Liberdade e Felicidade: o que tem a haver com o desapego

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Liberdade e Felicidade: o que tem a haver com o desapego

 Liberdade e Felicidade

“É em vão que o homem procure ao longe a sua felicidade, descuidando de cultivá-la em si mesmo, pois ainda que ela viesse de fora, não poderia fazer-se sensível enquanto não encontrasse uma alma aparelhada para gozá-la”.

Essas sábias palavras de Rousseau coadunam-se perfeitamente com os princípios básicos do Cristianismo Esotérico no que diz respeito à felicidade. Essa, para ser real e perdurável, deve alicerçar-se em algo imorredouro, espiritual, interno. Se a fundamentamos em objetos transitórios, ela não se manifestará e, em vão, persegui-la-emos durante toda a vida.

Há estreita correlação entre liberdade e felicidade. Uma não subsiste sem a outra. Via de regra, muitos de nós configuram a felicidade como sendo a posse de bens externos. Olvidam que, dependendo do nosso conceito de posse, os bens externos constituem verdadeiros grilhões, atando-nos de pés e mãos a transitoriedade dessa existência concreta.

Se colocarmo-nos na posição de administradores, ao invés de possuidores, multiplicando e empregando altruisticamente aquilo que nos vem às mãos, concorrendo para a manutenção do bem-estar e equilíbrio sociais, sentiremos interiormente uma paz inefável, fruto da verdadeira felicidade. Para nós, a vida será um fluxo constante de bênçãos.

Se por outro lado, a avidez de posse nos alucina, fatal e desgraçadamente arruinaremos nossa vida e a dos outros. Seremos escravos daquilo que temos ou almejamos, arrastando pesados grilhões pelo restante dos nossos dias.

Gandhi, “o pai da libertação da Índia”, tinha por filosofia de vida manter consigo apenas aquilo de que necessitava para viver. O resto, dizia ele, “não passava de superfluidade”. Esse homem simples e franzino, assemelhando-se mais a um mendigo do que a um líder de milhões de seres humanos, logrou abalar um poderoso império.

O importante não é possuirmos ou não possuirmos bens externos. O essencial é não sermos possuídos por eles. Muitos têm posses e não são cativos delas. Outros não possuem e são agrilhoados pelo que almejam possuir. Nossa liberdade e felicidade correspondem à medida do nosso desapego. É um bom tema para meditação, nesses agitados dias de competição em que vivemos.  

(Gilberto A V Silos – Editorial da Revista Serviço Rosacruz de março/1969)

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