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[1] N.R.: Isadora Duncan era o nome artístico de Dora Angela Duncanon. Precursora da dança moderna, ela propôs uma dança livre de espartilhos, meias e sapatilhas de ponta, apresentando-se com trajes esvoaçantes, cabelos soltos e pés descalços.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/85 – Fraternidade Rosacruz)
Nesta época de transição o mundo nos parece mais uma arena, onde os credos, as ideologias e os interesses econômicos se chocam e provocam sofrimentos. Os aspirantes, diante desse quadro redobram seus esforços, numa tentativa muitas vezes desesperada de equilibrar a situação. Todas as capacidades e energias são exigidas quase que diuturnamente. Poucos estão encontrando tempo para a leitura e estudo das obras espiritualistas.
Quando muitos podem aliar uma prece ao trabalho, e adormecem enquanto se esforçam por fazer o exercício de Retrospecção.
Sabemos que isso vem preocupando os estudantes. Entretanto, não devem se desencorajar julgando-se “perdidos no Caminho”. O serviço nunca representa imobilismo. Trabalho é adoração, e é possível que os passos dados sejam bem maiores do que se pensa.
Em todas as suas obras, Max Heindel ressalta a importância do serviço como fator de evolução: “Ele é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus”. O importante, também, é o coração estar pleno de amor fraternal.
Vivendo a vida superior, embora nunca tenha lido um livro, uma pessoa terá acesso a conhecimentos impossíveis de serem recebidos em qualquer universidade no mundo. O caminho para a fonte dos mistérios é a sensibilidade, a doçura e o amor à todas as criaturas.
Os alquimistas do passado, inclusive os Rosacruzes, afirmaram que a Grande Obra, primeiramente realiza-se com as mãos. É o próprio ser humano que celebra o ofício religioso e o oferece sacrifício no seu templo. Segundo o ritual do Serviço do Templo da Fraternidade Rosacruz, o sacrifício deve representar um esforço, uma obra concreta.
Os grandes místicos e santos, deixaram-nos esta mensagem: “só os olhos do amor podem conhecer a verdade”.
O amor que se eleva do nível meramente pessoal e cresce no serviço, torna-se um Amor Altruísta. É luz gerada para toda a humanidade, uma fagulha convertida em chama.
A verdadeira iluminação, como toda experiência real, é mais a inspiração e a vivência de uma atmosfera espiritual, do que propriamente a aquisição de informações.
Não há o que o amor não possa realizar.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Humildade: só com ela se alcança a verdadeira paz e harmonia
Alcançar a verdadeira humildade é uma das coisas mais difíceis de atingir na vida.
O ser humano sempre está sujeito a se vangloriar. Sempre sente prazer, considera-se bom, abnegado e serviçal. Com esses sentimentos no seu subconsciente pode transformar o trabalho dele em uma farsa. Trocar o ouro do espírito pelo brilho metálico da verdade.
Como se pode extirpar esse cancro que se aloja no íntimo do ser humano e compromete a obra dele para a perfeição? Orai e vigiai, aconselhou São Paulo, com o coração devoto, porque se uma oração carece de sentimento profundo de devoção, torna-se um exercício automático que não fornece ajuda nem sustentáculo. Devemos lembrar eternamente, que Deus está dentro de nós, e os nossos acertos são obras Dele. Sem essa Divina manifestação, de onde viria nossa glória?
A vaidade humana pode frustrar completamente a finalidade da nossa caminhada para alcançar a sublimação e o aperfeiçoamento da nossa divinificação na transformação do vil metal em ouro do espírito.
Para chegar à perfeição, a caminhada é longa, acidentada. Achar que não contrariando as leis humanas seremos virtuosos é uma ilusão. Quanto mais a luz brilha, mais nítidas são as sombras e cada vez podemos descobrir mais faltas, das quais, antes, nem tínhamos conhecimento. Quando nos conscientizamos desse fato, nossa reação não deve ser de desânimo. Devemos agradecer ao Senhor pela oportunidade de poder sublimá-las, porque, como tudo é eterno, como nada se perde, como tudo se transforma, a sublimação é o único caminho que podemos tomar para efetuar o trabalho humildemente.
Os acertos não devem dar oportunidade para o orgulho, já que, num piscar de olhos, podemos tropeçar e todo nosso orgulho pode afundar, uma vez que a saúde corporal ou mental pode ser tirada, a lucidez de espírito pode se desvanecer.
