A Ciência Sagrada das Estrelas

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Ciência Sagrada das Estrelas

A Ciência Sagrada das Estrelas

Deus é um escritor; o Espaço é sua página; as estrelas, Seu alfabeto; os meteoros, Suas vírgulas; os vastos ciclos do Tempo, Suas frases.

— Francis Merchant

A Religião da Sabedoria pode ser encontrada, em sua forma mais elevada e pura, na Ciência das Estrelas. Nos tempos antigos, antes que a humanidade descesse às profundezas atuais do materialismo, a Astronomia e a Astrologia eram uma só. O universo externo era corretamente concebido como a manifestação exterior de um Espírito Criador, interior e todo penetrante que chamamos de Deus. Quando adoravam o Sol, a Lua e as Estrelas, eram os sublimes Espíritos Cósmicos que residiam nos orbes celestes que os povos reverenciavam.

Em nossa época, o estudo das estrelas é realizado, em grande parte, vazio de espírito. Por meio de telescópios cada vez mais poderosos, perscrutamos o espaço incomensurável, mapeando as posições e os cursos de incontáveis corpos celestes. No entanto, como um dos personagens de Shakespeare observa na obra: Trabalhos de amores perdidos.

Esses Padrinhos terrenos das luzes do Céu

Que dão nome às estrelas que fixas são

Não aproveitam suas noites brilhantes mais

Do que aqueles que caminham sem saber o que são.

A Astronomia deveria ter, como uma das suas funções, a de ler a literatura escrita por Deus no Livro do Céu sobre a atividade de todas as criaturas do universo. Não apenas o que aconteceu no passado e o que está acontecendo no presente são expressos aí, mas o que acontecerá no futuro também. Uma vez que dominemos a Astronomia, portanto, Deus terá o prazer de nos contar tudo sobre o mundo.

A Grande Educação de Deus pode ser tocada pelo ser humano através dos fenômenos naturais da Natureza, sempre que ele abre a porta da sua Mente e se une ao Grande Espírito do universo. Vista por essa luz, a vida de todas as criaturas, para não falar da humanidade, deve ser conduzida de acordo com o “espírito sol-lua-estrela”; ou seja, o símbolo de Deus.

A melhor forma de ler a Astronomia é fazer dos céus estrelados um objeto de estudo científico e, então, tentar apreender o espírito de cada um dos corpos celestes que aparecem em seu exterior. De acordo com minha explicação, o mais importante é interpretar de modo espiritual a aparência externa da esfera celestial.

Tal interpretação pode ser facilmente compreendida tomando uma pessoa como exemplo. Mesmo quando a encontramos pela primeira vez, podemos falar sua idade, trabalho, caráter, expectativa de vida, destino e muitas outras coisas, observando sua aparência externa.

Também pode-se buscar o Grande Espírito no órgão ativo do universo por meio de sua aparência externa. Quando se pratica a Astronomia com isso em mente, a pessoa será capaz de perceber claramente que todas as coisas no universo são criadas quando os espíritos duais do Céu e da Terra são combinados. A origem da atividade dos fenômenos naturais produzidos pelo Deus-Natureza é a missão principal atribuída à Astronomia.

Os corpos celestes são, de fato, feitos de matéria física; porém, na realidade, eles nada mais são do que o vaso do espírito. Aqueles interessados em, e que tentam dominar a, Astronomia, portanto, devem se devotar à compreensão do significado da espiritualidade dos corpos celestes. A ciência da Astronomia pode se animar e provar seus méritos, sendo apreendida espiritualmente em sua visão profunda, em vez de ser estudada materialmente por meio de observação e cálculo. Ao fazer isso, a pessoa pode ver o Poder de Deus exibindo sua atividade na Natureza, por meio da qual todas as coisas são criadas pelo Céu e pela Terra, vivendo suas vidas de acordo com ela.

Para alcançar o Mundo de Deus o ser humano deve entrar pela porta da substância nos corpos celestes e, partindo daí, adentrar o íntimo do espírito. Deus exerce Seu Poder de várias maneiras, desde a criação do macrocosmo, que é o maior evento, até a perfeição de uma molécula microscópica, o menor. No Mundo de Deus, porém, não há ideia de tamanho, sendo tudo o mesmo, espiritualmente.

O ser humano é constituído de modo a viver de acordo com a Vontade Divina, centrando-se em Deus Pai, a Quem deve sua vida. O mais significativo para ele é, logo, fazer a Vontade Divina através da Astronomia.

A Ciência da Astronomia deve ser uma derivação do Mundo de Deus, incorporando todos os dados necessários para esse propósito. Ela permite ao ser humano esclarecer o princípio indispensável à vida humana. É por isso que é chamada de rainha das ciências.

É a Religião que estuda a realidade do universo, em aspecto espiritual; é a Astronomia que estuda o número do universo, no lado físico, e tenta apreender seu Grande Espírito. Seguindo caminhos diferentes, as duas chegam ao mesmo cume. Isso explica claramente o fato de que Religião e Astronomia são uma só. A ciência da Astronomia pode muito bem ser considerada um método de exposição da Religião e não apenas um ramo da ciência.

Vemos que o Sol e a Lua podem deixar tudo claro, ao se combinarem. Consequentemente, um calendário é ainda mais valioso, considerando que é composto da força do Sol, da Lua e das estrelas. Um calendário significa não apenas a passagem do tempo, mas também o conhecer a novidade lendo a velhice.

O estudo da aparência mais externa dos corpos celestes nada mais é do que a “Astronomia feita pelo ser humano” e está longe da realidade. E, no entanto, o astrônomo de hoje, sem exceção, parece se dedicar a esse gênero de Astronomia. Os segredos da Astronomia não podem ser dominados apenas pelo conhecimento humano, assim como a misteriosa essência da Religião não pode ser apreendida meramente por seu estudo filosófico. Com o conhecimento humano isolado de Deus, ninguém pode romper sua própria barreira e se comunicar com Ele, não importa o quanto tente.

A Astronomia, como equivalência à Religião, deve conter espiritualidade. O estudo da Astronomia, portanto, deve ser realizado tanto do ponto de vista espiritual quanto do físico para transmitir a Vontade Divina à Terra e traduzir em ação o domínio do Céu: caso contrário, não contribuirá para a elevação espiritual da humanidade.

A simples visão de um calendário mostra claramente as relações entre a Natureza e o ser humano, que são misteriosas demais para a ciência fornecer uma solução clara. Religião e Astronomia formam um par de “contra espelhos”: são espelhos um para o outro. Quando o mundo de hoje é refletido neles, eles mostram vividamente que o poder da “Religião astronômica” não é outro senão o Poder de Deus.

(Publicado na Revista New Age Interpreter – Corinne Heline – second quarter, 1962 – traduzido pela Fraternidade Rosacruz em Campinas – SP – Brasil)

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