A Coroa da Maternidade
Um dia, o grande Anjo Gabriel, que é o criador de todas as flores que estão sobre a Terra, reuniu seus Anjos, enchendo suas mãos e corações de doce paz celestial, e mandou-os espalhar essa paz celestial sobre as dores do mundo. Ele, também, os instruiu para lhe trazer, no fim do dia, a coisa mais bonita da terra, para transformá-la numa flor rara e perfeita, e para devolvê-la a Terra, a fim de servir de auxílio e inspiração para as crianças.
Todos esses Anjos partiram, alegremente, para cumprir sua bela missão, exceto um dentre eles, mais jovem e tímido que os outros, foi ficando para trás, caminhando lentamente.
“O que é que vou dar?”, pensou, enquanto ele flutuava silenciosamente sobre os vales e colinas, envoltas em nuvens. “O mundo inteiro me parece tão bonito”.
As horas passaram rapidamente e os Anjos retornaram triunfalmente ao céu, um seguido do outro, trazendo, todos eles, uma coisa maravilhosa que tinham colhido da Terra. Um havia colhido a névoa perolada do amanhecer; outro trouxe o orvalho que repousa na pétala interna de uma rosa; outro trouxe a música que se eleva dentro de uma catedral e um outro capturou os sonhos do coração de uma filha jovem.
Quando as sombras da noite começaram a cair, o pequeno Anjo ficou cada vez mais triste e suas asas pareciam cada vez mais pesadas; então, passando perto de uma janela aberta, de repente ele parou e olhou para dentro da casa: uma jovem mãe ajoelhada, em profunda adoração ante uma pequena cama, onde um bebê estava dormindo. Um sorriso brotou do seu rosto fofinho e, como se o Anjo tivesse se inclinado para ouvir, a mamãe sussurrou: “Oh! Pequena flor bem-amada, que acaba de vir do paraíso, não olhe para trás nos seus sonhos, você foi separado, recentemente, dos Anjos da guarda? Traga ao meu coração um pouco de luz celestial, com a qual eu possa protegê-lo e orientá-lo”.
E quando ela se curvou para beijar o rosto sorridente dele, murmurou respeitosamente: “Meu Deus, eu Te agradeço pelo mais maravilhoso de todos os presentes: a coroa da maternidade”.
Quando ela olhou para cima, uma lágrima brilhante, com toda a beleza e glória do amor maternal, apareceu sob os cílios da criança adormecida. Houve, de repente, um farfalhar suave de asas e o pequeno Anjo, com a lágrima apertada em seu coração, retornou feliz, ao seu lar celestial.
Ao cruzar as “Portas”, o Anjo Gabriel estava sentado em seu grande trono branco, juntamente com os demais. “Então, pequeno Anjo retardatário”, grunhiu, ternamente, vendo-o se aproximar, “Qual é a coisa mais bonita que você me trouxe da Terra?”.
Timidamente, ele deslizou para fora de seu coração, a lágrima de um amor de mãe.
Quando o Anjo Gabriel a viu, sua face ficou tão bonita, que mesmo os Anjos nunca a tinha visto assim. Ele, delicadamente, a pegou e a segurou em suas mãos, e foi cercado por um halo de luz de tal forma que todos os Anjos baixaram a cabeça e oraram. Ele ficou em silêncio por um longo tempo e, quando, enfim, ele estendeu suas mãos para eles, e disse: “O lírio será o presente dos Anjos às mães do Mundo”.
(Traduzido do Les Contes, La Couronne de la Marternité, Corinne Heline, Tiré des « Rays from the Rose Cross », mai 1981 da Association Rosicrucienne Max Heindel, Centre de Paris)
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