O reconhecimento, o elogio dos outros são outras pedras de tropeço no caminho, dificultando mais do que ajudando o progresso. Quando perguntamos: será que reconhecem meu trabalho? Será que observam meu progresso e dedicação? Será que me consideram? São sugestões de vaidade do Eu inferior. Se quisermos realmente alcançar o reto e estreito caminho é bom nos abster dessas sugestões. Se formos sinceros conosco, não adiantam os reconhecimentos, bem sabemos quanto temos de melhorar, lutar, purificar nossas rejeições e antipatias e aprender a amar.
A verdadeira paz e harmonia só podemos alcançar com humilde aceitação e consciência de que tudo que é bom, verdadeiro e belo vem do nosso Divino Pai interior que quer nos salvar, dignificar, iluminar para alcançarmos a nossa meta, a união total.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Peculiaridades do Éter
O investigador ocultista verifica que o ÉTER apresenta graus de densidade, a saber: Éter Químico, Éter de Vida, Éter Luminoso e Éter Refletor.
O Éter Químico é o meio de expressão das forças que promovem a ASSIMILAÇÃO, o crescimento e a manutenção da forma (e a excreção).
O Éter de Vida é o plano de manifestação das forças que são ativas na PROPAGAÇÃO, ou seja, na construção de novas formas.
O Éter Luminoso transmite poder motriz do Sol ao longo dos vários nervos dos corpos “vivos”, e torna possível o movimento.
O Éter Refletor recebe a impressão das imagens de tudo o que existe, vive e se move. Grava, também, todas as variações, de modo semelhante ao filme de uma câmara cinematográfica. Nesse “registro” os médiuns e psicômetras podem ler o passado, baseados no mesmo princípio em que, sob condições adequadas, os filmes são reproduzidos uma e outra vez.
Temos falado do Éter como um meio, ou caminho, de forças, palavras que não transmitem um significado exato para as Mentes em geral. Mas, para um investigador ocultista as forças não são apenas nomes, tais como: vapor, eletricidade, etc. Ele os percebe como seres inteligentes, de diferentes graus, sejam sub ou supra-humanos. O que nós chamamos “Leis da Natureza” são Grandes Inteligências que guiam seres menos evoluídos, de acordo com certas regras destinadas a adiantar evolução deles.
Na Idade Média, quando ainda havia muitas pessoas dotadas de clarividência “negativa”, falava-se de Gnomos, Duendes e Fadas, que vagavam pelas montanhas e pelos bosques. Esses seres são os “espíritos da terra”. Também se falava das Ondinas, ou espíritos da água, que habitavam os rios e os arroios; dos Silfos que habitavam as névoas dos vales e pântanos, como espíritos do ar; mas pouco se falava das Salamandras, pois são espírito do fogo, não sendo, portanto, tão facilmente descobertas ou acessíveis à maioria das pessoas. As antigas lendas são agora consideradas como superstições, mas, não obstante, uma pessoa dotada de visão Etérica pode mesmo perceber os pequenos Gnomos depositando a verde clorofila nas folhas das plantas, e dando às flores as múltiplas e delicadas tonalidades de cores. Os cientistas tentaram uma vez ou outra dar-nos uma explicação adequada do fenômeno do vento e da tormenta. Mas falharam, e não o conseguirão enquanto procurarem uma explicação mecânica para aquilo que realmente é uma manifestação da Vida. Se fossem capazes de perceber as hostes de Silfos voando de um lado para o outro, “saberiam” quem e quais são os elementos responsáveis pela inconstância do vento; se pudessem observar uma tempestade marítima por meio da Visão etérica perceberiam que a frase: “luta dos elementos” não é uma frase vazia, porque o mar é verdadeiramente um campo de batalha dos Silfos e Ondinas. O ulular da tempestade é o “grito de guerra” dos espíritos do ar. Também as Salamandras se encontram por toda a parte e não há nenhum fogo que possa ser aceso independentemente de seu auxílio. São mais ativas ocultamente, no interior da Terra, tornando-se responsáveis pelas explosões e erupções vulcânicas. As classes de seres que acabamos de mencionar ainda são “sub-humanas”, mas dentro de algum tempo alcançarão um estado evolutivo correspondente ao humano, embora sob circunstancias diferentes das que agora servem para o nosso desenvolvimento. Mas, presentemente, essas maravilhosas inteligências, que nós chamamos “leis da Natureza”, dirigem os exércitos das entidades menos desenvolvidas. Para chegar a melhor compreensão do que são esses diferentes seres, e sua relação conosco, exemplifiquemos: suponhamos que um mecânico esteja construindo uma máquina, e a seu lado um cão o observa. O cão vê o ser humano em seu trabalho e o modo como usa suas diversas ferramentas para dar forma a matéria, e também como a máquina vai lentamente tomando forma, com o emprego dos rudes metais: ferro e aço, latão e outros. O cão é um ser de uma evolução inferior, e não compreende a intenção do mecânico, mas não obstante vê tanto o trabalhador como seu trabalho e o resultado que se apresenta como a máquina. Suponhamos agora que o cão fosse capaz de ver os materiais que lentamente vão mudando de forma, juntar-se e converterem-se numa máquina, mas não pudesse perceber o trabalhador, nem a atividade por ele desenvolvida. Nesse caso, o cão estaria, em relação ao mecânico, em situação idêntica à nossa em relação às grandes inteligências que chamamos “Leis da Natureza” e seus auxiliares, os “espíritos da natureza”.
Nós vemos as manifestações dos seus trabalhos como FORÇA que move matéria de distintas maneiras, mas sempre sob Condições Imutáveis.
No Éter também podemos observar os “Anjos”, cujos corpos mais densos são feitos desse material, assim como o nosso corpo físico é formado de gases, líquidos e sólidos. Esses Seres estão um passo além do estado humano, assim como nós estamos um grau mais avançados sobre a evolução animal. Todavia, nós nunca fomos animais semelhantes aos da atual fauna, mas, em um estado anterior no desenvolvimento do nosso planeta, tivemos uma constituição semelhante à do animal. Naquela ocasião os Anjos passaram pelo estágio “humano”, se bem nunca possuíssem um Corpo Denso como o nosso, nem funcionaram em matéria mais densa do que a Etérica. Algum dia, numa condição futura, a Terra tornar-se-á novamente Etérica; então o ser humano será “semelhante” aos Anjos. Por isso a Bíblia nos diz que o ser humano foi feito “um pouco inferior aos Anjos” (Hb 2:7).
Como o Éter é a passagem das forças vitais e criadoras, e os Anjos são peritos construtores utilizando esse elemento, podemos facilmente compreender que estão exatamente capacitados para ser os protetores das forças propagadoras nos vegetais, no animal e no ser humano. Em toda a Bíblia encontramos os Anjos sendo encarregados desse serviço: dois Anjos se aproximaram de Abraão e lhe anunciaram o nascimento de Isaac; “prometeram” um filho ao homem obediente a Deus. Depois, esses mesmos Anjos destruíram Sodoma “pelo abuso da força criadora” que ali se incorria. Anjos também anunciaram aos Pais de Samuel e de Sansão o nascimento daqueles gigantes do cérebro e dos músculos. À Isabel apareceu o Anjo (não Arcanjo) Gabriel e anunciou-lhe o nascimento de João, e depois apareceu também a Maria com a mensagem de que ela havia sido eleita para conceber a Jesus.
(Revista Serviço Rosacruz – 03/78 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Trabalhando em Harmonia com a Lei
O maravilhoso Poder de Deus, quando uma condição específica se põe a Seu cuidado, já foi comprovado inúmeras vezes. Muitas pessoas creem inabalavelmente nessa verdade porque a testemunharam. Também, se desejamos ser curados de alguma enfermidade, requer-se nossa colaboração para tornarmo-nos merecedores dessa graça.
A fé é indispensável. É o primeiro requisito. Ela deve significar, no edifício da vida, um alicerce seguro, mais sólido do que qualquer granito. A fé consiste na resignação à dor, no sol interno capaz de iluminar a noite escura e profunda das incertezas e da dúvida. Significa estar mais próximo da Divindade do que de nós mesmos, porquanto compreende confiança, humildade e o doce anseio de ser atendido e amparado.
Assim mesmo, é igualmente importante nossa boa vontade para corrigir hábitos arraigados em nosso ser, hábitos esses sempre prontos a retardar a ajuda. Quando alguém procede mal, quando sua vida fracassa, é porque não tem forças para fazer frente a seus problemas. É uma atitude de grande valor moral fazer valer as boas inclinações, ajudando a alguma pessoa necessitada, perdoar uma ofensa, mas sem esperar benefícios em troca. Dessa forma, trabalhando em harmonia com o Universo, aprenderemos também a nos renovar moral e espiritualmente.
Ganhamos energias pondo-nos em sintonia com as forças espirituais.
É de supor-se que quem busca a cura de suas enfermidades está disposto a fazer o possível para colaborar no amoroso trabalho do nosso Pai Celestial. Portanto, se nos negarmos reiteradamente a fazê-lo estaremos sempre perseguindo objetivos contrários aos do Universo, inclusive opostos aos do nosso ser mais íntimo. Todos possuímos não só a capacidade de nos comportar eticamente bem, como a íntima necessidade de fazê-lo. E quem ceda com razoável frequência às suas tendências ao bem, não necessitará, certamente, buscar a autor renovação: esta chegará automaticamente a ele.
Todos nós já tivemos, alguma vez, provas do amor protetor de Deus. Deixemos, pois, que essa Presença interna seja o guia das nossas decisões e atos para, assim, trabalharmos em harmonia com a Grande Lei. Dessa forma atrairemos as pessoas e situações capazes de contribuir para o nosso crescimento espiritual, além do que nosso estado de saúde será um reflexo dessa harmonia.
E agora, em relação ao acima exposto, vem-nos à Mente o pernicioso hábito de fumar. Sabemos que ao eliminá-lo beneficiaremos nosso Corpo Denso. Além disso, a força de vontade posta em ação para dominar o hábito contribuirá decisivamente para o nosso desenvolvimento espiritual.
Por outro lado, se o paciente não coopera nesse aspecto, os Auxiliares Invisíveis ver-se-ão frustrados em seu trabalho, pois as toxinas do tabaco inaladas diariamente anulam o que eles realizam durante a noite. Por essa razão devemos envidar os maiores esforços por manter-nos firmes e constantes em nossa determinação de continuar lutando até vencer a difícil batalha da vida.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O Poder Divino é a única Força essencial no Universo, embora se manifeste de diversas maneiras. É o Verbo que percorre o espaço como vibração sonora, dando formas definidas aos bilhões de átomos. Deus é, portanto, o único poder. Nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. Sua Força nos permeia e um dia nós a manifestaremos como Ele agora o faz.
Todo ocultista percebe a existência de dois elementos, aparentemente opostos, mas complementares: energia e matéria. Grosso modo podemos afirmar que a matéria é o Espírito cristalizado, e a energia é esse mesmo Espírito ainda não cristalizado. Essa afirmação leva-nos a concluir que energia e matéria são Espírito.
Durante o processo de manifestação a cristalização da energia e a descristalização da matéria são contínuas. A energia modela e vitaliza a matéria. É o agente invisível dando vida à matéria a qual é o elemento visível da ação dessa força.
Todo ato criador e a manutenção das formas dependem da Vontade e Imaginação. O Espírito humano expressa predominantemente uma dessas polaridades na forma de sexo diferenciado. Eis porque a propagação da espécie exige a união dos dois polos: masculino e feminino.
O Sol irradia as forças física e espiritual. A Lua apenas as reflete. A cadência ritmada das forças espirituais e físicas constitui a origem das atividades físicas, morais e mentais do globo terrestre. Em dezembro (para o hemisfério norte) a energia espiritual atinge seu ponto máximo de irradiação. É inverno e toda atividade física parece adormecida. Nos meses de verão, acontece justamente o oposto: as forças espirituais encontram-se inativas, enquanto as físicas, através do princípio fecundador da Natureza, atingem seu vigor máximo.
A energia espiritual emanada de Deus é absorvida de diferentes maneiras. O ser humano, por exemplo, recebe as energias espirituais pela cabeça. Os Espíritos-Grupo da Onda de Vida Animal difundem sua influência através da coluna vertebral dos animais que estão sob sua responsabilidade. No caso dos vegetais, os Espíritos-Grupo (desse reino) projetam suas correntes a partir do centro da terra em direção à periferia, onde são absorvidas pelas raízes.
As forças astrais também desempenham um papel importante na evolução humana. Cada um dos Espíritos planetários exerce uma influência específica, dando margem a experiências vitais para a evolução do ser humano.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Somente a Nossa Consciência pode nos Alertar Quanto ao Papel que Nos Cumpre Desempenhar
Será que, ao efetuarmos diariamente nosso exame de consciência, temos nos indagado se, por ventura concorremos com um mínimo de esforço para que a disseminação do ideal Rosacruz seja uma realidade? Temos contribuído, dentro de nossas possibilidades, para o engrandecimento da obra encetada por Max Heindel?
Em verdade, somente a nossa consciência pode alertar-nos quanto ao papel que nos cumpre desempenhar dentro da Fraternidade, avaliando os nossos talentos e indicando-nos como eles poderão ser aplicados no programa de expansão Rosacruz. A obra carece de ajuda, dependendo muito da nossa dedicação, sinceridade e trabalho, para consolidar-se como precursora da Idade de Aquário.
A Fraternidade Rosacruz constitui algo muito mais grandioso do que se possa imaginar. Não podemos restringi-la, conceituando-a apenas como uma Escola filosófica-espiritualista, como outras existentes por aí, simplesmente orientando e instruindo os interessados por meio de livros, folhetos e conferências.
A missão, o ideal, os meios, o programa e a estrutura da Fraternidade formam um conjunto a transcender essencialmente tudo aquilo que podemos conceber como sendo edificante.
Os Irmãos Maiores, através de Max Heindel, outorgaram ao mundo algo inédito, original, sem paralelos; uma filosofia que expõe e elucida os mais intrincados problemas sociais e espirituais, dentro de um elevado padrão de lógica e reverência, diante do qual esboroam-se todos os argumentos contrários. O Sr. Heindel colocou ao nosso alcance um cabedal de conhecimentos, cuja beleza e profundidade mal podem ser expressas por palavras. Tais princípios atendem perfeitamente as exigências de uma época na qual o racionalismo e o espírito inquiridor ante empírico repelem tudo o que não se enquadra em seus domínios. A Filosofia Rosacruz é atualíssima e concomitantemente abre perspectivas maravilhosas quanto ao futuro do ser humano.
Se verdadeiramente sentimos que ela veio preencher algo em nossas vidas, proporcionando-nos um maior vislumbre do mundo em que vivemos, se mediante seus ensinamentos estamos penetrando e conhecendo nosso próprio ser, então é necessário que sejamos coerentes conosco mesmos, arregaçando as mangas e trabalhando pelo crescimento dela, da maneira que pudermos.
Sozinhos, pouco ou nada poderemos realizar. Se houver união de esforços, concatenando-se os talentos de cada membro da comunidade em prol de um objetivo comum, as possibilidades de êxito serão bem mais amplas.
Nunca será demais repetir que o ser humano isolado é uma impossibilidade. Reiteramos sempre as palavras do nosso Ofício Devocional: “um só carvão não produz fogo, mas quando se juntam vários carvões, o calor latente em cada um deles pode produzir chama, irradiando luz e calor”.
Somos apologistas do trabalho de equipe, porquanto ele apresenta inúmeras vantagens, como por exemplo, o alcance de um máximo rendimento com tempos e esforços mínimos, mediante o aproveitamento racional das qualidades e aptidões de cada um em função do todo. Além disso, sua ação faz-se sentir maravilhosamente, revertendo em benefício de cada elemento, em forma de disciplina, solidariedade, harmonia, companheirismo e expansão natural das próprias qualidades.
Contudo, o trabalho grupal requer também uma dose de boa vontade, sinceridade, entendimento, sentimento altruísta, e, o que reputamos de suma importância: AUSÊNCIA DE PERSONALISMO. Esses requisitos possibilitam a um grupo relativamente heterogêneo, empreender e concretizar obras de vulto.
Essencialmente cristão, o método Rosacruz de desenvolvimento prevê estes dois aspectos: individual e coletivo. O trabalho coletivo realiza-se por meio dos Núcleos rosacruzes ou de esforços empreendidos por irmãos nossos, não importa sob que títulos, com objetivos edificantes. Por outro lado, o método Rosacruz indica meios de realização estritamente individuais, objetivando aprimorar o Aspirante, de modo a lhe permitir transcender os entraves internos separatistas, integrando-o cada vez mais perfeitamente no puro sentido de equipe, dentro da unidade cristã, que representará o coroamento da presente época evolutiva: “um só rebanho e um só Pastor”, o Cristo.
Em decorrência, todo e qualquer trabalho deve ser executado dentro daquele princípio denominado SERVIÇO AMOROSO E DESINTERESSADO AOS DEMAIS. Se algo é feito com amor, despido de qualquer sentimento de interesse pessoal, será por certo duradouro. Se levar, porém, a marca do egoísmo, será como um Castelo edificado sobre a areia: mais cedo ou mais tarde acabará em ruínas.
Nosso labor não deve esperar recompensa, e sim resultados benéficos à coletividade. Felizes seremos quando formos capazes de prodigalizar tudo aos demais sem nada esperar em troca, a não ser novas oportunidades de servi-los. O simples pensamento de RECEBER já revela indícios de egoísmo, ao passo que o desejo de DAR implica sentimento de amor. Isso vem ao encontro da seguinte afirmação de um pensador dos tempos modernos: “Quem professa a filosofia do receber, confessa sua falência em dar”.
O estudante sincero e devotado não procura saber o que poderá receber da Fraternidade Rosacruz, mas sim o que lhe poderá dar.
Estamos trabalhando na Vinha do Cristo, e isso, somente isso, já justifica e compensa plenamente todo o sacrifício e esforço que empreendamos em prol desse ideal sublime.
(Publicado pela Revista Serviço Rosacruz de março de 1972)